Os V Jogos Mundiais Militares, chamados de “Jogos da Paz” serão realizados na cidade do Rio de Janeiro no próximo ano. A cidade venceu a disputa com a Turquia, que também pleiteava ser a sede dos jogos, que se constituem no terceiro maior evento esportivo do mundo, ficando atrás somente dos Jogos Olímpicos de Verão e Paraolimpíadas.
Essa será a primeira vez que os Jogos Mundiais Militares serão realizados no continente americano. A competição é promovida pelo Conselho Internacional do Desporto Militar (CISM), que equivale na esfera civil ao Comitê Olímpico Internacional. O Ministério da Defesa e as Forças Armadas brasileiras participam da organização dos jogos, integrados a Comissão Desportiva Militar do Brasil (CDMB), que é presidida pelo brigadeiro Luís Antônio Pinto Machado.
O CISM foi criado logo após a 2ª Guerra Mundial, em 1948, com um propósito pacifista e de integração das nações. O órgão conta com 132 países membros de todos os continentes, reunindo mais de um milhão de atletas militares ao redor do mundo, sendo a terceira entidade desportiva do planeta.
Para os jogos no Brasil, que se realizarão de 17 a 24 de julho de 2011, são esperados de 4.500 a 7 mil atletas de 110 países de todas as partes do mundo, que vão competir em 21 modalidades esportivas:
Atletismo, Basquetebol, Boxe, Cross Country, Equitação, Esgrima, Futebol de campo, Futebol de Salão (demonstração), Handebol, Judô, Natação, Orientação, Pentatlo Aeronáutico, Pentatlo Militar, Pentatlo Moderno, Pentatlo Naval, Pára-Quedismo, Tiro, Triatlo, Voleibol e Voleibol de praia (demonstração).
Para a realização dos Jogos Militares em 2011, foi oferecida a utilização da infra-estrutura esportiva dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro de 2007, e que fazem parte do projeto Rio 2016: Maracanãzinho, Centro Nacional de Hipismo, Parque Aquático Maria Lenk, Complexo Esportivo de Deodoro e Estádio Olímpico João Havelange. Além disso, a Vila de Atletas e o Estádio de São Januário, do C.R. Vasco da Gama, também serão utilizados.
Para abrigar os atletas, que devem comparecer ao evento, Ministério da Defesa e as Forças Armadas estão construindo uma vila olímpica na Zona Oeste do Rio de Janeiro, um complexo de instalações com 1.200 unidades habitacionais, entre 100 e 120 metros quadrados. O número de participantes dos V Jogos Mundiais Militares será superior ao número total de atletas do Pan, que foi de 4.200.
O projeto está sendo executado com a participação da União, e deve custar em torno de R$ 432 milhões. Ao final dos jogos as 1.200 unidades habitacionais passarão para as Forças Armadas, com 400 unidades para cada Comando. O total de valores autorizados pela União nos Orçamentos de 2009 e 2010, para viabilizar os Jogos soma R$ 748 milhões.
A competição acontece de quatro em quatro anos, sempre no ano anterior aos Jogos Olímpicos. A primeira edição foi em 1995, em Roma, celebrando os 50 anos do fim da 2ª Guerra Mundial, com a participação de 93 países e 4.017 atletas. A segunda foi em Zagreb, Croácia, em 1999, com a participação de 82 países e 6.734 atletas. Os terceiros jogos se realizaram em Catânia, Itália, em 2003, com a presença de 87 países e 6.000 atletas. A quarta e última edição dos Jogos Mundiais Militares ocorreu em 2007, nas cidades de Hyderabad e Bonbain, na Índia, com a participação de 71 países e 4.571 atletas.
