Carlos
Alberto de Berto é um árbitro da Federação Norte Rio-Grandense de Futebol
(NRGF), até aí nada de mais, não fosse sua origem. Antes de se tornar um
profissional do apito, exercia uma profissão bem diferente. Era coveiro de um
dos cemitérios de Natal, no Rio Grande do Norte. E também um ex-jogador de
futebol frustrado.
Como
não deu sorte nos gramados, pegou o primeiro emprego que apareceu para poder
tirar o sustento, e pagar as contas. Começou a trabalhar como coveiro em um
cemitério público no bairro da Redinha, Zona Norte de Natal.
Até
hoje ele mora em uma casa simples com a esposa e um filho pequeno, bem em
frente ao portão do cemitério onde trabalhou por quatro anos. Seguidamente
visita o local, para rever antigos colegas de trabalho.
Em
uma dessas idas ao campo santo, Carlos vai ao local onde efetuou o primeiro
sepultamento. E também visita o túmulo de um amigo de infância falecido. Em
suas recordações conta que efetuou cerca de enterros nesse cemitério. Enfatiza
que mesmo sendo um ambiente mórbido, conta com uma vista privilegiada para o
pôr do sol no Rio Potengi.
Ele
começou a trabalhar lá como zelador em 2009 e foi desligado em meados de 2013,
já com o cargo de pedreiro sepultador na carteira de trabalho.
A
decisão de se tornar árbitro de futebol ocorreu numa manhã de domingo, quando
se encontrava de serviço no cemitério, e num momento de folga via pela televisão
à final do Mundial de Clubes de 2011 entre Santos e Barcelona.
Ao
ouvir os comentários sobre a arbitragem decidiu que poderia tentar a sorte
nessa profissão. E resolveu colocar a
idéia em prática. Antes de trocar a pá pelo apito, fez ocurso de árbitros da
Federação Norte-rio-grandense de Futebol, conseguindo se formar sem maiores
dificuldades.
Traçando
um paralelo entre s duas profissões, coveiro e árbitro, salienta que as duas
promovem pressões. O coveiro convive com a tristeza dos outros, o que sempre é
desagradável. O árbitro tem que saber enfrentar as reações de torcedores.
Lembra
de uma história que falavam antigamente pelas cidades do interior, de que a
maior autoridade depois do delegado é o coveiro, porque depois que ele
"prende" alguém não tem quem solte. E na arbitragem, o que o juiz marcar
não tem volta. E completa com uma ponta de humorismo: “Tem aquele tipo de
jogador que dá trabalho, fica cavando falta, reclamando de tudo, aí dá vontade
de enterrar mesmo"
Desde
2013, ele vem atuando em torneio sub-19 e jogos da segunda divisão do
Campeonato Potiguar. O ano passado Carlos Alberto fez a estreia na primeira
divisão, como quarto árbitro no jogo entre ABC e Palmeira, de Goianinha.
Depois
também esteve em campo no clássico entre Alecrim X América-RN. Até agora
trabalhou em apenas seis jogos na elite do futebol potiguar. Mas não se importa
muito com isso, e com otimismo diz ser apenas o começo de uma caminhada exitosa.
E
Carlos não pensa em pouca coisa. Confessa que tem um sonho, poder apitar um
Mundial de Clubes, que foi o que lhe despertou para ser árbitro de futebol. Sempre
pensa positivamente quando olha pela televisão algum jogo de grandes times como
Barcelona, Real Madrid, Bayern de Munique. Fecha os olhos e fica pensando em um
dia poder apitar um jogo desses.
Todos
podem pensar que o seu ídolo no futebol é Messi, Cristiano Ronaldo ou Neymar.
Mas não pé nenhum deles, sim o imortal Zé Roberto, que joga no Palmeiras e ele
gostaria de conhecer. Garante que o admira muito, pois com 41 anos ainda
esbanja preparo físico e continua líder dentro de campo, além de uma estupenda
disciplina na carreira.