Os
torcedores do Botafogo, do Rio de Janeiro costumam dizer que algumas coisas só
acontecem com o clube. A superstição andou sempre lado a lado com o
alvinegro. Talvez muitas pessoas nunca
tenham ouvido falar em Djalma Dutra. Ele jogou no Botafogo desde o glorioso ano
de 1910, em que o clube conquistou seu primeiro título de campeão carioca.
A
bem da verdade, Djalma, nascido em 1895, recém estava chegando ao clube, para
jogar na Escolinha de Futebol. O Botafogo foi pioneiro na organização de
categorias de base, no Rio de janeiro. Sua primeira escolinha se chamava
Carioca F.C., criada em 1905. Depois foi extinta e o clube fundou em 1908 o
Botafogo Infantil.
Djalma
Dutra foi um dos astros dessa equipe. Em 1910, enquanto o time principal se
sagrava campeão, os infantis venciam o maior rival da época, o Fluminense e
levantavam o caneco do “Torneio Infantil”.
Foram
dois jogos para decidir quem seria o campeão. No primeiro, realizado dia 30 de
Junho de 1910, o Botafogo ganhou por 4 X 2. Os gols foram anotados por Paulo
Azeredo e Mário Pinto, dois cada um. O time formou com Waldemar - Adolfo Couto
e Carlos Amorim - Ewaldo - Rui Bandeira
e Paulo - Jorge Martins - Djalma Dutra - Mário Pinto - Paulo Azeredo e Tavares.
A
segunda partida aconteceu em 3 de julho de 1910, om nova vitória botafoguense,
dessa feita por 2 X 1. Mário Pinto e Djalma Dutra fizweram os gols. O campeão
mandou a campo Mário - Augusto Tavares e Carlos Amorim - Adolfo Couto - Ewaldo
e Kiki - Luiz Menezes - Djalma Dutra - Mário Pinto - Paulo Azeredo e
Burlamaqui.
Djalma
Dutra tinha tudo para seguir uma carreira exitosa no futebol. Quando chegou na
idade de servir ao Exército, sua vida mudou por completo. Com espirito
idealista, lutou com ardor por causas em que acreditava.
Cursou
a Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro, e em 1922 já estava envolvido
em movimentos revolucionários. Foi considerado desertor quando servia no
regimento de Dom Pedrito (RS), terra do operador deste blog e juntou-se a
“Coluna Prestes”.
Depois que as tropas comandadas por Luiz Carlos Prestes, já
desgastadas pela longa marcha, terem abandonado o território brasileiro,
encerrando aquela fase da luta, exilou-se na Argentina junto com a maioria dos
demais líderes revolucionários.
Em
1929, Djalma veio clandestinamente ao Brasil, junto de Siqueira Campos, que fora
um dos líderes da “Coluna Prestes”, para preparar uma insurreição em São Paulo.
A policia paulista os localizou em uma casa da rua Andrade e esperou que
saíssem, recebendo-os à bala. Siqueira Campos regaiu também atirando,
conseguindo escapar.
Djalma
Dutra foi preso e levado para o Rio de Janeiro, tendo conseguido fugir pouco
tempos depois, para juntar-se novamente
ao movimento revolucionário.
Com
a derrota da candidatura de oposição a Getúlio Vargas nas eleições
presidenciais, Djalma regressou para São Paulo em março, para preparar a deflagração do movimento armado que visava
depor o presidente Washington Luís. Em Outubro, quando teve início a “Revolução
de 1930”, encontrava-se em Minas Gerais, onde tomou parte em combates.
O
movimento revolucionário do qual fazia parte ganhou força a partir do
rompimento entre as oligarquias paulista e mineira, ambas ligadas a interesses
de produção e exportação de café. Djama Dutra morreu em outubro de 1930 quando
tomava parte na tomada do 4º Regimento de Cavalaria, sediado em Três Corações
(MG).
Teve participação destacada na “Coluna Prestes”, tendo sido
comandante de um dos quatro destacamentos em que se dividia o exército rebelde,
que percorreu cerca de 25 mil quilômetros pelo interior do Brasil entre 1925 e
1927.
Sua
história não foi esquecida. Tanto é verdade que hoje é nome de rua em São
Paulo, Rio de Janeiro, Santos, Recife, Manaus, Salvador, Belém, Presidente Prudente
(SP), São Bernardo do Campo (SP),Araraquara (SP), Olinda (PE), Niterói (RJ), Santos (SP),
Senhor do Bonfim (BA), Pilares (SP), São José dos Pinhais (PR), Bacabal (MA),
Escada (PE), Camamau (BA), Brejo Alegre (SP), São Sebastião do Paraíso (MG),
Cruzeiro do Sul (AC), Nova Cruz (RN), Caruaru (PE), Iararé (SP), Glória do
Goitá (PE), Altamira (PA), São João do Rio Peixe (PB), São Vicente (SP), Poções
(BA) e Carpina (PE).
Além
de identificar ruas em todas essas cidades, Djalma Dutra é nome de uma estação
ferroviária e de um time de futebol amador em Divinópolis (MG). Djalma Dutra
também foi nome da cidade baiana de Poções, durante algum tempo, mas em 1943
voltou a denominação anterior.
Para
completar, Djalma Dutra também empresta seu nome a um vapor que transporta
passageiros no rio São Fracisco, denomina um hospital municipal em São Luiz
(MA) e a uma estação de metrô em São Paulo. (Pesquisa: Nilo Dias)
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