Ivaldo
Firmino dos Santos, o “Zé do Rádio”, famoso torcedor do Sport, morreu na manhã
de hoje no Real Hospital Português, em Recife, aos 71 anos, depois de sofrer
uma parada cardiorrespiratória. Era transplantado cardíaco há 13 anos,
diabético, hipertenso e renal crônico.
O
torcedor deu entrada no Hospital na madrugada de hoje (21/05), com uma parada
cardiorrespiratória. Foi reanimado e internado na Unidade de Recuperação
Cardiotorácica (URCT). No entanto, teve outra parada cardiorrespiratória, não
respondendo às manobras habituais, sendo o óbito constatado às 10h30min.
O
corpo está sendo velado no cemitério “Parque das Flores”, em Recife, mesmo
local do sepultamento previsto para amanhã, sexta-feira. Segundo informações do
hospital, a família de Ivanildo quer um velório e um enterro discretos.
“Zé
do Rádio” já havia passado cinco meses na fila de espera por um transplante de
coração, com o procedimento sendo realizado em 2002. Ao conhecer o pai de quem
doara o órgão para ele, teve uma surpresa: o doador era torcedor do Náutico.
Mas
nada abalou o que ele sentia pelo Sport e, 10 anos depois, ele participou da
campanha de doação de órgãos do rubro-negro, o "Torcedor Doador".
Desde
então, tornou-se um dos maiores incentivadores e garoto propaganda da doação de
órgãos em Pernambuco. Seu falecimento foi profundamente lamentado pela Central
de Transplantes de Pernambuco (CT-PE).
Segundo
a coordenadora da CT-PE, Noemy Gomes, “Zé do Rádio” sempre visitava o órgão e
cativava a todos com a sua simpatia. Ele sempre estava presente nas campanhas,
em eventos, para prestar seu depoimento. Foi um parceiro importante na luta
pela doação de órgãos.
Em
2007, como a Secretaria Estadual de Saúde, de Pernambuco, não tinha a droga ciclosporina,
substância imunossupressora utilizada na prevenção da rejeição em pacientes
submetidos a transplante de órgãos, “Zé do Rádio” foi decisivo na questão.
O
drama vivido pelos pacientes transplantados ganhou atenção da mídia depois que ele
expôs o risco de morte. Havia feito um transplante de coração, tendo ficado 10
dias sem tomar o medicamento e teve a saúde comprometida. Depois de fazer o
apelo à imprensa, ele recebeu a doação de 50 comprimidos de uma pessoa que não
quis se identificar.
Embora
fiel ao seu clube, teve que fingir-se torcedor do rival Náutico por um ano,
três meses e vinte e oito dias, tempo em que durou o namoro com sua esposa, Deomiyrza
Barkokeba dos Santos, que o acompanhou até a morte, para agradar o sogro, o
professor de música, Miguel Barkokebas, que era torcedor fanático do time
alvirrubro e temia que proibisse seu relacionamento caso soubesse da verdade.
Em
1972 “Zé do Rádio” passou a frequentar os estádios e acompanhar o futebol. Como
passava sempre por perto da “Ilha do Retiro”, resolveu torcer pelo Sport.
Era
conhecido nacionalmente pela alcunha folclórica de “torcedor mais chato do
mundo”, título dado pelo ex-treinador Zagallo, em 1999, na época comandante da
Portuguesa de Desportos. O ex-técnico da Seleção viu seu time perder para o
Sport por 1 X 0 e ainda precisou aguentar as provocações de "Zé".
Ainda
irritado, Zagallo reclamou do "torcedor chato" na televisão, sendo o
suficiente para tornar “Zé do Rádio” conhecido nacionalmente.
Depois
de Zagallo, inúmeros técnicos seriam importunados pelo som do inseparável xodó
de "Zé": um rádio “General Eletric” de 1961, que capturava oito faixas e que
costumava carregar sobre os ombros.
“Zé
do Rádio” sempre ficava atrás do banco do técnico adversário com seu rádio
ligado em alto volume, atazanando a vida dos treinadores e jogadores.
A
partir de dezembro de 2006, “Zé do Rádio” passou ser considerado pelo “Guiness
Book 1” como o "torcedor mais chato do mundo". Fama essa que ele pretendia passar
para seu sucessor Enilson, mais conhecido como “Pajé”.
Mas
ao que parece outro torcedor já se adiantou ao desejo de “Zé do Rádio”. É “Cabuloso”,
considerado por muitos o “torcedor mais “chato” de Pernambuco”. “Cabuloso” quer
dizer chato, inoportuno, que reclama e incomoda.
Vestido
à caráter, como manda o figurino rubro-negro, “O Cabuloso” parece ter vermelho e
preto até na alma, pois em sua roupa já não cabe mais nada. Até seu bigode é
pintado nas cores do clube do coração.
Mas
o que mais chama a atenção é o “jeito de torcer” desse rubro-negro: quando é
focado pela câmera, fixa bem o olhar e começa a gritar “uááá, uááá, uááá”,
incomodando não somente os adversários, mas também até a própria torcida
leonina, que em parte reclama de alguns gritos dele.
Parece
até uma sina, mas na verdade é apenas coincidência. O Sport até a manhã de hoje
possuía dois dos torcedores mais chatos do Brasil, porque além de “Cabuloso”,
um outro torcedor em especial não poderia ser esquecido: o ilustre “Zé do Rádio”,
que faleceu às 10h30min.
Famoso
entre os rubro-negros e querido até pelas torcidas rivais, o torcedor recebeu algumas
homenagens em vida. A mais significativa foi a criação de um boneco gigante aos
seus moldes, que desfila há anos nos carnavais de Recife e Olinda.
“Zé
do Rádio” era Policial Militar aposentado de Pernambuco, tendo passado para a
reserva há mais de 20 anos no posto de segundo tenente. (Pesquisa: Nilo Dias)
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