Boa parte de um vasto material recolhido em muitos anos de pesquisas está disponível nesta página para todos os que se interessam em conhecer o futebol e outros esportes a fundo.

segunda-feira, 23 de julho de 2018

Morre técnico campeão gaúcho de 2017

O futebol gaúcho e brasileiro está de luto. Morreu na madrugada desta segunda-feira, 23, o conhecido técnico de futebol Gilberto Cirilo de Campos, o “Beto Campos”, aos 54 anos. Ele havia ganho projeção nacional em 2017, ao sagrar-se campeão gaúcho com a equipe interiorana do Novo Hamburgo.

“Beto” era natural de São Borja, onde nasceu no dia 24 de março de 1964. Mas residia em Santa Cruz do Sul, onde faleceu, já há nove anos. Segundo informou o seu filho Willan Campos, ele foi vítima de um acidente vascular cerebral (AVC) enquanto dormia.

O velório do treinador começou na manhã de hoje, na capela da Funerária Halmenschlager, localizada na Avenida Independência, em Santa Cruz do Sul. O sepultamento será em São Borja. “Beto” deixa enlutados a esposa Ediana e o filho William e demais familiares e amigos.

A trajetória de “Beto Campos” no futebol teve início em sua cidade natal, quando defendeu a Sociedade Esportiva São Borja em 1982. Cinco anos depois, em 1987 foi para o Futebol Clube Santa Cruz, onde permaneceu por dois anos. Era um centroavante artilheiro, que costumava marcar muitos gols.

Como jogador profissional atuou por nada menos do que 16 clubes: além dos dois já citados, vestiu as camisas de São Luiz, de Ijuí, Pelotas, Santo Ângelo, Dínamo, de Santa Rosa, Ypiranga, de Erechim, Esportivo, de Bento Gonçalves, Novo Hamburgo, Avenida, 15 de Novembro, de Campo Bom, Passo Fundo, Canoas, Juventus, de Santa Rosa.

Em 2001 deixou os gramados para frequentar as casamatas na condição de treinador. A nova carreira teve início no Juventus, de Santa Rosa, clube em que pendurou as chuteiras. Ficou lá por cinco temporadas, de 2002 a 2007, ano em que assumiu o comando técnico do Avenida, de Santa Cruz do Sul, na “Segundona Gaúcha”,  pela primeira vez.

Ao final do mesmo ano dirigiu o time de Juvenis da Ulbra. Em 2009 estava de volta a Santa Cruz do Sul, outra vez para comandar o time do Avenida, por quem foi campeão da Divisão de Acesso, em 2011.

Treinou ainda os times do Cruzeiro, de Porto Alegre, São José, também da Capital, São Luiz, de Ijuí, Passo Fundo, Caxias, com quem ganhou a Série A2 do Gaúcho em 2016. Em 2017 dirigiu o Novo Hamburgo, sendo responsável pela grande façanha de conquistar o título gaúcho.

Depois, “Beto” esteve no Rio de Janeiro para um período de estágio no Flamengo e cursos na cidade. Chegou a ter seu nome lembrado para dirigir o Vitória, da Bahia e o Atlético Paranaense, mas acabou indo para o Náutico, do Recife, onde teve uma breve passagem. Dirigiu também o Criciúma, de Santa Catarina. (Pesquisa: Nilo Dias)


domingo, 22 de julho de 2018

Morre presidente histórico do Farroupilha de Pelotas

Morreu neste domingo, em Pelotas, o coronel Ewaldo José Lebarbechon Poeta, histórico dirigente do Grêmio Atlético Farroupilha. O extinto era catarinense de Laguna, onde nasceu em 5 de março de 1927. Poeta começou a carreira militar na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN,) onde, em 1951 foi declarado aspirante a oficial do Exército Brasileiro.

Em 1952 começou as suas funções militares no 9° Regimento de Infantaria, em Pelotas. Durante mais de 25 anos prestou o serviço militar, quando, em 1976, foi alçado ao posto de coronel da reserva. 

