O
Club Social y Deportivo Colo-Colo, da cidade de Santiago, é o time de futebol
mais popular do Chile. Foi fundado em 19 de Abril de 1925, por um grupo de
ex-jogadores do Club Social y Deportivo Magallanes, liderados por David
Arellano. Desde 2005, é administrado pela sociedade anônima Blanco y Negro S.A.
sob um sistema de concessão.
Em
1925, Arellano e um grupo de jogadores tiveram um desentendimento com a
diretoria do Magallanes. Esse grupo deixou a equipe albiceleste, e decidiu
criar um novo clube. Essa decisão mudou a história do futebol chileno, afinal,
nascia ali o Colo-Colo, hoje a equipe mais popular do país.
Na
recém formada agremiação, Arellano seguiu marcando gols e ajudou na conquista
de dois títulos: a “Segunda Divisão da Liga Metropolitana de Deportes” e a “Copa
dos Campeões de Santiago.”
O
Colo-Colo tem como cores o preto e o branco as quais utiliza em seu uniforme
desde a fundação. O nome é uma homenagem ao cacique “Colo-Colo”, herói indígena
da tribo “Mapuche” na luta contra os espanhóis durante o século XVI e que era
conhecido por sua grande inteligência. Por isso, alguns chamam o time de “El
Cacique”.
Uma
curiosidade acompanha o Colo-Colo, está em luto eterno pela morte trágica de
seu fundador, David Alfonso Arellano Moraga que foi também o seu primeiro
capitão. E tem seu nome cantado na letra do hino do clube.
“Es
Colo Colo como el gran araucano
que
va a la lucha jamás sin descansar
porque
el recuerdo de David Arellano
siempre
lo guía por la senda triunfa”
A
cada vez que o Colo-Colo entra em campo, está acompanhado de David Arellano,
que aparece na forma de uma enlutada faixa retangular pouco acima do escudo que
leva o cacique “mapuche”.
Fora
do Chile, Arellano é lembrado apenas por ser um dos precursores da
"bicicleta", ou da "chilena", como é conhecida a jogada
acrobática na maior parte dos países de língua espanhola. Foi ele quem levou a
jogada ao futebol chileno, depois de vê-la na Europa
Em
1927, o Colo-Colo decidiu dar um passo importante em sua história, fazendo sua
primeira grande excursão internacional, partindo inicialmente pelas Américas e
posteriormente pela Europa, entre janeiro e julho daquele ano, sendo o primeiro
clube chileno a jogar em solo europeu.
Na
primeira escala no Equador, foram duas partidas, duas goleadas por 7 X 0, e cinco
gols de Arellano. Em Cuba, uma vitória e uma derrota. No México, onde a equipe
ficou por dois meses, foram disputados 12 jogos, com 10 vitórias chilenas, um
empate e uma derrota.
No
início de abril, realizaram três jogos em La Coruña, na Espanha. Depois, uma
rápida passagem por Portugal, com duas derrotas e uma vitória sobre um
combinado de jogadores de Sporting e Benfica. Na volta à Espanha, em 24 de
abril, o Colo-Colo perdeu para o Atlético de Madrid por 3 X 1. No dia 1º de
maio, Arellano abriu a goleada de 6 X 2 em cima do Real Unión Deportiva (futuro
Real Valadollid). O que ninguém poderia imaginar, é que nesse marcaria seu
último gol.
No
dia seguinte, Colo-Colo e Real Unión se enfrentariam novamente e empataram por
3 X 3. Em um lance banal, durante uma disputa de bola aérea, Arellano, então
com 24 anos, acabou vendo o zagueiro David Hornia, cair com o joelho sobre seu
estômago. Mais tarde, foi constatada uma inflamação traumática no peritônio,
uma membrana que reveste parte do abdômen, e que acabou causando sua morte na
tarde do dia 3 de maio.
Algo
que, provavelmente, pudesse ser facilmente revertido nos dias de hoje.
Inicialmente, o corpo de Arellano foi velado e enterrado em solo espanhol. No
Chile, chorava também uma jovem garota, de nome Berta, que havia tido um filho
com Arellano, chamado Omar Alfonso. Em 1929, seus restos mortais foram trazidos
ao Chile e deixados no “Mausoléu dos Velhos Craques do Colo-Colo”, no
“Cemitério Geral de Santiago”.
Com
jogos já marcados, o Colo-Colo ficou na Espanha até o dia 14 de junho. Em
julho, ainda fez outras três partidas no Uruguai e uma na Argentina antes de
regressar ao Chile. Dali em diante, o clube decidiu carregar eternamente no
peito a lembrança de Arellano, que viveu e, literalmente, morreu pelo clube que
ajudou a criar.
