Boa parte de um vasto material recolhido em muitos anos de pesquisas está disponível nesta página para todos os que se interessam em conhecer o futebol e outros esportes a fundo.

quarta-feira, 26 de junho de 2019

O "Arranca Taças" de Entre-Ijuís

O Esporte Clube Sepé Tiaraju, da cidade gaúcha de Entre-Ijuís foi fundado em 25 de junho de 1961. O clube é amador e tem as cores vermelha e branca. É filiado a Federação Gaúcha de Futebol (FGF) e participou do “Campeonato Estadual de Amadores Divisão Especial”, nos anos de 1995 e 1997.

O primeiro campeonato municipal foi vencido pelo Sepé Tiaraju de forma invicta. Mas a fama de vencedor do clube não surgiu com a  transformação geográfica local. Vem de muito tempo, desde 1961, data da sua fundação.

Na época, a fim de evitar a vida cotidiana da região, vários jovens, sob a liderança do desportista Artur Thiel resolveram fundar um clube de futebol na cidade, que é hoje uma das grandes agremiações amadoras do Rio Grande do Sul.

O passatempo logo virou uma agradável realidade esportiva. O Sepé Tiaraju passou a ser o vencedor de todas as competições esportivas regionais e ganhou o apelido de ”Arranca Taças”.

Com o conceito firmado os dirigentes passaram a buscar um sonho quase impossível: ter o seu estádio próprio de futebol. O campo foi inicialmente chamado de “Beira Rio”, em razão das festas que seguidamente eram realizadas a beira do rio Ijuí.

Enquanto o time obtinha vitórias e mais conquistas nos torneios de que participava, os torcedores e dirigentes construíam o sonho de possuir um estádio particular.

Em 1984, através da Prefeitura Municipal e com o auxilio de Artur Thiel, o clube ganhou uma área de terra onde foi possível erguer a sua praça de esportes própria.

O “Estádio Artur Rodolfo Thiel”, embora simples, tem uma estrutura muito boa, tanto em qualidade como em localização.

Entre os títulos conquistados pelo clube destacam-se o “Campeonato Estadual de Amadores 1ª Categoria”, de 1994, a “Copa da Amizade”, em 2011 e o “Campeonato Municipal de Santo Ângelo”, em 1987.

O E.C. Sepé Tiaraju chegou a revelar vários jogadores para o futebol gaúcho, com destaque para Valin Camilo de Souza, ou simplesmente “Valin”, que mesmo tendo nascido em Vacaria, iniciou sua carreira como atleta na equipe do Esporte Clube Sepé Tiarajú.

A partir daí jogou em diversas equipes do interior do Estado. Os clubes pelos quais passou: Tamoio e AESA, de Santo Ângelo, Santa Cruz, de Santa Cruz do Sul, Juventude, de Caxias do Sul, Guarani, de Venâncio Aires, Lajeadense, de Lajeado e Internacional, de Santa Maria com o qual foi campeão da “Copa Governador do Estado”.

Em 2013 foi homenageado pela Prefeitura Municipal de Entre-Ijuís que denominou o Campeonato Municipal de Futebol de Sete, de “Taça Valin Camilo de Souza”.

Outra figura ilustre que morou na cidade, popularíssimo pela sua atividade artística ligada ao tradicionalismo, foi Antônio Soares de Oliveira, mais conhecido por “Tio Bilia”.

Na verdade ele nasceu em Santo Ângelo, que foi o município mãe de onde Entre-Ijuís se emancipou. “Tio Bilia” nasceu em 5 de agosto de 1906 e faleceu em 19 de agosto de 1991, aos 85 anos de idade.

Entre-Ijuís passou a ser município em 13 de abril de 1988, através da Lei Estadual nº 8.558. A população da cidade é formada basicamente por descendentes de alemães, italianos, espanhóis, portugueses e indígenas, cujos hábitos foram unificados ao longo dos tempos.

Entre-Ijuís recebeu esse nome pois está localizado entre Ijuí, ou seja, o Ijuí Grande ao Norte, o Ijuizinho ao Oeste, o rio Chui ao Sul e novamente o rio Ijuí Grande a Leste. (Pesquisa: Nilo Dias) 

  Time campeão Estadual de Amadores, 1ª Categoria”, em 1994.

terça-feira, 25 de junho de 2019

Maradona, "el Pibe de Oro" (Final)

Maradona fez seu primeiro jogo pela “Seleção Argentina” em 1977, em amistoso contra a Hungria. Integrou o grupo dos pré-convocados para a “Copa do Mundo de 1978”, mas foi deixado de fora pelo técnico César Luis Menotti, em decisão polêmica.

No ano seguinte, Maradona liderou a "Seleção" na conquista do “Campeonato Mundial de Futebol Sub-20 de 1979”. Marcou seis vezes e foi eleito o melhor jogador da competição.  Foi também o ano em que ele marcou o primeiro gol pela seleção principal, em sua nona partida por ela. Foi em vitória por 3 X 1 sobre a Escócia, em Glasgow.

Maradona foi convocado para o segundo mundial do México com algumas críticas. No jogo contra a Inglaterra, o primeiro após a "Guerra das Malvinas", num clima bastante tenso, Maradona fez o gol que ficou conhecido como “La Mano de Dios”.

Em espaço de alguns minutos, o argentino marcou outro gol igualmente célebre, e que ficou conhecido como “O Gol do Século”. Após a partida, Maradona declarou que "se houve mão na bola, foi a mão de Deus", para o delírio da torcida argentina.

A Argentina reencontrou a Bélgica, vencendo com dois gols de “El Pibe”. A Argentina voltava a uma final.  O jogo foi contra a Alemanha Ocidental. Maradona, desta vez, não marcou. 

Após estarem perdendo por 2 X 0, os germânicos haviam acabado de empatar heroicamente. Foi quando Maradona recebeu a bola e, entre dois adversários, deu belo passe para Burruchaga fazer 3 X 2. Ao final, como capitão, ergueu a “Copa” que, na opinião geral, ganhara praticamente sozinho.

O título lhe fez ser coroado o melhor jogador do mundo pela revista “Onze d'Or”, premiação que recebeu novamente no ano seguinte, após o primeiro título italiano com o Napoli.

No Mundial de 1990 a Argentina foi eliminada pela Alemanha Ocidental, que se vingou da derrota na "Copa" anterior.

Maradona, após a suspensão de 15 meses dada pela FIFA, ficou três anos sem jogar partidas oficiais pela Argentina. Em fevereiro de 1993, voltou a vestir a camisa de seu país. Após recuperar milagrosamente a velha forma, Maradona começou a "Copa do Mundo de 1994" dando espetáculo.

Marcou de fora da área contra a Grécia e, em famosa comemoração, rugiu com os olhos esbugalhados para uma câmera. Contra a Nigéria, demonstrou fôlego incansável e inspirou os argentinos a vencerem de virada.

O milagre por trás da perda de 13 quilos – de 89 para 76 – em um tempo assustadoramente curto antes do torneio foi revelado em novo antidoping, que detectou efedrina. 

A droga, além de ser usada para emagrecer, era também um poderoso estimulante. Para a "Seleção Argentina" não ser desclassificada, Maradona teve de jurar inocência e a Associação do país teve de retirar seu nome do elenco.

A Argentina em 1994, ao contrário das Copas anteriores, onde o talento se limitava a Maradona, reunia jogadores de renome: Claudio Caniggia se consagrara em 1990 e a seleção tinha também Gabriel Batistuta, Fernando Redondo e Ramón Medina Bello em grande forma. 

Eles, sem a companhia de Maradona, haviam conquistado as copas "América de 1991 e 1993", torneio que Dieguito não conseguira ganhar nas três ocasiões em que participou (1979, 1987 e 1989).

Maradona não jogaria mais pela Argentina até 10 de novembro de 2001, quando foi realizada uma partida comemorativa em “La Bombonera”. O jogo foi contra um combinado de estrelas, dentre elas Enzo Francescoli, Éric Cantona, Davor Šuker, Hristo Stoichkov, René Higuita, Nolberto Solano e até o compatriota Juan Román Riquelme.

Um ano após aposentar-se no Boca, foi à "Copa do Mundo de 1998" como comentarista. Após a eliminação da Argentina, comandada por Daniel Passarella, manifestou pela primeira vez sua intenção em tornar-se técnico.