Nomes famosos vão em busca de medalhas: Henrique Haddad, Mário Trindade, Pedro Caldas e Isabel Swan (Vela); Tiago Camilo, Luciano Corrêa, Flávio Canto, Leandro Guilheiro, Danielle Yuri, Ketleyn Quadros e Edinanci (judô); Diogo Silva e Natália Falavigna (taekwondo); Washington Silva e Everton Lopes (boxe); Keila Costa, Hudson de Souza, Fabiano Peçanha, Matheus Inocêncio e Joana Costa (atletismo); Kaio Márcio, Joanna Maranhão, Nicholas Santos e Tatiane Sakemi (natação) e Rayanne Simões, Aline Franca e Maycon (futebol feminino).
Quem aceita participa de exames físicos e provas e, caso tenha sucesso, passa pelo treinamento que leva ao posto de sargento, com todos os benefícios da patente. O atleta entra para a Força, mas não vive a vida militar. Sua única função é competir como militar. Os atletas podem ficar até por oito anos como atletas-militares, mas devem passar por avaliações anuais
Não é só o militarismo brasileiro que conta com atletas oficiais das Forças Armadas. Em outros países, a medida é comum, como no caso da saltadora com vara russa Yelena Isinbayeva, detentora da melhor marca do mundo e campeã olímpica e mundial. Em agosto de 2005, ela foi certificada como tenente das Forças Armadas de seu país e em 2008 foi promovida a capitã.
Na França, o recrutamento de civis para o Exército também já é uma realidade. Ao todo são reservadas 90 vagas para esportistas de alto rendimento. Entre os alistados está o ex-recordista mundial dos 50 m e 100 m livres, o nadador Alain Bernard.
A Mascote dos Jogos Mundiais Militares de 2011 tem nome grego: "Arion", que significa “quem tem energia”. A escolha foi feita por votação popular. A opção vencedora recebeu mais da metade dos 81.537 votos dados durante 22 dias. A figura de "Arion" foi desenhada por Maurício de Souza, criador da Turma da Mônica. Maurício usou como inspiração um menino que se transforma em um super-atleta militar futurista para ilustrar essa idéia. Segundo o autor, a pomba acompanha o menino em todos os seus momentos e dá vida aos seus desenhos de soldadinhos da infância, criando a Tropa da Paz. (Pesquisa: Nilo Dias)
"Arion", a mascote dos Jogos Mundiais Militares de 2011 no Rio, criação do desenhista Mauricio de Souza.
Boa parte de um vasto material recolhido em muitos anos de pesquisas está disponível nesta página para todos os que se interessam em conhecer o futebol e outros esportes a fundo.
terça-feira, 30 de novembro de 2010
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
A morte do "Parada 18"
Olavo Rodrigues Barbosa, o Nena, de 87 anos, zagueiro reserva da Seleção Brasileira, vice-campeão do mundo de 1950, faleceu na última quarta-feira, 17 em Goiânia, onde residia desde 2003, junto com a esposa Juraci Rodrigues Barbosa, com quem teve cinco filhos (Mário e Ana, nascidos em Porto Alegre e Jorge, Vera e Ludmea, em São Paulo), dez netos e dois bisnetos. Nena havia descoberto há poucos dias que tinha câncer nos pulmões. Já era tarde demais.
Agora, apenas um ex-jogador brasileiro que disputou a Copa do Mundo de 1950 no Brasil, ainda está vivo: Nilton Santos, que também era reserva. Nena, porém era o último integrante do “Rolo Compressor”, grande time do Internacional, que ainda estava vivo.
Nena nasceu em Porto Alegre no dia 11 de junho de 1923. Começou a jogar futebol na várzea portoalegrense, onde atuava como zagueiro do Esporte Clube Paraná. Ele foi para o Internacional em 1942 quando tinha apenas 18 anos de idade, descoberto pelo então técnico colorado, o uruguaio Ricardo Diez.
Estreou no Internacional no dia 12 de abril de 1942, na vitória de 5 X 2 sobre o São José, quando marcou seu primeiro gol, rebatendo de primeira uma péssima reposição do goleiro adversário, encobrindo-o, num lance que lhe valeu fama nacional. Substituía o lendário zagueiro Risada. Contudo sua estréia foi como lateral-esquerdo improvisado, já que Alfeu era o dono absoluto da zaga.
