Boa parte de um vasto material recolhido em muitos anos de pesquisas está disponível nesta página para todos os que se interessam em conhecer o futebol e outros esportes a fundo.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

O futebol de Sergipe

O Estado de Sergipe não figura entre os principais centros futebolísticos do país, o que não invalida que se mostre a sua história, recheada de fatos interessantes.  Ao que se sabe, o major Crispim Ferreira, que servia no 26º Batalhão de Infantaria, com sede em Aracaju, foi o primeiro personagem a proporcionar uma apresentação do chamado “esporte bretão”, na capital do Estado.

Isso teria ocorrido em setembro de 1907, quando ele reuniu soldados e recrutas da unidade para um jogo de futebol no improvisado campo da “Praça Valadão”, que se localizava frente o Quartel. Não se tem registros históricos do que aconteceu depois disso.

Em 1909, Mário Lins de Carvalho, um menino de 17 anos de idade, natural da cidade interiorana de Lagarto, regressou de Salvador, onde morou por três anos. Junto com ele veio o desejo de fundar um clube de futebol em Aracaju. Para tal, convidou o amigo Carlos Baptista Bittencourt. Os dois passaram a buscar outros interessados na idéia.

Tempos depois, com um seleto grupo de jovens entusiastas pelo esporte inventado pelos ingleses, promoveram uma reunião na casa de Bittencourt, na rua de Maruim e fundaram o "Sport Club Lux", nome que teve curta duração, sendo em seguida mudado para "Club do Football Sergipano", com as cores vermelha e branca.

A primeira sede foi na residência de um dos fundadores, João Rocha, na rua Laranjeiras, 123. Os primeiros treinos se realizaram na Praça do Palácio, atual Fausto Cardoso.

Essa agremiação, no entanto, não participou do primeiro campeonato de futebol em Sergipe, que só foi realizado em 1918, organizada pela "Liga Desportiva Sergipana". Tomaram parte na competição apenas quatro equipes: Cotinguiba, 41° Batalhão F.C., Sergipe e Industrial. O Continguiba foi o campeão, ganhando do Sergipe por 2 X 0 no jogo final. No ano seguinte não houve campeonato.

De 1920 a 1948 os jogos de futebol em Aracaju foram realizados no “Estádio Adolpho Rolemberg", na época uma das melhores praças esportivas das regiões Norte e Nordeste. Em 1927 surgiu a "Liga Sergipana de Esportes Atléticos", com apenas três clubes filiados: Associação Atlética, América e Palmeiras, dividindo o futebol estadual em duas organizações.

A outra era a antiga “Liga Desportiva Sergipana”, fundada em 10 de novembro de 1926, com quatro filiados: Sergipe, Brasil, Cotinguiba e Aracaju. Em 1928 a nova “Liga Sergipana de Esportes Atléticos”, que estava muito bem organizada, recebeu mais oito filiações: Vasco, Guarani, Paulistano, Palestra, Vitório, Siqueira Campos, 13 de Julho e ETEA, tomando conta do futebol no Estado, o que fez com que a sua antagonista fechasse as portas.

A partir de 10 de novembro de 1941 mudou a denominação para “Federação Sergipana de Desportos”, e por decisão da Assembléia Geral Extraordinária realizada em 20 de janeiro de 1976, para “Federação Sergipana de Futebol”, que permanece até hoje.

Em 1936 o campeonato passou a contar também com clubes do interior do Estado. O primeiro a disputar foi o Ipiranga, de Maruím. Em 1939, dividiu-se o certame em duas divisões, a do “Interior”, com quatro equipes, Ipiranga, Riachuelo, Socialista e Laranjeiras e a da “Capital”.

O Ipiranga foi campeão do “Interior” e o Sergipe, da “Capital”. O título foi decidido em melhor de três jogos, sistema que perdurou até 1958. O Sergipe levou a melhor e levantou a taça, depois de vencer o jogo final na prorrogação, por 2 X 0.

Mas o Ipiranga, descontente com o resultado, entrou com recurso na Liga, alegando que o adversário incluiu o jogador Renato Vieira, em condição irregular, pois estava inscrito na liga Paulista. Com isso, o Ipiranga foi proclamado campeão estadual.

Em 1959 foi testada uma fórmula que dividia o campeonato em três zonas: Leste, com clubes da Capital, Norte, Sul e Centro. Depois, os cinco melhores de Aracaju juntaram-se aos campeões das zonas do interior e decidiram o campeonato em dois turnos. Já em 1960 foi disputado o primeiro campeonato de profissionais do Estado.

Inaugurado em junho de 1969, o “Estádio Batistão", com capacidade para 25 mil pessoas, dveria ser responsável por uma nova era no futebol sergipano. Mas não foi o que aconteceu, visto que a média de público na nova praça de esportes, não passou de oito mil expectadores pagantes por jogo.

Em 1980 foi instituído o “Acesso” e “Descenso”, numa tentativa de deixar os campeonatos mais atraentes.

Os principais clubes do Estado são Club Sportivo Sergipe e Associação Desportiva Confiança, ambos de Aracaju. Eles realizam o maior clássico sergipano, que é conhecido por “Derby”. Nas 91 edições já realizadas do Campeonato Estadual, os dois somam 51 conquistas, 33 do Sergipe e 18 do Confiança.

Outro clube de tradição é a Associação Olímpica de Itabaiana, que já foi campeã do Estado em 10 oportunidades, sendo a maior força do futebol interiorano. É também detentora da maior conquista do futebol sergipano em todos os tempos, o Campeonato do Nordeste de 1971.

Outras equipes com certa tradição e que buscam espaço novamente, são o Esporte Clube Propriá, o Cotinguiba Esporte Clube, ambos centenários e o Centro Sportivo Maruinense. Agremiações mais novas como o São Domingos F.C. e S.E. River Plate, estão conseguindo certa visibilidade a nível nacional.

O futebol sergipano não tem sido um bom celeiro para o futebol brasileiro. Seu maior idolo atualmente é o goleiro-artilheiro Márcio Luiz Silva Lopes Santos Souza, do Atlético Clube Goianiense que disputou este ano a Série B do Campeonato Brasileiro.

Também merecem destaque os garotos Victor Andrade e Geuvânio, integrantes do novo time do Santos F.C. E o artilheiro Diego Costa, do Atlético, de Madrid e da Seleção Espanhola, que nasceu em Lagarto.

No passado foram destaques os jogadores Onça, zagueiro que jogou no Flamengo, do Rio de Janeiro e Sandoval, meia que defendeu São Paulo, Internacional e Atlético Paranaense. (Pesquisa: Nilo Dias)


terça-feira, 22 de julho de 2014

Estrangeiros que treinaram a Seleção Brasileira

No momento em que a Seleção Brasileira de Futebol começa a chamada “2ª Era Dunga”, muitas vozes se levantaram sugerindo a contratação de um treinador estrangeiro. Se isso tivesse realmente ocorrido, não seria a primeira vez que um profissional de outro país dirigiria o scratch nacional.

Em 1944 o português Jorge Gomes de Lima, o “Joreca” fez parte da Comissão Técnica da seleção Brasileira, ao lado de Flávio Costa, em dois jogos frente o Uruguai. Foi o primeiro estrangeiro a comandar o time nacional. No dia 14 de maio, em São Januário, os brasileiros venceram por 6 X 1 e três dias depois, no Pacaembu, nova goleada, 4 X 1.

