Boa parte de um vasto material recolhido em muitos anos de pesquisas está disponível nesta página para todos os que se interessam em conhecer o futebol e outros esportes a fundo.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

A morte do capitão colorado

Morreu na noite de ontem (26), aos 76 anos de idade, o ex-lateral do Internacional, de Porto Alegre, Sadi Schwerdt. Segundo a família, ele sofreu um infarto há duas semanas e, desde então, estava internado na CTI do “Hospital Mãe de Deus”, na capital gaúcha. O velório ocorre até às 18h30min desta quarta-feira, na capela 5 do Cemitério João XXIII.

Nascido em 1942, em Arroio dos Ratos, Sadi também foi vereador de Porto Alegre, de 1973 a 1982, pelo MDB. Jogou no Inter no final da década de 1960, sendo titular e capitão da equipe na inauguração do Estádio Beira-Rio, em 1969.

Além do colorado gaúcho, também defendeu o Atlético Paranaense, em 1962 e Corinthians paulista, em 1971 e 1972, onde encerrou a carreira. Eleito o melhor de sua posição em 1967 e 1968, chegou a ser convocado para a Seleção Brasileira.

Mas, aos 29 anos, porém, não pôde mais jogar, devido às sequelas de uma fratura de fêmur ocorrida em um grave acidente de automóvel.

Após encerrar a carreira no futebol, também foi radialista e vereador de Porto Alegre pelo MDB, de 1973 a 1982, tendo rejeitado convites da então Arena. Na primeira eleição, recebeu 12.486 votos, sendo o segundo mais votado, atrás somente de Glênio Peres, do mesmo partido.

Entre outras bandeiras, esforçou-se para buscar soluções para o transporte coletivo, tendo como prioridade o bem-estar da população e ainda a economia de combustível, já que, no início dos anos 70, a cidade sofria os efeitos da crise internacional do petróleo.

Foi então que Sadi teve a ideia de propor um projeto de lei criando os táxis-lotação, para oferecer uma opção mais qualificada de transporte e contribuir para a economia de combustível. E ainda o aumento do número mínimo de passagens escolares nos ônibus da Capital.

Os estudantes tinham direito a pagar metade do valor da passagem somente em 50 tíquetes por mês. Para favorecer os alunos, especialmente os mais carentes, Sadi apresentou um projeto para ampliar esse número para 100, sempre que o usuário comprovasse a necessidade de utilizar duas conduções diárias para chegar à escola.

No caso dos que usavam apenas uma condução, a quantidade mínima de passagens escolares foi elevada de 50 para 75, conforme a Lei Municipal 4.683, de 20 de dezembro de 1979, também de sua autoria.

Em 1982, Sadi concorreu a deputado estadual, mas não se elegeu. Então, foi convidado pelo líder da época do PMDB na Câmara, André Forster, a continuar trabalhando no Legislativo de Porto Alegre.

Entre 1983 e 1996, ocupou diversas vezes os cargos de diretor de Patrimônio e Finanças e de diretor geral. O ex-vereador e ex-jogador ainda trabalhou no governo estadual, na gestão de Pedro Simon, como diretor-administrativo da Companhia Riograndense de Telecomunicações (CRT).

Em 2017 Sadi chegou a escrever um livro, uma autobiografia com o título de “Nosso Capitão”. Trata-se de uma obra franca e belamente escrita em suas 222 páginas de texto simples e direto.  A preparação de textos e edição foram do jornalista Paulo César Teixeira.

Conta que os anos 60 foram terríveis para os colorados. O Campeonato Gaúcho era o máximo que Grêmio e Inter podiam aspirar e, entre 1956 e 1968, o Grêmio ganhou todos, à exceção de 1961.

A derrota de 1962 foi especialmente ridícula. Sadi chegou depois disso à titularidade, para ser a estrela de um time que destinava recursos para a construção do Beira-Rio e deixava os investimentos em futebol para um plano secundário.

Lembra que o time nem era tão ruim, mas os dirigentes do futebol faziam coisas espantosas, como deixar Alcindo escapar para o Grêmio?

“Como é que Sérgio Lopes também foi parar no tricolor”, perguntou. E por que contrataram Foguinho para técnico em 68? (É o mesmo que o Grêmio contratar Falcão hoje para dirigir a equipe ou o Inter contratar Renato).

José Alexandre Záchia era tão perdido quanto seus filhos Pedro Paulo e Luiz Fernando, que afundaram novamente o Inter nos anos 90. Ou seja, os dirigentes da época deram enorme contribuição para o adversário.

Tais confusões ficam claras no livro de Sadi, mas jamais pensem que ele grita cada um dos fatos. Não, eles são citados elegante e calmamente pelo Capitão do time. É como se perdoasse.

Menos tranquilas são as referências feitas ao ambiente de sacanagem e politicagem barata da Seleção Brasileira, onde ele se destacou sem ser capitão.

Analisando suas atuações por lá — que foram sempre muito boas –, Sadi é mais explícito e explica o funcionamento dos grupos de cariocas e paulistas e as pressões.

Quando chegou ao futebol mesmo, em 1969, já entendendo de escalações, um pouco de tática e a importância de cada um, Sadi já tinha iniciado a série de lesões que o impediram de ir à Copa de 70.

Já se tornara um lateral mais comedido no ataque, mas mantinha a segurança defensiva. Lembra do seu desespero cada vez que Jorge Andrade era escalado em seu lugar. Lembra também dos gritos da torcida do Grêmio com a finalidade de perturbá-lo.

