O
Rio Branco Football Club, da cidade de Rio Branco, no Estado do Acre, é mais um
clube a fazer parte da seleta galeria de agremiações centenárias do futebol
brasileiro. Foi fundado na noite do dia 8 de junho de 1919, em uma reunião
ocorrida no “Eden Cine Theatro” (no local do “Cine Teatro Recreio”), na Rua 17
de Novembro no 2° Distrito da cidade de Rio Branco.
A
reunião foi convocada pelo advogado amazonense doutor Luiz Mestrinho Filho, o
qual estava na cidade para presidir uma comissão de inquérito na agência dos
Correios.
Compareceram ao todo 16 pessoas, entre as quais Nathaniel de
Albuquerque, Conrado Fleury, José Francisco de Melo, Mário de Oliveira, Luiz
Mestrinho Filho, Alfredo Ferreira Gomes, Manoel Vasconcelos, Francisco Lima e
Silva, Pedro de Castro Feitosa, Jayme Plácido de Paiva e Melo, que assinaram a
primeira ata do clube.
No
mesmo dia da fundação, foram sugeridos por Luiz Mestrinho o nome do clube (em
louvor à cidade e ao Barão do Rio Branco) e as cores vermelho e branco,
presentes no escudo, uniforme e bandeira oficial.
Após
eleita a primeira diretoria, o clube recebeu a doação de um terreno no local
onde hoje se situa a “Praça Plácido de Castro”, doação do prefeito, doutor
Augusto Monteiro.
O
terreno doado consistia em uma área de mata nativa, que em poucos dias foi
substituída por um campo de terra batida para, mais tarde, tornar-se a sede
social do clube.
A
primeira partida oficial disputada pelo Rio Branco ocorreu no dia 14 de julho
de 1919, com vitória por 5 X 0 sobre o Militar Foot-Ball Club, equipe da
Polícia Militar do Estado.
O
primeiro uniforme do Rio Branco era totalmente branco, com uma grande estrela
vermelha no local do distintivo da camisa.
No
dia 18 de julho de 1920, o Rio Branco fez a sua primeira partida
intermunicipal, com vitória sobre a Seleção de Xapuri pelo placar de 1 X 0.
Em
seu primeiro ano de existência, o Rio Branco disputou alguns amistosos e o
primeiro torneio da Liga Acreana de Esportes Terrestres (LAET) e venceu todos
os jogos, faturando o primeiro título do Estado.
Os
times existentes à época promoviam diversos amistosos, cultuando uma rivalidade
saudável e unia uma frente única para derrotar aquela equipe poderosa no
futebol e pela composição de seus membros influentes na vida social,
administrativa e política territorial, como advogados, promotores, juízes, desembargadores,
médicos, militares, delegados, escritores, altos comerciantes.
A
mascote é a “Estrela Altaneira”, símbolo da ”Revolução Acriana”, transformada
em segundo escudo do clube é usada frequentemente em seu uniforme.
As
três estrelas vermelhas representam o tricampeonato do “Copão da Amazônia”. A
estrela dourada representa o título da “Copa Norte de 1997”.
Chamado
pelos torcedores de “O Mais Querido” manda seus jogos na “Arena da Floresta”, com
capacidade para 20 mil torcedores. Suas
principais conquistas consistem em 47 títulos do “Campeonato Acreano”, três ”Copas
da Amazônia” e uma da “Copa Norte”, de forma invicta no ano de 1997.
Este
último garantiu ao clube uma vaga na “Copa Conmebol”, tornando-se o primeiro
clube da Região Norte do Brasil a disputar uma competição oficial
sul-americana.
O
ano de 1919 marcou o início dos campeonatos no Acre. Promoveu a disputa de um
torneio, a “Liga Torneio Initium”, no dia 9 de julho daquele ano. O Rio Branco
sagrou-se campeão, vencendo o Acreano por 10 X 0 e o Ypiranga por 2 X 0.
No
dia 1 de agosto de 1919, teve início o primeiro campeonato oficial da LAET,
disputado em dois turnos. No primeiro, o Rio Branco goleou o Acreano por 4 X 0
e o Ypiranga por 8 X 0. No segundo turno, 3 X 0 no Acreano e 1 X 0 no Ypiranga.