Jorge Gomes de Lima, o “Joreca”, nasceu em Lisboa, Portugal, no dia 7 de Janeiro de 1904 e faleceu em São Paulo, no dia 5 de Dezembro de 1949, vitima de um ataque cardíaco.

Foi técnico de futebol, funcionário da Federação Paulista, jornalista, árbitro e até “boxeur”, com duas vitórias em dois combates. Sua carreira foi quase toda no Brasil, onde treinou o São Paulo, alcançando três campeonatos paulistas na década de 1940 e o Corinthians, sem muito sucesso.

“Joreca” era um sujeito daqueles que se costuma chamar de “bonachão”. Gostava de charutos cubanos e de contar histórias. Formou-se na Escola de Educação Física do Estado de São Paulo, no inicio da década de 1940, e começou a carreira de treinador na Seleção Paulista de Amadores.

Era conhecido por “Português”. Como árbitro dirigiu o jogo de estréia de Leônidas da Silva pelo São Paulo, frente o Corinthians, em 24 de maio de 1942, com 70 mil pessoas no Pacaembu. O jogo terminou empatado em 3 X 3.

No ano seguinte foi treinar o São Paulo, substituindo o uruguaio Conrado Ross. Estreou com uma vitória contra a Portuguesa Santista por 6 X 1. “Joreca” comandou o tricolor paulista durante 166 jogos, com 109 vitórias, 31 empates e 26 derrotas. Foi campeão paulista em 1943, 1945 e 1946.

O primeiro título de “Joreca” ficou conhecido como o “Da moeda em pé”. Palmeirenses e corinthianos, que dominavam o futebol paulista na época, diziam que o São Paulo só seria campeão se fosse lançada uma moeda ao ar e esta caísse de pé. Depois do jogo, a equipe campeã desfilou pelas ruas da cidade num carro alegórico exibindo uma moeda em pé

Em 1949 foi contratado pelo Corinthians, tendo ficado 52 partidas a frente do elenco alvi-negro, com 28 vitórias, 10 empates e 14 derrotas, 139 gols marcados e 89 sofridos. No seu primeiro jogo no Corinthians, "Joreca" não ficou no banco, embora tenha orientado e dado a preleção aos jogadores.

O jogo foi contra o Torino, da Itália, no Pacaembu, em 21 de julho de 1948. “Joreca” não ficou no banco porque o clube ainda não havia oficializado sua contratação e o trio Cláudio, Hélio e Servílio acabou liderando a equipe contra o tetracampeão italiano.

Foi o primeiro treinador de Baltazar e ajudou a criar a figura do «cabecinha de ouro», obrigando o atacante a melhorar o jogo aéreo. Baltazar marcou 71 gols de cabeça, foi o segundo maior goleador da história do Corinthians. O português faleceu no final de 1949, vítima de um ataque cardíaco. Já deixara a sua marca.


O outro estrangeiro que treinou a Seleção Brasileira foi Nélson Ernesto Filpo Núñez , ou simplesmente Filpo Nuñez, argentino de Buenos Aires, nascido em 19 de agosto de 1920 e falecido em São Paulo, no dia 6 de março de 1999, aos 78 anos.


Como jogador de futebol defendeu as equipes do Estudiantil Porteño, onde começou a carreira, em 1935, e posteriormente no Acassuso, ambos times argentinos.

Apelidado de “El Bandonéón”, teve importante passagem pelo futebol brasileiro, entrando para a história como o treinador-símbolo da "Academia", como foi chamada a Sociedade Esportiva Palmeiras nos Anos 60 . Foi o técnico da equipe quando o Palmeiras, vestindo a camisa da Seleção Brasileira, venceu a Seleção do Uruguai por 3 X 0.

Começou a carreira de treinador em 1948, quando dirigiu o Independiente, de Rivadávia (Argentina).Depois treinou o Cruzeiro, de Belo horizonte, em dois períodos diferentes; Guarani, de Campinas (SP); Jabaquara, de Santos (SP), por quatro períodos diferentes); América, de São José do Rio Preto (SP), em dois períodos diferentes; Portuguesa Santista, de Santos (SP), em três períodos diferentes; Vasco da Gama, do Rio de Janeiro; Leixões, de Portugal, em três períodos diferentes; Vitória, de Setúbal, Portugal; Palmeiras, de São Paulo, em três períodos diferentes; XV de Novembro, de Piracicaba (SP); Corinthians Paulista, em dois períodos diferentes; Galicia, da Bahia; Portuguesa de Desportos, de São Paulo; Coritiba; Paulista, de Jundiaí (SP); San Martin, da Argentina; Veles Sarfield, da Argentina; Uberaba, de Uberaba (MG); Badajóz, da Espanha; São Bento, de Sorocaba (SP); Monterrey, do México; São José, de São José dos Campos (SP), em dois períodos diferentes; Botafogo, da Paraíba; Araçatuba, de Araçatuba (SP); Francana, de Franca (SP); Internacional, de Limeira (SP); Sport, de Recife; Mogi Mirim, de Mogi Mirim (SP) e Fabril, de Lavras (MG). 

Em seus primeiros anos, a Seleção Brasileira foi dirigida por uma comissão técnica, sendo um jogador dentro do campo, o capitão, responsável pela equipe. Abaixo, ano a ano, todos os treinadores da Seleção Brasileira.

1914, Rubens Salles e Silvio Lagreca, capitão da equipe; 1915, não houve jogos; 1916, Benedito Montenegro, Joaquim Ribeiro, Mário Cardim e Silvio Lagreca, capitão; 1917, Chico Netto, capitão, Mário Pollo e R. Cristófaro; 1918, Amílcar Barbuy, capitão, Afonso de Castro e Ferreira Netto; 1919, Affonso de Castro, Amílcar Barbuy, Arnaldo da Silveira, capitão, Ferreira Netto e Mário Pollo; 1920, Fortes, capitão e Oswaldo Gomes; 1921, Ferreira Netto; 1922, Amílcar Barbuy, capitão, Célio de Barros e Ferreira Netto; 1922, Clodô, capitão e Ferreira Netto; 1923, Chico Netto; 1924, não houve partidas; 1925, Joaquim Guimarães; 1926–1927, não houve partidas; 1928–1929, Laís; 1930, Píndaro de Carvalho; 1931–1932, Luís Vinhaes; 1933, não houve partidas; 1934, Luís Vinhaes e Armindo Nobs Ferreira; 1935, Armindo Nobs Ferreira; 1936–1938, Ademar Pimenta; 1939, Carlos Nascimento; 1940, Silvio Lagreca e Jayme Barcellos; 1941, não houve partidas; 1942, Ademar Pimenta; 1943, não houve partidas; 1944, Flávio Costa e Jorge Gomes de Lima, o “Joreca”; 1945–1950, Flávio Costa; 1951, não houve partidas; 1952, Zezé Moreira; 1953, Aymoré Moreira; 1954–1955, Zezé Moreira; 1955, Vicente Feola, Flávio Costa e Osvaldo Brandão; 1956, Osvaldo Brandão, Teté e Flávio Costa; 1957, Osvaldo Brandão, Sylvio Pirillo e Pedrinho; 1958, Vicente Feola; 1959, Vicente Feola e Gentil Cardoso; 1960, Oswaldo Rolla e Vicente Feola; 1961–1963, Aymoré Moreira; 1964, Vicente Feola; 1965, Vicente Feola, Filpo Núñez (argentino), Osvaldo Brandão e Aymoré Moreira; 1966, Carlos Froner e Vicente Feola; 1967, Aymoré Moreira e Zagallo; 1968, Aymoré Moreira, Antoninho, Zagallo, Carlyle Guimarães, Jota Júnior e Yustrich; 1969, João Saldanha; 1970, João Saldanha e Zagallo; 1971-1974, Zagalo; 1975–1976, Osvaldo Brandão; 1977, Osvaldo Brandão e Cláudio Coutinho; 1978–1979, Cláudio Coutinho; 1980–1982, Telê Santana; 1983, Carlos Alberto Parreira; 1984, Edu Coimbra; 1985, Evaristo de Macedo; 1986, Evaristo de Macedo e Telê Santana; 1986, Telê Santana; 1987–1988, Carlos Alberto Silva; 1989–1990, Sebastião Lazaroni; 1991, Paulo Roberto Falcão, Ernesto Paulo e Carlos Alberto Parreira; 1992–1994, Carlos Alberto Parreira; 1994–1998, Zagallo; 1998–2000, Vanderlei Luxemburgo; 2000, Candinho; 2000–2001, Emerson Leão; 2001–2002, Luiz Felipe Scolari; 2003–2006, Carlos Alberto Parreira, 2006–2010, Dunga; 2010–2012, Mano Menezes; 2013–2014, Luiz Felipe Scolari e 2014-????, Dunga.    
                            