Gritavam até o nome de sua esposa. E sabia que só os grandes jogadores recebem tal tratamento. Lembra também de vaiar Ronaldinho e outros grandes jogadores do Grêmio. Puro medo, né? Ninguém perde tempo e voz com as ruindades.

Como disse João Saldanha, nos anos 60, o Inter era um time modesto com um grande jogador. Ficou assim até 1968, quando começaram a aparecer Claudiomiro, Bráulio, Sérgio, Valdomiro, etc, e um novo período de glórias chegou.

“Nosso Capitão” dá um belo painel do clube e do Rio Grande daquela época sob a ditadura militar. Também traz fotos e a recordações especialíssimas.

Em 8 de dezembro de 2017, a Câmara Municipal de Porto Alegre organizou uma sessão de autógrafos e exposição de documentos do ex-jogador de futebol e ex-vereador Sadi Schwerdt, no saguão do Plenário Otávio Rocha.

Estiveram presentes familiares do homenageado e vereadores. Foram expostos objetos - como uma chuteira eternizada em bronze -, flâmulas, faixas de campeão de 1969/1970, medalhas, recortes de jornais, documentos, fotos e originais de importantes leis de sua autoria. (Pesquisa: Nilo Dias)


segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

A morte de Roberto Avallone

Morreu na manhã de hoje em decorrência de um infarto agudo do miocárdio, em São Paulo, onde residia, o conhecido jornalista esportivo, Roberto Francisco Avallone, aos 72 anos de idade, completados na última sexta-feira (22).  

Após uma carreira de mais de 50 anos na imprensa esportiva, Avallone morreu por volta das 9 horas, passou mal em casa e chegou a ser atendido por bombeiros e levado ao Hospital Santa Catarina, mas não resistiu. Era paulista da capital, onde nasceu em 22 de fevereiro de 1947.

Formado em Ciências Sociais pela PUC São Paulo, Roberto Avallone começou sua carreira no jornalismo em 1966, quando foi contratado pela versão paulista do jornal “Última Hora”, dirigido por Samuel Wainer.

Em 1967, foi para o “Jornal da Tarde”, onde ficou por 23 anos, 12 deles como chefe de reportagem esportiva. Foi ainda no JT que obteve dois "Prêmios Esso" como chefe da equipe que fez a cobertura das "Copas do Mundo" de 1978, na Argentina, e de 1986, no México.

Em 1984, tornou-se o diretor de esportes da “TV Gazeta”, de São Paulo e, a partir do ano seguinte, passou a apresentar o programa “Mesa Redonda”, sempre com muita irreverência. 

Com matérias investigativas, reportagens, entrevistas e polêmicas, muitas vezes o programa foi líder de audiência, o que começou a chamar a atenção de outras emissoras para esse tipo de atração em suas grades. Cobriu mais outras quatro Copas do Mundo.

Desligou-se da emissora em 2003, quando se mudou para a “RedeTV!”, onde fez o “RedeTV! Esporte” e o “Bola na Rede”, até sair, em 2005. Nesse mesmo ano, foi contratado pela “Rede Bandeirantes de Televisão”. Entre 2005 e meados de 2007, esteve apresentando os programas “Esporte Total” e “Esporte Interativo”, além de participar do “Jornal da Band”.

Também trabalhou nas rádios “Eldorado”, “Jovem Pan”, “Globo”, “Bandeirantes”, “Capital”, “Record” e “BandNews FM”. Apresentou o programa “No Pique”, na “CNT”, de 2009 até 2012. Mantinha um blog em parceria com o “Universo Online”. Em 2015, foi contratado pelo “SporTV”, para debater semanalmente no “Redação SporTV”.

Seu estilo inconfundível criou seguidores, imitadores e fez a festa de programas humorísticos que satirizavam o estilo de programa de debates de futebol do qual Avallone era o maior expoente. Ele não se irritava com isso. Considerava uma homenagem.

Há telespectadores que ainda lembram até de anunciantes do programa por causa da entonação de Avallone. Como uma marca de sapatos em que ele girava o dedo ao falar o texto, como uma aspas, para dizer que os modelos eram "mezzo punto" (meio ponto).

Era anunciante usado pelo próprio Avallone que tinha dedos maiores em um pé do que no outro. Isso fez com que já no período em que trabalhou no “Jornal da Tarde”, na década de 60, fosse chamado de "Dedão". Ele ficava furioso com o apelido.

Tão bravo quanto ficou na briga que teve com o também apresentador Milton Neves, ao vivo, em uma das edições do "Mesa Redonda". Discussão que teve jeito de debate eleitoral, com mediador, réplicas e tréplicas.

O momento entrou para o folclore da TV brasileira porque como aconteceu em 1997, quando a Internet não estava popularizada, a história correu no boca-a-boca. Não foram muitos os que viram as cenas ao vivo. Até que apareceu uma gravação do programa no YouTube. O clipe dura 40 minutos. Avallone e Neves anos depois fizeram as pazes.

Diversos clubes e jornalistas usaram as redes sociais para se despedir de Roberto Avallone, que morreu nesta segunda-feira, 25, vítima de ataque cardíaco, aos 72 anos, em São Paulo. 

Vários deles repetiram seus bordões, como “no pique”, “pitadinha histórica”, o uso do termo “exclamação” e “interrogação” ao final das frases e contaram histórias sobre o ex-apresentador do “Mesa Redonda”, da “TV Gazeta”.

