Paralelamente aos jogos do campeonato da Liga, a Associação Pernambucana de Esportes Atléticos também programou seus jogos com times suburbanos, o que dividiu o público. A briga durou seis messes, e quando terminou, a competição já se encontrava no turno final. Mesmo assim Sport e América dela tomaram parte, embora não tivessem chances de chegar ao título. O Peres não voltou, e seu presidente, João Duarte Dias, declarou pelos jornais que tinha sido traído.
Quem terminou beneficiado com a briga e as ausências de Sport e América, favoritos ao título foi o Torre. O “Madeira Rubra” acabou sendo o campeão de 1926, o primeiro da sua existência, conquistado a 2 de janeiro de 1927, nos Aflitos, quando derrotou o América por 2 X O, com gols de Péricles e Piaba. O árbitro foi o dirigente tricolor, Carlos Rios, arranjado de última hora, uma vez que o escalado, Renato Silveira, também dirigente (Sport), não apareceu no estádio.
O time do Torre, que se sagrou campeão tinha: Valença - Aquino e Pedro Barreto – Arnaldo - Hermes e Dantas – Osvaldo – Piaba – Péricles - Policarpo e Galvão. Esse onze interrompeu um predomínio de 10 anos de Sport e América, únicos campeões pernambucanos, desde 1916. Muito embora alguns afirmassem que o Torre não teve méritos na conquista do título, a verdade é que armara um bom time. Seu primeiro grande passo foi tirar do Sport Club do Recife um dos melhores atacantes da Região, o artilheiro Péricles.
Em 27 de novemro de 1927 o Torre aplicou a maiorgoleada da história do futebol pernambucano ao ganhar nos segundos quadros do Equador, um time do bairro do Arruda, por 27 X 0. O Equador jogou com 7 apenas e e seu goleiro deixava a bola passar propositalmente. Nesse mesmo dia o Equador levou 8 X 0 nos primeiros quadros e 4 X 0 nos terceiros.
Na noite em que o time se filiou a Liga o dirigente do Equador, Pedro Franciscode Souza, conhecido como “Seu Souza” ofereceu uma festa de arromba no Bar Aurora, que foi até de manhã.
Se alguém colocou dúvidas sobre o mérito do Torre na conquista do campeonato de 1926, em 1929 o “Madeira Rubra” não deu margem a qualquer questionamento, sagrando-se campeão de forma invicta, tendo batido Santa Cruz, Náutico, América e empatado apenas duas vezes com o Sport. O campeonato teve oito equipes participantes e foi disputado no sistema de pontos corridos, com jogos de ida e volta.
Em 1930, quando da revolução que depôs o presidente Washington Luiz e colocou Getulio Vargas no poder, Recife ficou em polvorosa. O governador Estácio Coimbra teve que fugir para não ser preso e Carlos de Lima Cavalcanti, seu opositor, ligado aos revolucionários, assumiu o Governo de Pernambuco.
Em conseqüência o campeonato foi paralisado, pois não havia condições de sua continuidade. O líder era o Torre. O presidente da LPTD, Renato Silveira, convocou uma assembléia geral para dar por encerrado o certame. A reunião aconteceu na noite de 12de dezembro, sendo um documento assinado pelos representantes dos times disputantes, exceto Torre e Encruzilhada:
“Os abaixo firmados, representantes dos clubes filiados, Sport, América, Náutico, Íris, e Santa Cruz, reunidos aos 12 dias do mês de outubro de 1930, sob a presidência do Sr. Renato Silveira, presidente da LPDT, atendendo às circunstâncias especiais criadas pelos acontecimentos imprevistos que sacudiram o País, anormalizando a vida esportiva do Estado e tornando materialmente impraticável o prosseguimento do campeonato de 1930, resolveram acordar que seja o mesmo encerrado, considerando-se vencedores do campeonato deste ano os quadros dos clubes colocados em primeiro lugar na contagem dos pontos dos jogos já aprovados, sugerindo-se à diretoria da Liga instituir prêmios especiais para os citados vencedores”. O Torre foi assim proclamado campeão de 1930.
No campeonato de 1931 quando de um jogo entre Náutico X Torres, se o clube vermelho e branco empatasse ou perdesse para o Torre, quem se beneficiaria seria o Sport, que se credenciaria a um jogo extra contra o “Madeira Rubra”, e o vencedor decidiria o titulo contra o Santa cruz. O Náutico, mesmo sem chances de ser campeão venceu por 1 X 0 e tirou o rival da disputa.