Em Copas do Mundo. 1930, no Uruguai: Píndaro de Carvalho; 1934, na Itália: Luís Vinhaes; 1938, na França: Ademar Pimenta; 1950, no Brasil: Flávio Costa; 1954, na Suíça: Zezé Moreira; 1958, na Suécia: Vicente Feola; 1962, no Chile: Aymoré Moreira; 1966, na Inglaterra: Vicente Feola; 1970, no México: Zagallo; 1974, na Alemanha: Zagallo; 1978, na Argentina: Cláudio Coutinho; 1982, na Espanha: Telê Santana; 1986, no México: Telê Santana; 1990, na Itália: Sebastião Lazaroni; 1994, nos  Estados Unidos: Carlos Alberto Parreira; 1998, na França: Zagallo; 2002, na Coreia do Sul/ Japão: Luiz Felipe Scolari; 2006, na Alemanha: Carlos Alberto Parreira; 2010, na África do Sul: Dunga e 2014, no Brasil: Luiz Felipe Scolari. (Pesquisa: Nilo Dias)

"Joreca", nos tempos de árbitro. (Foto: Divulgação)

Filpo Nuñez,quando treinava o Palmeiras. (Foto: Divulgação)

sábado, 19 de julho de 2014

A morte de Armando Marques

Faleceu na última quarta-feira (16) aos 84 anos de idade, por insuficiência renal, o ex-árbitro de futebol Armando Nunes Castanheira da Rosa Marques. De acordo com informações da Secretaria de Saúde do Município do Rio de Janeiro, ele deu entrada na Coordenação de Emergência Regional (CER), do Leblon, na terça-feira, com um quadro muito grave de insuficiência renal e não resistiu.

O extinto era carioca, nascido a 6 de fevereiro de 1930 e marcou a sua carreira pela polêmica. Ainda assim chegou a ser considerado o melhor árbitro do Brasil, enquanto esteve em atividade.

Começou na profissão em 1961, aos 31 anos e ao longo da carreira foi considerado um dos maiores árbitros do futebol brasileiro. Participou de 12 decisões de campeonatos nacionais até 1974 e apitou 1.896 jogos, até se aposentar.

Além disso, apitou também diversas decisões e clássicos de campeonatos estaduais. Também atuou em duas Copas do Mundo: 1966 na Inglaterra e 1974 na Alemanha.

Armando Marques conseguiu a façanha de ser amado e odiado por torcedores e jogadores. Teve erros históricos, especialmente quando trabalhou no futebol paulista.

Um deles é lembrado até hoje pela torcida do Palmeiras, quando anulou um gol legitimo de Leivinha, que ajudou o São Paulo a ser campeão paulista daquele ano. Marques marcou toque de mão, quando todo o estádio viu e as imagens confirmaram que o gol foi de cabeça.

O maior erro da carreira do árbitro aconteceu na final do Campeonato Paulista de 1973, quando ele encerrou a cobrança de pênaltis no momento em que o Santos vencia a Portuguesa de Desportos por 2 X 0, mas ainda existia a possibilidade de empate . Por causa disso o título teve de ser dividido entre os dois clubes.

Na final do Campeonato Brasileiro de 1974, no Maracanã, o Cruzeiro necessitava somente de um empate para se sagrar campeão. O Vasco vencia por 2 X 1 quando Armando Marques anulou um gol legítimo marcado por Zé Carlos, para o Cruzeiro. Isso impediu o time mineiro de conquistar o título.

Mesmo com muitas falhs, Armando Marques foi escolhido para apitar as decisões nacionais de 1962 (segunda partida), 1963, 1964, 1965, 1966, 1967 (Náutico X Palmeiras), 1968 (Internacional  X Corinthians), 1969 (Palmeiras X Botafogo), 1970 (Palmeiras X Cruzeiro), 1971, 1973 (Internacional X Cruzeiro) e 1974. Dos Campeonatos Cariocas de 1962, 1965 (Flamengo X Fluminense), 1968, 1969 e 1976, dos Campeonatos Paulistas de 1967, 1971 e 1973 e do Campeonato Mineiro de 1967.

A masculinidade de Armando Marques foi sempre colocada em xeque pela imprensa, que criticava seu jeito efeminado. Em tom de gozação diziam que “em mulher não se bate nem com uma flor”, e completavam: “Nem em Armando Marques”.

Por seu estilo, provocou o coro pouco habitual de "bicha" nos estádios, de público predominantemente conservador. Ele dizia que adorava ser chamado assim:”Era a minha marca registrada”. Confirmou que até estimulava tais gritos, fazendo trejeitos.

Era costume do árbitro chamar os jogadores pelo nome próprio.  Pelé, por exemplo, era chamado de Édson. Mas isso não queria dizer que ele era educado no trato com os atletas. Muito pelo contrário. Costumava enfiar o dedo indicador direito (era destro) na cara dos jogadores, quando lhes chamava a atenção. Nem Pelé escapou.

Armando foi o árbitro que expulsou Pelé de campo. Levou um soco de um dos maiores ídolos do futebol nacional, Nilton Santos. Linha-dura e elegante, era um personagem em campo, inclusive com uniformes confeccionados pelo costureiro Denner, mas reservado fora e avesso a entrevistas.

Depois de encerrar a carreira de árbitro, Armando Marques apresentou em 1973 um programa de auditório na extinta TV Manchete, onde também foi comentarista esportivo. No programa havia um quadro em que ele contava e admitia alguns erros que cometera durante sua carreira.

Depois foi diretor da Comissão Nacional de Arbitragem da CBF por oito anos, onde continuou a ser polêmico, em razão de escolhas suspeitas para arbitragens do Campeonato Brasileiro de Futebol. 

Ele não resistiu à crise após as denúncias sobre manipulação de resultados, envolvendo os árbitros Edílson Pereira de Carvalho e Paulo José Danelon, e os empresários Nagib Fayad, o "Gibão" e Wanderlei Pololi.

Além de ser acusado de omissão, ele teria mentido ao dizer que o árbitro Edilson Pereira de Carvalho tinha sido integrado ao quadro da Fifa durante a gestão de Ivens Mendes na Comissão Nacional de Arbitragem.