O jornalista Milton Neves foi o primeiro a dar a notícia da morte e postou uma foto com o colega. “Mais um dia triste para o jornalismo brasileiro”, escreveu Milton, que recentemente perdeu outro amigo, Ricardo Boechat. O Palmeiras, clube de coração de Avallone, e os rivais Corinthians, São Paulo e Santos também enviaram notas de pesar.

O Palmeiras publicou uma nota em seu Twitter hoje lamentando a morte do jornalista Roberto Avallone, que era torcedor do clube. Na mensagem, o time alviverde "deseja força aos amigos e familiares do jornalista palmeirense", que tinha 72 anos e sofreu um infarto.

"A Sociedade Esportiva Palmeiras lamenta o falecimento de Roberto Avallone e deseja toda força aos amigos e familiares do jornalista palmeirense", diz a mensagem.

O programa "Redação SporTV", onde recentemente Avallone teve participações, também homenageou o jornalista, levando ao ar um comentário sobre a “Copa Rio” de 1951 na qual o Palmeiras se sagrou campeão.  (Pesquisa: Nilo Dias)


segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Um goleador insaciável

Gabriel Omar Batistuta, chamado de “Batigol”, se consagrou como um dos melhores e mais letais atacantes que o mundo do futebol já conheceu.

O craque argentino nasceu em Avellaneda, uma pequena cidade na Província de Santa Fé, no dia 1 de fevereiro de 1969. Quando tinha seis anos, sua família, composta de gente simples e ligada ao campo, mudou-se para à vizinha cidade de Reconquista. Seu pai era operário, trabalhava em um frigorífico, enquanto a mãe era secretária de uma escola.

Quando garoto Batistuta até batia uma bola com amigos, mas o futebol não era exatamente o seu esporte predileto. Nunca havia pensado em ser jogador de futebol profissional e dava mais valor aos estudos.

Tinha pretensões de um dia se tornar mecânico de automóveis e ter sua própria oficina. Chegou até mesmo a ingressar em uma escola técnica, mas não concluiu a formação.

A bola logo entrou em sua vida. Mas não foi no futebol. Os primeiros esportes que Batistuta levou a sério foram, curiosamente, o vôlei e principalmente o basquete, por causa da sua elevada altura.

O interesse pelo futebol veio às vésperas da Copa do Mundo de 1986. Um amigo lhe presenteou com um poster de Diego Maradona publicado pela revista “El Gráfico”. Foi o suficiente para atiçar a ambição do adolescente, que já se encantara com Mario Kempes em 1978.

A partir de então, nasceria um goleador insaciável. Em 1988, com 17 anos de idade, ele se tornou jogador de futebol. Mas não pensem que foi fácil. O tipo físico parecia não ajudar. Embora fosse alto, era um tanto quanto rechonchudo.

Por isso ganhou dos companheiros o apelido de “Gordo”. Por sorte, isso não foi problema.  Começou a despontar em competições estudantis, até se juntar ao amador “Grupo Alegria”, um clube de bairro.

Defendeu ainda o Platense, onde jogou por dois anos, até chamar atenção do Newell’s Old Boys. Mas estourou mesmo, quando passou a ser convocado para uma seleção local de Reconquista.

O time surpreendeu no campeonato regional. As atuações de Batistuta agradaram a Jorge Griffa, antigo ídolo do Newell’s Ols Boys, que lhe fez uma oferta para jogar no clube, embora não parecesse um jogador, por ser grandalhão, não saber cabecear e não ter físico de atleta. Mas quando chutava a bola, ela podia ir a qualquer lugar.

O aspirante a mecânico aceitou a proposta do Newell’s. Mas sofreu em seus primeiros meses em Rosário, morando no alojamento sob as arquibancadas do “Coloso del Parque” e com a dureza dos treinamentos.

Sentiu saudades da família e da cidade onde morava. Pensou até em voltar para casa, mas acabou impedido por seu pai, Osmar Batistuta que nunca gostou de futebol e desejava que o filho continuasse os estudos.

Mas tinha dado sua palavra a Griffa de que o garoto experimentaria o futebol por um ano. Compromisso mantido. E o menino começou a deslanchar, ganhando um importante aliado: Marcelo Bielsa, seu treinador nos juvenis.

“El Loco” foi fundamental também por ajudar Batistuta a emagrecer. Intensificou os treinos físicos, apertou a dieta. A comida era regulada. O excesso de peso logo se foi e o camisa 9 voou baixo. Retribuía Bielsa com gols, enquanto o treinador o premiava com alfajores.

Após passar pelo time reserva do Newell’s, Batistuta estreou pela equipe principal em 1988, aos 19 anos. Era uma indicação de Bielsa ao técnico José Yudica.

E, de algumas aparições no Campeonato Argentino, o prodígio não demorou a ser chamado para disputar a Libertadores. O Newell’s era o campeão argentino e havia alcançado as semifinais, na qual enfrentaria o San Lorenzo.

Pois foi justamente nesse jogo, com vitória do Newell’s por 2 X 1, que Bati fez o seu primeiro gol como profissional. Batistuta atraiu a atenção de outros clubes. No início de 1989, ele jogou o “Torneio de Viareggio”, tradicional competição de base, emprestado ao Deportivo Italiano.

Mas quem o contratou foi o River Plate. Estreou pelo clube na “Liguilla”, um mini-torneio que valia vaga na Libertadores. Logo de cara, anotou um lindo gol na decisão contra o San Lorenzo.