O
time do Rio Branco que foi campeão da competição estava assim formado: Alfredo
- Zé Bezerra e Olavo. Nobre - Bandeira e Joca. Fortenelle – Gaston – Mello -
Jacob e Carlos.
Em
1920, o Rio Branco continuou a colher louros no futebol, mas conheceu no último
jogo do ano o amargo sabor da derrota que tanto impunha aos rivais.
Infelizmente,
o Delegado Chiquinho pôde somente registrar quatro jogos estrelados em 1921,
pelo campeonato, ainda os três clubes, mas é fácil saber que o “Estrelão”
faturou o bicampeonato, aferindo-se pelos escores do primeiro turno:
No
dia 1 de outubro de 1921, o Rio Branco disputou um amistoso para a entrega das
faixas de campeão, contra um Combinado Acreano-Ypiranga. Vitória do “Estrelão”
pelo placar de 3 X 2.
No
ano de 1921 foi criada a “Liga Acreana de Esportes Terrestres “ (LAET). O Rio
Branco foi um de seus fundadores, juntamente com o Acreano Sport CIub e o
Ypiranga Sport Club.
Entre
1922 e 1927, a LAET não organizou o seu campeonato. Os clubes acreanos tiveram
de se contentar com amistosos. Somente em 1928 houve um novo campeonato,
faturado pelo Rio Branco sobre o Ypiranga.
Em
1929, o Rio Branco foi campeão, após o fato rompeu relações com a mentora e
decidiu não mais participar dos torneios. O retorno para competições só
aconteceu em 1935, com mais um título estadual, desta vez em cima do América.
Dez
anos depois de sua fundação, o Rio Branco inaugurou o seu estádio próprio no
dia 8 de junho de 1929, em um terreno oferecido pelo fundador e chefe de
Polícia, José Francisco de Melo e a sua esposa, dona Isaura Parente.
O
estádio foi batizado de “Stadium José de Melo”, e está localizado na Avenida
Ceará. É lá onde a sede do clube se encontra até os dias de hoje.
Nas
décadas de 30 e 40, o Rio Branco reinou absoluto no futebol do Acre,
conquistando nada menos do que 12 títulos estaduais, entre 1935 e 1947, sendo 11
deles organizados pela LAET e o primeiro campeonato organizado pela Federação
Acreana de Desportos (FAD) (criada em 24 de janeiro de 1947). Nos anos 1950, o
clube faturou mais cinco títulos estaduais.
Entre
1964 e 1970, o Rio Branco amargou um jejum de títulos, algo incomum para um
clube acostumado com conquistas. A torcida teve que esperar até 1971 para
comemorar outro campeonato.
Sem
poder participar de campeonatos nacionais e de categoria profissional devido a
não serem regularizadas profissionalmente, as federações de Acre, Amapá,
Rondônia e Roraima criaram o “Torneio Integração”, mais conhecido como “Copão
da Amazônia”.
A
primeira edição aconteceu em 1975 em Porto Velho. O Rio Branco debutou na
competição na sua segunda edição, e já faturando o título diante do Baré (RR)
no “Estádio José de Melo”.
Em
1977, em Macapá, o “Estrelão” buscou o bicampeonato, mas perdeu a grande final
para o Moto Clube (RO) nos pênaltis, depois de um empate em 1 X 1 no tempo
normal.
Em
1978, nova derrota na final para o Moto Clube, desta vez por 1 X 0 em Boa
Vista. A revanche aconteceu em 1979, na casa do adversário, com um 2 X 1 em
pleno “Estádio Aluízio Ferreira”, faturando o bicampeonato.
O
tricampeonato só aconteceu 5 anos depois, em 1984, depois de vencer o Baré por
2 X 0 no dia 23 de Outubro no “Estádio Glicério Marques”, em Macapá.
Em
1986, novo vice-campeonato: Depois de dois empates (1 X 1 em Rio Branco e 2 X 2
em Macapá), o título foi decidido em um terceiro jogo, com vitória do Trem (AP)
por 2 X 1, na capital amapaense.
O
torneio deixou de existir após a profissionalização das federações e dos
clubes. O Rio Branco é o segundo maior vencedor do “Copão”, atrás apenas do
Trem, que faturou cinco títulos.