Maradona envolveu-se em nova polêmica com filhos fora do casamento: desta vez, a Justiça argentina determinou que ele era o pai de uma menina de três anos, após sete negativas do ex-jogador em fazer o exame de DNA.

No entanto, Maradona fez o exame mais tarde e ficou provado que ele não era o pai da jovem. Já no caso de Diego Sinagra, filho que Maradona teve enquanto viveu na itália, o reconhecimento, ainda que tardio, aconteceu.

Em 2000, iniciou um tratamento contra as drogas em Cuba, após ser internado depois de tomar um coquetel de remédios em Punta del Este, no Uruguai, e quase morrer. Na ilha, se enfureceu com fotógrafos locais, agredindo-os e quebrando o vidro de um carro com um soco, rendendo-lhe novo processo.

Esteve próximo da morte novamente em setembro de 2000, quando destruiu sua caminhonete ao chocar-se com um ônibus em Havana, escapando ileso por milagre. Em outubro, foi contratado para ser manager do Almagro, mas jamais assumiu o cargo.

Em 2002, a namorada de infância que tornou-se sua esposa, Claudia Vilafañe, pediu a separação. Ele também foi condenado a dois anos e meio de prisão pela agressão aos jornalistas com espingarda em 1994, mas não precisou cumprir a pena.

Em abril de 2004, ficou novamente a ponto de morrer. Passou mal após assistir uma partida entre Boca Juniors e Nueva Chicago na "Bombonera”" e foi internado com problemas cardíacos e infecção pulmonar na “Clínica Suíço-Argentina”, em Buenos Aires, constatando-se overdose de cocaína.

Ele ficou em coma e chegou a respirar com ajuda de aparelhos, reagindo apenas no oitavo dia. Saiu dois dias depois sem ter alta dos médicos. Em maio, foi novamente internado, chegando a ser recusado por várias instituições médicas da Argentina e do exterior.

Chegou a ser sedado e amarrado após uma crise de abstinência da cocaína. Seu médico particular declarou em ultimato que ele tinha a última chance de salvar sua vida. Maradona posteriormente afirmou que retirou forças para se desintoxicar definitivamente após apelos de sua filha Giannina: "pai, você tem que viver por mim".

Após cinco meses de internação, obteve autorização judicial para ir à Cuba retomar seu tratamento. Em 2016, o ex-jogador se envolveu em uma nova polemica com membros da “Associação de Futebol da Argentina” (AFA) e especialmente com o também ex-jogador Juan Sebastián Verón a quem chamou de "traidor”.

Depois de perder 50 quilos em uma cirurgia de redução de estômago em Cartagena, na Colômbia, e chegar aos 75 quilos, tornou-se apresentador de um “talk show”, "La noche del Diez" ("A noite do Dez"), onde recebeu figuras de todo o mundo, como o próprio desafeto Pelé, Xuxa, Mike Tyson e Fidel Castro.

"A Noite com Pelé" foi marcada por um inesperado bom humor e amistosidade entre ambos, que cantaram juntos e terminaram trocando passes de cabeça, emocionando a plateia. Por sinal, foi nos bastidores do programa que sua filha Giannina conheceu pessoalmente Sergio Agüero, com quem iniciou um celebrado relacionamento amoroso.

Em 28 de março de 2007, Maradona sofreu uma recaída e foi internado com uma crise hepática causada por abuso de álcool. Ele afirmou que não foi por causa de cocaína, reiterando que não a usava mais desde a crise de 2004.

Por outro lado, foi tornando-se alcoólatra justamente para substituir a droga em pó. Ainda assim, a internação gerou boatos de um suposto ataque cardíaco que teria causado sua morte, causando alvoroço até no governo argentino.

Em fevereiro de 2014, Maradona com 53 anos assumiu o namoro e anunciou o noivado com Rocío Oliva de 22 anos. Estiveram de casamento marcado até abril, altura em que Maradona descobriu que tinha sido roubado. Em junho, O ex jogador argentino pediu um mandado de captura internacional contra Rocío Oliva, que desapareceu com muitos dos seus bens.

Rocío Oliva acusou Maradona de violência doméstica e contou ainda que Maradona "bebia sem parar". E revelou o motivo do final da relação: "Ele mantinha uma relação com um homem, Alejo Clérici”. Maradona desmentiu todas as acusações.

Maradona assumiu o comando da “Seleção Argentina” em outubro de 2008, após a saída de Alfio Basile. O presidente da AFA enfim acatou o desejo de Diego. O anúncio causou furor. Cerca de 500 jornalistas se credenciaram para cobrir a sua estreia, contra a Escócia.

Maradona chegou a ameaçar demitir-se em menos de duas semanas, pois Grondona não aceitava o ex-jogador Oscar Ruggeri na comissão técnica. Mesmo endeusado, porém, Maradona continuou a colecionar polêmicas, como discussões indiretas com Juan Román Riquelme, que pediu dispensa da "Seleção".

Riquelme já se sentia deslocado por não receber a mesma atenção que Maradona dedicava aos jogadores "europeus". O novo técnico ainda tirou-lhe a faixa de capitão, entregue a Javier Mascherano. A gota d'água para Riquelme foi ter sido criticado por Maradona na televisão.

Em 2009, sofreu bastantes críticas. A Argentina obteve resultados vergonhosos, incluindo uma goleada de 6 X 1 para a Bolívia, em La Paz, o pior resultado da história da seleção – sendo que, ironicamente, Maradona manifestara-se a favor do direito boliviano de usar a cidade, em jogos na altitude.

E uma derrota de 3 X 1 para o Brasil em plena Rosário. Os argentinos ficaram ameaçados de não se classificarem, conseguindo no sufoco a última vaga direta no confronto contra o Uruguai, em Montevidéu.

Em menos de 20 jogos, Maradona usou 80 jogadores diferentes. Apesar de criticado por muitos, completou um ano no comando da seleção com bons números: em 13 jogos, venceu 9 e perdeu 4.

Durante a "Copa", Maradona ostentou barba e bigode. O visual foi usado para disfarçar cicatrizes sofridas após ser mordido nos lábios por uma cadela de estimação. 

Na convocação para a "Copa, chamou apenas dois de quatro experientes argentinos que haviam contribuído decisivamente para a brilhante temporada 2009–10 da Internazionale, triplamente campeã ("Campeonato italiano", "Copa da Itália" e Liga dos Campeões da UEFA", feito inédito na Itália), Walter Samuel e Diego Milito.

Deixou de fora Javier Zanetti e Esteban Cambiasso até da lista dos 30 pré-convocados, bem como o irmão de Diego, Gabriel Milito (do Barcelona) e Fernando Gago (do Real Madrid).

Na disputa da "Copa do Mundo de 2010", teve um bom começo, obtendo na fase de grupos três convincentes vitórias em três jogos, contra Nigéria, Coreia do Sul e Grécia. As fases finais também remetiam ao passado, mas mais recente para os argentinos, onde enfrentaram os mesmos adversários da “Copa do Mundo de 2006”.

Nas oitavas-de-final, a Argentina obteve grande vitória sobre o México, ganhando a oportunidade da revanche contra a Alemanha, novamente nas quartas. 

Porém, a competição voltou a se encerrar para os argentinos nesta fase, em derrota pelo inesperado placar de 4 X 0. No dia 28 de julho, Maradona foi confirmado que não mais continuaria no comando da equipe.

Títulos. Boca Juniors: Campeão Argentino – Metropolitano (1981); Barcelona: Copa do Rei (1983); Copa da Liga Espanhola (1983); Supercopa da Espanha (1983). Napoli: Copa da UEFA (1989); Campeonato Italiano (1987 e 1990); Copa da Itália (1987); Supercopa da Itália (1990). Seleção Argentina: Copa do Mundo FIFA (1986); Troféu Artêmio Franchi (1993) e Campeonato Mundial de Futebol Sub-20  (1979).

Artilharias. Campeonato Argentino: Metropolitano (1978), Metropolitano (1979), Nacional (1979), Metropolitano (1980), Nacional (1980); Campeonato Italiano (1988) e Copa da Itália: (1988).

