Em
1955 o Frigorífico A. C. conquistou o título da 2ª Zona do Campeonato
Fluminense, que na época não foi considerado título estadual. O reconhecimento
só ocorreu em 1962, por decisão da FFD.
A
confusão aconteceu por causa da recusa de niteroienses e campistas de disputar
o campeonato fluminense organizado pelo DEP a partir de 1953.
Até
chegar ao título máximo, o Frigorífico jogou 19 partidas, venceu 11 (uma por
Wx0), empatou cinco, e perdeu apenas quatro. Marcou 45 gols e sofreu 27. No
jogo contra o Royal, em Barra do Piraí, Nenzinho foi autor de três gols que
deram a vitória ao Frigorífico por 4 X 3, assegurando a conquista do título.
P
campeonato estadual foi organizado entre os campeões de Niterói, Campos e Vale
do Paraíba, sendo esta última região aquela da qual fazia parte o Frigorífico.
Frigorífico e Barra Mansa classificaram-se para o Campeonato Fluminense,
ficando ambos no Grupo A ao lado do Cruzeiro, de Niterói. Infelizmente o
alvinegro terminou em último lugar neste grupo e não seguiu adiante na
competição.
Faltando
apenas duas rodadas para o término do campeonato, o Superior Tribunal de
Justiça da então CBD, mandou que fossem incluídos na competição os times da A.
A. Volta Redonda e 1º de Maio S.C. , o que provocou uma crise na FFD, apoiada
por todos os filiados, que se recusaram a jogar com aquele clube.
Esse
fato levou a FFD a proclamar o Volta Redonda campeão, sem disputar uma única
partida. Chegou a ser marcado um primeiro jogo entre Volta Redonda X 1º de
Maio, que também não se realizou em face do desinteresse do clube de Santanésia
de participar da polêmica questão. O “Jornal dos Sports”, de 18/12/55,
noticiava:
“O
OUTRO CAMPEÃO – O Frigorífico, primeiro colocado no certame de 1955, já havia
garantido o título de campeão quando surgiu o caso da inclusão da A. A. Volta
Redonda no certame. Tendo se unido aos demais seis clubes que não concordavam
com o ingresso do novo concorrente, o Frigorífico, campeão de direito
sacrificará a conquista gloriosa, mas não arredará do seu ponto de vista.
Mas
isso não aconteceu. Depois de algumas reuniões realizadas em Barra do Piraí e
Volta Redonda, foi sugerido que Frigorífico e Volta Redonda, formassem um
combinado para representar o Sul do Estado nas eliminatórias que apontariam o
representante fluminense na Taça Brasil. Mas no fim o Volta Redonda acabou
participando do torneio que apontaria aquele representante, enquanto o
Frigorífico tinha seu título reconhecido.
No
dia 13 de dezembro aconteceu a festa de entrega das faixas aos campeões, num
jogo amistoso frente a Seleção Carioca de Amadores (Departamento Autônomo), que
se preparava para excursionar à Europa. O jogo contou com a participação de
todos os jogadores que atuaram no campeonato. O resultado final foi um empate
de 4 X 4. Os gols do Frigorífico foram marcados por Ceoca, Nenzinho,
Tarrachinha e Cunha.
Na
oportunidade, foi prestada uma significativa homenagem ao extraordinário craque
Zé Magro, que havia encerrado sua carreira um ano antes, depois de quase 15
anos de participação decisiva na conquista de tantas vitórias e títulos que
engrandeceram o clube.
Nos
Campeonatos Estaduais de 1956, 1957, 1959 e 1991 o Frigorífico teve fracas
participações, o que motivou o seu fechamento. Mas, inegavelmente, nos 74 anos
em que participou de várias competições, deixou um legado de muitas conquistas,
que até hoje são lembradas pelos torcedores de Mendes.
Muitos
craques do futebol brasileiro vestiram a gloriosa camisa do Frigorífico, entre
eles: Jair Rosa Pinto, que jogou pelo Madureira, Flamengo, Vasco da Gama,
Santos e Seleção Brasileira; Ceoca, meia-esquerda talentosíssimo,
assemelhava-se aos grandes “canhotos” que fizeram história no nosso futebol;
Ramos, meia-esquerda, foi o artilheiro da equipe no campeonato de 1943, com 29
gols, estabelecendo um recorde histórico nos campeonatos da Liga Desportiva de
Barra do Piraí. Era do Corpo de Fuzileiros Navais e em 1944 transferiu-se para
o Madureira E.C., do Rio de Janeiro; Cunha, meia-esquerda, autor do gol que deu
ao Frigorífico o título do Torneio Início do Supercampeonato de Profissionais
de 1955. Pertencia ao São Cristóvão F.R., do Rio de Janeiro, na categoria
“não-amador”, e veio para Mendes atraído por uma proposta para trabalhar no
escritório do Frigorífico Anglo; Placedez Benitez Guglielmi, argentino,
recomendado ao C.R .Vasco da Gama, do Rio de Janeiro, chegou a Mendes no início
de 1940 e acabou ficando para sempre.
Mas
o maior ídolo da história do Frigorífico A.C. foi sem dúvida José Francisco dos
reis Filho, o “Zé Magro”. O apelido veio por causa de sua magreza. Mas sabia
fazer de tudo: passes, dribles desconcertantes, senso de colocação na hora de
receber a bola e gols, com incrível facilidade.