Em âmbito internacional, Marques apitou o jogo inaugural do Estádio Olímpico de Munique, na Alemanha, em 1972, entre a Seleção Alemã e a União Soviética.

Em 1974, Marques apitou um jogo pela Copa do Mundo entre a antiga Alemanha Ocidental (ainda havia o muro dividindo as duas Alemanhas) e a Iugoslávia, que não existe mais. O jogo foi realizado em Dusseldorf, com 66.085 torcedores no Rheinstadion. De repente, não se sabe bem porque, Armando Marques passou a dar um sermão no craque alemão Overath.

Dedo em riste, a perna direita ligeiramente dobrada, ele gritava com Overath. A cena foi constrangedora. O jogador, impávido, ouviu tudo. E o jogo prosseguiu. A Alemanha Ocidental venceu por 2 X 0, com gols de Breitner e Müller. No dia seguinte, a Comissão de Arbitragem da FIFA afastou o árbitro da competição.

Em abril deste ano fez sua última aparição pública, quando no programa de Jô Soares, já aparentando fragilidade física, levou a plateia aos risos ao admitir os erros de sua carreira, falou de Neymar e ainda fez piadas.

Em memória do ex-árbitro, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), determinou que nos jogos do Campeonato Brasileiro até este domingo (20), sejam respeitados um minuto de silêncio. (Pesquisa: Nilo Dias)

Armando Marques. (Foto: Divulgação)

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Com uma “bala” no corpo

Você já imaginou alguém jogar futebol com uma bala de revólver alojada em seu próprio corpo? Pois isso aconteceu. Jair Félix da Silva, que fiou conhecido no mundo do futebol como “Jair Bala”, viveu essa experiência. Nascido em Cachoeiro de Itapemirim (ES), no dia 10 de maio de 1943, era um meio-campista ofensivo, também chamado de ponta-de-lança.

Começou a carreira no Estrela do Norte, de sua cidade natal, ainda menino, contrariando a vontade de sua mãe, dona Maria da Conceição, que fez de tudo para Jair seguir a profissão do pai e do avô, operários da Ferrovia Leopoldina.

Mas Jair preferiu seguir os conselhos de "Seu Zezinho”, que era educador e também padeiro. Foi descoberto quando jogava em um campinho na periferia da cidade. “Seu Zezinho” perguntou de quem ele era filho. Ao saber que era cria do “Seu Batata”, disse que seu pai foi o maior atacante da história do futebol cachoeirense.

Ali começou verdadeiramente a sua carreira. Foi levado para os infantis do Estrela do Norte. No início dos anos 60 o Flamengo, do Rio de Janeiro, jogou uma partida amistosa em Cachoeiro e o técnico rubro-negro, o paraguaio Fleitas Solich, se encantou com o futebol de Jair, que havia marcado um gol e aconselhou sua imediata contratação. No time carioca começou no time juvenil, que costumava treinar com os titulares, por isso atuou ao lado de craques como Dida e Gérson.

O apelido de "Bala" surgiu nessa época. Ele fora ao escritório das categorias de base, em busca do dinheiro de um "bicho", quando encontrou o funcionário Willian, a quem fez o pedido. Este, num gesto de brincadeira, para que Jair desistisse da “grana”, tirou da gaveta um revólver, que pertencia a Jaime de Almeida.

Willian não sabia que a arma estava carregada, e chegou a apontá-la para Jair. Mas ao baixá-la ocorreu um disparo acidental. A bala ricocheteou no chão e foi atingir a coxa esquerda do jovem jogador, parando na virilha, sem atingir nenhuma parte vital.

Os médicos resolveram não retirar o projetil, que Jair carrega até hoje dentro do corpo, em local ignorado. A partir daí passou a ser chamado de “Jair da Bala", que depois virou “Jair Bala”.

Não ficou muito tempo no Flamengo, onde se profissionalizou. Em 1963 foi parar no Botafogo de Garrincha, Nilton Santos e muitos craques, depois que o Flamengo mandou embora o técnico Fleitas Solich, que era adorado pelos jogadores.

Foi quando o afamado jornalista Nélson Rodrigues, na sua coluna “À sombra das chuteiras imortais”, lhe dedicou uma crônica em que deu um tom poético à bala que Jair carregava no corpo e no apelido:

 "(...) se Jair fosse simplesmente Jair, estaria apodrecendo na obscuridade. À toda hora, em toda parte, nós esbarramos, nós tropeçamos num Jair qualquer.(...) Contra o Madureira, o nosso Jair se disparou realmente como um tiro. Desde o primeiro minuto, foi uma arma apontada para o peito do inimigo. E todos percebemos, em General Severiano, que nunca um Jair fora tão bala. É a autenticidade dos apelidos, que nunca existe nos nomes (...)" . Jair também foi personagem em vários textos de Roberto Drummond, Fernando Brant e outros cronistas importantes.

“Jair Bala” foi um verdadeiro cigano do futebol, andando por muitos clubes. Esteve no Comercial , de Ribeirão Preto, onde é lembrado até hoje como um dos maiores ídolos da história do clube.

Defendeu a Ponte Preta, de Campinas; Cruzeiro, de Belo Horizonte, que tinha Tostão e Dirceu Lopes; Palmeiras nos tempos da Academia de Ademir da Guia; Santos, de Pelé; XV de Novembro, de Piracicaba e América Mineiro, onde alcançou a melhor fase de sua carreira, tendo sido artilheiro do Campeonato Mineiro em 1964, o último da “Era Independência”.

O “Coelho” tinha um time muito bom, com Pedro Omar, Juca Show, Misael. Cândido e Zé Carlos Generoso, entre outros. “Bala” chegou a ser eleito o melhor jogador da história do América em todos os tempos, em enquete realizada pelo jornal “Estado de Minas”.

Seus pés estão gravados em cimento na “Calçada da Fama”, do “Estádio Mineirão”. Depois jogou ainda no Bahia e encerrou a carreira no Paysandu, de Belém do Pará, nos anos 1970.

Quando jogou no Santos entrou no lugar de “Pelé”, após este ter marcado seu milésimo gol, na partida contra o Vasco da Gama, no Maracanã, em 19 de novembro de 1969. No jogo anterior, contra o Bahia, marcou o único gol santista no empate em 1 X 1, que poderia ter antecedido a festa.

“Jair Bala” também fez carreira como treinador. Esteve à frente de diversas equipes do futebol mineiro. Começou no Sete de Setembro, clube já extinto de Belo Horizonte. Depois dirigiu o Londrina, do Paraná, onde foi Campeão Brasileiro da Segunda Divisão, em 1980, chamada na época de “Taça de Prata”.

Atualmente “Jair Bala” é funcionário da Prefeitura de Belo Horizonte, membro da Associação dos Ex-Jogadores do América/MG, da qual foi um dos fundadores e eventualmente participa do programa “Alterosa Esporte”, da TV Alterosa. É casado com Sônia Albano, com quem teve três filhos. Jair Albano Félix, ex-árbitro de futebol, Sabrina e Sandrelle, e ainda a sobrinha Veruska como filha de criação.

Títulos conquistados. Palmeiras: Taça Roberto Gomes Pedrosa (1967);  América: Campeão Mineiro (1971); América: Artilheiro do Campeonato Mineiro (1964 e 1971). (Pesquisa: Nilo Dias)


Jair Bala nos tempos de América Mineiro. (Foto: Divulgação)

sábado, 12 de julho de 2014

A morte do "Doutor Osmar"

Faleceu ontem em São Paulo aos 71 anos de idade, o médico e jornalista Osmar Pereira Soares de Oliveira, ou simplesmente “Doutor Osmar”, nascido na capital paulista em 20 de junho de 1943. Ultimamente participava como debatedor dos programas esportivos “Jogo Aberto” e “Terceiro tempo”, além de transmissões esportivas da TV Bandeirantes.