O time se renovara com ele, Ivo e Abigail, que foram as contratações mais importantes na administração do presidente Miguel Genta. Logo Nena firmou-se como zagueiro titular, passando a fazer parte do famoso “Rolo Compressor”, que ganhou oito títulos gaúchos nos anos 1940, e cuja formação clássica era esta: Ivo - Alfeu e Nena – Ássis - Ávila e Abigail – Tesourinha – Adãozinho – Russinho - Ruy e Carlitos.
Durante o período em que jogou no Internacional, Nena dividiu-se entre a zaga e a lateral-esquerda, sempre como destaque no "rolo compressor colorado". Foi nessa época que recebeu o apelido de "Parada 18", que era uma conhecida parada de bonde, localizada no bairro Tristeza, na Zona Sul de Porto Alegre. Em frente havia uma loja de atacado muito popular na época, que fazia grandes liquidações utilizando intensa propaganda radiofônica.
Segundo a propaganda da loja no rádio, nenhum passageiro do ônibus Tristeza passava da Parada 18, descia naquele ponto, atraído por preços acessíveis. Segundo os torcedores do Inter, nenhum atacante adversário conseguia passar por Nena. Ele era excelente nas bolas aéreas e tinha um bom porte físico. A partir daí Nena e a famosa parada passaram a ser sinônimos para os torcedores colorados, nos áureos tempos do “Rolo Compressor”.
Com a camisa colorada Nena foi campeão gaúcho em 1942, 1943, 1944, 1945, 1947 e 1948. Entre os jogadores mais conhecidos, destacavam-se o ponta-direita Tesourinha, que chegou à seleção brasileira, e Carlitos, maior goleador da história do clube, com 485 gols. Nena é considerado até hoje um dos maiores zagueiros que já vestiu a jaqueta do Internacional.
Em 1948, Nena foi convocado pela primeira vez para a seleção brasileira, na Copa Rio Branco, estreando num empate em 1 X 1 com o Uruguai. Pela seleção, jogou 6 partidas entre 1947 e 1950, com duas vitórias, três empates e uma derrota. Integrou a delegação brasileira na Copa do Mundo de 1950, mas não chegou a jogar. Assim como aconteceu a muitos jogadores que disputaram o mundial de 50, nunca mais voltou a jogar pela seleção, em função do trauma pela derrota para o Uruguai.
Os jogos de Nena na Seleção foram estes: 29/03/1947, Brasil 0 X 0 Uruguai, pela Copa Rio Branco; 04/04/1948, Brasil 1 X 1 Uruguai, também pela Copa Rio Branco; 11/04/1948, Brasil 2 X 4 Uruguai, ainda pela Copa Rio Branco; 07/05/1950, Brasil 2 X 0 Paraguai, pela Taça Oswaldo Cruz ; 13/05/1950, Brasil 3 X 3 Paraguai, igualmente pela Taça Oswaldo Cruz e 11/06/1950, Brasil 4 X 3 Seleção Paulista de Novos, amistoso.
Para muitos especialistas e até companheiros de Seleção, o que faltou ao Brasil na traumática decisão da Copa do Mundo de 1950 foi o gaúcho Nena. Ele nunca permitiria que o uruguaio Gigghia recebesse a bola às costas de Bigode e fizesse as duas jogadas, uma delas com gol, da vitória sobre o Brasil por 2 X 1. Nena era quase perfeito na cobertura, algo que faltou a Juvenal. Claro, é tudo mera suposição, só uma lembrança para mostrar a importância do antigo jogador.