David
Alfonso Arellano Moraga nasceu em 29 de julho de 1902, em Santiago. Desde os
tempos escolares foi destaque nos jogos de futebol. Aos 17 anos já estava na
equipe do Magallanes. Em 1919, estreou na “Primera División”, competição
organizada pela “Asociación de Fútbol de Santiago”.
Um
ano depois já era o principal artilheiro do time, que ganhou os títulos da
“Copa Félix Alegría”, da “Copa Alberto Downe”, da “Copa 12 de Octubre” e da
“Copa República de la Asociación de Santiago.”
Em
1921, já atuando como ponta-esquerda, voltou a ser campeão da “Copa República”.
Em 1924, foi convocado para defender a “Seleção Chilena” no “Campeonato
Sul-Americano” disputado no Uruguai em que o Chile perdeu as três partidas que realizou,
contra o time anfitrião, Argentina e Paraguai.
Ganhou
prestígio como capitão, e diretor-técnico, tendo disputado élo “scratch”
nacional o Sul-Americano de 1926, sediado no Chile. Esse foi o grande momento
do atacante, que se sagrou artilheiro do certame, marcando sete gols.
Corria
o ano de 1991, e o Chile havia acabado de sair de um governo ditatorial que
durou 17 anos. Os resquícios de violência do período talvez tenham sido
refletidos na semifinal da “Copa Libertadores”, no duelo entre Colo-Colo e Boca
Juniors, onde foi deflagrada uma batalha campal, em que a equipe “mapuche” saiu
vitoriosa.
A
conquista do mais importante título da história do Colo-Colo teve contornos
folclóricos. Na semifinal da edição de 1991 do torneio continental, depois de
perder para o Boca Juniors por 1 X 0 na Argentina, o time chileno ganhou por 3 X
1 o jogo de volta, que foi marcado por uma verdadeira batalha campal no “Estádio
David Arellano.”
O
jogo aconteceu no dia 22 de maio de 1991. O árbitro foi o brasileiro Renato
Marsiglia. O Colo-Colo precisava fazer uma diferença de dois gols para ir à
final.
O
jogo foi difícil. O Colo-Colo só abriu o placar aos 20 minutos do segundo
tempo, através de Rubèn Martinez. Dois minutos depois Barticciotto fez 2 X 0.
Os argentinos reagiram e LaTorre diminuiu,
O
placar agregado de 2 X 2 indicava uma decisão por pênaltis. Mas aos 37 minutos,
Patrício ''Pato'' Yañez surgiu na frente do goleiro Navarro Montoya e, com um
toque de esquerda, fez o terceiro do Colo-Colo. Foi aí que começou a confusão.
Os
argentinos reclamaram impedimento. Houve empurrões e pontapés. Até os
repórteres de campo foram envolvidos na briga. Os soldados do “Corpo de
Carabineros” entraram no gramado para colocar ordem na bagunça.
O
cabo Veloso soltou o comando da correia que segurava o pastor alemão “Ron”. E o
cão fez aquilo para o qual foi treinado. Avançou e mordeu a nádega esquerda de
Montoya. A confusão parou. E a torcida do Colo-Colo aplaudiu a ação do
cachorro.
O
comandante da “Escola de Adestramento Canino de Santiago”, Guillermo Benitez
deu entrevistas dizendo que “Ron” era um animal amistoso e brincalhão e que não
havia motivo de orgulho na mordida no goleiro do Boca.
O
cão ganhou tratamento de herói nos jornais do dia seguinte e mesmo nas edições
noturnas. “Ron”, permaneceu a serviço da polícia. Ele morreu seis
anos depois e está enterrado no cemitério canino da entidade, ao pé do monte
San Cristóbal, com direito a lápide e tudo mais. O lugar foi convertido em ponto
de peregrinação pelos torcedores do Colo-Colo.
Apesar
da confusão da semifinal diante do Boca Juniors, o jogo decisivo contra o
Olímpia foi mantido no estádio David Arellano. O policiamento redobrado, no
entanto, não impediu que um garoto invadisse o gramado para entrar na história
do Colo-Colo de maneira inusitada.
Com
uma espécie de carrinho preciso, o menino deslizou pelo gramado e, instantes
antes da foto oficial, se posicionou diante dos 11 jogadores que 90 minutos
depois conquistariam pela única vez a “Copa Libertadores da América”, para o
futebol chileno.