Osmar de Oliveira estava internado no “Hospital AC Camarg”, em São Paulo, depois de ter passado por uma cirúrgia para retirada de um tumor na próstata. O irmão do jornalista, o também médico César de Oliveira, confirmou a morte que aconteceu às 18h15min, em decorrência de uma parada cardíaca.

Há cerca de um mês Osmar teve seu estado de saúde complicado, quando ao tentar levantar da cama, a sonda que ele usava se prendeu e afetou a bexiga, originando uma grave hemorragia. Em julho de 2013 ele também havia sofrido um infarto e necessitou de cirúrgia. Além disso, tinha problemas pulmonares.

Osmar de Oliveira formou-se em Medicina pela Pontificia Universidade Católica (PUC), de Sorocaba (SP), e atuava nas especialidades Medicina Esportiva e Ortopedia. Trabalhou como médico do Corinthians e do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e da Seleção Brasileira de Basquete.

Enquanto estudava, escrevia no jornal “Cruzeiro do Sul” e tomava parte em programas esportivos da Rádio Cacique, ambos de Sorocba. Em 1966 tornou-se redator da “Revista do Corinthians” e do jornal “Coringão”.

Também era formado em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero, em São Paulo. Em 1978 recebeu convite de Roberto Petri, para trabalhar na TV e Rádio Gazeta, durante a Copa do Mundo da Argentina.

Polivalente, era narrador da TV, comentarista da rádio e membro atuante da “Mesa Redonda”, junto de Petri, Milton Peruzzi, Zé Italiano, Peirão de Castro, Rubens Pecci, Dalmo Pessoa, José Silveira, Geraldo Blota e Sérgio Baklanos.

Em 1980 foi trabalhar na TV Globo onde ficou por três anos, transferindo-se depois para a TV Bandeirantes, onde tornou-se o primeiro narrador do programa “Show do Esporte “, na equipe comandada por Luciano do Vale, recentemente falecido. Trabalhavam também Juarez Soares, Jota Jr, Elia Jr, Eli Coimbra, Luiz Ceará e Eduardo Savóia, entre outros.

Em 1986, atendendo convite de Sílvio Santos foi para o SBT, onde comandou a equipe de esportes que tinha Juca Kfouri como comentarista e Jorge Kajuru como repórter.

Depois da Copa do Mundo do México, retornou à Band para cobrir os Jogos Olímpicos de Seul. Como um cigano da imprensa - foi o único jornalista esportivo que trabalhou em todos os canais de televisão aberta em São Paulo -, logo mudou-se para a TV Manchete, para ser o chefe da equiipe de esportes da emissora, onde foi colega de João Saldanha, Paulo Stein, Márcio Guedes, Alberto Léo, Antonio Pétrin, José Carlos Conti e Mariana Godoy.

Em 1992, voltou ao SBT, junto de Juarez Soares, Orlando Duarte, Silvio Luiz, Luiz Alfredo, Oscar Ulisses, Nivaldo Prieto, Eli Coimbra, Antonio Petrin, entre outros. Em 1999 teve uma passagem pela PSN, emissora americana de canal fechado no Brasil. Em 2000 passou pela TV Cultura, onde participou do programa “Cartão Verde”, ao lado de Juarez Soares e Flávio Prado.

No mesmo ano mudou-se para a TV Record onde foi locutor, comentarista e apresentador. Ficou por lá durante sete anos, participando dos programas “Debate Bola” e “Terceiro Tempo”, ambos comandados por Milton Neves. Em agosto de 2007 voltou para à TV Bandeirantes, onde permaneceu até a morte.

O jornalista falecido dá nome ao “Instituto Osmar de Oliveira”, de sua propriedade, que fica em São Paulo e há mais de 30 anos é referência ao atendimento em ortopedia, fisioterapia, medicina esportiva e reabilitação.

Ultimamente, o “Doutor Osmar” havia feito transformações no Instituto, com a Clinica atendendo os mais pobres sem nada cobrar por isso. E também dando ênfase as pesquisas. (Pesquisa: Nilo Dias)

Osmar de Oliveira era torcedor apaixonado do Corinthians. (Foto: Divulgação)

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Goleadas sofridas pelo Brasil

Os 7 X 1 de ontem a tarde foi a maior goleada sofrida até hoje pela Seleção Brasileira. Ela se junta a outros escores elásticos já ocorridos em Copas do Mundo. O maior deles foi no jogo Hungria 10 X 1 El Salvador, no torneio de 1982, na Espanha. Depois vem Hungria 9 X 0 Coreia do Sul, no Mundial de 1954, na Suíça e Iugoslávia 9 X 0 Zaire, em 1974, na Alemanha.

Na sequência vem Suécia 8 X 0 Cuba, na Copa de 1938, na França; Alemanha 8 X 0 Arábia Saudita, na competição de 2002, na Coréia/Japão e Uruguai 8 X 0 Bolívia, em 1950, no Brasil.

Depois tivemos Turquia 7 X 0 Coréia do Sul e Uruguai 7 X 0 Escócia, em 1954, na Suíça; Polônia 7 X 0 Haiti, em 1974, na Alemanha; e Portugal 7 X 0 Coréia do Norte, em 2010, na África do Sul. Para finalizar, Itália 7 X 1 Estados Unidos, em 1934, na Itália; Brasil 7 X 1 Espanha, em 1950, no Brasil e o fiasco de ontem, Alemanha 7 X 1 Brasil.

A maior goleada sofrida pela nossa Seleção até ontem, ocorreu em 1934, quando perdeu de 8 X 4 para a Iugoslávia, em jogo amistoso realizado em Belgrado. Na Copa América de 1920, no Chile, os brasileiros já haviam levado outra goleada histórica, 6 X 0 para os uruguaios.

Outros números relativos aos 7 X 1 de ontem. É o maior revés sofrido por uma seleção em todas as semifinais da Copa, até hoje. Antes, o recorde negativo pertencia a própria Alemanha, que perdeu de 6 X 1 para a Áustria, em 1954, na Suíça.

Fora da fase de grupos, nunca uma seleção havia terminado o primeiro tempo perdendo por 5 X 0. Contando todas as fases, foi a terceira vez que isso aconteceu. Antes, a Iugoslávia goleou o Zaire por 6 X 0, na Copa de 1954, na Suíça. E no mesmo torneio a Polônia fez 5 X 0 no Haiti.

Nunca, em um Mundial, uma seleção havia marcado quatro gols em um intervalo de apenas seis minutos. A goleada alemã encerrou uma invencibilidade de 42 jogos do Brasil dentro do país.

O Brasil já havia levado duas goleadas em Copas do Mundo, antes do jogo de ontem. Em 1954, na Suíça, foi derrotado pela Hungria por 4 X 2 e em 1998, perdeu para a França, por 3 X 0.