Pena que a primeira impressão não se confirmou. A sequência não se manteve e o jovem centroavante acabou dispensado quando Daniel Passarella chegou ao comando do time.

Do River para o Boca Juniors. O chute potente seguia como a sua grande arma, mas ele passou a aliar explosão e muita inteligência na movimentação. E acabou virando “Batigol” ma Bombonera. Formou uma dupla infernal com Diego Latorre, seu amigo também fora da cancha.

O primeiro grande ano da carreira de Batistuta aconteceu em 1991. O centroavante gastou a bola na Libertadores. Sua grande exibição na fase de grupos aconteceu em pleno Monumental. Anotou dois gols contra o River Plate e contribuiu para à eliminação precoce dos rivais.

Depois, se tornou o pesadelo dos brasileiros nos mata-matas. Foram dois gols na vitória sobre o Corinthians na “Bombonera”, pelas oitavas de final; e um em cada jogo diante do Flamengo, pelas quartas.

Nas semifinais, porém, sucumbiriam ao Colo-Colo, em duelos tumultuados.

A estreia de Batistuta pela seleção argentina aconteceu em junho de 1991. Foi titular durante o amistoso contra o Brasil, no “Pinheirão”,  empate por 1 X 1. Na “Copa América” “Batigol” fez dois nos 3 X 0 sobre a Venezuela.

Em batalha tensa contra o Chile na etapa seguinte, ajudou a calar o “Estádio Nacional de Santiago”, ao garantir o triunfo por 1 X 0. E encerrou a fase de grupos marcando mais um na goleada sobre o Paraguai.

Os seis gols o botaram na artilharia. Pela primeira vez desde a década de 1950, a Argentina conquistava a Copa América.

Se transferiu para à Fiorentina. Batistuta demorou a engrenar no clube, não tendo um começo de temporada fácil. Sebastião Lazaroni era o técnico e foi demitido logo na quinta rodada, diante dos maus resultados.

No segundo ano na Fiorentina, anotou 16 gols em 32 partidas, com atuações decisivas. O problema é que a Fiorentina, após almejar as copas europeias no primeiro turno, despencou a partir de janeiro e terminou rebaixada na equilibrada Serie A 1992/93.

Bati teve propostas polpudas para a sequência de sua carreira, inclusive do Real Madrid. Recusou e se comprometeu a colocar o time de volta na elite do Calcio. Na temporada 1993/94, ajudou a reerguer os “violetas”, que voltaram a Série A.

Já pela Seleção Argentina, em 1992, faturou a “Copa Rei Fahd”, protótipo da “Copa das Confederações”. Também ganhou a “Copa Artemio Franchi”, torneio intercontinental contra o vencedor da Eurocopa, a Dinamarca. E o bi da “Copa América” se consumou em 1993.

Ao longo de 1993, Batistuta não escapou do fiasco protagonizado pela Argentina nas Eliminatórias da Copa. Anotou dois gols, em duas vitórias sobre o Peru, mas também estava em campo nos históricos 5 X 0 da Colômbia em Núñez.

A Albiceleste teve que jogar a repescagem. A vitória de 1 X 0 sobre a Austrália, garantiu os argentinos no Mundial dos Estados Unidos.

Já em sua terceira e última participação na “Copa América”, em 1995, Batistuta fez mais quatro gols em quatro jogos, até a eliminação para o Brasil nas quartas de final.

Chegou mais leve à Copa do Mundo e cotado como um dos nomes a ser observado nos EUA, aos 25 anos. A goleada por 4 X 0 sobre a Grécia, na estreia, teve três gols de Batistuta e um de Maradona.

O centroavante passou em branco contra Nigéria e Bulgária e fez mais um no jogo contra a Romênia, sem evitar a queda nas oitavas de final do Mundial.

Na volta ao Campeonato Italiano Bati anotou 13 gols nas 11 primeiras rodadas e terminou como artilheiro da competição, somando 26 gols. A Fiorentina, contudo, despencou e acabou em 10°.

Batistuta terminou a Serie A 1995/96 com 19 gols e a Fiorentina, que ocupou a vice-liderança em parte do segundo turno, encerrou a campanha no honroso quinto lugar.

Depois o time conquistou a Copa da Itália, após um jejum de 21 anos. Batigol, obviamente, foi vital à façanha.

Raras foram as aparições de Batistuta nas competições europeias com a camisa da Fiorentina. Disputou uma edição da Champions, uma da Recopa e uma da Copa da Uefa.

Em Florença, diziam que Batistuta ganharia as eleições para prefeito se quisesse concorrer. Após completar 100 jogos com a camisa da Viola na Serie A, virou estátua de bronze diante das arquibancadas do Artemio Franchi.

O Manchester United quis contratá-lo na intertemporada de 1998. O clube inglês fez uma proposta de US$ 44 milhões pelo matador, um recorde para a época. Mas Batistuta não aceitou.

Apesar do sucesso na Fiorentina, Batistuta não sustentou a mesma importância na seleção argentina às vésperas da Copa de 1998. Até marcou três gols nas Eliminatórias, mas terminou a caminhada preterido por Hernán Crespo.

Daniel Passarella, outra vez, surgiu no caminho do artilheiro. Ainda assim, ele fez uma ótima sequência de amistosos às vésperas do Mundial e assumiu a titularidade na França. Anotou o gol da vitória sobre o Japão na estreia e, contra a Jamaica, balançou as redes três vezes.