Possuidor de uma vasta formação acadêmica, além do curso militar da AMAN, obteve três graduações pela Universidade Federal de Pelotas: Bacharelado em Direto e História e Licenciatura Plena em História.

Apaixonado por futebol, e em especial pelo Grêmio Atlético Farroupilha, dedicou grande parte de sua vida ao clube do bairro Fragata. Chegou a presidência do clube pela primeira vez em 1964. Em 1973 retornou ao comando do clube, onde permaneceu até 1990.

Mas foi em 1994 que o coronel Poeta assumiu para não mais abandonar o comando do seu clube de coração, permanecendo até pouco tempo atrás como o comandante máximo. Ultimamente era o Presidente de Honra do clube.

Sua história de amor e dedicação se confunde com a do tricolor do Fragata, onde se tornou peça fundamental para o funcionamento e a manutenção da existência da agremiação.

Oficial da reserva do Exército, ele carregou em seu nome a patente alcançada nas Forças Armadas, ficando conhecido como "coronel Poeta". Também foi professor universitário.

Eu conheci bem o coronel Poeta, de quem fui amigo. Cheguei a fazer parte de Diretorias do clube sob o seu comando, quando dirigi o Departamento de Futebol de Salão. Tratava-se de um homem de educação refinada, um gentleman, na acepção da palavra. A última vez que o vi foi em 1999, quando eu fazia parte da Diretoria do G.E. Gabrielense, quando de um jogo contra o Farroupilha, em Pelotas.

O velório ocorreu ao longo da tarde deste domingo na Capela A2, do Cemitério São Francisco de Paula, no bairro Fragata, o mesmo do Grêmio Atlético Farroupilha. O sepultamento aconteceu às 19 horas. Ele também foi homenageado pelo Exército.

Em 17 de novembro do ano passado o coronel Poeta foi um dos homenageados pela Federação Gaúcha de Futebol (FGF), na passagem de seu centenário. O histórico dirigente teve o seu nome inserido na "Calçada da Fama", inaugurada naquela data. (Pesquisa: Nilo Dias)



sábado, 21 de julho de 2018

A noite que o Náutico goleou o Santos de Pelé

O dia 17 de novembro de 1966 nunca será esquecido pelos torcedores do Náutico, tradicional clube de futebol de Recife. Nesse dia, ou melhor nessa noite, o alvi-rubro pernambucano derrotou em pleno “Pacaembu”, em São Paulo, ao Santos, de Pelé, na época considerado o melhor time de futebol do mundo.Isso equivaleria a derrotar hoje, dentro do “Camp Now”, ao Barcelona de Messi e tantos outros craques e ainda de goleada. Pois o Náutico foi capaz de realizar essa façanha histórica. O Santos foi surpreendido e goleado impiedosamente por 5 X 3.

Era uma noite fria de quarta-feira. O resultado do jogo teve uma repercussão enorme, não só no Brasil, mas no mundo todo, visto que o Santos era quase imbatível. Na década de 60, o time santista sobrava pelos torneios e campeonatos, no Brasil e pelo mundo afora.

Vejam só que retrospecto tinha o time de Pelé e companhia. Campeão paulista de 60, 61, 62, 64, 65, 67, 68 e 69. Campeão do Torneio Rio-São Paulo de 63, 64 e 66. Campeão da Taça Brasil de 61, 62, 63, 64 e 65. Bi-campeão da Taça Libertadores das Américas em 62 e 63. Bi-campeão Mundial de Clubes em 62 e 63. Campeão do Torneio Roberto Gomes Pedrosa (Robertão) em 68. Campeão da Recopa Sul Americana e da Recopa Mundial de Clubes em 68. Não computando aqui outros torneios menores (internacionais), nem os vice-campeonatos.

