A
imprensa esportiva gaúcha está de luto, com o falecimento do jornalista Paulo
Sant’Ana, de 78 anos de idade, ocorrido por volta de 22 horas de ontem, 19, na
Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), do Hospital Moinhos de Vento, em Porto
Alegre, após sofrer uma parada cardíaca.
Sant’Ana
havia sido internado pela manhã, apresentando um quadro de insuficiência
respiratória e infecção generalizada. O jornalista estava as voltas com um
câncer de rinolaringe, diagnosticado em agosto de 2015, além de ter sido
paciente de uma cirurgia de próstata.
Sant'Ana
casou-se duas vezes. Com Ieda, teve os filhos Jorge e Fernanda, que lhe deram
três netos. Depois, casou-se com Inajara, mãe de Ana Paula.
Paulo
Sant’Ana era conhecido por sua paixão pelo Grêmio Portoalegrense. Era um dos poucos
profissionais da imprensa do Rio Grande do Sul a assumir publicamente a sua
preferência clubistica.
O
velório acontece desde as 8h30min desta quinta-feira, 20, na Arena do Grêmio. O
sepultamento está marcado para às 17h, no Cemitério João XVIII. O clube, atendendo solicitação de amigos do colunista,
concordou que o velório fosse realizado no salão nobre da Arena gremista.
A
direção do Grêmio postou mensagem em sua página na Internet, lamentando a morte
de Paulo Sant’Ana, um gremista ilustre. Ele era reconhecido como um dos
torcedores mais fervorosos do clube, estando presente em momentos históricos
como a conquista do primeiro título da Copa Libertadores da América e da Copa
Intercontinental, em 1983.
O
E.C. Internacional também registrou a sua homenagem ao torcedor do rival, igualmente
em sua página oficial na Internet: “Figura marcante da crônica gaúcha, ele
sempre demonstrou respeito ao “Clube do Povo”, alimentando uma rivalidade
saudável no futebol do Rio Grande do Sul. Os seus textos e comentários
perspicazes, a sua personalidade forte e o humor inteligente farão falta na
imprensa. O Internacional se solidariza com a família e os admiradores de Paulo
Sant’Ana”.
Francisco
Paulo Sant’Ana era natural de Porto Alegre, onde nasceu em 15 de junho de 1939,
na Rua da Margem, hoje João Alfredo. A
mãe morreu quando ele tinha dois anos. O irmão Cirilo tinha seis meses de vida.
O pai casou novamente e teve mais quatro filhos.
Era
formado em Direito, na mocidade trabalhou como feirante, ainda foi inspetor de polícia e vereador pela
Aliança Renovadora Nacional (Arena).
Em
1971 é que ele se tornou uma das personalidades mais populares da cidade, quando
foi contratado como cronista esportivo da “Rádio Gaúcha” e do jornal “Zero Hora”,
onde escrevia crônicas sobre o dia a dia nos anos 90. Era dono de um espaço na penúltima
página de “Zero Hora”. Meses depois virou comentarista no recém criado “Jornal
do Almoço”, da “TV Gaúcha”, hoje “RBS TV”.
Fumante
inveterado fez várias crônicas falando do vício, que acabou se transformando em
câncer, que o debilitara bastante, até colaborar decisivamente para a sua
morte. Ele sabia do mal que o cigarro provocava, tanto que em uma de suas crônicas
o definiu como “um maldito vício em minha vida”.
Eu
conheci o Paulo Sant’Ana. Não chegamos a ter uma amizade mais profunda, pois o
encontrei poucas vezes, quando morava em Pelotas. Seguidamente ele visitava a
cidade, para ver seu amigo Luiz Carlos Peres, irmão do saudoso Glênio Peres, conhecido
político gaúcho. Geralmente estava acompanhado do Glênio.
Glênio
Peres nasceu em 27 de fevereiro de 1933. Foi um jornalista, ator e político
brasileiro. Trabalhou nos já extintos jornais “Diário de Notícias” e “O Estado
do Rio Grande” e posteriormente colaborou com “O Pasquim” e a revista “Cadernos
do Terceiro Mundo”.
Eleito
vereador em Porto Alegre em três legislaturas, pelo Movimento Democrático Brasileiro
(MDB), foi cassado com base no Ato Institucional Número Cinco em 2 de fevereiro
de 1977.
Após
a anistia em 1979 foi um dos fundadores do Partido Democrático Trabalhista (PDT), pelo qual conquistou seu quarto mandato de vereador e foi eleito
vice-prefeito de Porto Alegre em 1985 na chapa de Alceu Collares.
Faleceu
vítima de câncer na capital gaúcha em 27 de fevereiro de 1988, onde, em sua
homenagem, foi erigido o “Largo Glênio Peres”. É tio do jornalista Norberto
Peres, que escreveu sua biografia.
Glênio
foi casado com a socióloga Lícia Margarida Macedo de Aguiar Peres, que morreu
em março deste ano, devido um câncer. Ela era baiana de Salvador e veio morar
em Porto Alegre em 1964.
Já
Luiz Carlos, irmão de Glênio foi excelente goleiro, tendo jogado no
Farroupilha, de Pelotas, Internacional, de Porto Alegre, Flamengo, do Rio de
Janeiro e Atlético Mineiro.
Depois
de encerrar a carreira foi morar em Pelotas, onde abriu o “Bar Rebu”, que
ficava na rua 15 de Novembro, ao lado do jornal “Diário Popular”, onde eu
trabalhava.
Além
de Paulo Sant’Ana, muitos outros intelectuais gaúchos frequentavam o bar.
Luiz Carlos foi companheiro da saudosa e famosa cantora mineira, Clara Nunes.
Eu
a conheci, também, pois foi ao bar muitas vezes. Lembro que era muito bonita e
tratava a todos com respeito e sempre demonstrando alegria. Certa vez eu fui o
assador de um churrasco que o Luiz Carlos mandou fazer em homenagem a ela. O
Paulo Sant’Anna e o Glenio, estavam presentes.
Clara nos proporcionou um show gratuito, interpretando alguns de seus sucessos.Eu
tinha várias fotos desse memorável encontro, pena que as tenha perdido, em meio
as várias mudanças de endereço que fiz.
Lembro
que Paulo Sant’Ana não se separava nunca do cigarro. E também derrubava
generosas doses de uísque. Só vez que outra vi ele beber cerveja.
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