Prêmios individuais. FIFA 100 (2004); Bola de Ouro da Copa do Mundo da FIFA (1986); All-Star Team da Copa do Mundo da FIFA (1986 e 1990); Melhor Jogador do Mundo eleito pela World Soccer (1986); Onze d'Or (1986 e 1987); Guerin d'Oro (1985); Melhor Jogador Sulamericano do ano eleito pelo jornal “El Mundo” (1979 e 1980); Melhor Jogador do Mundial Sub-20 (1979); Melhor Jogador Argentino do Ano pela Associação de Jornalistas da Argentina (1979, 1980, 1981 e 1986); Bola de Bronze da Copa do Mundo FIFA (1990); Melhor Jogador do Século XX da FIFA - votos de internautas (2000); 3º Maior Jogador do Século XX pelo Grande Júri FIFA (2000); 2º Maior jogador Sulamericano do século XX pela IFFHS (1999); 5º Maior jogador do Mundo do Século XX pela IFFHS (1999); 2º Maior jogador do século XX pela revista - France football (1999); Time dos Sonhos da FIFA (2002); Prêmio Olimpia de Oro (Melhor atleta argentino do ano) (1986); The Times - maior jogador da história das Copas do Mundo (2010); La Gazzetta dello Sport - Melhor Jogador de Todos os Tempos (2012); Corriere dello Sport - Melhor Desportista da Historia (2012); Melhor Jogador da Historia pela revista "Four Four Two" (2017); Melhor jogador das Copas do Mundo pela revista "Four Four Two" (2018).

Prêmios e Honrarias. 2016 - Um dos 11 eleitos pela AFA para a Seleção Argentina de Todos os Tempos. (Pesquisa: Nilo Dias)


segunda-feira, 24 de junho de 2019

Maradona, "el Pibe de Oro" (1)

Diego Armando Maradona Franco nasceu em Lanús, Argentina, no dia 30 de outubro de 1960. É considerado o maior jogador do futebol argentino de todos os tempos e um doa melhores do mundo, ficando atrás só do brasileiro Édson Arantes do Nascimento, o “Pelé”, embora seus conterrâneos não concordem com isso.

Aos nove anos, seu talento com a bola já o fazia ser a criança mais popular da favela em que morava, no subúrbio de Buenos Aires. Um colega havia sido aprovado em um teste para as categorias de base do Argentinos Juniors, e respondeu aos elogios do treinador dizendo que conhecia um garoto ainda melhor.

O treinador, Francis Cornejo, deu-lhe então 10 pesos para que pedisse a esse outro jovem para ir vê-lo. Cornejo e outros observadores do clube, incrédulos com o que viram no outro menino, foram acompanhá-lo na volta até a casa deste e, pedindo à mãe dele, conferiram sua documentação para desfazer qualquer engano plausível. Viram que Maradona realmente tinha apenas nove anos de idade.

Os pais foram então convencidos a colocar Maradona no Argentinos, clube pequeno da capital, mas famoso pelo bom trabalho que desenvolvia com as categorias de base. Com 15 anos, disputava partidas preliminares, já atraindo multidões.

Quando finalmente foi lançado entre os profissionais, não saiu mais. Demonstrava um repertório completo certeiro com a sua mágica perna esquerda: lançamentos, passes, dribles curtos, chutes certeiros de curta e longa distância, cobranças de falta e escanteios.

Aos 17 anos, recebeu a primeira convocação para a “Seleção Argentina”, da qual foi polemicamente cortado na “Copa do Mundo de 1978”.

1978 também significou o ano em que foi pela primeira vez artilheiro do “Campeonato argentino”. Em 1979, foi artilheiro tanto do “Campeonato Argentino” quanto do “Campeonato Metropolitano”, torneio que reunia os clubes da "Grande Buenos Aires" e que era na época considerado mais importante até do que o “Campeonato Nacional”. Naquele ano, foi eleito pela primeira vez o melhor jogador sul-americano.

A dose repetiu-se em 1980: Maradona foi artilheiro dos dois campeonatos e eleito outra vez o melhor jogador da América do Sul, com o adicional de ter levado o Argentinos Juniors ao vice-campeonato nacional, melhor resultado do clube até então.

O Boca Juniors, que não conseguia títulos argentinos desde 1976, resolveu ir atrás dele, no que era a realização de um sonho para o jogador: Maradona sempre fora um torcedor “Xeneize” fanático. Jamais seria esquecido, todavia, na equipe que o revelou: o Argentinos renomeou seu campo para “Estádio Diego Armando Maradona”.

E foi em um amistoso contra o Argentinos que Maradona fez sua estreia pelo Boca, marcando de pênalti, atuando pelos dois times. Parte da concordância do Argentinos em emprestá-lo estava em uma cláusula do contrato de venda em que proibia que Diego enfrentasse a antiga equipe em jogos oficiais.

Naquele ano de 1981, com o Boca, Maradona fez grande dupla com Miguel Ángel Brindisi, com os dois marcando juntos 33 dos 60 gols que reconduziram o time ao título metropolitano - a primeira conquista do clube auriazul em cinco anos. Maradona também marcou em seu primeiro Boca X River, em um 3 X 0.

Maradona chegou à Catalunha como um messias. O Barcelona vivia carência de títulos desde o final da década de 1950. Desde 1960, só conseguira vencer o “Campeonato Espanhol” em 1974. Via o rival Real Madrid se distanciar cada vez mais no ranking de vencedores e ainda sentia o Atlético de Madrid aproximando-se, com um título a menos.

Na primeira temporada, Maradona enfrentou o primeiro problema: em dezembro de 1982, sofreu de hepatite e ficou de fora dos campos por três meses. O time terminou apenas em quarto; o título de 1982–83 ficou com o Athletic Bilbao.

Na “Copa do Rei”, porém, decidiu a final contra o Real Madrid, marcando nos dois jogos da decisão e foi aplaudido de pé pela torcida do arquirrival após a vitória por 2 X 1 em pleno “Santiago Bernabéu”. Na partida de ida, no "Camp Nou", o Barcelona havia deixado o rival empatar após estar vencendo por 2 X 0.

Mal começou a segunda temporada e, num jogo contra o Athletic, sofreu uma entrada desleal do adversário Andoni Goikoetxea e fraturou o tornozelo esquerdo. O astro levou 106 dias para retomar o futebol.

Quando voltou, conduziu a equipe ao caminho do título. No entanto, por um ponto, a taça ficou com o Athletic. Ambos os times decidiram também a “Copa do Rei”, e um novo dia ruim contra a equipe basca (que vencia por 1 X 0) fez Maradona surtar. Ele protagonizou uma briga generalizada entre os jogadores.

Maradona, que já não tinha um relacionamento bom com a diretoria do Barcelona, foi praticamente descartado por ela após receber uma suspensão de três meses em razão da confusão.

E então foi aceita a oferta do pequeno Napoli, da Itália. Desgostoso com o que julgou como falta de esforço do clube em defendê-lo nos tribunais, Maradona acatou a transferência, encerrando um ciclo de dois anos de altos e baixos no “Camp Nou”.

O atleta declarou em sua autobiografia, “Yo Soy Diego”, que o presidente Josep Lluís Núñez tinha inveja de sua popularidade e foi o principal responsável direto por sua saída do Barcelona.

No livro, Maradona também apontou a coleção de fatores que o impediram de triunfar no clube espanhol: desde a hepatite e lesões e até gostar mais de Madrid.

Ele também revelou que foi na “Catalunha” que começou seu relacionamento com as drogas. Aceitou a proposta do Napoli pois também estava arruinado financeiramente. Chegou a doar a casa que tinha em Barcelona para pagar suas dívidas.

Embora tradicional, a equipe napolitana era minúscula. Seus troféus resumiam-se a títulos nas divisões inferiores e a duas conquistas na "Copa da Itália".

Maradona foi logo amado e venerado como um rei, chegando de helicóptero a um “Estádio San Paolo” tomado por torcedores que ainda custavam a acreditar.

Ele, curiosamente, poderia ter chegado antes ao time: o clube o havia sondado em 1979, quando ainda estava no Argentinos Juniors, mas recusara a proposta na época. "Para mim, Napoli era apenas uma coisa italiana, como pizza", comentou.

Na primeira temporada, o clube ficou apenas em oitavo, mas somente 10 pontos atrás do campeão Verona. Na segunda, a de 1985–86, conseguiu um terceiro lugar. Sua terceira temporada começou com ele já consagrado em todo o planeta, com a conquista da “Copa do Mundo de 1986”.