Ir ao estádio para ver o Santos, não se limitava apenas a um jogo de futebol, era uma exibição de arte. Tanto é verdade que as torcidas adversárias tinham um respeito enorme pelo Rei Pelé e seus coadjuvantes. Em vez de vaiarem seus times por serem derrotados, aplaudiam o Santos pelo espetáculo apresentado.

É verdade que o Náutico vinha tendo uma ótima performance na Taça Brasil daquele ano. Havia eliminado o Palmeiras, que também tinha uma equipe espetacular, com Dudu e Ademir da Guia. E de goleada, 3 X 0 na “Ilha do Retiro”.

O retrospecto do Náutico, embora simples em comparação ao do Santos, não era para ser ignorado: tri-campeão pernambucano (1963, 1964 e 1965), Bi-campeão do Norte (1965 e 1966). Não foi por acaso que esse "Náutico Capibaribe", como era chamado pela imprensa do Sul, tinha chegado às semi-finais da “Taça Brasil” de 1965.

Foi então nesse cenário que o Náutico entrou em campo naquela noite para enfrentar o Santos, jogo válido pela semifinal da Taça Brasil de 66. O Santos havia ganho o primeiro jogo, disputado em Recife, no dia 9 de novembro por 2 X 0, com a “Ilha do retiro” recebendo 35 mil torcedores. 

O jornal “Diário de Pernambuco”, em sua edição do dia seguinte ao jogo trouxe o seguinte comentário:

"Jogando muito bem, contra um adversário apenas brigador, mas sem forças para reagir, o Santos venceu o Náutico por 2 X 0, gols de Pelé e Pepe. O resultado praticamente sepulta as chances do Náutico na “Taça Brasil”. O Santos vai jogar por um simples empate, dentro de casa, no próximo jogo, para eliminar os pernambucanos e se garantir na final da Taça Brasil."

Ninguém de sã consciência esperava o que aconteceu na fria noite de 17 de novembro de 1966. O “Estádio do Pacaembu” recebeu perto de 20 mil torcedores santistas, que foram apenas "carimbar" o passaporte para a final do campeonato.

Naquela memorável noite o Náutico começou a partida de maneira avassaladora. No primeiro minuto de jogo abriu a contagem, com um gol de Bita, ainda enquanto muitos torcedores adentravam ao estádio, e os comentaristas de rádio encerravam suas apreciações sobre o jogo.

Ou seja, os locutores nem tinha ainda iniciado a transmissão e o Náutico já vencia por 1 X 0, para surpresa de muitos, principalmente dos santistas. Mas todos eram unânimes em dizer que isso não representava praticamente nada e que a reação santista viria em seguida.

E veio. Aos 12 minutos, numa cabeçada de Toninho, o Santos chegou ao empate. Mas a noite era pernambucana. Aos 44 minutos Bita colocou novamente o clube alvirrubro em vantagem. Náutico 2 X 1.

Começou o segundo tempo e a surpresa cresceu. O Náutico ampliou o marcador, novamente com Bita. 3 X 1. Os paulistas quase não acreditavam no que viam. O Santos corria atrás do placar e descontou aos 19 minutos, outra vez com Toninho.

O Náutico deu nova saída. Miruca avançou e, no minuto seguinte ampliou para 4 X 2. O jogo se tornou emocionante. O Santos deu a saída e Pelé lançou para Toninho fazer seu terceiro gol no jogo. Era um tal de gol lá e gol cá. Com 21 minutos do segundo tempo o placar apontava Santos 3 X 4 Náutico.

O Náutico era comandado dentro de campo por Ivan Brondi, um baita jogador. O time de Recife passou a tocar a bola, administrando a vantagem e conseguindo envolver o todo poderoso adversário.

E para fechar com chave de ouro uma das partidas mais emocionantes da história do clube, Bita, sempre ele, a três minutos do final acertou um chute de fora da área e faz o quinto gol, decretando a goleada. Náutico 5 X 3 Santos.

