As
seis mortes ocorridas durante as obras de construção dos 12 estádios
brasileiros onde serão jogadas partidas da Copa do Mundo deste ano, viraram
café pequeno perto do que ocorre em Doha, no Qatar, que será sede do evento em
2022.
Segundo
um estudo feito pela Confederação Sindical Internacional, cerca de 1,2 mil pessoas
já morreram durante a construção dos
estádios e em obras de infraestrutura, para o evento que ocorrerá daqui há oito
anos.
Uma grande parte dos mortos é de trabalhadores imigrantes da Índia e Nepal, que
representam mais da metade da população do Qatar, chegando a 1,4 milhões, numa
população de 2 milhões de pessoas.
Nas
obras da Copa estas duas nacionalidades representam apenas um terço do total de
trabalhadores. O número de mortos pode ser ainda mais elevado se forem contados
egípcios, paquistaneses e bengalis – possivelmente, mais de 3 mil.
Essa
gente sem qualificações e dinheiro entra no país para trabalhar, com a ajuda de
um “patrocinador”. Este paga o visto, o custo da viagem e a hospedagem. Geralmente trata-se do futuro chefe, abrindo margem para a exploração dos trabalhadores:
eles chegam ao país já devendo para seus empregadores.
O
estudo mostra que as causas das mortes estão associadas a ataques cardíacos,
acidentes de trabalho ou doenças causadas pelas condições miseráveis em que
vivem. Os operários são expostos a longas jornadas, muitas delas acima de 12
horas e lidam com um ambiente de trabalho pouco seguro e carente de
infraestrutura adequada.
Há
relatos de condições análogas à escravidão nas obras da Copa. Passaportes são
confiscados e os salários são retidos pelos chefes durante meses. Tudo isso com
um calor de 50 graus Celsius sobre a cabeça. Muitos se machucam seriamente ou
morrem após caírem de grandes alturas. Outros se suicidam. O prognóstico é ainda mais pessimista: segundo a CSI, mais de 4 mil pessoas
ainda perderão suas vidas.
Comissões
de direitos humanos pedem o fim do sistema local chamado “kafala”, muito comum
nos países árabes do Golfo Pérsico. Trata-se de uma legislação trabalhista que
tem o potencial de escravizar o imigrante.
Um
relatório da Anistia Internacional também trouxe dados sobre as péssimas
condições de trabalho nas obras da Copa. A entidade conseguiu entrevistar cerca
de 210 trabalhadores envolvidos. E 90% deles disseram que seus passaportes estavam
retidos com seus chefes, 56% não tinham acesso aos hospitais locais e 21%
tinham problemas com salários atrasados.
Além
das mortes e do Qatar ser uma ditadura, também restringe direitos das minorias e das
mulheres, apoia rebeldes radicais na Síria. É um país minúsculo, sem tradição
futebolística e com temperaturas atingindo quase 50 graus nos meses de junho e
julho.
A
escolha do país para sediar a Copa do Mundo de 2022 foi polêmica. Segundo denuncia
feita pelo jornal britânico “Daily Telegraph”, o ex-vice-presidente da Fifa, Jack
Warner, teria recebido 1,2 milhão de euros para apoiar a candidatura do Qatar.
O
pagamento da quantia ao dirigente da entidade teria sido feita por uma empresa
controlada por Mohammed Bin Hammam, que foi membro do Comitê Executivo da Fifa
e presidente da Confederação Asiática de Futebol. O dirigente renunciou a
vice-presidência da Fifa em 2011.
A
proposta do país árabe venceu as de Austrália, Japão, Coreia do Sul e Estados
Unidos, país que se quiser pode realizar uma
Copa na semana que vem. Tem ao menos 40 estádios padrão Fifa, hotéis e
aeroportos, além de ser uma democracia e ver o futebol cada vez mais forte no
país.
De
acordo com a publicação, o FBI está investigando Warner, que até o ano passado
foi ministro da Defesa de Trinidad e Tobago, e dirigiu a Concacaf, entidade que
reúne países das Américas Central e do Norte, entre 1990 e 2011.
O
"Daily Telegraph" apresentou documento de empresa de propriedade de
Warner, e outra de Bin Hammam, que apontam para um pagamento de US$ 1,2
milhões, por um serviço prestado entre 2005 e 2010. A data da nota é de 15 de
dezembro de 2010, duas semanas após a vitória do Catar.
O
presidente da Uefa, Michel Platini, disse que é impossível jogar no verão do
Qatar, propondo que os jogos se realizem no final do ano, meses em que as
temperaturas são bem mais amenas, equivalentes às da primavera na
Europa. Para o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, o mais lógioco será A Copa
de 2022 acontecer de 15 de novembro a 15 de janeiro. (Pesquisa: Nilo Dias)
Em Doha, delegação da Fifa olha maquete de um dos estádios para a Copa de 2022. (Foto: Divulgação)
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