Em agosto de 1951, Nena já era um homem realizado. Havia conquistado um lugar de destaque entre os melhores jogadores do futebol brasileiro e constituído uma família no casamento com Juraci Rodrigues Barbosa, em 1945. Mesmo assim transferiu-se para a Portuguesa de Desportos, de São Paulo onde formou o maior "trio final" da história do clube, ao lado do goleiro Muca e do gaúcho Noronha (ex-Grêmio).
Foi o melhor time da “Lusa” em todos os tempos. Nena atuou ao lado de craques como Júlio Botelho, Pinga e Simão, e conquistou os títulos do Torneio Rio-São Paulo de 1952 e 1955. Participou das excursões vitoriosas da Portuguesa pelo exterior, que resultaram nas conquistas das “Fitas Azuis” de 1951 e 1953. Sagrou-se ainda campeão do Torneio Rio-São Paulo de 1952.
O zagueiro parou de jogar em 1958. Só teve dois clubes na carreira, Internacional e Portuguesa. Depois de pendurar as chuteiras, por insistência dos dirigentes continuou a serviço da Portuguesa, como técnico dos juvenis e do time principal, sempre que este precisava dos seus conhecimentos. Cansado de trabalhar em futebol, Nena foi transferido para o setor administrativo, tornando-se o responsável pela cobrança das mensalidades dos sócios.
Nos anos 1960, foi técnico das categorias de base do Corinthians. Ao considerar que era chegada a hora de viver tranquilamente, longe da agitação da capital, Nena comprou uma chácara no município de Francisco Morato, na região metropolitana de São Paulo, onde morou por aproximadamente oito anos.
O vice-campeão mundial de 1950 deixou um herdeiro nos gramados: o meia Andrezinho, revelado pelo Corinthians no final dos anos 90, na geração de Gil, Edu e Ewerthon. Andrezinho passou também pelo Noroeste, de Bauro (SP), Paysandu, de Belém do Pará e Croatia Sesvete, da Croácia.
Nena vinha pouco a Porto Alegre. Uma de suas últimas visitas foi para prestigiar o lançamento do livro “Rolo Compressor, memória de um time fabuloso”, do jornalista Kenny Braga, em 2008. Sua última estada na capital gaúcha foi o ano passado, quando das comemorações do centenário colorado. O Internacional decretou luto oficial e deixou a bandeira a meio mastro. (Pesquisa: Nilo Dias)
Agora, apenas um ex-jogador brasileiro que disputou a Copa do Mundo de 1950 no Brasil, ainda está vivo: Nilton Santos, que também era reserva. Nena, porém era o último integrante do “Rolo Compressor”, grande time do Internacional, que ainda estava vivo.
Nena nasceu em Porto Alegre no dia 11 de junho de 1923. Começou a jogar futebol na várzea portoalegrense, onde atuava como zagueiro do Esporte Clube Paraná. Ele foi para o Internacional em 1942 quando tinha apenas 18 anos de idade, descoberto pelo então técnico colorado, o uruguaio Ricardo Diez.
Estreou no Internacional no dia 12 de abril de 1942, na vitória de 5 X 2 sobre o São José, quando marcou seu primeiro gol, rebatendo de primeira uma péssima reposição do goleiro adversário, encobrindo-o, num lance que lhe valeu fama nacional. Substituía o lendário zagueiro Risada. Contudo sua estréia foi como lateral-esquerdo improvisado, já que Alfeu era o dono absoluto da zaga.
O time se renovara com ele, Ivo e Abigail, que foram as contratações mais importantes na administração do presidente Miguel Genta. Logo Nena firmou-se como zagueiro titular, passando a fazer parte do famoso “Rolo Compressor”, que ganhou oito títulos gaúchos nos anos 1940, e cuja formação clássica era esta: Ivo - Alfeu e Nena – Ássis - Ávila e Abigail – Tesourinha – Adãozinho – Russinho - Ruy e Carlitos.