No dia seguinte as manchetes dos jornais, tanto de Recife como do Sul do país enalteciam o grande feito do time pernambucano, que desbancou o Santos de Pelé, "o melhor time do mundo", em pleno Pacaembu, numa goleada histórica.

Manchete do “Diário de Pernambuco”: "Bita foi um flagelo para o Santos, no Pacaembu, quando o Náutico elevou o futebol de Pernambuco"!

Manchete do “Diário da Noite”: "Nunca, jamais, em tempo algum, o goleiro Gilmar, do Santos havia levado mais de três gols de um só jogador em uma partida. Ontem, só Bita fez quatro"!

Outra Manchete do “Diário”: "Bita dispara quatro e Náutico vence de cinco no Pacaembu"!

O time do Náutico naquela histórica noite: Aloísio Linhares – Gena – Mauro - Fraga e Clóvis. Zé Carlos e Ivan Brondi. Miruca - Gilson Costa - Bita e Lalá.

Depois do jogo, em uma entrevista a “TV Cultura”, ao responder sobre quais os melhores times que viu jogar, “Pelé” respondeu: "o Cruzeiro de Tostão, o Palmeiras de Ademir da Guia, e o Náutico de Bita. A década de 60 foi dominada pelas academias de futebol". Estas foram as palavras do “Rei”. (Pesquisa: Nilo Dias)

Bita fez quatro gols naquela noite histórica.

quarta-feira, 18 de julho de 2018

O time de futebol que nasceu de novo

O mundo inteiro acompanhou com interesse e preocupação a operação de salvamento dos meninos do time de futebol “Javalis Selvagens”, da Tailândia, que ficaram durante dias presos em uma caverna inundada, conhecida por “Tham Luang Nang Non”, que traduzindo para o português quer dizer "Grande Caverna da Senhora Adormecida", que fica na província de “Chiang Rai”, cerca de um quilômetro abaixo do pico das montanhas “Mae Sai”.

O time dos meninos pode-se dizer que praticamente nasceu de novo, pois conseguiu se salvar de uma situação complicada, que exigiu a presença de 90 mergulhadores, 50 de outros países e 40 tailandeses.

As fortes chuvas inundaram parcialmente a caverna no mesmo dia que os meninos a visitaram, junto do técnico do time, Ekaphol Chantawong. Eles foram dados como desaparecidos poucas horas depois e as operações de busca começaram de imediato.

Esforços para localizá-los foram dificultados pelo aumento dos níveis de água, e nenhum contato foi feito por mais de uma semana. O esforço de resgate se expandiu em uma operação massiva em meio a intensa cobertura da mídia e interesse público.

Mais de 1000 pessoas estiveram envolvidas na operação de resgate, incluindo forças especiais da Marinha Tailandesa, bem como equipes e assistência técnica de vários países, incluindo o Reino Unido, China, Mianmar, Laos, Austrália, Estados Unidos, Rússia, Finlândia, Suécia, Ucrânia e Israel.

Em 6 de julho de 2018 o mergulhador Saman Kunan, de 38 anos, morreu enquanto retornava de uma expedição que levou suprimentos aos meninos. Ele era sargento da reserva da marinha tailandesa.

Juntos do técnico, os garotos saíram para explorar a caverna. Eles fazem parte do “Javalis Selvagens”, clube localizado na província de “Chiang Rai”, e que conta apenas com categorias sub-19, sub-16 e sub-12.

O jornal tailandês “Thai Rathe” e o inglês “The Guardian” fizeram um levantamento com as posições de cada um dos garotos do “Moo Pa”, nome da equipe em tailandês.

Goleiros: Aekkarat Wobgsukchan, da “Escola Daroonrat Witthaya”. De apelido “Bew”, o garoto de 14 anos é um dos mais disciplinados do grupo e foi graças à sua personalidade que ele evoluiu no futebol.

Pipat Pothi, da “Escola Ban Sansai”. Pothi, 15, também é conhecido como “Nick”. Amigo de “Bew”, ele não pertence à equipe e apenas treinava junto dos garotos em 23 de junho, data em que eles e o técnico entraram na caverna como refúgio.