Em setembro, porém, surgiu a primeira grande polêmica extracampo: sua ex-empregada doméstica, Cristina Sinagra, denunciou que Maradona era o pai do filho que ela teve. 

A paternidade foi confirmada posteriormente na justiça. O filho, Diego Sinagra (também conhecido como Diego Armando Maradona Jr.), jamais foi assumido e os dois só teriam seu primeiro encontro em 2003.

Ainda assim, na temporada 1986–87 Maradona deu ao Napoli seu primeiro título na "Serie A", sobre a poderosa Juventus. A festa terminou completa no clube e na vida pessoal: paralelamente, o Napoli foi também campeão da “Copa da Itália”, e nasceu sua filha Dalma (batizada com o mesmo nome da mãe de Diego).

Na temporada seguinte, Maradona, com 15 gols, alcançou a artilharia do campeonato. O vice-artilheiro foi "Careca", com 13. O bi, porém escapou por três pontos: o título ficou com o Milan.

Na temporada 1988–89, o campeonato italiano foi surpreendentemente para a Inter de Milão, com a perseguição única do Napoli (único time na reta final com chances de tirar o título da Inter) terminando em vão.

O consolo ficou por conta da “Copa da UEFA”: Maradona liderou o Napoli na campanha rumo ao primeiro título continental do clube. Nos mata-matas finais, o clube passou pela rival Juventus e pelo Bayern Munique até chegar na decisão, contra o Stuttgart.

Os alemães foram vencidos no embalo da dupla de Maradona com "Careca": ambos marcaram na vitória de virada no jogo de ida, em Nápoles, e seguraram o empate na Alemanha Ocidental. Paralelamente, naquele ano ele casou-se em um estádio fechado com a namorada de infância, Claudia Vilafañe, e nasceu Gianinna, sua segunda filha.

1989–90 chegou e o argentino novamente conduziu o Napoli ao "scudetto", com dois pontos de vantagem sobre o Milan

Na "Copa", Maradona liderou uma Argentina esfrangalhada ao vice-campeonato, mas eliminando a Itália nas semifinais, aumentando o rancor do resto do país. Ele, ligado por provas robustas com a “Camorra”, a máfia napolitana, foi suspenso do futebol por 15 meses. Entrou em depressão e, no mês seguinte, em abril, sob efeito de drogas,foi  preso em Buenos Aires pela polícia no bairro de "Caballito".

Maradona, decidido a deixar o Napoli, protagonizou uma batalha judicial que durou 86 dias. A liberação foi brecada pelo presidente do clube, que estava brigado com o argentino. 

Após intervenção da FIFA, Maradona conseguiu se desligar do Napoli e acertou um retorno à Espanha, agora como jogador do Sevilla, na época comandado por Carlos Bilardo, seu ex-técnico na Seleção.

Sua estadia no clube andaluz não durou mais que a temporada 1992–93, onde foi apenas razoável. Acertou outro regresso, desta vez ao país natal, contratado pelo Newell's Old Boys.

Mesmo recuperando a forma, durou menos ainda na equipe de Rosário: uma sucessão de lesões musculares provocou o término de seu contrato, após apenas cinco jogos oficiais e alguns amistosos, um deles, curiosamente, contra o Vasco da Gama, do Rio de Janeiro.

Deprimido, Maradona afundou  cada vez mais nas drogas. Em fevereiro de 1994, irritado com o assédio da mídia, atirou com uma espingarda de ar comprimido em jornalistas que faziam plantão em frente à sua casa.

Acima do peso e desmotivado, a impressão geral era a de que ele abandonaria a carreira antes da "Copa do Mundo de 1994". Conheceu então um fisiculturista em Buenos Aires que prometeu deixá-lo em forma novamente.

A promessa foi cumprida, mas um novo antidoping durante a "Copa" desmascarou que, por trás do milagre, estava a proibida substância "Efedrina", uma droga usada para emagrecer. A FIFA terminou por puni-lo com outros 15 meses de banimento.

Sem poder jogar, Maradona passou rápido como diretor-técnico do pequeno Textil Mandiyú. Em poucas semanas, porém, abandonou o cargo do time de Corrientes. Assumiu como treinador do Racing, mas em março do ano seguinte saiu.

Com o fim da punição, ele voltou ao seu amado Boca Juniors, comprado por 10 milhões de dólares pelo "Grupo Eurnekian", que em troca teve os direitos televisivos sobre 11 partidas. 

O retorno, iniciado em jogo contra o Colón, foi estampado até em seus cabelos: Maradona descoloriu uma faixa do lado superior direito, simbolizando a faixa dourada do uniforme boquense.

O Boca não ganhava títulos argentinos havia cinco campeonatos – o último fora o “Apertura de 1992”. Com Maradona e Caniggia em grande parceria, o clube conseguiu confortável liderança no “Apertura 1995”.

O clube deixou o título escapar para o Vélez Sarsfield e terminou apenas em quarto. A edição do torneio foi mais lembrada por uma goleada de 4 X 1 sobre o River Plate em que a afinada dupla Caniggia e Maradona se beijaram na boca, em comemoração após o terceiro gol do atacante loiro.

Maradona faz sua última partida profissional, justamente em um Super clássico no “Monumental de Núñez”, em 25 de outubro. Jogou o primeiro tempo da partida e foi substituído pelo jovem Juan Román Riquelme. O Boca venceu por 2 X 1.

Enquanto jogador, Maradona foi reverenciado como uma divindade em seu país natal, sendo criada inclusive uma igreja dedicada a ele. Reunia inteligência, vontade e talento, com dribles, habilidade para mudar drasticamente sua velocidade e dar giros surpreendentes.

Seu grande momento no futebol foi na “Copa do Mundo de 1986”, que de acordo com uma opinião popular difundida em seu país, foi ganha inteiramente por ele, chamado de “El Pibe de Oro”.

Maradona foi casado durante vários anos com Cláudia Villafañe, de quem se divorciou de forma litigiosa. As duas filhas do casal, Dalma e Gianinna, ficaram do lado da mãe e não aceitaram o novo relacionamento do pai.

Maradona tem mais três filhos, Diego Sinagra fruto de um caso extra-conjugal quando jogava na Itália; Jana, de um outro relacionamento fora do casamento na década de 1990; e Dieguito Fernando nascido em 2013 filho de Verónica Ojeda. (Pesquisa: Nilo Dias)

Maradona no Napoli, da Itália. 

sexta-feira, 14 de junho de 2019

Os 100 anos do Central de Caruaru (PE)

O Central Sport Club, de Caruaru (PE), está completando hoje 100 anos de existência. O clube foi fundado no dia 15 de junho de 1919, a uma hora da tarde, na “Sociedade Musical Comercial Caruaruense”, tendo como representante o senhor Francisco Porto de Oliveira.

O nome do clube foi sugerido pelo senhor Severino Bezerra, em homenagem à "Estrada Central de Ferro de Pernambuco", denominação que os ingleses da “Great Western” deram a ferrovia que cortava Caruaru na direção do Sertão.

As cores preta e branca, segundo o professor José Florêncio Neto (Machadinho), ex-jogador do time caruaruense no início da equipe, foram escolhidas em face do símbolo do clube, a “Patativa do Agreste”, pássaro de canto harmonioso.

Foram eleitos: Presidente: José Faustino Vila Nova; Vice-Presidente, João Batista de Oliveira; 1º Secretário, Severino de Sales Tiné; 2º Secretário, Arlindo de Vasconcelos Limeira; Tesoureiro, Artur Leandro Sales; Vice-Tesoureiro, Ângelo Emídio de Lira; Orador, Francisco Porto de Oliveira e Diretor de Esportes, Severino José Bezerra. Foi estabelecida uma jóia de 2.000 réis e 500 réis de mensalidade (assim consta na primeira "Ata de Fundação").

No início o time só disputava jogos amistosos, mesmo assim revelou grandes jogadores como Machadinho, Zuza, Teonilo, Pedro, Rochura, Joaquim, Alemão e Tutu.

Em 1936 o Vasco da Gama foi até Caruaru para um amistoso. O time carioca suou para conseguir vencer o Central por 1 X 0. Os centralinos ainda conseguiram o empate, com Tutu, mas o árbitro anulou, erroneamente, o gol.

