Morreu
às 7h30min da manhã de hoje (27), em Caçapava do Sul, sua terra natal, aos 61
anos de idade, Luis Carlos Melo Lopes, o “Caçapava”, um dos maiores volantes da
história do Internacional, de Porto Alegre, vitimado por um infarto.
O
ex-jogador seria o primeiro condutor da tocha olímpica na cidade do interior
gaúcho. Ele jogou no time colorado entre 1972 e 1979, tendo conquistou dois
Campeonatos Brasileiros e quatro Campeonatos Gaúchos, além de um campeonato cearense, pelo Ceará e um paulista, pelo Corinthians.
Era natural de Caçapava do Sul, por isso o apelido. Nasceu no dia 26 de
dezembro de 1954. O volante deu seus primeiros passos no Gaúcho, time de
Caçapava do Sul, quando tinha 18 anos de idade. Em 1972, transferiu-se para o
Internacional, onde, aos poucos, começou a trilhar o caminho das grandes
conquistas.
Em
1974, conquistou seu primeiro grande título com a camisa colorada, o Campeonato
Gaúcho, que também ganhou em 1975, 1976 e 1978.
Um
ano depois, deparava-se com um Beira-Rio completamente lotado para a grande
final do "Brasileirão", diante do forte Cruzeiro. Placar de 1 X 0 para o Inter,
gol do amigo Figueroa. Em 1976, veio o bicampeonato, vitória de 2 X 0 em cima
do Corinthians de Neca e Ruço, entre outros.
Em
um time onde quase todos atacavam e tinham qualidade para isso, "Caçapava" era o
responsável pela guarnição da defesa colorada. Junto com Falcão, Carpegiani e
depois Batista, formou um dos meios-campos considerados dos sonhos pelos
colorados. Como marcador implacável, anulou grandes craques. Era o "cão de
guarda" daquela equipe.
Depois, "Caçapava" ainda atuou por Corinthians (fez 148 jogos e marcou 5 gols),
Palmeiras, Vila Nova, Ceará (campeão cearense em 1984), Novo Hamburgo e
Fortaleza. Ele chegou a ter passagens pela Seleção Brasileira na década de 1970
e se aposentou em 1987.
Pouco
antes de contratar "Caçapava", o presidente corintiano Vicente Matheus tentava a
contratação do meio-campista Falcão, à época a principal estrela do
Internacional.
Como
o Colorado não tinha planos de perder seu melhor jogador para um time
brasileiro, Falcão foi negociado posteriormente com a Roma, Matheus teve de se
contentar em trazer o raçudo volante do Inter. "O melhor era o Falcão, mas
o "Caçapava" estava também entre os melhores", contava Matheus.
"Caçapava" chegou ao Corinthians em 1979 e logo em seu primeiro ano no Parque São Jorge
conquistou o título do Paulistão. O curioso é que além de Falcão e "Caçapava", o
Corinthians tentou contratar mais um meio-campista colorado: Batista. Porém,
Batista, embora tenha até colocado a camisa corintiana, jamais defendeu o
alvinegro.
Na
década de 1990, teve experiências como técnico no Piauí, dirigindo Ríver e
Flamengo e paralelamente sendo pai de santo. Também dirigiu escolinhas de
futebol para crianças carentes da sociedade local, em Timon (MA).
Também
treinou a Escolinha de Futebol do 25º Batalhão de Caçadores - unidade militar
do Exército Brasileiro - na divisa entre Teresina (PI) e Timon (MA) e ainda trabalhou
no Internacional, nas categorias de base.
Em
2010, “Caçapava” foi homenageado em Piripiri (PI), com a reprodução de um clássico
Gre-Nal em forma de “pelada”. O famoso volante gaúcho já havia treinado o 4 de
Julho, time da cidade.
O
Grêmio acabou levando a melhor no jogo: venceu por 5 X 3. E ao invés de
sarapatel e buchada, o churrasco foi o prato do dia na confraternização final.
Atualmente, "Caçapava" trabalhava no setor de relacionamento social do Internacional e
participava dos eventos consulares do Colorado. O velório ocorre a partir das
17h30 na Funerária Caçapava, sala 01. O enterro será realizado no Cemitério
Municipal de Caçapava do Sul.
“Caçapava”
era o cão de guarda da meia cancha colorada, e não dava descanso e nem sossego para
os atacantes e meias mais desavisados.
Em
um time onde quase todos atacavam e tinham qualidade para isso, o volante "Caçapava" era o responsável pela guarnição da defesa colorada. Junto com Falcão,
Carpegiani e depois Batista, formou um dos meios-campos considerados dos sonhos
pelos colorados mais antigos.
Como
marcador implacável, anulou grandes craques que ousaram ameaçar os defensores
do Inter, como Adãozinho e Palhinha, na final do Campeonato Brasileiro contra o
Cruzeiro em 1975, e Geraldão, do Corinthians, em 1976.