Prachak Sutham, da “Escola Mae Sai Prasitsart”. O versátil garoto de 14 anos é goleiro, mas também atua como meio-campo. Note”, como é chamado, joga futebol há dois anos.

Defensores: Pornchai Kamluang, da “Escola Ban Pa Yang.” Kamluang é um dos mais velhos jogadores da equipe. Apelidado de ‘Tee’, ele tem 16 anos.

Panumat Saengdee, da “Escola Mae Sai Prasitsart”. “Mick”, como também é chamado, tem 13 anos, mas é descrito como um defensor ideal por conta de sua saúde e de seus “fluidos movimentos”. Seus técnicos já consideraram usá-lo como atacante por conta de suas habilidades nos cabeceios.

Meio-campistas: Adul Sam-on, estudante da “Escola Ban Wiang Parn!. Sam-on foi o responsável por conversar com os mergulhadores que encontraram o time dos “Javalis Selvagens”. Aos 14 anos, o garoto fala quatro línguas: tailandês, birmanês, mandarim e inglês, idioma utilizado para falar com os mergulhadores.

Phirapat Sompiangjai, da “Escola Mae Sai Prasitsart”. Conhecido como “Night” (noite, em inglês), o garoto joga pela meia direita.

Sompong Jaiwong, da “Escola Mae Sai Prasitsart”. “Pong, como é conhecido, também joga na meia direita, mesma posição de Sompiangjai. “Pong” tem 13 anos e é meia direita do time

Atacantes: Chanin Wiboonrungruang, da “Escola de jardim de infância Mae Sai”. Jogador mais jovem da equipe, “Titan”, como é apelidado o garoto, tem apenas 11 anos. Ele joga futebol há cinco anos. Em 2015, foi convidado para jogar pelo “Wild Boars” (“Javalis Selvagens”, em inglês).

Duangpet Promthep, da “Escola Mae Sai Prasitsart”. Aos 13 anos, Promthep é o capitão do time. Seus colegas dizem que a liderança é uma de suas grandes qualidades. Ele já participou de testes em clubes tradicionais da província, como “Sukhothai FC” e “Chiangrai United FC”.

Natthawut Thakhamsai, da “Escola Mae Sai Prasitsart”. Conhecido como “Tle”, Thakhamsai tem 14 anos.

Assistente técnico estagiário: Mongkol Boonyiam, da “Escola Ban Pa Mued”. O garoto tem 14 anos e é assistente do técnico Ekaphol Chantawong. Boonyiam joga futebol desde o jardim de infância e torce para o “Muangthong United”, onde joga o brasileiro “Jajá”, ex-Flamengo e Internacional. Órfão aos 10 anos, o técnico Ake já foi monge.

O time dos garotos é da cidade de Chiangrai, que tem uma equipe de futebol profissional, o “Chiangrai United”, onde joga o atacante brasileiro Bil, que no ano passado jogou pelo América Mineiro e foi campeão brasileiro da Série B.

O presidente da Fifa, Gianni Infantino, convidou os jovens que estiveram presos na caverna na Tailândia para assistirem o jogo final da Copa do Mundo da Rússia, mas os médicos não permitiram, pois todos se encontravam hospitalizados em observação.

Uma produtora norte-americana, a “Pure Flix” anunciou que pretende fazer um longa-metragem baseado no resgate, com potencial de lançamento mundial.
O complexo de cavernas na Tailândia, onde os 12 estudantes e seu treinador de futebol ficaram presos por mais de duas semanas, será transformado em um museu para mostrar o resgate,

O complexo de cavernas onde os meninos ficaram presos durante mais de duas semanas, será transformado em museu, para que a operação de resgate nunca mais seja esquecida. (Pesquisa: Nilo Dias)


terça-feira, 3 de julho de 2018

A insensibilidade do rei

Uma ausência muito sentida na Copa do Mundo da Rússia é de "Pelé", a maior estrela do futebol mundial em todos os tempos. Aos 77 anos, o "Atleta do Século" se submeteu nos últimos anos a cirurgias de coluna, fêmur e menisco, o que o obrigou a diminuir as aparições públicas. Esta é a primeira vez, desde 1958 quando era jogador, que não assiste ao maior torneio futebolístico do planeta.

