No
momento em que a Seleção Brasileira de Futebol começa a chamada “2ª Era Dunga”,
muitas vozes se levantaram sugerindo a contratação de um treinador estrangeiro.
Se isso tivesse realmente ocorrido, não seria a primeira vez que um
profissional de outro país dirigiria o scratch nacional.
Em
1944 o português Jorge Gomes de Lima, o “Joreca” fez parte da Comissão Técnica
da seleção Brasileira, ao lado de Flávio Costa, em dois jogos frente o Uruguai.
Foi o primeiro estrangeiro a comandar o time nacional. No dia 14 de maio, em São
Januário, os brasileiros venceram por 6 X 1 e três dias depois, no Pacaembu,
nova goleada, 4 X 1.
Jorge
Gomes de Lima, o “Joreca”, nasceu em Lisboa, Portugal, no dia 7 de Janeiro de
1904 e faleceu em São Paulo, no dia 5 de Dezembro de 1949, vitima de um ataque
cardíaco.
Foi
técnico de futebol, funcionário da Federação Paulista, jornalista, árbitro e
até “boxeur”, com duas vitórias em dois combates. Sua carreira foi quase toda
no Brasil, onde treinou o São Paulo, alcançando três campeonatos paulistas na
década de 1940 e o Corinthians, sem muito sucesso.
“Joreca”
era um sujeito daqueles que se costuma chamar de “bonachão”. Gostava de
charutos cubanos e de contar histórias. Formou-se na Escola de Educação Física
do Estado de São Paulo, no inicio da década de 1940, e começou a carreira de
treinador na Seleção Paulista de Amadores.
Era
conhecido por “Português”. Como árbitro dirigiu o jogo de estréia de Leônidas
da Silva pelo São Paulo, frente o Corinthians, em 24 de maio de 1942, com 70
mil pessoas no Pacaembu. O jogo terminou empatado em 3 X 3.
No
ano seguinte foi treinar o São Paulo, substituindo o uruguaio Conrado Ross.
Estreou com uma vitória contra a Portuguesa Santista por 6 X 1. “Joreca” comandou
o tricolor paulista durante 166 jogos, com 109 vitórias, 31 empates e 26
derrotas. Foi campeão paulista em 1943, 1945 e 1946.
O
primeiro título de “Joreca” ficou conhecido como o “Da moeda em pé”.
Palmeirenses e corinthianos, que dominavam o futebol paulista na época, diziam
que o São Paulo só seria campeão se fosse lançada uma moeda ao ar e esta caísse
de pé. Depois do jogo, a equipe campeã desfilou pelas ruas da cidade num carro
alegórico exibindo uma moeda em pé
Em
1949 foi contratado pelo Corinthians, tendo ficado 52 partidas a frente do
elenco alvi-negro, com 28 vitórias, 10 empates e 14 derrotas, 139 gols marcados
e 89 sofridos. No seu primeiro jogo no Corinthians, "Joreca" não ficou no banco,
embora tenha orientado e dado a preleção aos jogadores.
O
jogo foi contra o Torino, da Itália, no Pacaembu, em 21 de julho de 1948.
“Joreca” não ficou no banco porque o clube ainda não havia oficializado sua
contratação e o trio Cláudio, Hélio e Servílio acabou liderando a equipe
contra o tetracampeão italiano.
Foi
o primeiro treinador de Baltazar e ajudou a criar a figura do «cabecinha de
ouro», obrigando o atacante a melhorar o jogo aéreo. Baltazar marcou 71 gols de
cabeça, foi o segundo maior goleador da história do Corinthians. O português
faleceu no final de 1949, vítima de um ataque cardíaco. Já deixara a sua marca.
Começou a carreira de
treinador em 1948, quando dirigiu o Independiente, de Rivadávia
(Argentina).Depois treinou o Cruzeiro, de Belo horizonte, em dois períodos
diferentes; Guarani, de Campinas (SP); Jabaquara, de Santos (SP), por quatro
períodos diferentes); América, de São José do Rio Preto (SP), em dois períodos
diferentes; Portuguesa Santista, de Santos (SP), em três períodos diferentes;
Vasco da Gama, do Rio de Janeiro; Leixões, de Portugal, em três períodos
diferentes; Vitória, de Setúbal, Portugal; Palmeiras, de São Paulo, em três
períodos diferentes; XV de Novembro, de Piracicaba (SP); Corinthians Paulista,
em dois períodos diferentes; Galicia, da Bahia; Portuguesa de Desportos, de São
Paulo; Coritiba; Paulista, de Jundiaí (SP); San Martin, da Argentina; Veles
Sarfield, da Argentina; Uberaba, de Uberaba (MG); Badajóz, da Espanha; São Bento,
de Sorocaba (SP); Monterrey, do México; São José, de São José dos Campos (SP),
em dois períodos diferentes; Botafogo, da Paraíba; Araçatuba, de Araçatuba (SP);
Francana, de Franca (SP); Internacional, de Limeira (SP); Sport, de Recife;
Mogi Mirim, de Mogi Mirim (SP) e Fabril, de Lavras (MG).