Durante o período em que jogou no Internacional, Nena dividiu-se entre a zaga e a lateral-esquerda, sempre como destaque no "rolo compressor colorado". Foi nessa época que recebeu o apelido de "Parada 18", que era uma conhecida parada de bonde, localizada no bairro Tristeza, na Zona Sul de Porto Alegre. Em frente havia uma loja de atacado muito popular na época, que fazia grandes liquidações utilizando intensa propaganda radiofônica.
Segundo a propaganda da loja no rádio, nenhum passageiro do ônibus Tristeza passava da Parada 18, descia naquele ponto, atraído por preços acessíveis. Segundo os torcedores do Inter, nenhum atacante adversário conseguia passar por Nena. Ele era excelente nas bolas aéreas e tinha um bom porte físico. A partir daí Nena e a famosa parada passaram a ser sinônimos para os torcedores colorados, nos áureos tempos do “Rolo Compressor”.
Com a camisa colorada Nena foi campeão gaúcho em 1942, 1943, 1944, 1945, 1947 e 1948. Entre os jogadores mais conhecidos, destacavam-se o ponta-direita Tesourinha, que chegou à seleção brasileira, e Carlitos, maior goleador da história do clube, com 485 gols. Nena é considerado até hoje um dos maiores zagueiros que já vestiu a jaqueta do Internacional.
Em 1948, Nena foi convocado pela primeira vez para a seleção brasileira, na Copa Rio Branco, estreando num empate em 1 X 1 com o Uruguai. Pela seleção, jogou 6 partidas entre 1947 e 1950, com duas vitórias, três empates e uma derrota. Integrou a delegação brasileira na Copa do Mundo de 1950, mas não chegou a jogar. Assim como aconteceu a muitos jogadores que disputaram o mundial de 50, nunca mais voltou a jogar pela seleção, em função do trauma pela derrota para o Uruguai.
Os jogos de Nena na Seleção foram estes: 29/03/1947, Brasil 0 X 0 Uruguai, pela Copa Rio Branco; 04/04/1948, Brasil 1 X 1 Uruguai, também pela Copa Rio Branco; 11/04/1948, Brasil 2 X 4 Uruguai, ainda pela Copa Rio Branco; 07/05/1950, Brasil 2 X 0 Paraguai, pela Taça Oswaldo Cruz ; 13/05/1950, Brasil 3 X 3 Paraguai, igualmente pela Taça Oswaldo Cruz e 11/06/1950, Brasil 4 X 3 Seleção Paulista de Novos, amistoso.
Para muitos especialistas e até companheiros de Seleção, o que faltou ao Brasil na traumática decisão da Copa do Mundo de 1950 foi o gaúcho Nena. Ele nunca permitiria que o uruguaio Gigghia recebesse a bola às costas de Bigode e fizesse as duas jogadas, uma delas com gol, da vitória sobre o Brasil por 2 X 1. Nena era quase perfeito na cobertura, algo que faltou a Juvenal. Claro, é tudo mera suposição, só uma lembrança para mostrar a importância do antigo jogador.
Em agosto de 1951, Nena já era um homem realizado. Havia conquistado um lugar de destaque entre os melhores jogadores do futebol brasileiro e constituído uma família no casamento com Juraci Rodrigues Barbosa, em 1945. Mesmo assim transferiu-se para a Portuguesa de Desportos, de São Paulo onde formou o maior "trio final" da história do clube, ao lado do goleiro Muca e do gaúcho Noronha (ex-Grêmio).
Foi o melhor time da “Lusa” em todos os tempos. Nena atuou ao lado de craques como Júlio Botelho, Pinga e Simão, e conquistou os títulos do Torneio Rio-São Paulo de 1952 e 1955. Participou das excursões vitoriosas da Portuguesa pelo exterior, que resultaram nas conquistas das “Fitas Azuis” de 1951 e 1953. Sagrou-se ainda campeão do Torneio Rio-São Paulo de 1952.
