Estou de volta a Brasília depois de 21 dias no Rio Grande do Sul, “gozando de merecidas férias”. Se é que aposentado tem direito a férias, pois teoricamente não faz nada. No meu caso trato de não ficar totalmente parado: dou atenção a três blogs, jogo sinuca e derrubo algumas cervejas geladíssimas durante a semana. E as vezes faço alguma caminhada, para desenferrujar as pernas.
O passeio foi realmente muito bom, pois “matei” a saudade dos pagos e vi muita gente que não via há muitos anos. Comecei a trajetória por Porto Alegre, no dia 31 de março. Era noite de jogo do Internacional pela Taça Libertadores da América, contra o Cerro do Uruguai. Não fui ao estádio, vi o jogo pela televisão. Valeu pela vitória. Antes do futebol, estive com o meu amigo gremista (ninguém é perfeito), José Lucca no bar do Paulo, na rua Vigário José Inácio, onde encontramos dois gabrielenses e um ex-jogador do antigo Cruzeiro de São Gabriel. Mas isso é assunto para a coluna que escrevo em um jornal gabrielense.
O José Lucca é um amigo de muitos anos. Ele me acompanhou como diretor de futebol nos oito anos em que presidi a S.E.R. São Gabriel, que não sei por que mudou o nome para São Gabriel F.C.. Talvez para que fossem esquecidos os verdadeiros heróis que fundaram o clube e levantaram em tempo recorde um novo estádio para a cidade.
Pena que o futebol profissional tenha acabado. Hoje, o São Gabriel ficou na saudade. No meu tempo, e dos outros que me antecederam, o clube tinha vida longa. Terminava o ano e era certo que voltava no outro, e sem dever nada para ninguém.
Em São Gabriel ocupei a maior parte do tempo para concluir a pesquisa que faço, de longa data, sobre o futebol da terra, folheando velhos jornais guardados com carinho pelo amigo Rui Barros, o guardião da memória da cidade. Acho que o esforço de tanto tempo vai valer a pena, pois penso em colocar todo o extenso material colhido, em um livro sobre o centenário futebol gabrielense.
Em São Gabriel não deu para fazer muitas visitas, apenas aquelas já tradicionais que não tem jeito de escapar. E é claro que nos momentos de folga espantei o calor com algumas gostosas loiras geladas em vários bares da cidade. E na casa do amigo Clóvis Moure, o popular “Sete Vacas” saboreei uma feijoada maravilhosa, como há muito não comia. Tivesse ficado mais alguns dias em São Gabriel, certamente teria voltado uns cinco quilos mais gordo.
Em Pelotas fui hóspede da minha querida irmã Helena Badia, importante figura da cultura pelotense. Ela é artista plástica e participa de vários movimentos culturais na cidade. O meu cunhado João Carlos é professor da antiga Escola Técnica Federal de Pelotas. Foi na casa deles que assisti a vitória de virada do Internacional sobre o Pelotas. Era eu o colorado único na casa. Minha irmã ficou neutra, meu cunhado, além de torcer pelo Pelotas é anti dupla Grenal. E meu sobrinho Flávio é Pelotas e gremista. Mas confesso que se o Pelotas tivesse vencido, eu também teria festejado, em homenagem aos amigos áureo-cerúleos que tenho.
Depois, estabeleci o Café Aquário como o meu Quartel-General na cidade. É lá que se encontra todos e se sabe de tudo. Acho que fazia mais de 30 anos que eu não entrava no Aquário. Confesso que no primeiro momento me senti um peixe fora d’água. Não conhecia mais ninguém. E se havia algum conhecido, os anos se encarregaram de fazer uma maquiagem que os tornava irreconhecíveis. Com certeza o mesmo valeu em relação a minha pessoa. Quando morei em Pelotas não pesava nem 60 quilos, hoje estou com 103.
Ainda assim, graças ao amigo Luiz Carlos Knopp, áureo-cerúleo dos bons, com quem fiz amizade pela Internet, foi possível reencontrar alguns velhos conhecidos. Entre eles, Amir Cury, excelente repórter dos tempos de ouro da Rádio Pelotense, que fazia parte da equipe do grande Paulo Corrêa, recentemente falecido. Juro que poderia passar mil vezes por ele nas ruas, que não o reconheceria, mesmo estando "inteiraço" em seus 77 anos de idade.
E o que dizer do Luiz Carlos Martinez, meu companheiro de equipe esportiva na Rádio Pelotense, depois que Paulo Corrêa foi para Rio Grande? Com seus 84 anos bem vividos, Martinez freqüenta o Aquário diariamente entre 15 e 16 horas. Tirei uma foto com ele para guardar de recordação. Além de um excelente narrador esportivo foi um goleiro que marcou época no futebol de salão, defendendo o E.C. Pelotas.
