“Jango”, terceiro filho de uma família de oito irmãos, passou sua infância na fazenda, onde realizou seus estudos primários e desenvolveu o gosto pela vida do campo, especialmente as atividades pecuárias. Em 1928, foi interno no Ginásio Santana, dos irmãos Maristas, localizado em Uruguaiana (RS).
Reprovado na quarta série foi castigado por seu pai com a transferência para o Colégio Anchieta, em Porto Alegre, onde tornou-se zagueiro da equipe juvenil de futebol do Internacional, campeã gaúcha em 1932.
No ano seguinte pediu ao pai para regressar ao Ginásio Santana a fim de cursar o último ano. “Jango” nasceu em São Borja (RS), no dia 1º de março de 1919, filho de Vicente Rodrigues Goulart e de Vicentina Marques Goulart. Desde criança recebeu o apelido de Jango, comum no sul do país. Faleceu no dia 6 de dezembro de 1976, em Mercedes, Argentina.
Já Café Filho, nascido em Natal, no dia 3 de fevereiro de 1889, além de atleta participou junto com um grupo de jovens, da fundação do Alecrim, ocorrida em 15 de agosto de 1915, em pleno bairro do Alecrim. Café Filho era um goleiro apenas mediano, mas teve uma importante atuação como integrante da diretoria do Alecrim, e também do Centro Esportivo Natalense.
Muito cedo, com apenas 15 anos, começou a sua vida de jornalista, quando publicou "O Bonde" e "A Gazeta", ambos manuscritos. Depois fundou e dirigiu o "Jornal de Natal". Nesse jornal, começou a abordar a questão social do Estado.
Café Filho faleceu no dia 20 de fevereiro de 1970, no Rio de Janeiro e está sepultado no Cemitério do baiiro do Alecrim, em Natal.
Depois do goleiro que foi Presidente, o Alecrim seguiu sua rotina de jogos sem muita expressão, até que, em 1925, levantou o título de campeão de maneira invicta, fato inédito entre os clubes de futebol de Natal. Como naquela época o Alecrim era formado basicamente por negros e descendentes de índios, ABC e América, que eram times das elites, dissolveram a federação de futebol para que o campeonato fosse invalidado.
O Alecrim foi o último clube que conquistou o título do campeonato de aspirantes antes que fosse extinto. Outras personalidades já defenderam as cores do Alecrim, além de Café Filho. O clube tem uma história de pioneirismo que o diferencia das demais equipes: teve um torcedor padre que foi governador do Estado, Monsenhor Walfredo Gurgel; o único clube de Natal onde “Mané Garrincha” jogou uma partida, isso em 1968; primeira equipe o RN a ter um técnico de futebol, Alexandre Kruze, em 1925, sendo nesse ano o primeiro campeão invicto do RN, título anulado pela Federação que não admitia time de subúrbio ser campeão.
Além disso, o Alecrim foi o primeiro clube a viajar de avião em jogos oficiais, inclusive atuando em partidas internacionais. O clube foi conhecido como o “Vingador”, pois os times de fora ganhavam de ABC e América, como o caso do Bonsucesso que goleou ambos e quando jogou contra o Alecrim perdeu por 3 X 1. Foi o primeiro clube a possuir um Centro de Treinamento (CT), em Macaíba em 1978 e também o primeiro a possuir uma página na Internet graças ao saudoso presidente Edmar Viana.
A primeira agremiação do Rio Grande do Norte a adquirir um ônibus em 1968, e a equipe que tem a mais antiga, fiel e atuante torcida organizada do Estado a Fieis Esmeraldinos Radicais (FERA), criada em 1977. O Alecrim inaugurou alguns estádios: o “Marizão” em Caicó (RN), o Maria Lamas Farache, “Frasqueirão”, em Natal, o “Pascoal de Lima” na cidade da Esperança (RN) e o estádio Gentil Fernandes, da cidade de Areia Branca (RN).
O segundo título de campeão veio em 1963, com o técnico “Geléia”, numa vitória contra o ABC. No ano seguinte “Geléia” deixou o clube, dando lugar a “Pedro 40”, que garantiu o bicampeonato contra o mesmo adversário.
Em 1968, outra façanha: o esquadrão esmeraldino venceu o campeonato estadual de ponta a ponta. Mais uma vez, invicto. Embalados pela conquista, nesse mesmo ano a torcida do Alecrim ganhou um presente. Num amistoso contra o Sport, de Recife, o gênio das pernas tortas, “Mané Garrincha”, vestiu a camisa 7 do clube alecrinense. Apesar da derrota por 1 X 0, gol de Duda, aquele 4 de fevereiro de 1968 ficou para sempre na história do Alecrim.
O jogo foi no Estádio Juvenal Lamartine, com um público superior a 6 mil pagantes, com renda de Cr$ 21.980,00. O Alecrim formou com Augusto – Pirangi – Gaspar - Cândido e Luizinho - Estorlando e João Paulo - Garrincha (Zezé) – Icário - Capiba (Elson) e Burunga. O Sport mandou a campo Delcio – Baixa – Bibiu - Ticarlos e Altair - Valter e Soares – Bife – Cici - Duda e Canhoto.
Nos anos 1980, um dos torcedores mais fanáticos do Alecrim era cego. “Chico Araújo” ia aos jogos com um radinho de pilha. Não perdia uma única partida.
O time é chamado de “Verdão Maravilha”, e ao longo do tempo ganhou dezenas de títulos no futebol, voleibol, futebol de salão, basquete, pedestrianismo e ciclismo.
No futebol que é a sua principal marca, obteve os seguintes títulos: campeão norteriograndense nos anos de 1924, 1925, 1963, 1964, 1968, 1985, 1986; campeão do Nordeste da série D em 2009; campeão da Taça Cidade do Natal – 1979, 1982, 1986; tri-campeão do torneio Incentivo – 1976, 1977, 1978; dez vezes campeão do torneio Início; campeão dos torneios da Marinha em 1969 e do “Santos Dumont” em 1970; tetra campeão de Aspirantes em1961, 1962, 1963, 1964, bi campeão de juniores (86 e 87), campeão invicto de juniores 2006, vice campeão estadual em 1928, 1953, 1962, 1965, 1966, 1970, 1972, “ano da inauguração do estádio “Machadão” e 1982, vice campeão da taça Cidade do Natal em 1972,1976 e 1985, dos torneios “Rio Grande do Norte” em 1979, “Buriti” em 1980 e “Assis de Paula” em 1995.
Representou o Estado na primeira divisão do campeonato brasileiro de 1986, jogando inclusive com o Botafogo no Maracanã e com o Palmeiras no Parque Antártica. (Pesquisa: Nilo Dias)
Café Filho, quando tinha 22 anos.
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