O zagueiro parou de jogar em 1958. Só teve dois clubes na carreira, Internacional e Portuguesa. Depois de pendurar as chuteiras, por insistência dos dirigentes continuou a serviço da Portuguesa, como técnico dos juvenis e do time principal, sempre que este precisava dos seus conhecimentos. Cansado de trabalhar em futebol, Nena foi transferido para o setor administrativo, tornando-se o responsável pela cobrança das mensalidades dos sócios.
Nos anos 1960, foi técnico das categorias de base do Corinthians. Ao considerar que era chegada a hora de viver tranquilamente, longe da agitação da capital, Nena comprou uma chácara no município de Francisco Morato, na região metropolitana de São Paulo, onde morou por aproximadamente oito anos.
O vice-campeão mundial de 1950 deixou um herdeiro nos gramados: o meia Andrezinho, revelado pelo Corinthians no final dos anos 90, na geração de Gil, Edu e Ewerthon. Andrezinho passou também pelo Noroeste, de Bauro (SP), Paysandu, de Belém do Pará e Croatia Sesvete, da Croácia.
Nena vinha pouco a Porto Alegre. Uma de suas últimas visitas foi para prestigiar o lançamento do livro “Rolo Compressor, memória de um time fabuloso”, do jornalista Kenny Braga, em 2008. Sua última estada na capital gaúcha foi o ano passado, quando das comemorações do centenário colorado. O Internacional decretou luto oficial e deixou a bandeira a meio mastro. (Pesquisa: Nilo Dias)
terça-feira, 2 de novembro de 2010
O primeiro atleticano na Seleção
Carlyle Guimarães Cardoso, ou simplesmente Carlyle, ex-jogador do Atlético Mineiro, Fluminense, do Rio de Janeiro e da Seleção Brasileira, nasceu no dia 15 de junho de 1926, na cidade de Almenara, interior de Minas Gerais. Começou a carreira de jogador de futebol em 1946, no E.C. Tabajaras, time amador de Ouro Preto, onde era o grande destaque do time. Jogava como atacante e era dono de um físico avantajado e de um chute forte.
Depois Carlyle jogou no “Vinte Reunidos”, um time amador da cidade formado por estudantes da “Escola de Minas”, quando era aluno do curso de Metalurgia. Naquela época os chamados “grandes” costumavam buscar reforços no interior do Estado, coisa difícil de acontecer nos dias de hoje, quando os jogadores são formados nas próprias categorias de base dos clubes.
Por isso Carlyle sonhava em jogar no Atlético Mineiro. O sonho se tornou realidade em 1945, quando foi até Belo Horizonte assinar seu primeiro contrato com o “Galo”, sem passar por nenhum teste preparatório. O atacante não teve problema para se adaptar no time da capital. Logo de cara ganhou a titularidade, num ataque que tinha Lucas, Lauro, Alvinho e Nívio.
Já no primeiro jogo em que foi escalado, se destacou, tendo marcado dois gols. Não demorou muito para tornar-se um dos grandes ídolos da fanática torcida atleticana.
Um momento marcante da carreira de Carlyle pelo Atlético foi em um clássico contra o América, disputado no dia 16 de janeiro de 1948. Após marcar o quarto gol do time em uma goleada, ele pegou a bola dentro do gol, levou-a até o meio-campo e sentou-se em cima para provocar os adversários. Acabou expulso após uma confusão em campo.
Carlyle ficou no Atlético até 1948, tendo jogado 131 partidas, marcado 58 gols e conquistado o título mineiro de 1947, ao lado de ídolos como Kafunga e Zé do Monte. Tempo suficiente para entrar na história ao ser o primeiro jogador do clube mineiro convocado para a Seleção Brasileira.
Ele foi convocado em 1948 pelo técnico Flávio Costa e substituiu o atacante Friaça, na partida contra o Uruguai válida pela Copa Rio Branco, no Estádio Centenário, em Montevidéu. E conseguiu marcar o gol de honra brasileiro, na derrota de 4 X 1, para o Uruguai.