Em jogos contra a Argentina os maiores escores contra o Brasil foram: 4 X 1, na Copa América de 1925; 6 X 1 e 5 X 1, na Copa Rocca de 1940 e 4 X 1, na Copa América de 1959. A favor do Brasil: 6 X 2, na Copa Rocca de 1945; 4 X 1 na Copa Rocca de 1960; 5 X 1 na Taça do Atlântico de 1960; 5 X 2 na Copa Rocca de 1963; 4 X 1 em amistoso em 1968 e 4 X 1 na Copa das Confederações de 2005. (Pesquisa: Nilo Dias)


 No choro de David Luiz, o retrato da tragédia de ontem. (Foto: Veja/Abril)

terça-feira, 8 de julho de 2014

A morte do “Flecha Loira”

Morreu ontem aos 88 anos de idade, no Hospital Gregório Marañon, em Madrid, onde se encontrava internado desde o último dia 5, após ter sofrido um infarto, o ex-jogador de futebol Alfredo Estéfano Di Stéfano Laulhé, nascido em Buenos Aires, Argentina, no dia 4 de julho de 1926. Di Stefano, como era mais conhecido, foi um dos mais brilhantes jogadores de futebol de todos os tempos. Em razão de sua velocidade e da cor dos cabelos, ganhou o apelido de “Flecha Loira".

Di Stefano quando criança não mostrava muita vocação para ser jogador de futebol. Mesmo sendo incentivado pelo pai, um ex-jogador do River Plate, também de nome Alfredo Di Stéfano, seu sonho era ser aviador. Ele tinha dois irmãos, Tulio, que também jogou futebol, e Norma, que preferiu o basquetebol.

O interesse pelo esporte surgiu em 1943, quando tinha 17 anos e foi chamado as pressas para completar o time do bairro. Saiu-se tão bem, que marcou três gols. A partir daí nunca mais abandionou os gramados.

Quis o destino que seguisse o mesmo caminho de seu pai. Um ex-jogador do clube, em visita casual a sua casa, ficou sabendo pela mãe que o garoto tinha talento.

Fez teste e recebeu convite do ex-atleta Carlos Peucelle para entrar na quarta categoria do clube. Não demorou para ser elevado a terceira, depois de ser observado por outro antigo atleta do River, Renato Cesarini, que o definiu como “fenômeno”.

Jogou sua primeira partida pelo River em 1945, quando o clube possuía um time poderoso, chamado de “La Máquina”, que contava com jogadores extremamente hábeis, como Pedernera, Juan Carlos Muñoz, José Manuel Moreno, Ángel Labruna e Félix Loustau.

No mesmo ano sagrou-se campeão argentino. O goleiro Amadeo Carrizo, outro celebrado jogador do clube, também estreou naquele ano, mas só jogou uma partida, substituindo o titular Munõz.

Sem muito espaço no onze principal do River Plate, acabou emprestado ao Huracán, em 1946, clube que enfrentou pela primeira vez como profissional. Ali, foi treinado pelo ex-artilheiro Guillermo Stábile, que também era o técnico da Seleção Argentina.

Di Stéfano marcou os dois primeiros gols de sua carreira numa vitória de 3 X 2 sobre o San Lorenzo, de Almagro, em pleno estádio do rival, que se sagraria campeão argentino daquele ano. No jogo contra o seu clube, River Plate, marcou um gol aos 11 segundos, que até hoje é o mais rápido da história do futebol argentino.

No Huracán foi fixado como centroavante e marcou 10 gols em 25 partidas. Graças a sua velocidade, recebeu dos torcedores o apelido de “La Saeta” (flecha). Como outro jogador da equipe, Llamil Simes também era chamado pelo mesmo apelido, acrescentaram o “Rubia”, por causa de seus cabelos loiros, ficando então “La Saeta Rubia” (“A Flecha Loira”).

Além de estonteante velocidade, combatia, desarmava, tinha grande inteligência para criar jogadas, habilidade para receber, tratar, conduzir, cabecear e passar a bola e ainda precisão nos arremates.

O Huracán fez de tudo para ficar com Di Stéfano em definitivo, mas não conseguiu juntar os 80 mil pesos pedidos pelo River, por isso retornou ao antigo clube em 1947.

No retorno encontrou uma equipe bem diferente. Pedernera saíra para o Atlanta, Labruna estava com hepatite e Muñoz, lesionado. Em vista disso ganhou mais oportunidades. Na sua reestréia, fez uma das melhores atuações com a camisa do River, frente o San Lorenzo de Almagro.

Nesse ano de 1947 Di Stéfano teve que prestar serviço militar, mas ainda assim, intercalando jogos, marcou 27 gols, conduzindo o clube a um novo título nacional, o primeiro dele como titular.

Terminou o campeonato como artilheiro do certame e ídolo da torcida, que costumava cantar em sua homenagem: "Socorro, socorro, ahí viene la Saeta con su propulsión a chorro" . ("Socorro, socorro, aí vem a Flecha com sua propulsão a jato").

Seu futebol vistoso e veloz, o levou á Seleção Argentina naquele ano de 1947. Jogou poucas partidas pelo scratch nacional, apenas seis, e fez seis gols, todos no Campeonato Sul-Americano, precursor da “Copa América”. Em 1948 disputou pelo River Plate o Campeonato Sul-Americano de Campeões, embrião da Taça Libertadores da América.

Seu time veio ao Brasil se preparar para a competição. O rival Boca Juniors, que não participaria do torneio, veio na mesma época para São Paulo. Aproveitando uma folga na competição, os dois times argentinos formaram um “Combinado”, para enfrentar um “scratch” paulista.

Os argentinos usaram as camisas do Palmeiras, pois a rivalidade não permitia que usassem o uniforme de um dos dois clubes. Já o “Torneio dos Campeões”, foi decidido entre River e Vasco da Gama, que, tendo a vantagem do empate, sagrou-se campeão ao segurar um 0 X 0.

Em 1949, depois de uma greve de jogadores argentinos, que exigiam assistência médica para os familiares, um salário mínimo para a categoria e a extinção do passe, para serem livres para escolher onde gostariam de jogar, Di Stéfano foi parar no “Millonários”, de Bogotá. O atacante deixou o River Plate depois de ter marcado 49 gols em 66 jogos.

Junto dele foram para clube colombiano o ídolo Pedernera e seu ex-colega de River Plate, Néstor Rossi. A liga colombiana havia se transformado em um verdeiro “Eldorado”, atraindo os jogadores do continente que, embora fossem atletas profissionais, não costumavam ser bem pagos em seus países.

O Millonarios tinha dono, Alfredo Senior que havia resolvido lucrar com o esporte, aliciando os melhores atletas sul-americanos para jogar em sua equipe.

Os demais clubes colombianos agiam da mesma forma. Os jogadores peruanos foram para as equipes de Cali e Medellín; os paraguaios em Cúcuta, alguns brasileiros - como Heleno de Freitas e Tim -, em Barranquilla. Havia até jogadores britânicos, um deles, Charlie Mitten, deixou o Manchester United, para jogar no Independiente, de Santa Fe.

Por lá foram parar também, iugoslavos, italianos e húngaros. Na liga pirata, Di Stéfano foi campeão em 1951 e 1953, integrando o chamado “Ballet Azul”. A FIFA acabou com a festa, pois a Liga desrespeitava regulamentos da entidade.

Em 1952, o time do Millonários jogou uma partida amistosa com o Real Madrid, que celebrava o aniversário de 50 anos. Em pleno Estádio Chamartín (antigo estádio do Real Madrid), Di Stéfano marcou duas vezes na vitória por 4 X 2 dos sul-americanos e foi imediatamente contratado pelo Barcelona, outra equipe espanhola.