Às vésperas de completar 32 anos, o craque deixou  a cidade e a torcida que amava. Pedido direto do técnico Fabio Capello, a Roma pagou uma fortuna pelo artilheiro. Virou a terceira maior contratação da história naquele momento.

Cumpriu o seu trabalho, anotando os tentos necessários para a conquista do almejado Scudetto. Foram 20 gols em 28 partidas, artilheiro do time e quarto na lista geral do campeonato.

Batistuta esteve distante de causar o mesmo impacto nas temporadas seguintes pela Roma. Anotou apenas seis gols na Serie A 2001/02. Se não podia sair às ruas antes, pelo fanatismo dos romanistas pedindo autógrafos, agora evitava o público pelas cobranças pesadas.

E, pior, os seus tornozelos o martirizavam pelas dores constantes. Ficou apenas mais meio ano na capital. Às vésperas de completar 34 anos, chegou à Internazionale como uma aposta para preencher a lacuna deixada por Ronaldo, vendido ao Real Madrid meses antes.

Ao longo do empréstimo, anotou apenas dois gols pelo Campeonato Italiano e mal deixou lembranças.

Na campanha das Eliminatórias ao Mundial de 2002, o centroavante esteve em campo cinco vezes e fez cinco gols. Já no Japão, o velho artilheiro tomou a posição e garantiu a única vitória, com o gol de cabeça que consumou o triunfo por 1 X 0 sobre a Nigéria.

As limitações físicas levaram Batistuta a deixar o futebol italiano em 2003. Assumiu que suas condições não permitiam atuar em alto nível e, aos 34 anos, aceitou a proposta do Al-Arabi, interessado em absorver uma nova cultura.

Disputou apenas uma temporada completa no Campeonato Catariano. Faturou a artilharia da competição com 25 gols, sete a mais que o segundo maior goleador, e anotados em apenas 18 jogos. Praticamente um ponto final, considerando que somou apenas mais três jogos na temporada seguinte, antes de pendurar as chuteiras, vencido pelas lesões.

Ao longo de sua carreira, Batistuta se mostrou um artilheiro explosivo. Contudo, a personalidade séria se refletiu em sua trajetória longe do futebol.

Chegou a morar por dois anos na Austrália, antes de se refugiar novamente no interior da Argentina, perto dos campos onde cresceu, levando uma vida simples.

Trabalhou brevemente como dirigente no Colón e fez a formação para ser técnico, mas suas aparições ligadas ao futebol foram esporádicas.

A eliminação contra a Suécia em 2002 foi o último jogo de Batistuta pela seleção argentina. Anotou 54 gols em 77 partidas. Ainda em 1998, ultrapassou Maradona como maior artilheiro da seleção. Além disso, permanece como maior goleador do país em Copas do Mundo, com 10 tentos no total.

Perdeu seu trono apenas no número absoluto, com Lionel Messi demorando 111 partidas para igualar as suas 54 bolas nas redes em 2016. Diante do novo rei, “Batigol” afirmou: “Honestamente, não fiquei muito bravo. Mas o que ainda posso dizer é que estou em segundo lugar, atrás de um extraterrestre”.

Ao longo dos últimos anos, Batistuta retornou a Florença para receber diferentes homenagens. Em 2006, ele pegou as chaves da cidade. Já o maior tributo aconteceu dez anos depois, em 2016, quando foi condecorado como cidadão honorário. (Pesquisa: Nilo Dias)


terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

A morte de uma lenda do futebol

Morreu ontem (11/02) em sua residência, enquanto dormia, o ex-goleiro inglês Gordon Banks, lenda do futebol e campeão do mundo com a Inglaterra em 1966. Nascido em Sheffield, no dia 30 de dezembro de 1937, Banks estava com 81 anos de idade.

O Stoke City, clube pelo qual o ex-goleiro jogou, confirmou o óbito e emitiu um comunicado. "É com grande tristeza que anunciamos que Gordon faleceu pacificamente da noite para o dia. Estamos devastados por perdê-lo, mas temos tantas lembranças felizes e não poderíamos ter mais orgulho dele. Pedimos que a privacidade da família seja respeitada neste momento", diz o clube.

Banks nasceu em Sheffield, mas ainda na infância se mudou com a família para Catcliffe, local que marcou uma tragédia para a sua família, pois seu pai abriu uma casa de apostas que custou a vida de seu irmão, morto em um assalto.

Revoltado, Banks deixou a escola em 1952 e passou a trabalhar em diversas atividades. Paralelo a isso, jogava peladas com os colegas na equipe amadora de Millspaugh.

Tempos depois ele tentou a sorte no Rawmarsh Welfare, mas sem sucesso. Só em 1956, já com quase 19 anos, que Banks conseguiu a grande chance de sua carreira ao ganhar a confiança de Teddy Davison, que o levou ao pequenino Chesterfield, onde pouco jogou, mas despertou o interesse do técnico do Leicester City que o levou para "East Midlands".

Em sua carreira por clubes ingleses jogou no Chesterfield, Leicester e Stoke City, tendo sido campeão por duas vezes da "Copa da Inglaterra".

Defendeu o “English Team” por 73 vezes entre 1963 e 1972, sendo uma das peças fundamentais na conquista da "Copa do Mundo" de 1966 pelo seu país.

O mais célebre momento de sua carreira foi na Copa de 1970, defendendo uma cabeçada de Pelé (o lance ficou eternizado como “A Defesa do Século”).