No mesmo ano, em um amistoso do Atlético Mineiro contra o Vasco da Gama, Carlyle ficou famoso ao fazer três gols no arqueiro Barbosa, titular da Seleção Brasileira, que ostentava uma invencibilidade de 15 jogos.
Em 1949 Carlyle se transferiu para o Fluminense e se tornou o artilheiro do Campeonato Carioca daquele ano, com 23 gols. O ataque do tricolor carioca era simplesmente sensacional: Santo Cristo, Didi, Orlando e Rodrigues. No clube da rua Álvaro Chaves foi campeão carioca em 1951, campeão da Copa Rio em 1952 e campeão do Torneio Belo Horizonte, também em 1952.
Em 1953 teve seu passe vendido para o Santos F.C.. No clube da Vila Belmiro, Carlyle logo no jogo de estréia contra o São Paulo F.C. foi protagonista de um lance inusitado: entrou em campo descalço, as meias e chuteiras seguras nas mãos. Sentou-se ao centro do gramado e sob os olhares de todos, completou seu uniforme.
Em 1954 ingressou no Palmeiras, onde atuou em nove jogos e marcou quatro gols. E foi novamente convocado para a Seleção Brasileira em 1955, sendo titular. Encerrou sua curta passagem pelo futebol jogando pelo Botafogo, do Rio de Janeiro.
Carlyle era temperamental, quase uma segunda edição do famoso Heleno de Freitas, mineiro como ele, e criou casos não apenas no Fluminense, como também no Botafogo. Ele não tinha um pedaço da orelha esquerda e sentia-se mal por isso, não aceitando nenhum tipo de brincadeira. Só admitia ser fotografado de perfil.
No início de 1954, a revista “Manchete” o escolheu para ser o primeiro jogador a posar com o novo uniforme canarinho da Seleção Brasileira, após um concurso lançado pelo jornal “Correio da Manhã” e ganho pelo jornalista gaúcho Aldyr Garcia Schlee. E Carlyle, belo porte, feições e corpo de atleta, não deixou por menos: posou de perfil, escondendo a orelha.
Fora dos gramados tornou-se um grande comentarista esportivo e cronista de talento na imprensa escrita e falada. Em 1968, ao lado do treinador e dirigente Lísio Juscelino “Biju” Gonzaga e do radialista Juventino de Lima Júnior, o “Jota Júnior”, Carlyle, integrou a comissão selecionadora que comandou a Seleção Brasileira na vitória por 3 X 2 sobre a Argentina, em partida amistosa realizada no Mineirão.
Carlyle Guimarães Cardoso teve uma morte trágica, em 23 de novembro de 1982, atropelado na saída do Estádio do Mineirão, ironicamente por um amigo que iria lhe dar uma carona. Em sua cidade natal, Almenara, uma avenida leva o seu nome. (Pesquisa: Nilo Dias)
Carlyle foi o primeiro jogador a posar com a tradicional camisa canarinho, da Seleção Brasileira.
Depois Carlyle jogou no “Vinte Reunidos”, um time amador da cidade formado por estudantes da “Escola de Minas”, quando era aluno do curso de Metalurgia. Naquela época os chamados “grandes” costumavam buscar reforços no interior do Estado, coisa difícil de acontecer nos dias de hoje, quando os jogadores são formados nas próprias categorias de base dos clubes.
Por isso Carlyle sonhava em jogar no Atlético Mineiro. O sonho se tornou realidade em 1945, quando foi até Belo Horizonte assinar seu primeiro contrato com o “Galo”, sem passar por nenhum teste preparatório. O atacante não teve problema para se adaptar no time da capital. Logo de cara ganhou a titularidade, num ataque que tinha Lucas, Lauro, Alvinho e Nívio.
Já no primeiro jogo em que foi escalado, se destacou, tendo marcado dois gols. Não demorou muito para tornar-se um dos grandes ídolos da fanática torcida atleticana.