Um ano depois, o Central finalmente foi incluído entre os grandes do futebol pernambucano e começou a disputar o campeonato estadual. Foi o primeiro time do interior do Estado a participar do “Campeonato Pernambucano de Futebol”.

Porém, no mesmo ano, cansado de diversos equívocos de arbitragens, a diretoria retirou a equipe do torneio. O Central filiou-se, então, à “Liga Esportiva Caruaruense” e faturou os títulos de 1942, 1945, 1948, 1951/52, 1954, 1958.

Em 1951, a “Patativa” conseguiu um feito histórico, vencendo o Jocaru por 23 X 0. O meia Milton foi o artilheiro do jogo com 11 gols. O final da década de 1950 foi marcado pelas obras de construção do “Estádio Pedro Victor de Albuquerque”.

O alvinegro do “Agreste” só voltou a disputar o “Campeonato Pernambucano da Primeira Divisão” em 1960, depois de um grande apoio do presidente da “Liga Desportiva Caruarense”, Gercino Pereira Tabosa e do presidente da FPF, Rubem Moreira da Silva. Logo o time se transformou na quarta força de Pernambuco, sendo o destaque do interior e o fiel da balança no certame.

Em 1964, o Central comandado por um dos seus maiores craques, Vadinho, fez um campeonato brilhante, em especial no 1º turno, com apenas uma derrota em Recife para o Campeão, Náutico Capibaribe, terminando o certame na 3ª colocação, até então, o melhor resultado de um time do interior de Pernambuco na história.

Em 1965, o Central Sport Club de maneira invicta venceu o “Torneio Gercino Tabosa” ao empatar com o Santa Cruz por 1 X 1 no “Estádio Pedro Victor de Albuquerque”, competição que teve a participação ainda do campeão sergipano do ano, o Confiança, e do vice-campeão Alagoano, o Capelense.

Em 4 de fevereiro de 1968 o Central em feito histórico venceu a “Seleção Argentina de Novos.”

O ano de 1972, marcou a estreia do Central Sport Club em um campeonato nacional, a “Taça de Prata do Campeonato Brasileiro”, onde terminou empatado na 1a posição do grupo, apenas não se classificando para a fase final devido aos critérios de desempate.

Em 1980, a grande reforma no “Estádio Pedro Victor de Albuquerque”, atual “Lacerdão”, foi concluída. O jogo inaugural foi realizado no dia 19 de outubro do mesmo ano, quando o Central venceu a Seleção Nigeriana de Futebol por 3 X 1. Gil Mineiro, jogador do Central Sport Club, marcou o 1º gol após a reconstrução.

Também na década de 1980, em especial os anos de 1983 e 1986, o Central passou a ser concorrente efetivo do “Campeonato Pernambucano”, disputando ponto a ponto, turnos e returnos do certame com Sport, Santa Cruz e Náutico.

No ano de 1986 ocorreu a maior glória do Central Sport Club, que em uma disputa emocionante com o Americano venceu o Grupo F do “Torneio Paralelo”, uma espécie de ”Série B”, mas não foi reconhecido pela CBF como tal.

Conseguindo acesso imediato à fase final do certame, a “Série A” ao lado de Flamengo, Grêmio, Fluminense, dentre outros. Como os vencedores de cada grupo subiram diretamente para a segunda fase da “Série A”, não houve uma fase final.

O Central reivindica o reconhecimento pela CBF desse título como da “Série B” de 1986, que seria dividido entre Treze, Inter de Limeira e Criciúma.

Neste mesmo ano, no dia 22 de outubro de 1986 ocorreu o maior recorde de público da história do interior de Pernambuco, 24.450 pessoas foram assistir a vitória do Central por 2 X 1 contra o Flamengo na fase final da competição.

O Central continuou fazendo boas campanhas na “Série B" do “Campeonato Brasileiro” até que em 1995 surgiu nova oportunidade de acesso à primeira divisão. Após campanha brilhante, o Central chegou a fase final do certame em conjunto com o Atlético Paranaense, Coritiba e Mogi Mirim.

Em um dos mais disputados quadrangulares ocorridos na “Série B”, ascenderam o Atlético Paranaense e o Coritiba frustrando o sonho alvinegro de retornar à primeira divisão.

O final da década de 90 foi marcado por uma série de administrações desastrosas que culminaram com o rebaixamento da equipe, tanto no “Campeonato Pernambucano da Primeira Divisão”, quanto da “Série B" do “Campeonato Brasileiro”.

Em 1999, venceu o "Campeonato Pernambucano da “Série A2” e retornou à primeira divisão estadual. Em 2001, venceu a “Copa Pernambuco”. Em 2002, venceu a “Copa Governador Jarbas Vasconcelos”, torneio batizado carinhosamente de "Pernambuquinho".

Foi a época da reconstrução da equipe que voltou a ocupar o lugar de destaque em Pernambuco que sempre foi seu. Após brilhante campanha nos “Campeonatos Pernambucanos” de 2007 e 2008, tendo sido inclusive, vice-campeão estadual, o Central  classificou para a “Copa do Brasil”.

Eliminou em 2008 ao Remo (PA), e enfrenta o Palmeiras na segunda fase da competição. Em 2009, eliminou o Ceará e enfrentou o Vasco da Gama na 2º Fase da competição, reeditando um confronto clássico que tinha ocorrido há mais de 74 anos.

Em 2011, tornou-se o primeiro clube do interior na história, a vencer um turno do “Campeonato Pernambucano”. Em 2015, repetiu o feito da conquista do turno, ao vencer a “Taça Governador Eduardo Campos”, o primeiro turno do “Campeonato Pernambucano”.

Em 2018, após vencer o Sport por 1 X 0 na semifinal, o Central se classificou pela primeira vez à final do “Campeonato Pernambucano”, contra o Clube Náutico Capibaribe.

O “Estádio Luiz José de Lacerda”, popularmente conhecido como "Lacerdão", teve antes dois nomes, “Central Park”, no início da história do clube, que passou a se chamar durante muitos anos, como “Pedro Victor de Albuquerque”.

Está localizado em Caruaru, Pernambuco, e possui mais de 70 anos de história. Tem como mandante o Central Sport Club. Teve sua denominação alterada para “Lacerdão”, em homenagem ao esforço do empresário Luiz José Lacerda que foi fundamental para a ampliação do estádio no final da década de 70 e início da década de 1980.

O jogo inaugural após a ampliação aconteceu no dia 19 de outubro do mesmo ano, quando o Central venceu a Seleção Nigeriana de Futebol por 3 X 1. Gil Mineiro, então jogador do Central Sport Club, marcou o primeiro gol.

Nos anos 70 e 80, o Central passou a disputar o “Campeonato Brasileiro”, levando grandes equipes ao “Lacerdão”. No dia 22 de outubro de 1986, ocorreu o maior recorde de público da história de Caruaru: 24.450 pessoas foram assistir à vitória do Central por 2 X 1, contra o Flamengo (RJ), em partida válida pelo “Campeonato Brasileiro” do mesmo ano.

O Estádio já foi palco de confrontos do Central Sport Club com diversas seleções e clubes tais como a Seleção da Nigéria, a Seleção de Novos da Argentina (atualmente conhecida como seleção pré-olímpica) e contra clubes campeões brasileiros, a exemplo do Flamengo (RJ), Fluminense (RJ), Vasco (RJ), Grêmio (RS), Atlético (PR), Coritiba (PR), Guarani (SP) e Palmeiras (SP).

Atualmente o “Lacerdão” tem capacidade aproximada de 20.000 pessoas, e é o maior estádio particular do interior do Norte/Nordeste e o quarto maior estádio de Pernambuco, apenas ficando atrás dos estádios do chamado "Trio de Ferro de Pernambuco", Sport, Santa Cruz e Náutico.

O Central Sport Club teve três hinos oficiais em sua história. O primeiro foi composto por Yêdo Silva, no ano de 1921, porém infelizmente não há registro de sua letra, nem partitura.

O segundo foi composto pelo ex-atleta do clube José Florêncio Neto, o professor Machadinho, no ano de 1968. O terceiro e último, que é o utilizado até hoje, foi composto pelo cantor Israel Filho, no ano de 1995.