O ex-camisa 10 do Santos e da Seleção Brasileira sofre há anos de dores na coluna que tem limitado seus movimentos, obrigando que se locomova com a ajuda de bengala e cadeira de rodas.

Há quem diga que "Pelé" é vitima de um castigo divino em razão de seus procedimentos nada recomendáveis com filhos, especialmente Edinho, que foi também jogador de futebol e Sandra, já falecida

A filha Sandra Regina Machado Arantes do Nascimento Felinto, 42 anos, que foi vereadora em Santos (SP) nunca obteve o reconhecimento afetivo de "Pelé", seu pai biológico. Em 1991, então com 27 anos, ela entrou na Justiça para ser reconhecida como filha mais velha do "Rei do Futebol".

Sandra foi fruto de uma relacionamento entre Pelé e a empregada doméstica Anízia Machado em 1963. Comprovada a paternidade por meio de exame de DNA, ela obteve o direito de usar Arantes do Nascimento no nome em 1996.

Toda a história entre Sandra e "Pelé" foi registrada no livro "A filha que o Rei não quis", que ela escreveu e foi sucesso de venda. Um trecho do livro diz:

Quando contava com mais ou menos sete anos de idade, minha mãe me deu ciência de que era filha de Pelé. Para mim, não fez diferença saber que era filha do Pelé. O que importava mesmo era saber eu tinha um pai!

Mas com o passar dos anos, fui me interessando por meu pai. Queria um dia poder me aproximar dele, dizer-lhe que era sua filha e receber suas calorosas boas-vindas. Queria poder abraçá-lo. Queria muito poder, como tantos outros seres humanos, ter o gosto de chamá-lo de pai!

Resolvi tomar uma iniciativa: telefonar para casa de meu pai no Guarujá. Fui atendida educadamente pela governanta. Apresentei-me como filha de Pelé. A governanta então prometeu fazer contato com ele e dar uma resposta.

Ao ligar novamente, recebi o seguinte recado: “Manda ela procurar os direitos dela. Inclusive, eu pago o advogado para ela”. Julguei que meu pai pudesse dar uma resposta diferente. Por que não me chamar para um diálogo a respeito do assunto? Além do mais, a forma como respondeu pareceu-me debochada.

Mais uma vez, minha mãe pediu que eu me afastasse de tal procura, por considerá-la inútil. Mas agora eu estava resoluta e ofendida. A sugestão de meu pai devia ser levada a sério. Eu iria então buscar os meus direitos!

Mesmo depois de haver entrado na justiça para reivindicar minha causa, continuei mantendo a esperança de que o processo não precisaria completar toda a sua jornada para que meu pai se voltasse para mim.

Em meio às inúmeras tentativas de alcançar meu pai, escrevi o seguinte artigo na seção “Ponto de vista” da revista Veja de 20 de Maio de 1992, intitulada “Pelé é meu pai”:

 “Eu sou filha de Édson Arantes do Nascimento, o Pelé. Acredito que está chegando ao fim a luta para que meu pai me reconheça. Graças à ciência, já está provado que sou sua filha. A justiça, acredito, está prestes a reconhecer essa verdade, apesar de os advogados de meu pai terem pedido a troca do juiz, que, segundo eles, seria suspeito para julgar o caso.