O argentino deixou o Millonarios como o maior artilheiro da história do time, totalizando 267 gols em 292 partidas. Além de títulos e artilharias na Colômbia, venceu com o clube também a “Pequena Taça do Mundo”, de 1953, chegando a marcar dois gols em um 5 X 1 sobre sua ex-equipe do River na competição.

Com Di Stéfano, o clube também abriu larga vantagem em títulos colombianos, cujos efeitos ainda perduram, sendo a equipe mais vencedora do campeonato nacional, mesmo não o conquistando desde 1988. Apenas em 2008 foi igualado pelo América, de Cali.

O Barcelona havia negociado a transferência com o River Plate, oficialmente o dono de seu passe. Já o Real Madrid, que também queria o jogador, negociou diretamente com o Millonários. Di Stéfano já havia participado de três amistosos pelo Barcelona, quando o Real Madrid passou a se considerar como dono da “joia rara”.

O ministro dos esportes, General Moscardo, quis ser mediador da situação, sugerindo que Di Stéfano jogasse por temporadas alternadas nos dois clubes, por quatro anos, começando pelo Real. O Barceliona não aceitou e o jogador ficou no Real Madrid. A partir daí acirrou-se a rivalidade entre os dois clubes.

Com Di Stéfano no time, o Real, que até então não era o maior vencedor do país, nem mesmo da cidade, tinha apenas dois títulos espanhóis, passou a conhecer novos tempos. Na primeira temporada com o argentino, o Real conquistou seu terceiro título nacional. Di Stéfano foi o artilheiro com 29 gols.

Depois o bi-campeonato e em 1955 a “Copa Latina”, o mais prestigiado torneio europeu de clubes na época, que reunia os campeões de Espanha, França, Itália e Portugal. Os espanhóis venceram os portugueses do Belenenses e, na final, os franceses do Stade de Reims.

Foi de 2000 a 2014 o presidente honorário do Real Madrid, clube cuja história de sucesso confunde-se com a dele: foi com ele em campo que o Real tornou-se o maior vencedor da cidade de Madrid, da Espanha e da Europa.

Foi responsável também por alimentar a rivalidade com o Barcelona, que não tinha a mesma expressão. Ele era presidente honorário também da UEFA, desde 2008.

Muitos jornalistas e torcedores, especialmente argentinos e espanhóis, consideram Di Stéfano o melhor jogador do século XX, melhor que Pelé e Diego Maradona. Entre eles, Joaquín Peiró, que jogou pelo Atlético de Madrid e dizia ser Di Stéfano o número 1. “Aqueles que o viram, viram. Aqueles que não o viram, perderam".  

Já Helenio Herrera, técnico do Barcelona, declarou que "se Pelé foi o violinista principal, Di Stéfano foi a orquestra inteira". O ex-presidente Ramón Calderón costumava dizer: "Ele fez a Espanha torcer pelo Real Madrid. E também foi ele que levou o nome do clube além das fronteiras".

O editor de esportes do jornal “As”, escreveu que "Para as crianças dos anos 1950, Di Stéfano era, acima de tudo, o som da vitória que se ouvia nas rádios. Seu nome ecoava como uma batida do coração associada sempre a uma sensação de vitória, transportando-nos ao Parc des Princes, San Siro ou Hampden Park".

Para Emilio Butragueño, ex-jogador e atualmente membro da diretoria, "a história do Real Madrid começa de fato com a vinda de Di Stéfano".

Já o próprio Di Stéfano esquivava-se de polêmicas e dizia que o melhor jogador que viu atuar, foi Adolfo Pedernera, astro do River Plate nos anos 1940.

Mas o seu grande ídolo na infância foi justamente aquele que ainda é o maior artilheiro da história do futebol argentino, o paraguaio Arsenio Erico, jogador do Independiente nos anos 30 e 40.

E salientava que uma das poucas mágoas na carreira foi não ter jogado uma Copa do Mundo, embora tenha atuado por seleções de três países. Pela Seleção Argentina atuou em seis partidas e marcou seis gols. Pela Colômbia jogou quatro vezes e não marcou nenhum gol. Em 1962 ia jogar pela Espanha, mas uma lesão o impediu de atuar.

Pela Seleção da Espanha, jogou 31 vezes, marcando 23 gols, sendo o seu maior artilheiro até 1990, quando foi superado por Emilio Butragueño.

Em 1963, ele chegou a atuar também pela “Seleção do Resto do Mundo”, que jogou um amistoso contra a Inglaterra, celebrativo do centenário da fundação da Football Association.

Mesmo com a falta de marcas mais expressivas pela Espanha, foi eleito o melhor jogador do país nos “Prêmios do Jubileu da UEFA”, nas comemorações dos 50 anos da entidade, em 2004.

Di Stéfano jogou no Real Madrid ao lado de craques como os hungaros Puskas e Kopa e os brasileiros Didi e Canário. Ele deixou o clube em 1964, insatisfeito após ser deixado no banco de reservas, depois que o clube perdeu a final da Copa dos Campeões para a Internazionale, de Milão.

Foi para o Español, de Barcelona. Lá, atuou ao lado de outro húngaro, László Kubala, curiosamente, outro jogador que tornou-se célebre por defender três países.

Di Stéfano jogou duas temporadas pelo Español, até encerrar a carreira, aos 40 anos, com mais de 800 gols marcados e uma incrivel coleção de troféus. Decidiu por deixar os gramados apenas por pedido do filho, quando soube por este que seria avô.

Em 1966, voltou a vestir a camisa do Real Madrid para um jogo de despedida, em amistoso contra os escoceses do Celtic.

Depois de um ano fora dos gramados, Di Stéfano resolveu se tornar técnico. Começou pelo pequeno Elche. Seu primeiro título na nova fuinção foi no Boca Juniors, em 1969. O clube também ganhou naquele ano a Copa Argentina.

Dois anos depois, em 1971, seria campeão nacional novamente, agora na liga espanhola, pelo Valencia. Foi nesse clube que Di Stéfano teve mais sucesso como treinador.

Treinou ainda o Espanhol , Sporting, de Lisboa, Rayo Vallecano, Castellón, sem conseguir títulos, River Plate e Real Madrid. Até hoje é o único técnico campeão argentino tanto com o Boca quanto com o River.

Até 2009, quando foi superado por Raúl, Di Stéfano era o maior artilheiro da história do Real Madrid, em jogos oficiais, com 307 gols. O novo recordista precisou de 685 jogos para atingir a marca, enquanto o argentino necessitou de apenas 371 jogos.

Em 2006, o clube, que o nomeara seu presidente de honra em 2000, voltaria a homenageá-lo, batizando de “Estádio Alfredo Di Stéfano” o campo multiuso da “Ciudad Real Madrid”, o centro de treinamento da equipe.

A inauguração do estádio, utilizado pelo Real Madrid Castilla (a equipe B do Real), ocorreu em amistoso contra o Stade de Reims, a equipe batida pelos blancos com Di Stéfano em três finais internacionais na década de 1950. O Real também colocou o nome de “La Saeta” ao avião particular usado por sua delegação.

Di Stéfano foi casado com Sara Freites Varela, com quem viveu por 55 anos até a morte desta, em 2005, e com ela teve seus seis filhos: Nanette, Silvana, Alfredo, Elena, Ignacio e Sofía. Ele esteve perto de falecer no mesmo ano, tendo sofrido um ataque cardíaco. Afirmou que desde então passou a cuidar melhor da saúde; já havia parado de fumar em 2000 e a única bebida alcóolica de consome era o vinho, socialmente.