Também encontrei o Celso Guimarães, um dos melhores atacantes que o futebol pelotense já produziu. O narrador Gley Santana, que eu levei para Rio Grande no início dos anos 80. Emilinho Nunes, que foi um dos bons goleiros do futebol de salão de Pelotas. Francisco Brandi, que trabalhou nas categorias de base da dupla Brapel e no salonismo do Paulista F.C. e o doutor Cheda, xavante de quatro costados, entre muitos outros.
Almocei com o amigo Luiz Carlos Knopp na Churrascaria Lobão, do E.C. Pelotas, hoje muito diferente daquele ambiente que conheci nos tempos do saudoso Vilmar Schild. Atendimento de primeira. E como o mundo é realmente pequeno, um dos garçons é filho de um velho amigo, o Flávio Fonseca, o popular “Cenourinha”, que me acompanhou como treinador nos plantéis salonistas do G.E. Brasil e G.A. Farroupilha, que tive a honra de dirigir.
Com o Knopp mantive um papo agradável. Ele é uma pessoa sensacional, profundo conhecedor do futebol. Não só do seu E.C. Pelotas, mas do futebol como um todo. Não estava triste com a derrota do seu clube para o Internacional. Tem plena consciência do poderio do clube da capital. E aplaude a campanha áureo-cerúlea, digna e vitoriosa sob todos os aspectos. O desempenho do Pelotas este ano, fez com que os "xavantes passasem muitas noites mal dormidas. E isso é bom, faz renascer o futebol da cidade, e valoriza o interior. Hoje, o campeonato gaúcho só perde para o Paulista. Passou os cariocas para trás, há muito tempo.
Encerrando minhas andanças por Pelotas visitei meus quatro filhos que moram lá. E fui na redação do jornal “Diário Popular”, uma verdadeira escola de jornalismo, onde trabalhei muitos anos como editor de esportes e repórter especial. Do meu tempo, apenas o Chico da oficina e o repórter Airton ainda permanecem por lá. O restante é a jovem guarda do jornalismo, entre eles o editor de esportes Sérgio Cabral, que me brindou com uma nota acompanhada de foto na edição do dia 20. (Texto: Nilo Dias)
Foto Carlos Queiróz. Nota publicada no jornal "Diário Popular", de Pelotas-RS, edição de 20 de abril de 2010. "O " velho" amigo Nilo Dias, ex-editor de esportes do Diário Popular, nos anos 70, esteve em Pelotas ontem à tarde e veio à Redação, nos visitar. Falou um bom tempo com o nosso "guerrilheiro da notícia" Airton Santos. Nilo está em Brasília há 11 anos, aposentado, curtindo a vida. Este fez história no rádio, nos bastidores do futsal, no futebol e foi presidente do São Gabriel por oito anos. Na conversa de bastidores ontem, foi recebido pelo nosso coordenador e parceiro Pablo Rodrigues (Sérgio Cabral)"
Boa parte de um vasto material recolhido em muitos anos de pesquisas está disponível nesta página para todos os que se interessam em conhecer o futebol e outros esportes a fundo.
sexta-feira, 23 de abril de 2010
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2 comentários:
Foi um grande prazer, tê-lo conhecido pessoalmente, você é um sujeito ESPECIAL, e oxalá possamos, em outros momentos, trocar experiências e reminicências.
Abração.
Xavante Munhoso na área... Gol do Brasil!
Salve Nilo Dias!
O Knopp recomendou-me teu blog e aqui estou com muita satisfação.
Sou cria do Diário Popular e acredito que trabalhamos juntos. Não tenho o previlégio de ser jornalista mas sou da turma dos Linotipistas. As oficinas de 1972 a 1987 foi o meu lar... Tempos de "chumbo" grosso, boas brigas por carnaval, futebol e até política, mas no fim, tudo terminava em festa e a turma do deixa disso se divertia uma barbaridade.
Também tenho um blog - xavantemunhoso.zip.net - e estou tendo o atrevimento de escrever um livro ("A História do Brasil Segundo o Xavante Munhoso - Cronologia de uma Paixão). Li aqui em teu blog que fizeste parte daquela beleza que era o futebol de salão do Brasil. Pretendo escrever sobre estas glórias do salonismo não só da Princesa do Sul, mas do próprio Estado gaúcho. Acontece que, por incrível que pareça, estas maravilhosas façanhas estão sendo esquecidas e as novas gerações nem sequer sabem que o G. E. Brasil foi tetra campeão gaúcho no salonismo. Bem, se podes me ajudar de alguma maneira, sentir-me-ei honrado com a colaboração. Um abraço, tche!
Xavante Munhoso
xavantche@gmail.com
xavantemunhoso.zip.net
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