Mas não é necessário o exame de DNA ou a decisão do juiz para que eu tenha essa certeza. Para mim, que esses anos todos tenho tentado encontrá-lo, há muito tempo que não existe qualquer sombra de dúvida, e os exames só fizeram confirmar o que eu já sabia. Pelé é meu pai e vai me reconhecer. Se a ciência não for o bastante, e a própria justiça me falhar, ainda assim ele fará o reconhecimento. Mesmo que procure se enganar, no fundo do coração ele me reconhecerá"(...)

Mas "Pelé" foi insensível. Obrigado pela Justiça reconheceu que Sandra era sua filha, mas não lhe deu o que ela mais queria, o carinho de pai. Nem mesmo quando estava no leito de morte vítima de um câncer, "Pelé" foi duro: não a visitou e nem mesmo foi ao seu enterro, limitando-se a enviar uma coroa de flores em nome de sua empresa.

Não são poucas as pessoas que condenam "Pelé" pela sua insensibilidade neste caso. Na verdade não precisava nem ter feito o exame de DNA, a mulher era quase uma cópia feminina do pai.

Os dois filhos de Sandra Arantes do Nascimento Felinto, vão receber pensão do avô. Segundo a colunista Mônica Bergamo, do jornal "Folha de S. Paulo", o ex-atleta terá que pagar mensalmente, após decisão judicial, sete salários mínimos - aproximadamente R$ 5 mil - para cada um.

Os tormentos de "Pelé" não se limitaram a filha Sandra. Edinho, cria do primeiro casamento do "Rei", ao contrário de Sandra que foi sempre uma mulher honesta e trabalhadora, sendo inclusive vereadora em Santos, só tem dado dores de cabeça ao pai.

Recentemente ele foi preso pela quinta vez. Antes, ele já fora detido outras quatro vezes. Está condenado a 33 anos de prisão por ligação com o tráfico de drogas. Antes, Edinho foi detido outras quatro vezes. A primeira prisão de Edinho aconteceu em 2005.

O ex-goleiro foi detido com outras 17 pessoas pela “Operação Indra”, realizada pelo Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc), acusado de ligação com uma organização de tráfico de drogas comandada por Duarte Barsotti de Freitas, o “Naldinho”.

Após seis meses em prisão provisória, foi solto com liminar em habeas corpus concedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Em janeiro de 2006, ele teve a prisão decretada com o aditamento da denúncia, que passou a incluir o crime de lavagem de dinheiro. Edinho obteve o direito de permanecer em liberdade.

Em fevereiro do mesmo ano, o Ministério Público o denunciou por lavagem de dinheiro. O ex-jogador voltou a ser preso, 47 dias após conseguir a liberdade. Depois disso, a Justiça mantinha a decisão de negar os pedidos de liberdade, mas acabou concedendo um habeas corpus formalizado pela defesa e de Edinho.

No dia 30 de maio de 2014, o ex-goleiro do Santos Futebol Clube foi condenado pelos crimes de lavagem de dinheiro e associação ao tráfico de drogas após decisão da juíza Suzana Pereira da Silva, auxiliar da 1ª Vara Criminal de Praia Grande.

Edinho foi preso no dia 7 de julho por não ter apresentado seu passaporte à Justiça, uma das exigências para permanecer em liberdade até a decisão final da Justiça. O advogado Eugênio Malavasi conseguiu um novo habeas corpus para que o cliente pudesse responder em liberdade.

Em novembro do mesmo ano, o ex-goleiro foi detido no Fórum de Praia Grande, após cumprir a medida cautelar que exigia que ele comparecesse mensalmente em juízo e registrasse sua rotina. Edinho foi solto no dia seguinte. A Justiça acatou o pedido de habeas corpus impetrado pela defesa.

Em 25 de fevereiro deste ano, o ex-goleiro voltou a ser preso. Ele conseguiu autorização para responder em liberdade dias depois.


Edson Cholbi Nascimento nasceu em Santos, São Paulo, dia 27 de agosto de 1970. Desde então, ele teve de conviver com a realidade de não ser apenas im menino, mas o filho do maior jogador de futebol que o mundo conheceu.