Títulos conquistados. Regionais: Torneio Gercino Barbosa (1965). Estaduais: Copa Governador Jarbas Vasconcelos (2002); Copa Pernambuco (2001); Campeonato Pernambucano - Série A2 (1999); Torneio Augusto Lucena - Torneio Incentivo da FPF (1973, 1974 e 1975); Torneio Início de Pernambuco (1973); Campeonato Pernambucano do Interior (1937, 1961, 1962, 1963, 1964, 1965, 1966, 1967, 1968, 1969, 1970, 1971, 1972, 1973, 1974, 1975, 1976, 1977, 1979, 1980, 1981, 1982, 1983, 1984, 1985, 1986, 1987, 1988, 1989, 1990, 1993, 2001, 2002, 2007, 2008, 2010 e 2018); Municipais: Liga Esportiva Caruaruense (1942, 1943, 1944, 1945, 1948, 1951,1952,1953 e 1958). Outros torneios: Torneio Qualificatório do Campeonato Brasileiro Série B 1994 - Zona Pernambuco (1993). (Pesquisa: Nilo Dias)


quarta-feira, 12 de junho de 2019

Um time centenário no Acre

O Rio Branco Football Club, da cidade de Rio Branco, no Estado do Acre, é mais um clube a fazer parte da seleta galeria de agremiações centenárias do futebol brasileiro. Foi fundado na noite do dia 8 de junho de 1919, em uma reunião ocorrida no “Eden Cine Theatro” (no local do “Cine Teatro Recreio”), na Rua 17 de Novembro no 2° Distrito da cidade de Rio Branco.

A reunião foi convocada pelo advogado amazonense doutor Luiz Mestrinho Filho, o qual estava na cidade para presidir uma comissão de inquérito na agência dos Correios. 

Compareceram ao todo 16 pessoas, entre as quais Nathaniel de Albuquerque, Conrado Fleury, José Francisco de Melo, Mário de Oliveira, Luiz Mestrinho Filho, Alfredo Ferreira Gomes, Manoel Vasconcelos, Francisco Lima e Silva, Pedro de Castro Feitosa, Jayme Plácido de Paiva e Melo, que assinaram a primeira ata do clube.

No mesmo dia da fundação, foram sugeridos por Luiz Mestrinho o nome do clube (em louvor à cidade e ao Barão do Rio Branco) e as cores vermelho e branco, presentes no escudo, uniforme e bandeira oficial.

Após eleita a primeira diretoria, o clube recebeu a doação de um terreno no local onde hoje se situa a “Praça Plácido de Castro”, doação do prefeito, doutor Augusto Monteiro.

O terreno doado consistia em uma área de mata nativa, que em poucos dias foi substituída por um campo de terra batida para, mais tarde, tornar-se a sede social do clube.

A primeira partida oficial disputada pelo Rio Branco ocorreu no dia 14 de julho de 1919, com vitória por 5 X 0 sobre o Militar Foot-Ball Club, equipe da Polícia Militar do Estado.

O primeiro uniforme do Rio Branco era totalmente branco, com uma grande estrela vermelha no local do distintivo da camisa.

No dia 18 de julho de 1920, o Rio Branco fez a sua primeira partida intermunicipal, com vitória sobre a Seleção de Xapuri pelo placar de 1 X 0.

Em seu primeiro ano de existência, o Rio Branco disputou alguns amistosos e o primeiro torneio da Liga Acreana de Esportes Terrestres (LAET) e venceu todos os jogos, faturando o primeiro título do Estado.

Os times existentes à época promoviam diversos amistosos, cultuando uma rivalidade saudável e unia uma frente única para derrotar aquela equipe poderosa no futebol e pela composição de seus membros influentes na vida social, administrativa e política territorial, como advogados, promotores, juízes, desembargadores, médicos, militares, delegados, escritores, altos comerciantes.

A mascote é a “Estrela Altaneira”, símbolo da ”Revolução Acriana”, transformada em segundo escudo do clube é usada frequentemente em seu uniforme.

As três estrelas vermelhas representam o tricampeonato do “Copão da Amazônia”. A estrela dourada representa o título da “Copa Norte de 1997”.

Chamado pelos torcedores de “O Mais Querido” manda seus jogos na “Arena da Floresta”, com capacidade para 20 mil torcedores. Suas principais conquistas consistem em 47 títulos do “Campeonato Acreano”, três ”Copas da Amazônia” e uma da “Copa Norte”, de forma invicta no ano de 1997.

Este último garantiu ao clube uma vaga na “Copa Conmebol”, tornando-se o primeiro clube da Região Norte do Brasil a disputar uma competição oficial sul-americana.

O ano de 1919 marcou o início dos campeonatos no Acre. Promoveu a disputa de um torneio, a “Liga Torneio Initium”, no dia 9 de julho daquele ano. O Rio Branco sagrou-se campeão, vencendo o Acreano por 10 X 0 e o Ypiranga por 2 X 0.

No dia 1 de agosto de 1919, teve início o primeiro campeonato oficial da LAET, disputado em dois turnos. No primeiro, o Rio Branco goleou o Acreano por 4 X 0 e o Ypiranga por 8 X 0. No segundo turno, 3 X 0 no Acreano e 1 X 0 no Ypiranga.

O time do Rio Branco que foi campeão da competição estava assim formado: Alfredo - Zé Bezerra e Olavo. Nobre - Bandeira e Joca. Fortenelle – Gaston – Mello - Jacob e Carlos.

Em 1920, o Rio Branco continuou a colher louros no futebol, mas conheceu no último jogo do ano o amargo sabor da derrota que tanto impunha aos rivais.

Infelizmente, o Delegado Chiquinho pôde somente registrar quatro jogos estrelados em 1921, pelo campeonato, ainda os três clubes, mas é fácil saber que o “Estrelão” faturou o bicampeonato, aferindo-se pelos escores do primeiro turno:

No dia 1 de outubro de 1921, o Rio Branco disputou um amistoso para a entrega das faixas de campeão, contra um Combinado Acreano-Ypiranga. Vitória do “Estrelão” pelo placar de 3 X 2.

No ano de 1921 foi criada a “Liga Acreana de Esportes Terrestres “ (LAET). O Rio Branco foi um de seus fundadores, juntamente com o Acreano Sport CIub e o Ypiranga Sport Club.

Entre 1922 e 1927, a LAET não organizou o seu campeonato. Os clubes acreanos tiveram de se contentar com amistosos. Somente em 1928 houve um novo campeonato, faturado pelo Rio Branco sobre o Ypiranga.

Em 1929, o Rio Branco foi campeão, após o fato rompeu relações com a mentora e decidiu não mais participar dos torneios. O retorno para competições só aconteceu em 1935, com mais um título estadual, desta vez em cima do América.

Dez anos depois de sua fundação, o Rio Branco inaugurou o seu estádio próprio no dia 8 de junho de 1929, em um terreno oferecido pelo fundador e chefe de Polícia, José Francisco de Melo e a sua esposa, dona Isaura Parente.

O estádio foi batizado de “Stadium José de Melo”, e está localizado na Avenida Ceará. É lá onde a sede do clube se encontra até os dias de hoje.

Nas décadas de 30 e 40, o Rio Branco reinou absoluto no futebol do Acre, conquistando nada menos do que 12 títulos estaduais, entre 1935 e 1947, sendo 11 deles organizados pela LAET e o primeiro campeonato organizado pela Federação Acreana de Desportos (FAD) (criada em 24 de janeiro de 1947). Nos anos 1950, o clube faturou mais cinco títulos estaduais.

Entre 1964 e 1970, o Rio Branco amargou um jejum de títulos, algo incomum para um clube acostumado com conquistas. A torcida teve que esperar até 1971 para comemorar outro campeonato.

Sem poder participar de campeonatos nacionais e de categoria profissional devido a não serem regularizadas profissionalmente, as federações de Acre, Amapá, Rondônia e Roraima criaram o “Torneio Integração”, mais conhecido como “Copão da Amazônia”.

A primeira edição aconteceu em 1975 em Porto Velho. O Rio Branco debutou na competição na sua segunda edição, e já faturando o título diante do Baré (RR) no “Estádio José de Melo”.

Em 1977, em Macapá, o “Estrelão” buscou o bicampeonato, mas perdeu a grande final para o Moto Clube (RO) nos pênaltis, depois de um empate em 1 X 1 no tempo normal.