Em 1963, depois do então goleiro titular Springett ter levado cinco gols da França, Alf Ramsey colocou Banks em seu lugar. O goleiro estreou na derrota de 2 X 1 para a Escócia em abril de 1963.

Em maio teve boa atuação contra o Brasil, no empate por 1 X 1 num amistoso, rendendo-lhe a efetivação na posição. Na Copa de 1966, Banks deu ainda mais segurança a uma defesa que já era sólida, sofrendo o primeiro gol apenas na semifinal, num pênalti cobrado por Eusébio, da Seleção Portuguesa, em partida terminada em 2 X 1.

Na final, não teve responsabilidade nos dois gols da Alemanha e sagrou-se campeão com a vitória por 4 X 2. Na Copa de 1970 ele estava em melhor fase, mas na partida contra a Alemanha não pôde jogar, após sofrer um desarranjo intestinal ao beber uma cerveja mexicana que é apelidada de "Vingança de Montezuma", no México.

Em 1972, um acidente automobilístico o fez perder parte da visão de um olho, obrigando-o a encerrar prematuramente sua participação na “Three Lions”. Ainda assim jogou pelo Fort Lauderdale Strikers, dos Estados Unidos.

Em 2000, pouco antes do início da demolição do "Estádio de Wembley" original, Banks e Pelé foram ao gramado para uma simbólica cobrança de pênaltis. (Pelé nunca havia marcado naquele estádio). Trajados formalmente, Pelé chutou, e elegantemente Banks deixou a bola passar.

Em 2005 ele retirou um dos rins devido a um tumor. Em 2015 anunciou que o outro rim foi diagnosticado com um novo tumor.

Em 7 de junho de 1970, Brasil e Inglaterra se enfrentaram pelo Grupo 3, na Copa do Mundo do México, em partida realizada no “Estádio Jalisco”, de Guadalajara. 

Na jogada mais importante da partida, Jairzinho entrou pela direita, driblou o zagueiro inglês e, na linha de fundo da grande área, cruzou a bola para Pelé, que saltou por trás do defensor, quase parando no ar por instantes, e cabeceou forte, no canto.

Pelé chegou a levantar os braços para comemorar o gol, assim como Tostão, mas o mundo assistiu à espetacular defesa do goleiro Gordon Banks. 

Apesar da plasticidade da defesa e seu reconhecimento mundial, Banks diz que não foi sua melhor defesa, lembrando de um pênalti de Geoff Hurst, do West Ham, contra seu clube, o Stoke City, em uma semifinal da "Copa da Inglaterra" de 1972, defendido por ele. A partida foi em 15 de dezembro de 1971, e terminou empatada em 1 X 1.

Títulos conquistados. Stoke City: Copa da Liga Inglesa (1972); Seleção: Copa do Mundo FIFA com a Seleção da Inglaterra (1966). Leicester City: Copa da Liga Inglesa (1964).

Prêmios Individuais: “Goleiro do Ano” pela FIFA em 1966, 1967, 1968, 1969, 1970 e 1971; eleito para o “All-Star Team” da Copa do Mundo FIFA de 1966; esportista do Ano pelo “Daily Express” em 1971 e 1972; eleito um dos 1000 Maiores Esportistas do Século XX pelo jornal “The Sunday Times”; eleito o 21º Maior Jogador do Século XX pela revista “Placar” em 1999; eleito o 2º Maior Goleiro do Século XX pela IFFHS; eleito o 14º Maior Jogador da História das Copas pela revista “Placar” em 2006.

Em 2004 a FIFA divulgou uma lista elaborada com a supervisão de Pelé, onde figuram os 125 maiores jogadores dos primeiros 100 anos da entidade, e Gordon Banks está presente na lista. Em maio de 2015 Banks recebeu como homenagem do “Stoke City”, uma estátua de bronze em frente ao “Estádio Britannia”. (Pesquisa: Nilo Dias)

Á espetacular defesa de Banks, na cabeçada de Pelé, na Copa do Mundo de 1970. 

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Dois clubes que valorizam mulheres

Atlético Mineiro e Danúbio, do Uruguai, decidem amanhã a noite (12), 19h30min, no Estádio Independência, em Belo Horizonte, quem avança para a etapa seguinte classificatória para a fase de grupos da Copa Libertadores da América.

O Atlético leva a vantagem de poder empatar em 0 X 0 e 1 X 1 para seguir adiante, pois no jogo de ida, em Montevidéu, empatou em 2 X 2.

Antes do confronto, um fato interessante chama a atenção e até serviu de matéria especial do jornalista Thiago Madureira, para o site Super Esportes: Os dois clubes valorizam mulheres como símbolos. As histórias de Alice Neves e María Lazaroff.

Tanto Atlético quanto Danúbio tiveram em seus primórdios a presença feminina, o que sem dúvida significa um importante elo entre eles.

Ninguém desconhece que o ambiente futebolístico é machista, por isso chama atenção o fato de duas mulheres terem contribuído para o crescimento des dois clubes do Brasil e Uruguai.

No Atlético, a senhora Alice Neves, mãe de Mário Neves, um dos fundadores do clube, foi a primeira grande atleticana da história. E María Mincheff de Lazaroff foi quem deu o nome de Danubio ao clube, além de ser mãe de alguns dos precursores da equipe.

Mesmo em um esporte dominado pelos homens, as mulheres foram atraídas e demonstraram paixão pelo futebol ainda no início do século XX.