Sua mãe foi a primeira esposa do Rei, Rosemeri dos Reis Cholbi. O menino, um dos seis filhos reconhecidos pelo jogador, nasceu um pouco mais de um mês depois que Pelé conquistou sua terceira Copa do Mundo, no "Estádio Azteca", na Cidade do México. 

A relação entre Rosemeri Cholbi e Pelé se tornou difícil quando em 1993 um teste de DNA demonstrou um comportamento infiel do jogador. Havia tido uma filha com Anizia Machado, a faxineira da casa onde moravam. Era Sandra, já falecida. Quando "Pelé" foi jogar no Cosmos, em Nova Iorque, seus pais já haviam se separado.

Ele e a irmã foram criados por uma mãe solteira num apartamento pequeno, tudo por causa do escândalo extramatrimonial em que seu pai se envolveu. Edinho quase não via "Pelé". 

O fato de ser um jogador de futebol não justificava sua ausência na vida do filho, mas foi o que aconteceu. Só se viam em alguns aniversários ou em outra ocasião especial, uma ou duas vezes por ano.

Para Edinho foi muito decepcionante crescer sem a figura paterna. E confessava abertamente que não amava seu pai, porque ele fazia sua mãe chorar e, por isso, era o vilão, o homem mau. Sua inserção social também foi difícil.

Passou pelo basquete, beisebol e futebol. Depois, quando foi para Nova Iorque e mudou de escola, aproveitou o clima e andou de patinete e praticou hockey no gelo.

Aos 19 anos foi jogar futebol no Santos, o time onde"Pelé" brilhou. Os jornalistas na época diziam que ele estava no cube apenas por ser filho de "Pelé" e que sua estatura não era considerada adequada para um goleiro. 

Ficou no Santos apenas uma temporada, para logo depois ir para a Portuguesa. Suas habilidades como goleiro não eram muito notáveis e, por isso, foi pulando de clube em clube.

Aos 29 anos, a carreira na qual tinha apostado e na qual seu pai havia triunfado, começou a descarrilar. Edinho abandonou o futebol em 1999 depois de ter jogado uma temporada no Ponte Preta, de Campinas. 

Antes de se afastar do futebol, o filho do astro tivera problemas por ter participado de um racha em Santos, em outubro de 1992, que causou a morte de uma pessoa inocente.

Nessa corrida clandestina também estava um amigo seu, Marcilio José Marinho de Melo. Eles competiam dirigindo seus carros em alta velocidade naquele outubro de 1992. O carro que Melo dirigia atropelou um transeunte que passava pelo local, Pedro Simões Neto, de 52 anos, que morreu no ato.

A Justiça considerou os dois culpados, ainda que Edinho não estivesse conduzindo o carro que impactou a vítima. A pena imposta foi de seis anos de prisão por homicídio. O juiz baseou sua decisão no fato de que ambos estavam cientes de que um racha pelas ruas de Santos poderia causar a morte de alguém. 

A pena sancionada foi para um regime semiaberto: permitia que saíssem durante o dia para trabalhar, mas exigia que permanecessem no presídio durante as noites. 

Edinho sentiu a pressão por ser filho de Pelé pela primeira vez quando chegou ao Brasil. Teve que aprender a viver à sombra do ídolo do país. De um dia para o outro, ele virou “o filho de Pelé”, algo de que havia escapado em sua infância devido à ausência do pai e ao fato de não morar no Brasil. 

"Pelé" esta com 77 anos de idade e não consegue mais andar. Para se locomover precisa da ajuda de uma bengala e de uma cadeira de rodas. O ano passado ele fez uma cirurgia do quadril.

Muitos lamentam a situação do “rei”. Mas há também quem ache que Edson Arantes do Nascimento está pagando pelo que fez com a filha, Sandra Arantes, que nunca reconheceu e não visitou nem no leito de morte, quando ela já estava com o câncer bem avançado. (Pesquisa: Nilo Dias)