Parece que a “miudinha” chegou a Bagé nos últimos dias de 2011. Depois da morte de Vicente, zagueiro que marcou época no Santos de Pelé, agora faleceu Carlos Calvet, ponteiro-direito, também filho de Bagé e que jogou no Internacional, de Porto Alegre. Ele morreu na Santa Casa de Bagé, onde estava internado há várias semanas, tratando de problemas respiratórios. O enterro ocorreu no domingo, no Cemitério daquela cidade.
Carlos Donazar Calvet, o “Tóia”, nasceu em Bagé no dia 26 de julho de 1926. Mas a trajetória profissional foi iniciada fora da terra natal. Aos 18 anos foi morar em Pelotas. Quando estudava no Colégio Gonzaga, foi convidado a jogar nas categorias de base do E.C. Pelotas. Na Princesa do Sul atuou em 1944 e conquistou o vice-campeonato gaúcho de 1945.
Em 1946 foi contratado pelo Guarany, de Bagé e na mesma temporada foi negociado com o Botafogo, do Rio de Janeiro, onde atuou até meados de 1948 e serviu no Ministério da Guerra. A passagem pelo futebol carioca foi lembrada recentemente em entrevista concedida ao programa “Jogo Limpo” da "TV Sem Fronteira". “Excursionamos a Bolívia, onde fui interprete da delegação. Eles não sabiam nada de castelhano. Passamos um mês, jogamos três jogos, com duas vitórias e um empate” contou.
Atacante habilidoso, excelente finalizador e dono de forte chute, em 1948 foi contratado pelo Internacional, de Porto Alegre, com a função de substituir o craque Tesourinha, vendido ao Vasco da Gama, do Rio de Janeiro. Em 1949 voltou a jogar pelo Guarany.
Em 1950 e 1951, foi jogador do Bagé. Em 1952, Carlos Calvet, retornou ao Guarany e jogou até 1961, quando aos 33 anos deu adeus à carreira vitoriosa como atleta. Várias vezes foi treinador do alvirrubro bageense. Atuou também pela Associação Atlética Gente Boa, no campeonato amador da cidade. E, a convite do radialista Mário Teixeira Codevilla, ainda jogou pela equipe de futebol da Rádio Difusora, na década de 1960.
O ex-jogador Carlos Calvet estava aposentado e residia no Bairro Getúlio Vargas, em Bagé. Artilheiro nato marcou 109 gols pela dupla Na-Gua, 84 gols pelo Guarany e 25 pelo Bagé, inclusive sendo o autor do gol 1000 do jalde-negro, na derrota por 4 X 3 para o Brasil, de Pelotas, em 12 de agosto de 1951.
Um dos grandes momentos da sua carreira profissional, aconteceu no dia 24 de março de 1957. O Santos F.C., que realizava uma série de jogos no Rio Grande do Sul, se apresentou em Bagé, no Estádio da “Pedra Moura”, diante da seleção Ba-Gua, jogo que terminou empatado em 1 X 1. Pelé marcou para os santistas, enquanto Carlos Calvet, que teve atuação destacada, anotou o gol do combinado.
Eu assisti aquele jogo. Tinha apenas 16 anos de idade e aproveitei a proximidade de minha terra natal, Dom Pedrito, com Bagé. O Santos de Pelé e companhia foi o primeiro grande time de futebol, que vi jogar. Na escalação monstros sagrados como Ramiro, Formiga, Del Vechio, Jair da Rosa Pinto, Pepe, Pelé e outros.
Carlos Calvet era irmão de Raul Calvet, que jogou no Grêmio e Santos e faleceu aos 72 anos de idade, no dia 29 de março de 2008, em Porto Alegre, onde se tratava de um câncer no esôfago. Um dia depois de sua morte, o corpo foi cremado na capital gaúcha.
Nascido em Bagé, no interior gaúcho, Raul Calvet foi revelado pelo Guarany local e depois esteve no Grêmio, antes de chegar na Vila Belmiro para vestir a camisa do Santos. No onze da Vila Belmiro foi bicampeão mundial, num time basicamente formado por Gilmar – Lima – Mauro - Calvet e Dalmo - Zito e Mengálvio – Dorval – Coutinho - Pelé e Pepe.
Jogou 10 partidas pela Seleção Brasileira e foi campeão mundial em 1962. Era considerado um jogador técnico e elegante. Abandonou o futebol aos 30 anos ao romper o tendão de Aquiles. (Pesquisa: Nilo Dias)
Carlos Calvet, quando jogava no Guarany, de Bagé.
Boa parte de um vasto material recolhido em muitos anos de pesquisas está disponível nesta página para todos os que se interessam em conhecer o futebol e outros esportes a fundo.
domingo, 1 de janeiro de 2012
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