Nilton
Coelho da Ciosta, o “Bodinho” foi um dos melhores jogadores que defenderam a
gloriosa camisa do S.C. Internacional, de Porto Alegre. Pernambucano da “gema”,
nasceu em Recife no dia 19 de julho de 1929.
Começou
a carreira no time juvenil do Ibis em 1939, quando tinha apenas 10 anos de
idade. Em 1945 transferiu-se para o Sampaio Correia, de São Luiz, Maranhão. Foi
nesse clube que começou a se projetar para o futebol. Sua fama chegou ao Rio de
Janeiro e o Flamengo tentou contratá-lo. Mas “Bodinho” estava bem no time
maranhense e resolveu ficar.
Em,
1947, aos 18 anos de idade e três temporadas no Sampaio Correia, “Bodinho”
acabou indo para o Flamengo depois que o time carioca enfrentou os maranhenses
num jogo amistoso em São Luiz.
Nessa
ocasião “Bodinho” confirmou integralmente a sua fama de bom jogador. E quando o
Flamengo, que realizava uma excursão pelo Norte e Nordeste do país, voltava
para casa, “Bodinho” estava na delegação rubro-negra.
O
jogador ficou quatro anos no Flamengo. Em 1951 transferiu-se para o Nacional,
de Porto Alegre. No mesmo ano, o técnico Francisco Duarte Júnior, o “Teté”, conseguiu
leva-lo para o Internacional. Encerrou a carreira no São José, de Porto Alegre,
em 1958, depois de tornar-se um dos maiores ídolos da história do clube colorado
gaúcho.
“Teté”
veio do Regimento de Pelotas, era capitão, acabou major, mas foi eleito, para a
história, o “Marechal das Vitórias Coloradas”.
O
apelido “Bodinho” o acompanhou desde a infância, pois era um menino muito
traquinas. Gostava de pular uma cerca que limitava o terreno de sua casa com o
de um vizinho. O vizinho, que não gostava nada disso, chegou a comentar: “Esse garoto vive saltando cerca, até parece
um bodinho”. O apelido pegou fácil e o acompanhou por toda a vida.
Mas
há quem diga que a versão verdadeira é outra. Ganhou o apelido em razão da sua
forte cabeceada, na maioria das vezes indefensável para os goleiros adversários.
Apesar da baixa estatura (1m74), era ótimo cabeceador.
Foi
meia-direita e centroavante, mas antes do clube colorado, defendeu o Íbis de
Pernambuco, o Sampaio Correa do Maranhão e o Flamengo do Rio, sempre como
ponteiro-direito. Formou, ao lado do carioca Larry, uma das maiores duplas de
ataque da história do futebol gaúcho. Ambos consagraram a "tabelinha".
Larry morreu em maio de 2016, aos 83 anos de idade.
“Bodinho”
gostava muito do jogador Djalma, que jogou no Vasco da Gama e se tornou seu
grande amigo. Era considerado o homem dos sete instrumentos do clube carioca. Ele
morreu tragicamente no Recife, durante o Carnaval de 1954, quando defendia o
Bangu.
Djalma
participava do baile dos casados na Associação dos Empregados do Comércio.
Estava ao lado de sua irmã Dulce e da amiga Ivone Santos. Durante o baile,
alguém pisou no pé de Dulce.
Interpretando
o gesto como proposital, Djalma protestou e o acontecimento virou um grande
conflito. Na luta, Djalma sofreu um ferimento na cabeça e recebeu atendimento
no Hospital.
Recuperado,
voltou para continuar participando da festa. Estava muito animado e
inteiramente entregue na folia. Por volta das 22 horas, Dulce sugeriu terminar
os festejos em sua própria residência. No entanto, quando lá chegaram, as
chaves não funcionaram na fechadura.
Por
sugestão de uma vizinha, Djalma tentou entrar no apartamento da amiga, no
segundo andar, descendo por uma corda de persiana de outro apartamento do
terceiro andar. Entretanto, o cordel não suportou o peso do corpo do jogador e
arrebentou.
Djalma
caiu na rua, batendo com a cabeça no meio-fio. Levado para o hospital não
resistiu e faleceu no dia 2 de março de 1954.