Mas o jogo não saiu na data em que deveria, visto que dirigentes do Náutico mandaram serrar as traves do Estádio dos Aflitos, à véspera do embate. Isso, na tentativa de deixar o jogo para depois que as partidas restantes do campeonato fossem disputadas, como era praxe. Mas a Liga mandou jogar no domingo seguinte.
A direção do Náutico justificou o problema com as traves, como resultado da má conservação com a parte que se encontrava enterrada, que estaria caromida pela umidade. E pela proximidade do horário do jogo, não houve tempo hábil para a recuperação.
Os clássicos do Bairro da Torre tinham nomes pitorescos. Clássico da Paixão: era o nome dado ao jogo entre Torre Sport Club X Íris Sport Club. O jogo recebeu este nome porque o primeiro jogo disputado entre ambos foi no dia 5 de março de 1920, uma Sexta Feira da Paixão, no Campo do Alagado da Torre, com empate em 1 X 1.
Em toda a história Torre e Iris disputaram um total de 28 jogos. O Iris venceu 9 e o Torre 16, havendo 3 empates. As maiores goleadas foram: Iris 5 X Torre e Torre 8 X 0 Iris. O último “Clássico da Paixão” foi disputado no dia 12 de abril de 1939, no Campo da Fábrica, com vitória do Torre por 3 X 0.
Clássico Guerreiro era o nome do clássico entre Torre Sport Club X Israelita Sport Club, fundado no dia 8 de setembro de 1922 por um grupo de alunos do Colégio Israelita do Recife.
“Clássico dos Maestros” era o nome dado ao jogo entre Torre Sport Club X Santa Maria Athletico Club, outro clube também já extinto.
O Santa Maria Athletico Club foi fundado no dia 21 de novembro de 1906 por um grupo de alunos do antigo colegio Santa Maria, do bairro da Torre. O primeiro esporte que o clube praticou foi o remo, mais tarde o pólo aquático e o boxe foram agregados. O futebol só veio a ter espaço no ano de 1910, mas de forma amadora. O Santa Maria nunca disputou um Campeonato Pernambucano de Futebol.
O Santa Maria Athletico Club foi o primeiro clube de pólo aquático do Recife e o primeiro clube do bairro da Torre a ter uma sede, que se encontrava na rua Dom João VI. clube chegou a ser considerado a terceira força do remo pernambucano, superando os tradicionais Clube Internacionaldo recife e a Academia deCadetes da Marinha, ficando somente atrás dos até então imbatíveis Clube Náutico Capibaribe e Sport Club do Recife.
Outros jogos famosos da época: “Clássico Simpático”, entre Tramways Sport Club X Íris Sport Club, amos do Bairro da torre. Por terem boas relações as equipes acabaram sendo chamados de times irmãos ou clubes simpatizantes.
“Clássico Azul e Branco”, era o nome dado ao jogo entre Iris Sport Club X Israelita Sport Club, oas dois também do bairro da Torre. As diputas entres as equipes recebeu esse nome por causa das cores de ambos, azul e branco. O “Clássico Azul e Branco” era visto como o segundo maior clássico do bairro, perdendo somente para o “Clássico Bairrense”, entre Torre e Tramways as duas maiores potências do local.
O Torre conquistou estes títulos. Estaduais: Campeonato pernambucano (1926, 1929, invicto e 1930). Vice-Campeonato Pernambucano: (1924, 1925, 1927 e 1928). Torneio Início: (1922 e 1929). Outras conquistas: Liga Desportiva da Torre (1911); Liga Suburbana: (1915, 1919, 1920 e 1921); Copa Torre: (1921, 1926, 1928, 1929, 1930, 1932, 1940 e 1942); Taça Maviavel do Prado - Ao vencedor da “Melhor de Três” entre Náutico X Torre (1930); Taça “A Província” - Temporada Baihana - Associação X Torre (1922); “Taça Maternidade”, oferecida pela Liga Pro-Mater (1919); “Taça Macth de Luta Romana - Floriano x Goldstein”, ao vencedor da preliminar Torre X Sport (1928). Outras Taças: “Taça
entregue pelo CRB pela excursão em Maceió (1923) e “Taça entregue pelo CSA”, por outra excursão em Maceió (1928). (Pesquisa: Nilo Dias)
Torre Sport Club, campeão pernambucano de 1926.
Boa parte de um vasto material recolhido em muitos anos de pesquisas está disponível nesta página para todos os que se interessam em conhecer o futebol e outros esportes a fundo.
terça-feira, 16 de outubro de 2012
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