Além
da derrota para o Internacional, ontem, pelo Campeonato Brasileiro, a torcida
do Fluminense, do Rio de Janeiro, amanheceu nesta segunda-feira com mais um
forte motivo para ficar triste. Ontem a noite faleceu o ex-presidente do clube,
David Fischel, 79 anos de idade, que padecia de um câncer e não resistiu a uma
insuficiência respiratória. Ele estava internado no Hospital Copa D'or, em
Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro.
Fischel
foi um dos dirigentes mais respeitados na história do Fluminense. Além de
presidir o clube num momento de grave crise financeira, entre 1999 e 2004,
quando o time caiu para a Terceira Divisão do futebol brasileiro. Além de se
sagrar campeão da “Terceirona”, o tricolor conquistou o Campeonato Carioca de
2002, durante o mandato de Fischel.
Seu
maior feito na presidência do clube, foi sem dúvida ter conseguido a parceria
entre o Fluminense e a Unimed , empresa médica, que se tornou a principal
responsável pelos grandes investimentos no futebol, ao longo desses últimos
anos. A párceria já dura 15 anos, e ajuda a pagar parte dos salários dos
principais atletas do time.
O
corpo do desportista foi velado nesta segunda-feira, no Cemitério Israelita do
Caju, onde foi sepultado a tardinha. O Fluminense deverá prestar uma homenagem
a David Fischel no compromisso do próximo sábado, às 18h30, diante do Criciúma,
no Maracanã, válido pela 29ª rodada do Campeonato Brasileiro.
David
Fischel foi guindado a presidência do Fluminnse, em 1999, depois que da
renúncia do presidente Álvaro Barcelos, que não resistiu a queda do time para a
Série B e a Terceira Divisão. Manoel Schwartz venceu a eleição seguinte, mas em
razão de problemas de saúde, não pode assumir imediatamente.
Foi
então que o seu vice-presidente administrativo, David Fischel, assumiu o cargo
temporariamente. Schwartz chegou a ir ao clube algumas vezes, mas nunca mais
voltou ao cargo. Fischel chamou novas eleições, se candidatou e ganhou.
Fischel
contava que começou a torcer pelo tricolor carioca, quando tinha apenas 4 anos
de idade. Ele morava no interior de Minas Gerais e escutava os jogos do
Fluminense pelo rádio. O seu pai trabalhava no Moinho Fluminense. Talvez pelo
nome, analogia, tenha se tornado torcedor do clube.
O
ex-presidente guardava a lembrança de um Fla x Flu, em que o Fluminense ganhou.
Depois disso ainda ficou morando em Minas por alguns anos, sem ter a
possibilidade de acompanhar o seu time de perto. Aos 10 anos sua família
mudou-se para o Rio de Janeiro, o que lhe proporcionou poder acompanhar o
Fluminense em seus jogos.
Lembrava
que o tricolor foi Super Campeão Carioca, numa competição em que participaram
Fluminense, Flamengo, América e Botafogo. O Fluminense foi o Campeão e ele
assistiu aos jogos. A final foi contra o Botafogo, com vitória de 4 x 0. Essa
foi a primeira recordação que tinha, vendo o Fluminense de perto.
Daí
em diante sempre morou no Rio e continuou acompanhando o Fluminense
praticamente em todos os jogos. Inclusive, citava alguns episódios, como por
exemplo, ter adiado o noivado, porque coincidia num dia do jogo entre
Fluminense x Vasco, na decisão de campeonato.
Mas
deu tudo certo, a noiva foi com ele ao Maracanã. Em 1959 Fischel foi com ela a
um jogo do Torneio Rio x São Paulo, em que o Fluminense venceu por 8 X 1 ou 8 X
2. Como achou que a nova era pé quente, acelerou a cerimônia de casamento.
Fischel
era sócio do clube desde que chegou ao Rio, Era torcedor, mas nunca se envolveu
na vida política do clube, e nunca exerci qualquer cargo. Isso, até aceitar ser
um dos membros da chapa “Vanguarda”, que concorria ao Conselho Deliberativo. E
assim se tornou Conselheiro do Fluminense.
Daí
por diante passou a freqüentar as reuniões do Conselho. Na época existia um
racha muito grande no clube. Foi quando se deu a renúncia de Álvaro Barcelos.
Foi feita, então, uma composição,em reunião ocorrida na casa de Fischel, quando
foi indicado o nome de Manoel Swartz para presidente, e o dele para
vice-presidente administrativo.
No
dia da eleição o Manoel Swartz passou mal e Fischel assumiu interinamente a
presidência. Ficou no cargo durante 5 meses. Manoel Swartz entrava e saia, pois
seu estado de saúde não permitia a continuidade. Diante disso, foram chamadas
novas eleições, num clima de disspersão política.
Por sugestão de alguns conselheiros, foi feita uma composição e criado um Triunvirato, que foi eleito em dezembro e assim Fischel assumiu a presidência.
Por sugestão de alguns conselheiros, foi feita uma composição e criado um Triunvirato, que foi eleito em dezembro e assim Fischel assumiu a presidência.
Em
1998, o Fluminense nem identidade tinha. Era um clube desfacelado e mergulhado
em dívidas. Sem ter para onde ir, literalmente. O time era fraquíssimo, e tudo
indicava um caminho semelhante ao que, infelizmente, percorreu o América.
Foi
quando a Unimed iniciou sua parceria com o Fluminense. O investimento era
menor, claro, e nunca que a Unimed ou o Fluminense imaginariam que a parceria
chegasse na situação que está hoje.
No
futebol, a Unimed patrocina 28 clubes Brasileros. Do pequeno Serrano, de
Petrópolis, aos gigantes gaúchos, Inter e Grêmio. Em geral, dá forte incentivo
ao esporte olímpico. Em termos de negócio, são 15 milhões de clientes e 73 mil
Empresas espalhadas por todo o País.
Além
disso, está sempre presente patrocinando eventos beneficentes, como por
exemplo, uma partida organizada pelo craque Deco, que já se aposentou, e que
contou com a presença de Lionel Messi. (Pesquisa: Nilo Dias)
David
Fischel presidiu o Fluminense, em seu pior momento na história. (Foto:
Divulgação)