Nessa história centenária foram muitos os jogadores que se destacaram envergando a camisa vermelha e amarela. Dentre eles, um ganhou a simpatia da torcida pela garra que sempre demonstrou dentro de campo, o saudoso Titico. Menino de rua, criado perambulando pela frente dos antigos “Café A Dalila”, de tantas histórias, “Nacional” e “Café Santos”, onde se reuniam os desportistas da cidade, entre os quais o conceituado médico da época, doutor Tola.
Dono de um bom coração, ele resolveu ajudar o Titico. Mesmo observando que o rapaz tinha as pernas tortas, em forma de arco de barril, ainda assim o levou para treinar no Rio-Grandense, time do seu coração. E não deu outra, destacou-se nos treinos e nos jogos demonstrando um raro espírito de luta. Suas atuações chamaram a atenção do jornalista riograndino Ivo Corrêa Pires, que o levou para o Internacional, de Porto Alegre.
No colorado da capital mostrou a mesma dedicação, embora não tivesse ganho a condição de titular absoluto do time. A torcida de lá também gostou dele. Era visto quase que como o “Saci”, símbolo do clube. Era um dos jogadores mais procurados pelos repórteres. Em uma dessas entrevistas, num período em que o time não passava por uma boa fase, para não se comprometer, proferiu a frase que lhe valeu a notoriedade perpétua: “Em baile de cobra não entro sem perneira”. Ibsen Pinheiro, outro jornalista riograndino, colorado frasista emérito disse que essa foi a mais completa e definitiva verbalização da prudência.
Sydney Colônia Cunha, o Chinesinho nasceu em Rio Grande em 15 de setembro de 1935. O apelido Chinesinho veio do pai, Chinês, que também se destacara como emérito futebolista. Foi um dos grandes jogadores revelados pelo F.B.C. Rio-Grandense. Meia-esquerda habilidoso, dono de técnica invejável transformou-se em pouco tempo no terror das defesas adversárias.
Não demorou para que sua fama chegasse a Capital do Estado. O Internacional adquiriu seu passe numa das maiores transações realizadas, na época, entre um clube de Porto Alegre e um do interior.
Do Internacional foi para o Palmeiras onde jogou por quatro anos (de 1958 a 1962). Chinesinho comandou o meio-campo e, por abrangência, todo o time. Tanto que foi o grande condutor da equipe na conquista do supercampeonato de 1959, batendo o Santos, de Pelé e Cia., na emocionante terceira partida final. Vendido ao pequeno Lanerossi italiano, deu lugar a ninguém menos do que Ademir da Guia.
Luiz Carlos Scala Loureiro era filho de Fernando Azambuja Loureiro, ex-jogador do S.C. São Paulo, de Rio Grande e de dona Maria do Carmo. Ele começou a carreira no time “Garotos do Parque”, passando pelo Floriano, time amador da cidade e pelos juvenis do F.B.C.Rio-Grandense.
Em 1964 o doutor Hélio Pontes, então presidente do F.B.C. Rio-Grandense, o levou para o Santos F.C., em São Paulo, onde ficou em período de testes por 10 dias. Como quase não teve oportunidade para mostrar seu futebol voltou a Rio Grande. Depois jogou pelo S.C. Rio Grande, quando se machucou e foi para Porto Alegre fazer tratamento.
Scala jogou apenas em quatro clubes e pela Seleção Brasileira, começando no F.C.B. Rio-Grandense, onde atuou de 1960 a 1964, transferindo-se para o S.C. Internacional, de Porto Alegre ainda em 1964, onde permaneceu até 1971, ano em que se sagrou campeão gaúcho pelo colorado.
Seus desempenhos pelo clube de Porto Alegre lhe valeram a pré-convocação para a Copa de 1970, porém uma fratura em um dos tornozelos impediu o sonho de disputar o Mundial do México, brilhantemente conquistado pelo Brasil. Envergando a camisa amarela, atuou em dois amistosos (1968/69): Brasil 3 x 3 Iugoslávia e Brasil 1 x 0 Milionários da Colômbia.
De 1972 a 1973 esteve no Botafogo F.R., do Rio de Janeiro, que por ter sido vice-campeão brasileiro um ano antes, disputou a Copa Libertadores da América de 1973.
Em 1974 foi para o América F.C., de Natal, onde encerrou a carreira, fixando residência naquela cidade. Nesse ano ajudou o América na conquista do título estadual, se despedindo dos gramados ao término do campeonato. Mas com negócios no ramo de imóveis, Scala permaneceu em Natal, e por 20 anos administrou a imobiliária Costa Azul.
O ex-atleta também ingressou na carreira de treinador, comandando as equipes de ABC, América e Alecrim. Por último, tornou-se comentarista esportivo, trabalhando em várias emissoras de rádio em Natal. Scala foi “Craque do Ano” em Rio Grande, nos anos de 1962 e 1963, e em 1964 foi o “Craque do Ano”, escolhido pelo jornal Zero Hora.
Chinesinho com a camisa do F.B.C. Rio-Grandense, em 1953. (Foto: Acervo do F.B.C. Rio-Grandense)
Boa parte de um vasto material recolhido em muitos anos de pesquisas está disponível nesta página para todos os que se interessam em conhecer o futebol e outros esportes a fundo.
quarta-feira, 8 de julho de 2009
Assinar:
Postagens (Atom)