É claro que elas não entravam em campo e nem jogavam, ficavam distantes da bola, pois o futebol naqueles distantes tempos era praticado somente pelos homens. Mas els assistiam os jogos, gostavam do esporte e ajudavam como podiam nos bastidores.

O trabalho de mestrado do historiador Raphael Rajão Ribeiro, pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) conta como foram os primeiros anos do futebol em Belo Horizonte, que fora recém-fundada (1897).

Esses foram os anos vividos por Alice e outras mulheres que ajudaram a escrever a história do Atlético, clube que foi fundado em 1908.

Como se percebe, o futebol no Atlético, desde seus primeiros tempos, teve a capacidade de atrair a presença feminina, mesmo que a sociedade ainda fosse marcada pelo machismo.

Apesar do ambiente não muito propicio às mulheres, o afeto familiar possibilitava a frequência das meninas e das mulheres, assim como suas participações na vida dos clubes.

Dona Alice, aproveitando o fato de ser mãe de um dos fundadores do clube, Mário Neves, teve nas mãos a tarefa de organizar a primeira torcida feminina do Atlético.

Essa história pode ser encontrada com detalhes no site do clube. Senão, vejamos: "A primeira torcida organizada que se conhece foi fundada em Belo Horizonte, ainda em meados da década de 1920.

Dona Alice Neves, mãe de Mário Neves, um dos fundadores do clube, uniformizava e costurava bandeirinhas para que a equipe de futebol contasse com o apoio da sua torcida feminina”.

Na inauguração do “Estádio Antônio Carlos”, em 1929, o hino original do Atlético foi cantado pela primeira vez. 

A participação destacada de dona Alice Neves na fundação do clube, é contada pelo escritor Ricardo Galuppo, no livro "Raça e amor: a saga do Clube Atlético Mineiro vista da arquibancada".

Mário Neves não foi apenas um dos fundadores do Atlético. Desde o inicio mostrou interesse para que a ideia vingasse. Tanto é verdade, que depois da reunião inaugural, os encontros de atleticanos passaram a ocorrer na casa dele, na rua dos Guajajaras, 317, no quarteirão entre a avenida João Pinheiro e a rua da Bahia.

Graças a essas reuniões na sua casa é que Alice Neves teve a chance de entrar definitivamente na vida do clube. Sem ela, o sonho da rapaziada dificilmente teria ido adiante, ressalta Galuppo, no livro.

Ela era conhecida como Dona Alice, e desde cedo foi tratada como a madrinha, visto que “fabricou” o primeiro uniforme e a primeira bandeira do Atlético.

O livro de Galuppo conta que o Atlético foi o primeiro clube brasileiro a ter uma torcida organizada e quem a criou foi Dona Alice, ainda no início do século XX.

Alice costumava ir de casa em casa pedir autorização aos pais para que permitissem as suas filhas, algumas delas, irmãs dos próprios fundadores, integrarem o grupo. E nesse trabalho conseguiu reunir 50 moças.

Já a importância de María Mincheff de Lazaroff ao Danubio foi tão grande, que o estádio do clube leva o seu nome. Essa história teve inicio quando ela deixou a Bulgária e chegou ao Uruguai na tentativa de uma vida melhor, nas primeiras décadas do século XX.

Era mãe de três filhos, Miguel, Juan e Apostol, que não demoraram a fazer amizades e jogarem em um time de futebol chamado “Tigre”, na região de Curva de Maroñas, em Montevidéu, onde moravam.

Mas nenhum deles simpatizou com o nome do time. Em vista disso resolveram marcar uma reunião que aconteceu na casa da mãe deles, Maria, para a esolha de um outro nome.

Bulgara que era, dona Maria quis homenagear sua terra com o nome de Maritza, um rio que corta Grécia, Bulgária e Turquia. Era onde ela lavava roupas na infância.

Por sorte, o nome não foi aceito, até porque parecia muito feminino para um time de homens. Maria, que era fascinada por rios insistiu, mas agora com outra ideia: Danubio.

Danubio é o segundo maior rio da Europa em extensão, atrás apenas do Volga. A nascente se localiza na Floresta Negra, na Alemanha.

O encontro com o mar ocorre na Romênia. Ao todo, o rio corta dez países. O nome foi aprovado sem nenhuma objeção.

Passaram-se muitos anos. Em maio de 2017, veio a homenagem. Em uma assembleia extraordinária, os sócios decidiram rebatizar o nome do estádio para “Jardines del Hipódromo - María Mincheff de Lazaroff”. Este é o primeiro estádio com nome de mulher no futebol uruguaio e um dos raros no mundo.

No Brasil apenas seis estádios tem nomes de mulheres:

Estádio Municipal Maria de Lourdes Abadia (Abadião), em Ceilândia (DF), homenagem a ex-administradora da cidade.

Estádio Maria Lamas Farache (Frasqueirão), em Natal (RN), pertencente ao ABC. A homenageada, junto de seu marido Vicente Farache, são considerados dois esteios da história abecedista.

Vicente foi ponta direito na primeira conquista estadual, mas anos depois se aposentou e assumiu um posto de dirigente e sua mulher incorporou o ABC a sua vida, também.

Estádio Municipal Maria Tereza Breda, em Olímpia (SP). O benfeitor das obras do estádio foi Natal Breda, que em troca do custeio solicitou que o estádio deveria ter o nome de sua esposa, Maria Tereza.