No
dia seguinte os jornais publicavam a foto do time campeão, onde aparecia um
garoto de tênis brancos, calça azul e blusa amarela, com uma bandeira amarrada
ao pescoço.
Antes
de se posicionar, o menino tocou o ombro de Luis Perez, que marcou dois gols na
vitória por 3 X 0 contra os paraguaios. Intrigados, os torcedores passaram a
considerar a misteriosa aparição do garoto, chamado de “hincha fantasma”, como
motivo de sorte.
A
imprensa local fez uma verdadeira caçada ao menino nos meses que se seguiram a
conquista do time chileno, sem nada encontrar. Logo, a imagem passou a ser
tratada como um amuleto, um fantasma que apareceu no Estádio Monumental para a
eternidade.
Mas
que diabos seria o garotinho? Todos queriam sabem quem ele era, mas ninguém o
conhecia. Funcionários, torcedores organizados, jornalistas, e nada, a
identidade do fantasma era um mistério. Anos depois um boato surgiu de que o
intruso seria o atacante José Luis Villanueva, que inclusive teve discreta
passagem pelo Vasco da Gama.
Villanueva,
na época com cerca de 10 anos, acompanhou quase todas as partidas como
"mascote" da equipe. Mas com a batalha campal da semifinal, a
Conmebol exigiu que ninguém alheio ao jogo estivesse em campo. Além disso,
Villanueva sequer foi ao estádio e assistiu a decisão pela TV, pois seu pai
havia viajado.
Alguns
anos depois, alguém na busca de notoriedade se apresentou como o “torcedor
fantasma”. Um jornal de Santiago, de grande circulação, até publicou a história.
Mas dias depois acabou desmentindo.
Demorou
quase 20 anos, mas enfim se descobriu com certeza o paradeiro do garoto. Se
descobriu que o verdadeiro “incha fantasma”, também chamado de “jogador número
12”, era Luis Mauricio Lopez Recabarren, conhecido por "Monito", por
ser filho de um homem apelidado de "Mono". Luis Mauricio tinha
problemas com a lei e por isso preferiu fugir do assédio da imprensa.
Ele
morava nas imediações do Estádio Nacional. O pai do menino gostava de tirar
fotos com jogadores famosos, entre eles “Pelé”, e o filho herdou o costume. Meses
depois voltou a aparecer em um jogo da “Copa América”, entre Chile e Argentina.
Se aposentou após levar uma "lição" da Polícia.
Polícia,
que faria parte de sua vida como adulto. Desde pequeno, a rua era sua casa. Seu
primeiro delito aconteceu com apenas seis anos, quando foi flagrado pelo pai
pegando moedas de um ônibus. Mais velho, passou por vários reformatórios.
Vítima
de leucemia sucumbiu à doença aos 23 anos de idade, em 30 de julho de 1999, quando
se encontrava encarcerado no “Centro de Detenção Preventiva Santiago Sur.”
Em
2009, Luis Lopez, o pai de “Monito” concedeu entrevista ao jornal “El Mercurio”,
sobre a meteórica vida de seu filho, e sua "partida de despedida".
Disse que os jogadores possuem sua partida de despedida e seu filho a jogou no
Estádio Nacional, como grande que foi.
Confirmou
que a imprensa chilena entrou em contato para que ele desse entrevistas,
tirasse fotos e saísse na TV, mas preferiu se esconder por medo de ser reconhecido,
pois já tinha seus problemas com a lei.
Disse
que na região onde moravam todos sabiam que era seu filho, porque era conhecido
por se meter no campo desde pequeno. Luis Lopez fez primeiro e ele depois o
imitou.
O
mais curioso disso tudo é que ele não ia ao “Estádio Monumental”, sempre frequentava
o “Nacional”, porque era mais perto e fácil de ir. Mas a única vez que foi ao “Monumental”
entrou para a história.
O
filho de Luis Lopes vivia na rua e não era muito controlado. Nunca se sabia o
que ia fazer. Seus pais só se davam conta de que algo estava errado, quando
chegava com uma foto ou era visto na televisão. Mas sabiam que ele queria estar
entre os jogadores chilenos. Vários deles estavam também na foto com o
Colo-Colo.
Foi
o dia que o Chile enfrentou a Argentina, a primeira partida. Depois os
policiais o pegaram e falaram a ele que o soltariam com uma condição, que nunca
mais voltasse a pisar em um gramado de estádio. O filho aceitou e apesar de
estar tão próximo, nunca mais quis voltar a um campo.
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