Após
a implantação do profissionalismo no futebol acreano em 1989, o Rio Branco
consolidou seu domínio local, conquistando, até hoje, 13 títulos estaduais. Em
1989, o “Estrelão” estreou em competições nacionais (representando o futebol do
Estado pela primeira vez) disputando a “Série B do Campeonato Brasileiro”.
O
clube foi a grande surpresa da competição, sendo eliminado apenas nas
oitavas-de-final diante do Ceará, terminando entre os 16 primeiros e garantindo
vaga na “Série B” de 1990.
O
ano de 1997 ficou marcado como o ano mais importante da história do clube, com
a principal conquista da sua história: a “Copa Norte”. Após estrear na
competição com um empate sem gols com o Ji-Paraná (RO), o Rio Branco passou por
Baré (RR) (1 X 0), Independência (1 X 0) e goleou o Nacional (AM) (4 X 1),
garantindo o primeiro lugar em seu grupo e, consequentemente, a vaga para a
final.
O
adversário da decisão foi o Remo. No primeiro jogo, no “José de Melo”, um
empate sem gols. Na decisão em Belém, o Rio Branco não tomou conhecimentos do
time mandante e venceu o Remo em pleno “Estádio Mangueirão” pelo placar de 2 X
1, com gols de Palmiro e Vinícius.
Pelo
título alcançado ganhou a alcunha de "O Melhor do Norte". A conquista
do título regional permitiu que o Rio Branco fosse a primeira equipe da região
Norte a disputar uma competição sul-americana: a “Copa Conmebol”.
No
dia 27 de agosto, o clube estreou na Copa Conmebol, um marco importante no futebol
da região. O jogo era na Colômbia, contra o Deportes Tolima. Em um jogo
bastante equilibrado e pegado, o “Estrelão” saiu da Colômbia com uma derrota
por 2 X 1.
No
jogo de volta, dia 3 de setembro, com o “Estádio José de Melo” lotado, o Rio
Branco foi em busca do resultado. e a estrela do atacante Gomes brilhou. O
atacante marcou o único gol da partida, aos 41' do segundo tempo, levando o
jogo para os pênaltis.
Nas
penalidades, o “Estrelão” saiu derrotado por 3 X 1, com Hélio, Vinícius e
Testinha perdendo as suas cobranças, fechando assim a sua única participação na
competição.
Também
em 1997, o clube conquistou o Campeonato Acreano. Depois, pela “Copa do Brasil”
eliminou o Goiás (venceu o primeiro jogo no “José de Melo” por 1 X 0, e no
segundo jogo perdeu por 2 X 1 no “Serra Dourada”, conseguindo a classificação
para a próxima fase) e venceu o Flamengo (2 X 1 em casa), e terminou na oitava
colocação na classificação geral da competição, sua melhor participação.
Depois
do auge, veio a queda. O Rio Branco passou por uma grande reformulação e não
conseguiu forças para continuar crescendo no cenário nacional. O clube acumulou
dívidas e não conseguia repetir os bons resultados em competições nacionais,
chegando a desistir de participar das edições de 2002 e 2005 da Série C por
motivos financeiros.
Somente
a partir de 2002, o ”Estrelão” voltou a se impor na região. Entre 2002 e 2005
sagrou-se tetracampeão estadual, o primeiro e único desde a profissionalização
do futebol local. Em 2004, o clube deu o primeiro passo na tentativa de voltar
à Série B.
Em
2007, conquistou o Campeonato Acreano com uma campanha impecável, vencendo os
dois turnos de forma invicta.
Entre
2007 e 2009, o clube fez belíssimas campanhas pela Série C do Campeonato
Brasileiro. Em 2009, novamente em busca do acesso à Série B, o clube fez
parcerias com o Atlético Paranaense e com a empresa inglesa fornecedora de
materiais esportivos, a Umbro. Mas os esforços não resultaram nos objetivos.
O
“Estrelão” começou bem a temporada 2010, conquistando seu 41º título estadual e
a vaga para a Copa do Brasil 2011. Entretanto, o clube não fez uma boa campanha
no Campeonato Brasileiro.