Em 1978, nova derrota na final para o Moto Clube, desta vez por 1 X 0 em Boa Vista. A revanche aconteceu em 1979, na casa do adversário, com um 2 X 1 em pleno “Estádio Aluízio Ferreira”, faturando o bicampeonato.

O tricampeonato só aconteceu 5 anos depois, em 1984, depois de vencer o Baré por 2 X 0 no dia 23 de Outubro no “Estádio Glicério Marques”, em Macapá.

Em 1986, novo vice-campeonato: Depois de dois empates (1 X 1 em Rio Branco e 2 X 2 em Macapá), o título foi decidido em um terceiro jogo, com vitória do Trem (AP) por 2 X 1, na capital amapaense.

O torneio deixou de existir após a profissionalização das federações e dos clubes. O Rio Branco é o segundo maior vencedor do “Copão”, atrás apenas do Trem, que faturou cinco títulos.

Após a implantação do profissionalismo no futebol acreano em 1989, o Rio Branco consolidou seu domínio local, conquistando, até hoje, 13 títulos estaduais. Em 1989, o “Estrelão” estreou em competições nacionais (representando o futebol do Estado pela primeira vez) disputando a “Série B do Campeonato Brasileiro”.

O clube foi a grande surpresa da competição, sendo eliminado apenas nas oitavas-de-final diante do Ceará, terminando entre os 16 primeiros e garantindo vaga na “Série B” de 1990.

O ano de 1997 ficou marcado como o ano mais importante da história do clube, com a principal conquista da sua história: a “Copa Norte”. Após estrear na competição com um empate sem gols com o Ji-Paraná (RO), o Rio Branco passou por Baré (RR) (1 X 0), Independência (1 X 0) e goleou o Nacional (AM) (4 X 1), garantindo o primeiro lugar em seu grupo e, consequentemente, a vaga para a final.

O adversário da decisão foi o Remo. No primeiro jogo, no “José de Melo”, um empate sem gols. Na decisão em Belém, o Rio Branco não tomou conhecimentos do time mandante e venceu o Remo em pleno “Estádio Mangueirão” pelo placar de 2 X 1, com gols de Palmiro e Vinícius.

Pelo título alcançado ganhou a alcunha de "O Melhor do Norte". A conquista do título regional permitiu que o Rio Branco fosse a primeira equipe da região Norte a disputar uma competição sul-americana: a “Copa Conmebol”.

No dia 27 de agosto, o clube estreou na Copa Conmebol, um marco importante no futebol da região. O jogo era na Colômbia, contra o Deportes Tolima. Em um jogo bastante equilibrado e pegado, o “Estrelão” saiu da Colômbia com uma derrota por 2 X 1.

No jogo de volta, dia 3 de setembro, com o “Estádio José de Melo” lotado, o Rio Branco foi em busca do resultado. e a estrela do atacante Gomes brilhou. O atacante marcou o único gol da partida, aos 41' do segundo tempo, levando o jogo para os pênaltis.

Nas penalidades, o “Estrelão” saiu derrotado por 3 X 1, com Hélio, Vinícius e Testinha perdendo as suas cobranças, fechando assim a sua única participação na competição.

Também em 1997, o clube conquistou o Campeonato Acreano. Depois, pela “Copa do Brasil” eliminou o Goiás (venceu o primeiro jogo no “José de Melo” por 1 X 0, e no segundo jogo perdeu por 2 X 1 no “Serra Dourada”, conseguindo a classificação para a próxima fase) e venceu o Flamengo (2 X 1 em casa), e terminou na oitava colocação na classificação geral da competição, sua melhor participação.

Depois do auge, veio a queda. O Rio Branco passou por uma grande reformulação e não conseguiu forças para continuar crescendo no cenário nacional. O clube acumulou dívidas e não conseguia repetir os bons resultados em competições nacionais, chegando a desistir de participar das edições de 2002 e 2005 da Série C por motivos financeiros.

Somente a partir de 2002, o ”Estrelão” voltou a se impor na região. Entre 2002 e 2005 sagrou-se tetracampeão estadual, o primeiro e único desde a profissionalização do futebol local. Em 2004, o clube deu o primeiro passo na tentativa de voltar à Série B.

Em 2007, conquistou o Campeonato Acreano com uma campanha impecável, vencendo os dois turnos de forma invicta.

Entre 2007 e 2009, o clube fez belíssimas campanhas pela Série C do Campeonato Brasileiro. Em 2009, novamente em busca do acesso à Série B, o clube fez parcerias com o Atlético Paranaense e com a empresa inglesa fornecedora de materiais esportivos, a Umbro. Mas os esforços não resultaram nos objetivos.

O “Estrelão” começou bem a temporada 2010, conquistando seu 41º título estadual e a vaga para a Copa do Brasil 2011. Entretanto, o clube não fez uma boa campanha no Campeonato Brasileiro.

Em 2011, o Rio Branco entrou em campo para jogar três torneios: Copa do Brasil, Campeonato Acreano e a Série C do Brasileirão. No Estadual, a equipe conquistou o bicampeonato. Pela Copa do Brasil, o Rio Branco enfrentou o seu antigo parceiro, o Atlético (PR), na primeira fase da competição e foi eliminado.

Na Série C esteve no Grupo A, ao lado de Águia de Marabá (PA), Araguaína (TO), Luverdense (MT) e Paysandu (PA). Mais uma vez, o clube teve altos e baixos na competição. Desta vez, porém, a reação foi no tempo certo.

O clube acabou vencendo todos os jogos do segundo turno e terminou na primeira colocação do Grupo A, com 16 pontos, se classificando para a segunda fase, onde formou um quadrangular com Paysandu, América-RN e CRB-AL. No entanto, começou ali uma briga judicial intensa e que resultou na maior crise da história do clube.

No início da Série C 2011, a Procuradoria da Defesa do Consumidor do Acre (PROCON-AC), órgão ligado ao Ministério Público, decidiu vetar a “Arena da Floresta” e todos os demais estádios acreanos para jogos oficiais, fazendo com que o “Estrelão” ficasse incapacitado de realizar jogos com a presença de seus torcedores.

Com um pedido de efeito suspensivo, o “Estrelão” conseguiu continuar no torneio até que o caso fosse julgado pelo Pleno do STJD, a última instância da esfera esportiva. Por 5 votos a 1, a decisão de exclusão da equipe foi decretada e, mesmo com três jogos ainda por fazer, o Rio Branco foi retirado da competição.

Começava aí uma extensa briga judicial. Graças a uma ação da Procuradoria Geral do Estado do Acre protocolada nos Tribunais de Justiça do Acre(TJ-AC) e do Rio de Janeiro (TJ-RJ) que revogou a decisão da Justiça Desportiva, em 17 de outubro de 2011 a CBF anunciou a volta do Rio Branco à Série C.

A entidade recorreu e, quatro dias depois, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro decidiu suspender os jogos do Grupo E até que o caso fosse julgado. No entanto, em 26 de outubro de 2011, o Rio Branco abdicou de sua vaga na segunda fase e aceitou a sua exclusão do torneio. Um dia depois, a CBF anunciou que o Luverdense (MT), terceiro colocado do Grupo A, substituiria o “Estrelão” na segunda fase e faria os 6 jogos determinados.

O ano de 2012 começou de maneira ruim para o clube. Com uma nova diretoria passou por grandes reformulações no elenco e se preparava para a disputa da Copa do Brasil 2012, onde enfrentaria o Cruzeiro (MG).

O que ninguém esperava é que o Estado do Acre passasse pela maior enchente de sua história, onde mais de 140 mil pessoas foram afetadas pelas águas do Rio Acre. O grande volume de chuvas na região prejudicou o planejamento do Rio Branco, onde muitos treinos acabaram por ser cancelados.

Sem jogar oficialmente por mais de cinco meses, a falta de ritmo também prejudicou o elenco. O resultado não poderia ser pior: Jogando em casa, o “Estrelão” levou a maior goleada de sua história e a primeira dentro de casa, perdendo para o clube mineiro por 6 X 0 e encerrando a sua pior participação na “Copa do Brasil”.

Com a grave crise devido à exclusão da Série C, o Rio Branco só voltou às competições no ano de 2013.Na “Série C”, em 20 jogos, o clube venceu apenas duas partidas e foi derrotado 18 vezes, realizando a sua pior participação e sendo rebaixado para a “Série D” de 2014. 