Muito
embora tenha participado de muitos jogos internacionais, inclusive sendo
campeão Pan-Americano de 1956 pela Seleção Gaúcha que representou o Brasil, no
México, “Bodinho” considerou o clássico Gre-Nal, que decidiu o certame gaúcho
de 1955, como seu jogo inesquecível.
O
Internacional estava um ponto atrás do Grêmio, e venceu por 3 X 1 conquistado o
título. Nesse jogo, realizado em 6 de novembro, nos Eucaliptos, “Bodinho”
marcou duas vezes.
“Bodinho”
fez parte da delegação Brasileira, formada por um combinado de jogadores
gaúchos, que conquistou o título do campeonato Pan-Americano de 1956, disputado
no México.
Aquele
time revelou craques para o futebol brasileiro, como o goleiro Valdir Joaquim
de Moraes, o zagueiro Oreco (campeão do Mundo em 1958), o meio-campista Ênio
Andrade e o atacante Chinesinho, entre outros.
A
equipe verde-e-amarela teve como principal adversário na competição, a
Argentina do técnico Guilhermo Stábile, que como jogador fez muito sucesso, sendo
vice-campeão do mundo na Copa do Mundo de 1930, além de ter sido o artilheiro
da competição.
Como
técnico, fez valer sua competência, pois dirigiu o selecionado portenho em oito
campeonatos sul-americanos, tendo conquistado seis títulos. O grande destaque
dos "Hermanos” na competição foi o atacante Sivori, revelado pelo River
Plate, que posteriormente foi para a Juventus de Turim e quase virou um
"mito".
A
Taça da conquista do campeonato Panamericano de 1956 não faz mais parte do
acervo da Confederação Brasileira de Futebol. O troféu foi roubado junto com a
taça Jules Rimet, segundo inquérito aberto pela polícia carioca, as
"relíquias" foram derretidas.
Campanha
Gaúcha no Pan-Americano.
24/1/1956
- Brasil 1 x 4 Chile; 29/1/1956 - Brasil 0 x 0 Paraguai; 1/2/1956 - Brasil 2 x 1
Peru; 5/2/1956 - Brasil 1 X 0 Argentina; 10/2/1956 - Brasil 0 X 0 Uruguai; 1/3/1956
- Brasil 2 X 1 Chile; 6/3/1956 - Brasil 1 X 0 Peru; 8/3/1956 - Brasil 2 X 1
México; 13/3/1956 - Brasil 7 X 1 Costa Rica e em 18/3/1956 - Brasil 2 X 2
Argentina.
O
time base da Seleção gaúcha era: Sérgio (Valdir) - Florindo e Duarte. Odorico -
Oreco e Figueiró (Ênio Rodrigues). Luizinho – Bodinho - Larry (Juarez) - Ênio
Andrade e Raul (Chinesinho).
Títulos
conquistados: Campeão juvenil pernambucano pelo Ibis; Campeão maranhense pelo
Sampaio Correia; Títulos pelo Flamengo: Taça Fernando Loretti. (1945, 1946 e
1948); Torneio Inicio Carioca. (1946); Troféu Cezar Aboud. (1948); Guatemala
Troféu Embaixador Brasileira da Guatemala. (1949); Troféu Comitê Olímpico
Nacional da Guatemala. (1949); Campeão do Torneio Início do Campeonato de Porto
Alegre, pelo Nacional. (1950); Campeão de Porto Alegre e do Estado pelo Internacional.
(1951, 1952, 1953 e 1955); Campeão do Torneio “Dia do “Cronista”, pelo
Internacional. (1952); Torneio Régis Pacheco (Quadrangular de Salvador”), pelo
Internacional. (1953); Torneio de Inauguração do Estádio Olímpico (1954) (O
Inter goleou o Grêmio por 6 X 2); Campeão Pan-Americano pelo Brasil (1956),
tendo marcado três gols em cinco jogos.
No
Estadual de 1955, “Bodinho” marcou 25 gols em 18 jogos, com a média de 1,4 por
partida.
“Bodinho”
faleceu em 22 de setembro de 2007, aos 79 anos, vítima de hepatite. Está
sepultado no cemitério da Santa Casa, na capital gaúcha. (Pesquisa: Nilo Dias)
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