Em
2011, o Rio Branco entrou em campo para jogar três torneios: Copa do Brasil,
Campeonato Acreano e a Série C do Brasileirão. No Estadual, a equipe conquistou
o bicampeonato. Pela Copa do Brasil, o Rio Branco enfrentou o seu antigo
parceiro, o Atlético (PR), na primeira fase da competição e foi eliminado.
Na
Série C esteve no Grupo A, ao lado de Águia de Marabá (PA),
Araguaína (TO), Luverdense (MT) e Paysandu (PA). Mais uma vez, o clube teve
altos e baixos na competição. Desta vez, porém, a reação foi no tempo certo.
O
clube acabou vencendo todos os jogos do segundo turno e terminou na primeira
colocação do Grupo A, com 16 pontos, se classificando para a segunda fase, onde
formou um quadrangular com Paysandu, América-RN e CRB-AL. No entanto, começou
ali uma briga judicial intensa e que resultou na maior crise da história do
clube.
No
início da Série C 2011, a Procuradoria da Defesa do Consumidor do Acre
(PROCON-AC), órgão ligado ao Ministério Público, decidiu vetar a “Arena da
Floresta” e todos os demais estádios acreanos para jogos oficiais, fazendo com
que o “Estrelão” ficasse incapacitado de realizar jogos com a presença de seus
torcedores.
Com
um pedido de efeito suspensivo, o “Estrelão” conseguiu continuar no torneio até
que o caso fosse julgado pelo Pleno do STJD, a última instância da esfera
esportiva. Por 5 votos a 1, a decisão de exclusão da equipe foi decretada e,
mesmo com três jogos ainda por fazer, o Rio Branco foi retirado da competição.
Começava
aí uma extensa briga judicial. Graças a uma ação da Procuradoria Geral do
Estado do Acre protocolada nos Tribunais de Justiça do Acre(TJ-AC) e do Rio de
Janeiro (TJ-RJ) que revogou a decisão da Justiça Desportiva, em 17 de outubro
de 2011 a CBF anunciou a volta do Rio Branco à Série C.
A
entidade recorreu e, quatro dias depois, o Tribunal de Justiça do Rio de
Janeiro decidiu suspender os jogos do Grupo E até que o caso fosse julgado. No
entanto, em 26 de outubro de 2011, o Rio Branco abdicou de sua vaga na segunda
fase e aceitou a sua exclusão do torneio. Um dia depois, a CBF anunciou que o
Luverdense (MT), terceiro colocado do Grupo A, substituiria o “Estrelão” na
segunda fase e faria os 6 jogos determinados.
O
ano de 2012 começou de maneira ruim para o clube. Com uma nova diretoria passou
por grandes reformulações no elenco e se preparava para a disputa da Copa do
Brasil 2012, onde enfrentaria o Cruzeiro (MG).
O
que ninguém esperava é que o Estado do Acre passasse pela maior enchente de sua
história, onde mais de 140 mil pessoas foram afetadas pelas águas do Rio Acre.
O grande volume de chuvas na região prejudicou o planejamento do Rio Branco,
onde muitos treinos acabaram por ser cancelados.
Sem
jogar oficialmente por mais de cinco meses, a falta de ritmo também prejudicou
o elenco. O resultado não poderia ser pior: Jogando em casa, o “Estrelão” levou
a maior goleada de sua história e a primeira dentro de casa, perdendo para o
clube mineiro por 6 X 0 e encerrando a sua pior participação na “Copa do Brasil”.
Com
a grave crise devido à exclusão da Série C, o Rio Branco só voltou às
competições no ano de 2013.Na “Série C”, em 20 jogos, o clube venceu apenas duas
partidas e foi derrotado 18 vezes, realizando a sua pior participação e sendo
rebaixado para a “Série D” de 2014.
No "Campeonato
Brasileiro da Série D", que disputou seis vezes, a melhor campanha foi em 2014, quando alcançou a nona colocação.
Mesmo tendo chegado aos 100 anos de vida, o "Estrelão" passa por um momento delicado dentro e fora de campo,
sem conquistas no ano do Centenário, eliminado precocemente do "Campeonato
Brasileiro da Série D" e fora da "Copa Verde" – a diretoria decidiu pela
desistência da disputa. (Pesquisa: Nilo Dias)
Equipe
de 1989 que conseguiu o acesso a Série B.