Estádio Otacília Patrício Arroyo, em Monte Azul Paulista (SP), pertencente ao Atlético Monte Azul. O estádio já foi chamado de “Ninho do Azulão”, mas em 2010, o presidente do clube, Ricardo Céster Arroyo, propôs a mudança para homenagear sua avó que havia morrido com 100 anos de idade em 2005.

A família Arroyo foi responsável pela doação das terras onde o estádio está localizado.

Estádio Municipal Flávia Blante de Oliveira (Bacurauzão), em Manicoré (AM). Dos estádios listados é o único que não consta no CNEF. Não foram encontradas informações sobre quem é a homenageada.

Estádio Emília Mendes Rodrigues (Ninho da Águia), em Imbituba (SC), pertencente ao Imbituba Futebol Clube. Emília é mãe de Roberto Rodrigues, empresário que fundou a equipe em 2009. 

O clube, aliás, em seu primeiro ano de atividade fez uma parceria com o CFZ, nome no qual foi incorporado. O estádio também não está listado no CNEF, mas deve voltar a receber partidas nesse ano com a volta do clube para a disputa da terceira divisão. (Pesquisa: Nilo Dias)


quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

A morte do "Pantera Negra"

Morreu hoje (6/1) o ex-goleiro Jairo Nascimento, conhecido como “Pantera Negra” ou “Muralha de Ébano”, que alcançou fama defendendo as metas de Corinthians e Coritiba e teve uma passagem pela Seleção Brasileira. Ele lutava contra um tipo raro de câncer no rim.

Seu corpo está sendo velado na 3ª Igreja do Evangelho Quadrangular (IEQ), no bairro Água Verde, em Curitiba, e seu enterro será nesta quinta-feira, às 15 horas, no Cemitério Vertical, na capital paranaense.

Devido os altos custos dos medicamentos que o ex-jogador vinha tomando, R$ 300.00 por dia, a família chegou a lançar a campanha "Defenda o Jairo", que sensibilizou atletas e os próprios Corinthians e Coritiba, que passaram a enviar os medicamentos para o tratamento.   

Jairo estava internado desde o dia 23 de janeiro no “Hospital Erasto Gaertner”, em Curitiba, onde residia com a família.

Natural de Joinville (SC), Jairo foi revelado pelo time de sua cidade, o Caxias. O goleiro se destacou nacionalmente pelo Fluminense, onde faturou dois Estaduais e o “Robertão” - Campeonato Brasileiro de 1970.

Transferido para o Coritiba, ele venceu cinco Estaduais e o Brasileiro de 1985. Além dos títulos, ficou marcado por ter alcançado o recorde, então nacional e do clube até hoje, de 933 minutos sem sofrer gols.

A marca foi superada pelo próprio Jairo quando ele defendia o Corinthians, com 1.132 minutos sem levar gols no ano de 1978. No time paulista, ele foi o titular na segunda partida da final do Paulistão de 1977, quando o clube encerrou uma “fila” de 22 anos sem troféus.

O Corinthians havia sido campeão pela última vez em 1954. Ele também foi campeão paulista em 1979 pelo “Timão”, clube que defendeu em 189 partidas entre 1977 e 1980, tendo sofrido 146 gols.

Quando ainda atuava pelo Coritiba, Jairo chegou a ser convocado para a seleção, mas não teve atuação de destaque. Ele deixou os gramados em 1989.

Em situações como a de Jairo, em que a vida estava em jogo, às rivalidades no futebol desaparecem. No final do ano passado o goleiro Fernando Prass, do Palmeiras, maior rival do Corinthians, se uniu a batalha travada por Jairo, doando uma camisa autografada para ser leiloada.

O dinheiro arrecadado com o leilão foi utilizado pela família para ajudar a bancar o custo alto do tratamento do câncer do goleiro com mais minutos sem sofrer gols na história do Campeonato Brasileiro.

O Corinthians se manifestou pelas redes sociais, lamentando a morte de seu ex-atleta: “Obrigado por ter honrado o manto alvinegro, Jairo! Muita força à família e aos amigos. Descanse em paz”.

Embora tenha tido sucesso no Corinthians, foi no Coritiba que Jairo alcançou os melhores momentos de sua carreira. Ele esteve por duas vezes no clube, entre 1972 e 1976 e entre 1982 e 1987, tornando-se o jogador que mais vestiu a camisa alviverde na história, com 410 jogos. No “Coxa” foi campeão paranaense e brasileiro.

O Coritiba postou uma publicação nas redes sociais lamentando a morte de Jairo, ao mesmo tempo que exaltou o seu legado no clube. “Faleceu hoje Jairo. Foi quem mais vestiu a nossa camisa, com 410 jogos. Campeão estadual, campeão do "Torneio do Povo" e "Campeão Brasileiro". Todos nossos sentimentos para família, amigos e torcedores. Jairo marcou e sempre será lembrado na nossa história. Descanse em paz, Jairo”.

Jairo jogou ainda pelo América Mineiro, em 1988, O clube publicou nota nas redes sociais lamentando o seu falecimento:  “Que notícia triste. Além de ídolo no Coritiba, Jairo também defendeu brilhantemente o "Coelhão" no fim da década de 80. Nossos sentimentos à família e aos amigos. Descanse em paz, Jairo!”.

O goleiro também defendeu o Náutico, de Recife.  Atualmente ele era treinador na escolinha de futebol do Centro Educacional Araucária (CEAR), mantido pela Igreja Quadrangular. (Pesquisa: Nilo Dias)