Também bebia uma cerveja sem álcool da qual tornou-se garoto propaganda e evitava doces. Em 2013, aos 86 anos, manifestou sua intenção de casar-se novamente, com uma moça 50 anos mais jovem: sua secretária Gina González, uma costa-riquenha de 36 anos. A respeito, declarou não se importar com eventual oposição dos filhos, e desejava que o presidente do Real Madrid, Florentino Pérez, fosse um padrinho da cerimônia.

Um tribunal decidiu que os filhos do ex-jogador ficariam responsáveis pela gestão do património. Desde esse dia a noiva não apareceu mais.

Títulos conquistados como jogador: River Plate. Campeão Argentino (1945 e 1947); Millonarios. Campeão Colombiano ( 1949, 1951, 1952 e 1953); Copa Colômbia (1953); Pequena Taça do Mundo (1953); Real Madrid. Campeão Espanhol (1954, 1955, 1957, 1958, 1961, 1962, 1963 e 1964); Copa Latina (1955 e 1957); Liga dos Campeões da UEFA (1956, 1957, 1958, 1959 e 1960); Pequena Taça do Mundo (1956); Copa Intercontinental (1960); Copa da Espanha (1962). Seleção Argentina. Campeão Sul-Americano (1947).

Como treinador. Boca Juniors. Campeão Argentino (1969); Campeão Nacional (1970); Copa Argentina (1969); Valência. Campeão Espanhol (1971); Campeão Espanhol da Segunda Divisão (1987); Recopa Europeia (1980); Supercopa Europeia (1980); River Plate. Campeão Argentino (1981); Real Madrid. Supercopa da Espanha (1990).

Individuais; Artilheiro do Campeonato Argentino (1947, com 27 gols), Artilheiro do Campeonato Colombiano (1951, com 31 gols)(e em 1952, com 19 gols); Artilheiro do Campeonato Espanhol (1954, com 27 gols – 1956, com 24 gols – 1957, com 31 gols – 1958, com 19 gols e 1959, com 23 gols); Artilheiro da Copa Europeia (1958, com 10 gols); Ballon d'Or (1957 e  1959); Prêmios do Jubileu da UEFA; FIFA 100; 3º Maior jogador Sulamericano do século XX pela IFFHS (1999); 4º Maior jogador do Mundo do Século XX pela IFFHS (1999); 4º Maior jogador do século XX pela revista - France football (1999) e 2º Maior Jogador do Século XX pelo Grande Júri FIFA (2000). (Pesquisa: Nilo Dias)

Di Stéfano, com a camisa do River Plate.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Morreu o carrasco tricolor

Pouco mais de dois meses da morte de Washington, ocorrida em 25 de maio deste ano, o seu parceiro do Fluminense, do Rio de Janeiro, nos anos 80, Benedito de Assis da Silva, ou simplesmente Assis, faleceu ontem em Curitiba, aos 61 anos de idade.

O médico e diretor clínico do “Hospital Vita”, Luiz Fernando Kubrusly, informou que Assis sofria de uma doença renal crônica. Antes de ser internado, ele fazia um tratamento em casa chamado de “diálise peritoneal  domiciliar”.

O processo é semelhante à hemodiálise. A diferença é que  pode ser feito em casa, o que traz mais conforto para os pacientes em geral. Por conta disso, os riscos de infecção, conforme o médico, são mais suscetíveis.

Assis ficou  internado por 15 dias logo após adquirir uma dessas infecções chamada de “peritonite”, que é uma inflamação do peritônio, o tecido fino que reveste a parede interna do abdômen e cobre a maioria dos órgãos abdominais.

Esse tipo de infecção é muito grave e ele não respondeu ao tratamento com  antibióticos. “Foi então que veio a ocorrer a múltipla falência dos órgãos”, disse o médico.

O velório foi realizado na tarde e noite de ontem (domingo), na capela Unilutos, na rua Desembargador Benvindo Valente, 348, bairro de São Francisco. O sepultamente acontece às 17 horas de hoje no cemitério Água Verde, localizado no bairro onde o ex-atleta residia, em Curitiba. Assis deixou esposa e dois filhos.

Assis nasceu em São Paulo (capital) e foi criado no bairro da Vila Prudente, na Zona Leste. Iniciou a carreira jogando Futsal, no Vip´s Clube, de seu bairro. No futebol de campo deu os primeiros chutes no Clube Atlético Juventus, em 1970.

Ainda juvenil, deixou o tradicional clube da Mooca e foi jogar na Portuguesa. Sem muitas esperanças de fazer sucesso nas equipes profissionais do Canindé, Assis chegou a desistir do futebol, mas retornou em 1975 para jogar no São José (SP).

No ano seguinte aconteceu a transferência para a Inter de Limeira e logo em seguida ele foi jogar na Francana, onde foi um dos destaques da equipe na conquista da divisão intermediária.

Em 1980 chegou ao São Paulo. No clube paulista, o atacante foi campeão paulista e vice-brasileiro em 1981. Foram 88 jogos pelo tricolor paulista, com 40 vitórias, 31 empates e 17 derrotas.

Depois teve uma passagem pelo Internacional, de Porto Alegre antes de ir para o Atlético Paranaense, onde obteve grande destaque. Do rubro negro do Paraná foi para Fuminense, onde jogou ao lado de Washington, formando uma dupla de atacantes que se consagrou nos anos de 1983 a 1987.

Com Assis e Washington no ataque, o Fluminense se sagrou tri-campeão carioca nos anos de 1983, 1984 e 1985, bem como ganhou o Campeonato Brasileiro de 1984. Graças a esses dois feitos, Assis foi convocado para a Seleção Brasileira em dois amistosos no mesmo ano. Em 177 partidas pelo tricolor carioca, marcou 54 gols.

Assis e Washington eram chamados pelos torcedores do Fluminense de “Casal 20”, em alusão a um seriado de TV da época, tal o entendimento que os consagrou no ataque do tricolor carioca.

Assis também era conhecido por “Carrasco”, em razão dos gols decisivos que marcou em clássicos contra o Flamengo. Até hoje a torcida tricolor lembra de Assis nos jogos contra o rival, em que grita” “Recordar é viver, o Assis acabou com você”.

Antes de encerrar a carreira, Assis retornou ao “Furacão Parananense”, em duas passagens. O ex-jogador ainda atuou pelo Paraná Clube e o Paysandu antes de encerrar a carreira em 1991. depos que deixou o profissionalismo, ainda jogou pelo clubes amadores de São Paulo: Sampaio Moreira, do Tatuapé, Black Power, do Ipiranga, e GR Frum ,da Vila Maria. Em todos eles era conhecido por "Ditão".

Em 2007 assumiu a direção das categorias de base do Fluminense. Ainda trabalhou no Rio Branco (ES) e nas divisões de base do Volta Redonda (RJ), junto do ex-goleiro do São Paulo, Ronaldo. Por fim tornou-se embaixador do Fluminense, envolvendo-se em vários projetos pelo Brasil afora.

"É uma perda muito grande. Assis foi um dos maiores ídolos da história do Fluminense. Marcou uma geração. Um ídolo que tinha uma forte ligação com o clube desde sempre. Hoje é dia de reverenciá-lo por tudo que fez por nós tricolores", afirmou o presidente do Fluminense, Peter Siemsen, em nota oficial expedida ontem. (Pesquisa: Nilo Dias)

Assis (Foto: Fernando Araújo)