No "Campeonato Brasileiro da Série D", que disputou seis vezes, a melhor campanha foi em 2014, quando alcançou a nona colocação. 

Mesmo tendo chegado aos 100 anos de vida, o "Estrelão" passa por um momento delicado dentro e fora de campo, sem conquistas no ano do Centenário, eliminado precocemente do "Campeonato Brasileiro da Série D" e fora da "Copa Verde" – a diretoria decidiu pela desistência da disputa. (Pesquisa: Nilo Dias)

Equipe de 1989 que conseguiu o acesso a Série B.

terça-feira, 11 de junho de 2019

Ourinhense agora é centenário

O Clube Atlético Ourinhense, da cidade paulista de Ourinhos é mais um clube a se tornar centenário no futebol brasileiro. Chegou a disputar uma edição do “Campeonato Paulista da Segunda Divisão” e seis edições do “Campeonato Paulista da Terceira Divisão”. Atualmente disputa apenas competições amadoras.

No inicio do povoamento, a pequena estação ferroviária era o marco divisor de duas áreas bastante distintas da povoação que se chamaria Ourinhos.

Inicialmente foram abertas três ruas ao norte da estação – as atuais Avenida Jacinto Sá que permitia o acesso à rodovia Raposo Tavares, a rua Amazonas e a rua Pará.

Na parte sul abriu-se o caminho para o rio Paranapanema onde uma balsa permitia a travessia do rio e o conseqüente acesso ao estado do Paraná. Até 1910 já eram abertas mais duas ruas – as atuais ruas São Paulo e 9 de julho, antes, Minas Gerais.

Ainda na parte sul, um espaço utilizado pelos primeiros moradores como campo de futebol.

Ao redor desse espaço foram se fixando novos imigrantes e a própria elite agrária da região. Até 1918 quando a povoação foi elevada a município, uma nova elite havia se formado. A cidade havia aumentado até a altura da atual rua Paulo Sá.

Ao redor do que antes fora um campo – reservado para uma praça (praça Melo Peixoto) fixaram-se lojas como a Buri, Riachuelo, Pernambucanas, Renner, a casa Amaral, a Singer, a pensão central, dois bancos, o bar central. 

Souza Soutelo construiu varias casas de madeira depois substituídas por de alvenaria, levantou-se uma Igreja, os metodistas chegaram à nova cidade. Instalou-se uma prefeitura, uma câmara municipal e uma serraria.

Os Cury se estabeleceram com uma agencia de automóveis e eletrodomésticos. Mais ao sul se fixaram os Mori. Depois vieram outros.

Instalou-se uma agencia de telefonia (Companhia Telefônica de Ourinhos). Ao longo da hoje rua São Paulo havia uma cocheira de aluguel (atual posto São José), uma pensão, mais tarde uma rádio clube e na esquina surgiria ainda um cinema  – o Cine Casino.

Em 1919 essa nova elite formada nessa área fundava o Clube Atlético Ourinhense, liderada pelos Cury e pelos Ferrari. O salão foi instalado inicialmente em um barracão dos Ferrari na avenida Jacinto Sá e depois no antigo caminho do Paraná (hoje Loja Nova Nunes).

No inicio não era um clube fundado para a prática do futebol considerado já um esporte muito popular. Os membros estavam preocupados em estabelecer um local apropriado para suas reuniões, seus saraus, seus bailes (bastante elitista, por sinal), seus jogos de salão. O basquete, o vôlei, o tênis e a natação eram bem vistos e o clube chegou a ter uma excelente equipe de basquete.

O futebol, no entanto parecia estar no sangue dos Cury e logo também se formava uma equipe na qual os principais jogadores eram membros dessa nova elite formada na cidade.

Entre os jogadores podemos citar as figuras de Alberto Braz, Esperidião Cury, Hermínio Vidal, Santo Perino, Daniel Leirião,Mario Cury, Bento Perino e até o cabo Arlindo Gomes. 

O time foi eleito em 1937 como o clube mais popular da cidade numa enquete do jornal "A Voz do Povo". Daniel Leirião, por sua vez, foi eleito o jogador mais popular. Por essa época o futebol já era um esporte bastante popular.

Em terrenos adquiridos pelo Cury e Ferrari ao lado da estrada que levava até as terras de Benicio do Espírito Santo, ao norte, construíram um campo de futebol, bem ao lado do construído pelo seu maior rival, o Esporte Clube Operário fundado já em 16 de junho de 1920.

O campo do Operário aliás já era um campo de futebol do extinto Aurora F.C. adquirido em 1933 por influencia do próprio C.A. Ourinhense.

Bem administrado o novo clube, logo os Cury compraram da família Mano uma extensa área de terra bem na nascente de um riacho e ali construiriam um centro social e esportivo com piscinas, salão social e um estádio de futebol.

A elite do Ourinhense nos anos 30, 40, 50 e 60 contava com a união de diversas famílias, como a de João Batista Crivelari, Aristides Viana, Antonio Carlos Mori, Benedito Monteiro, Edison Leonis, Carlos Eduardo Devienne, Vasco Fernandes Grilo, Humberto Mori, Miguel Cury, Julio Mori, Ítalo Ferrari, Antonio Saladini e Antonio Dias Ferraz

Em 1933 houve a extinção do Aurora, outro clube da cidade, que provavelmente se fundiu com o Ourinhense, que mudou sua sede para a rua São Paulo e já tinha o seu próprio campo construído em terras dos Cury e Ferrari.

Em 1938 o clube ganhou o “Torneio Primeiro de Maio”, vencendo a final contra o Platinense, de Santo Antônio da Platina, em jogo realizado dia 29 de maio.

O Ourinhense foi campeão jogando com Nelito - Sebastião e Geto. Caetano - Amador e José. Alfredo – Edgar – Antoninho - Hermínio e Luis. O juiz da partida foi Arnaldo Pocay.

Em 1942, pela primeira vez a recém criada Federação Paulista de Futebol realizou um campeonato amador a nível estadual e lá estava o Clube Atlético Ourinhense participando como integrante da 14ª região.

Vencedor na região acabou sendo desclassificado logo em seguida pela associação Ferroviária de Botucatu. Perdeu por 4 X 1, em jogo realizado no dia 4 de outubro de 1942.

Em 1949 o Ourinhense não conseguiu a classificação para a disputa do regional. Em 1950 e 1951 tornou-se o campeão da cidade e da 14ª Região. E depois participou do "Campeonato da Divisão de Acesso".

A partir de 1959 já existia uma Liga Ourinhense de Futebol responsável em apurar o campeão da cidade para a disputa do regional e o Ourinhense perdeu na final para o recém surgido Sociedade Esportiva Palmeira.

Em 1961, 62, 63, 64, 65 e 1966 disputou a “Terceira Divisão” - havia uma divisão intermediária entre a segunda e a “Primeira divisão”, daí, a “Terceira Divisão”.

Após a morte de Carlos Cury, no entanto, o clube foi se popularizando cada vez mais e a direção passou para outras mãos e ao que sabe também já envolvido em dívidas, principalmente as trabalhistas, o que indica que vinha sendo mal administrado

O clube fica localizado à beira da “Rodovia Raposo Tavares” e a sua entrada principal está localizada numa travessa. Suas dependências são simples, porém muito bem conservadas, permitindo que os seus 2.800 associados possam usufruir de um conforto bastante razoável, num ambiente aconchegante.

Com relação a possível volta ao futebol profissional, não está descartada e, para isso, basta aparecer alguma parceria para que o CAO possa voltar aos gramados.

Isso esteve perto de acontecer em 2006, quando o Guarani, de Campinas acenou com a possibilidade de uma parceria nos mesmos moldes que o São Caetano fez com a Santacruzense, porém acabou não dando certo.

Participações em estaduais. Segunda Divisão - atual A2 (1952; Terceira Divisão - atual A3 (1961 - 1962 - 1963 - 1964 - 1965 e 1966)

Títulos regionais e municipais, Campeão do município (1942, 1943, 1948, 1950 e 1951); Campeão da Liga Ourinhense de Futebol (1990 e 2002) e Campeão regional (2004 e 2005). (Pesquisa: Nilo Dias)