Emérito
goleador, que desmoralizava e humilhava os adversários com seus dribles curtos,
desconcertantes e sucessivos no menor espaço de campo, Zé Magro era o terror
das defesas adversárias e principal responsável pelos gols que redundaram em
tantas vitórias importantes e títulos conquistados.
Foi
o principal artífice de incontáveis e importantes vitórias – algumas pela
impressionante marca de três gols – que tanto engrandeceram o Frigorífico. Sua
fase áurea foi de 1944 a 1950, com um período de experiência no Clube Atlético
Mineiro, frustrada por uma lesão mal curada, que abreviou a sua carreira.
Na
memorável partida contra o Central, em Barra do Piraí, em 1948, pelo campeonato
da LDBP, e que o Frigorífico venceu por 4 X 2, Zé Magro realizou talvez a maior
partida de sua vida. Ao marcar o quarto gol, ele, que havia feito o primeiro e
dado passes para Magela e Lair marcarem os outros dois, dirigiu-se ao local
onde se encontrava a torcida do Frigorífico e exclamou, batendo no peito: “Eles
têm que respeitar esta camisa!”
No
final de 1950, Zé Magro estava afastado do futebol. Resolvera parar, por razões
pessoais. O Cipec chegara ao final do campeonato daquele ano com um ponto de
vantagem sobre o Central e dependia tão somente de suas forças para conquistar
o ambicionado o título. Para isso bastava vencer o seu último jogo, contra o
Frigorífico.
Didi,
capitão do time do Frigorífico não gostava do Cipec, por isso insistiu para que
Zé Magro jogasse aquela partida decisiva. Inicialmente, “Zé Magro” não aceitou
o convite, mas depois de muitos apelos acabou cedendo e disse: “Está bem. Se
depender de mim, eles não serão campeões”.
”Zé
Magro” se preparou para o jogo, dando atenção ao preparo físico, que inclusive
se prolongavam pela noite, com demorados passeios de bicicleta. E no domingo
não deu outra: Frigorífico 2 X 1, com dois gols de “Zé Magro” e o Cipec se
retirando de campo.
Para
quem nunca ouviu falar em “Zé Magro”, este fato diz tudo. O grande Jair Rosa
Pinto, em uma entrevista ao “Museu da Imagem e do Som”, quando indagado sobre
os maiores jogadores que viu atuar no futebol brasileiro disse: “Pelé,
Garrincha e Zé Magro”.
Ante
a surpresa do repórter pelo inusitado da resposta, Jair acrescentou: “Zé Magro
vocês não conheceram, mas foi o maior driblador do futebol brasileiro. Era do
Frigorífico de Mendes”.
Em
07 de setembro de 1994, na presidência de Paulo César Caramez, o Estádio da
Vila Wesley passou a denominar-se “Estádio Zé Magro”, numa justa homenagem
aquele que foi o maior craque que o Frigorífico A.C. e o futebol de Mendes
conheceram em todos os tempos.
Em
toda a sua trajetória pelos gramados fluminenses, o Frigorífico conquistou
vitórias memoráveis, que até hoje são lembradas: 7 X 0 sobre a seleção de
Valença, em 1935; 9 X 2, em Mendes, sobre o Central de Barra do Piraí, em 1941;
5 X 2 sobre o Royal, em Barra do Piraí, pelo campeonato da LABP, em 1940; 8 X 4
sobre o time misto do C.R. Flamengo, em 1957; 5 X1 sobre o Cipec, em 1947, na
decisão do Torneio Municipal.
Vitórias
emocionantes como a de 3 X 2 sobre o Royal, em Barra do Piraí, que valeu o
título de campeão da LDBP de 1952; 4 X 3 sobre o mesmo Royal, em Barra do Piraí
em 15 de novembro de 1955, garantindo a conquista do título de Supercampeão
Estadual de Profissionais. Vitórias dramáticas como a de 1 X 0 sobre o
Metalúrgico, em São Gonçalo, em 1946, após mais de duas horas de jogo.
Vencendo
no tempo regulamentar, o Metalúrgico levou a disputa para decisão numa
prorrogação de 30 minutos, que terminou empatada em 0 X 0. Ou a de 3 X 2 sobre
o poderoso esquadrão do Icaraí, no estádio Caio Martins, num ambiente de
verdadeira batalha. Vitórias épicas como a de 6 x 4 sobre o Central, em Barra
do Piraí, na decisão do título de campeão do Torneio Início de 1946, após
terminar o primeiro tempo do jogo perdendo de 4 X 1.
Mas
a vitória que talvez devesse ser emoldurada como um raro exemplo de garra e
amor à camisa foi a que deu ao Frigorífico o título de campeão invicto da LDBP
em 1945. O time alvi-negro derrotou o adversário por 3 X 0, em Barra do Piraí,
depois de empatar o primeiro jogo realizado em Mendes, por 1 X 1.
O
Frigorífico jogou desfalcado de Bibi e Mascote, que se transferiram para o
futebol carioca. Além desses dois importantes joga dores, o clube havia perdido
também Rubi, transferido para o 1º de Maio, e Robeval, Marino, Armando e Abdo,
que haviam acompanhado Sabino Catete para o recém fundado Cipec E.C.
Entrega
das faixas de campeão de 1955. (Foto: Acervo do Frigorífico A.C.)
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