O
outro estrangeiro que treinou a Seleção Brasileira foi Nélson Ernesto Filpo
Núñez , ou simplesmente Filpo Nuñez, argentino de Buenos Aires, nascido em 19
de agosto de 1920 e falecido em São Paulo, no dia 6 de março de 1999, aos 78 anos.
Como
jogador de futebol defendeu as equipes do Estudiantil Porteño, onde começou a
carreira, em 1935, e posteriormente no Acassuso, ambos times argentinos.
Apelidado
de “El Bandonéón”, teve importante passagem pelo futebol brasileiro, entrando
para a história como o treinador-símbolo da "Academia", como foi
chamada a Sociedade Esportiva Palmeiras nos Anos 60 . Foi o técnico da equipe
quando o Palmeiras, vestindo a camisa da Seleção Brasileira, venceu a Seleção
do Uruguai por 3 X 0.
Em
seus primeiros anos, a Seleção Brasileira foi dirigida por uma comissão
técnica, sendo um jogador dentro do campo, o capitão, responsável pela equipe.
Abaixo, ano a ano, todos os treinadores da Seleção Brasileira.
1914,
Rubens Salles e Silvio Lagreca, capitão da equipe; 1915, não houve jogos; 1916,
Benedito Montenegro, Joaquim Ribeiro, Mário Cardim e Silvio Lagreca, capitão;
1917, Chico Netto, capitão, Mário Pollo e R. Cristófaro; 1918, Amílcar Barbuy,
capitão, Afonso de Castro e Ferreira Netto; 1919,
Affonso de Castro, Amílcar Barbuy, Arnaldo da Silveira, capitão, Ferreira Netto
e Mário Pollo; 1920, Fortes, capitão e Oswaldo Gomes; 1921, Ferreira Netto;
1922, Amílcar Barbuy, capitão, Célio de Barros e Ferreira Netto; 1922, Clodô,
capitão e Ferreira Netto; 1923, Chico Netto; 1924, não houve partidas; 1925,
Joaquim Guimarães; 1926–1927, não houve partidas; 1928–1929, Laís; 1930,
Píndaro de Carvalho; 1931–1932, Luís Vinhaes; 1933, não houve partidas; 1934,
Luís Vinhaes e Armindo Nobs Ferreira; 1935, Armindo Nobs Ferreira; 1936–1938,
Ademar Pimenta; 1939, Carlos Nascimento; 1940, Silvio Lagreca e Jayme
Barcellos; 1941, não houve partidas; 1942, Ademar Pimenta; 1943, não houve
partidas; 1944, Flávio Costa e Jorge Gomes de Lima, o “Joreca”; 1945–1950,
Flávio Costa; 1951, não houve partidas; 1952, Zezé Moreira; 1953, Aymoré
Moreira; 1954–1955, Zezé Moreira; 1955, Vicente Feola, Flávio Costa e Osvaldo Brandão; 1956, Osvaldo
Brandão, Teté e Flávio Costa; 1957, Osvaldo Brandão, Sylvio Pirillo e Pedrinho;
1958, Vicente Feola; 1959, Vicente Feola e Gentil Cardoso; 1960, Oswaldo Rolla
e Vicente Feola; 1961–1963, Aymoré Moreira; 1964, Vicente Feola; 1965, Vicente
Feola, Filpo Núñez (argentino), Osvaldo Brandão e Aymoré Moreira; 1966, Carlos Froner e Vicente Feola; 1967, Aymoré
Moreira e Zagallo; 1968, Aymoré Moreira, Antoninho, Zagallo, Carlyle Guimarães,
Jota Júnior e Yustrich; 1969, João Saldanha; 1970, João Saldanha e Zagallo;
1971-1974, Zagalo; 1975–1976, Osvaldo Brandão; 1977, Osvaldo Brandão e Cláudio
Coutinho; 1978–1979, Cláudio Coutinho; 1980–1982, Telê Santana; 1983, Carlos
Alberto Parreira; 1984, Edu Coimbra; 1985, Evaristo de Macedo; 1986, Evaristo
de Macedo e Telê Santana; 1986, Telê Santana; 1987–1988, Carlos Alberto Silva;
1989–1990, Sebastião Lazaroni; 1991, Paulo Roberto Falcão, Ernesto Paulo e
Carlos Alberto Parreira; 1992–1994, Carlos Alberto Parreira; 1994–1998,
Zagallo; 1998–2000, Vanderlei Luxemburgo; 2000, Candinho; 2000–2001, Emerson
Leão; 2001–2002, Luiz Felipe Scolari; 2003–2006, Carlos Alberto Parreira,
2006–2010, Dunga; 2010–2012, Mano Menezes; 2013–2014, Luiz Felipe Scolari e
2014-????, Dunga.