Dizem,
que embora fosse um negro de porte físico avantajado, o que impunha respeito em
seus adversários, "Caçapava" sofria de uma
enorme fobia por cobras e aranhas. Bastava alguém ameaçar
jogar algum desses animais, mesmo que de brinquedo, contra sua pessoa, que saia
em disparada feito uma criança medrosa.
Em
uma entrevista dada ao programa “Paredao do Guerrinha”, na Rádio Gaúcha, de Porto
Alegre, em 2014, "Caçapava" disse que como jogador, sempre procurou “entender o
campo”. Não era um “engenheiro” nem “loteador de terra”, mas loteava.
Teve
a oportunidade de jogar com caras que tinham raciocínios diferentes, dribles
diferentes. E ele era o complemento deles. O segredo “era dominar, ver e
tocar", lembrava.
Com
essa ideia de simplificar, "Caçapava" "facilitava" a vida dos craques
dos time. Se precisasse, ele fazia uso da força para isso, sem rodeios.
"Se
não der na técnica tem que dar no pau. No bom sentido... Tem que chegar junto”,
resumia "Caçapava", que era tido pelo ex-zagueiro Elias Figueroa como fundamental
para seu sucesso no Inter, já que o adversário "dificilmente passava pelo
volante”.
O
ex-volante do Inter, no entanto, não se restringia a marcar. "Caçapava" sabia o
que fazer com a bola e na base do Inter e da Seleção chegou a atuar como meia e
ponteiro, como relembrou no programa.
No
entanto, a permanência dele no Inter, não foi tão fácil. Depois de um período
de três meses, ele foi dispensado por Ernesto Guedes, mas o preparador físico
da época o ajudou.
"Ele
disse: os caras estão de sacanagem contigo. Vou te dar uma programação de
exercícios e tu vais voltar para o Inter", lembrou o que foi dito. Um
olheiro do Inter foi a Caçapava e assistiu a um jogo da base em que ele marcou
gol. Com isso, o ex-jogador retornou ao clube do coração.
"Caçapava" via o título de 1975 como mais importante, já que foi a primeira conquista
nacional do Inter. Daquele campeonato, a principal recordação foi a semifinal
contra o Fluminense, onde ele não deixou Rivelino jogar e o Inter venceu
no Rio de Janeiro por 2 X 0.
O
técnico Rubens Minelli escalou o time com 10 na preleção e no fim da sua fala
sentenciou. "Quem vai jogar nessa função é tu "Caçapava". Se tu marcares o
Rivelino nós ganhamos o jogo", disse Minelli.
Como
para "Caçapava" "missão dada era missão cumprida", ele aceitou o
desafio e soltou uma frase que chocou os companheiros como Falcão, que chegou a
chamar o colega de time de "louco".
"Tá
'morto' chefe!", disse Caçapava, confiante que anularia um dos melhores
jogadores da época.
"Caçapava" "colou" em Rivellino desde o começo do jogo. Quando o craque do
Fluminense tentou fazer o famoso "elástico", o volante deu com bola e
tudo. Rivelino reclamou falta, mas o que ganhou foi um alerta de Dulcídio
Boschilia.
"Do
jeito que está esse “negão” vai te matar hoje", disse Boschilia, segundo
lembra "Caçapava". Nova reclamação, desta vez de Paulo César Caju e o árbitro
soltou: "calma ou ele vai matar dois".
Com
o volante anulando as jogadas de ataque, o Inter derrotou em pleno Maracanã um
Fluminense considerado uma verdadeira "Seleção". Para ele, naquele
momento, o Inter teve que mostrar empenho acima de tudo.
"Não
existe sorte. Existe empenho e dedicação. Cada um sabia sua função e o que
podia render", recordava "Caçapava".
A
morte do exjogador pegou seus ex-companheiros de surpresa. Valdomiro Vaz Franco,
disse que estava arrasado:
"Não
perdi um amigo, perdi um filho", comentou. Ele ainda destacou a garra de "Caçapava" em campo: "Ele fazia da bola um prato de comida. Aquela vontade
de jogar. Aquela garra. Era uma pessoa que todo mundo gostava."
Valdomiro
revelou ainda uma amizade muito próxima com ´"Caçapava": "Eu fui padrinho de
casamento dele. Aconselhei ele quando foi pro Corinthians. Ele não queria sair
do Inter. De jeito nenhum."
Através
de sua assessoria de imprensa, Paulo Roberto Falcão, amigo e ex-companheiro de
quarto nas concentrações do Internacional na década de 70, se declarou muito
triste com a notícia do falecimento de "Caçapava". Confira a nota na íntegra:
Recebi
com muita tristeza a notícia da morte do meu querido amigo e irmão "Caçapava". Se
dentro das quatro linhas ele foi um grande jogador, fora foi uma das pessoas
mais doces e sensíveis com quem convivi e de cuja sincera amizade compartilhei
por muitos anos.
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