Um momento marcante da carreira de Carlyle pelo Atlético foi em um clássico contra o América, disputado no dia 16 de janeiro de 1948. Após marcar o quarto gol do time em uma goleada, ele pegou a bola dentro do gol, levou-a até o meio-campo e sentou-se em cima para provocar os adversários. Acabou expulso após uma confusão em campo.
Carlyle ficou no Atlético até 1948, tendo jogado 131 partidas, marcado 58 gols e conquistado o título mineiro de 1947, ao lado de ídolos como Kafunga e Zé do Monte. Tempo suficiente para entrar na história ao ser o primeiro jogador do clube mineiro convocado para a Seleção Brasileira.
Ele foi convocado em 1948 pelo técnico Flávio Costa e substituiu o atacante Friaça, na partida contra o Uruguai válida pela Copa Rio Branco, no Estádio Centenário, em Montevidéu. E conseguiu marcar o gol de honra brasileiro, na derrota de 4 X 1, para o Uruguai.
No mesmo ano, em um amistoso do Atlético Mineiro contra o Vasco da Gama, Carlyle ficou famoso ao fazer três gols no arqueiro Barbosa, titular da Seleção Brasileira, que ostentava uma invencibilidade de 15 jogos.
Em 1949 Carlyle se transferiu para o Fluminense e se tornou o artilheiro do Campeonato Carioca daquele ano, com 23 gols. O ataque do tricolor carioca era simplesmente sensacional: Santo Cristo, Didi, Orlando e Rodrigues. No clube da rua Álvaro Chaves foi campeão carioca em 1951, campeão da Copa Rio em 1952 e campeão do Torneio Belo Horizonte, também em 1952.
Em 1953 teve seu passe vendido para o Santos F.C.. No clube da Vila Belmiro, Carlyle logo no jogo de estréia contra o São Paulo F.C. foi protagonista de um lance inusitado: entrou em campo descalço, as meias e chuteiras seguras nas mãos. Sentou-se ao centro do gramado e sob os olhares de todos, completou seu uniforme.
Em 1954 ingressou no Palmeiras, onde atuou em nove jogos e marcou quatro gols. E foi novamente convocado para a Seleção Brasileira em 1955, sendo titular. Encerrou sua curta passagem pelo futebol jogando pelo Botafogo, do Rio de Janeiro.
Carlyle era temperamental, quase uma segunda edição do famoso Heleno de Freitas, mineiro como ele, e criou casos não apenas no Fluminense, como também no Botafogo. Ele não tinha um pedaço da orelha esquerda e sentia-se mal por isso, não aceitando nenhum tipo de brincadeira. Só admitia ser fotografado de perfil.
No início de 1954, a revista “Manchete” o escolheu para ser o primeiro jogador a posar com o novo uniforme canarinho da Seleção Brasileira, após um concurso lançado pelo jornal “Correio da Manhã” e ganho pelo jornalista gaúcho Aldyr Garcia Schlee. E Carlyle, belo porte, feições e corpo de atleta, não deixou por menos: posou de perfil, escondendo a orelha.
Fora dos gramados tornou-se um grande comentarista esportivo e cronista de talento na imprensa escrita e falada. Em 1968, ao lado do treinador e dirigente Lísio Juscelino “Biju” Gonzaga e do radialista Juventino de Lima Júnior, o “Jota Júnior”, Carlyle, integrou a comissão selecionadora que comandou a Seleção Brasileira na vitória por 3 X 2 sobre a Argentina, em partida amistosa realizada no Mineirão.
Carlyle Guimarães Cardoso teve uma morte trágica, em 23 de novembro de 1982, atropelado na saída do Estádio do Mineirão, ironicamente por um amigo que iria lhe dar uma carona. Em sua cidade natal, Almenara, uma avenida leva o seu nome. (Pesquisa: Nilo Dias)
Carlyle foi o primeiro jogador a posar com a tradicional camisa canarinho, da Seleção Brasileira.
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