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segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Relembrando um grande artilheiro

Orlando de Azevedo Viana, mais conhecido como “Orlando Pingo de Ouro” foi um meia-esquerda de talento. Era rápido e muito inteligente, sabendo se deslocar muito bem e, por isso, sempre se colocando em condições de marcar muitos gols.

Tinha pouco mais de 1,65 m de altura e ainda assim conseguiu ser um artilheiro de gols memoráveis. Era um verdadeiro xodó da torcida do Fluminense, clube em que viveu grandes emoções. O grande ídolo tricolor de sua época.

Atacante hábil, inteligente, de deslocamentos rápidos, é até hoje o segundo maior artilheiro da história do clube. Fazia gols em quantidade e gols importantes, como o antológico gol de bicicleta que decidiu o Torneio Municipal de 1948, contra o expresso da vitória vascaíno. Ou o que abriu a contagem na vitória de 2 X 0 sobre o Corinthians, na primeira partida válida pela final da Copa Rio de 1952

Orlando se consagrou como o segundo maior artilheiro da História do Fluminense, do Rio de Janeiro, clube que defendeu por oito anos, de 1945 a 1953. Anotou 188 gols em 310 jogos pelo tricolor, onde estreou em 20 de outubro de 1945, na goleada de 5 X 1 sobre o Bonsucesso.

Reza a lenda que o apelido “Orlando Pingo de Ouro” surgiu depois dessa goleada sobre o Bonsucesso, em que ele fez quatro gols. Chovia muito, o que não impediu o meia-esquerda de mostrar todo o seu talento.

No dia seguinte, um jornalista teria escrito que Orlando “parecia um pingo d’água presente em todo o gramado, brilhando como se fosse ouro”.

Verdade ou não, o fato é que Orlando se tornou um dos grandes jogadores do futebol brasileiro na primeira metade do século passado e um dos grandes da história do Fluminense. Foi o artilheiro do Campeonato Carioca de 1948 e da Copa Rio de 1952.

Era pernambucano, de Recife, onde nasceu no dia 4 de dezembro de 1923, e faleceu aos 80 anos no dia 5 de Agosto de 2004 na cidade do Rio de Janeiro. Começou a carreira jogando pelo Náutico. Depois defendeu o Fluminense, Santos, Botafogo, Atlético Mineiro e Canto do Rio.

Foi dele o gol de bicicleta que deu o título ao Fluminense, do Torneio Municipal, na vitória por 1 X 0 sobre o Vasco, na época chamado de “Expresso da Vitória”. A partida foi disputada no Estádio General Severiano, do Botafogo.

Criado em 1938, o Torneio Municipal precedeu a Taça Guanabara e teve sua última edição em 1951. O Vasco brigava pelo quinto título seguido e chegou ao fim da competição empatado em pontos com o Fluminense.

Foi necessária uma melhor de três para apontar o campeão. Assim como em toda competição, o Vasco usou seus aspirantes, denominados de “Expressinho da Vitória”, nas duas primeiras partidas, com uma vitória para cada um.

No dia da grande final, os cruzmaltinos surpreenderam e entraram em campo com o time titular. Astros do “Expresso da Vitória”, como Barbosa, Ademir Menezes, Danilo Alvim, Chico e companhia, sob o comando do técnico Flávio Costa, pisaram o gramado.

Mas o tricolor não se abalou e partiu para cima do adversário. A pressão inicial deu resultado e “Orlando Pingo de Ouro” acrescentou mais um golaço para sua coleção, logo aos oito minutos.

O Vasco ficou visivelmente abalado com o gol e partiu para a violência, mas o Fluminense segurou bravamente o resultado, mesmo com dois jogadores fazendo número, devido à pontapés do adversário.

O tricolor conquistou um título com o coração de seus atletas e a cabeça do treinador Ondino Vieira. E, claro, com a bicicleta de “Orlando Pingo de Ouro”.

Ficha técnica: Data: 30 de Junho de 1948. Árbitro: Carlos de Oliveira Monteiro “Tijolo”. Público: 14.381 pagantes. Renda: Cr$ 207.072,00. Gol: Orlando Pingo de Ouro aos 8 minutos.

Fluminense: Castilho - Pé-de-Valsa e Haroldo. Índio - Mirim e Bigode. Cento-e-Nove – Simões – Rubinho - Orlando Pingo de Ouro e Rodrigues. Técnico: Ondino Vieira.

Vasco: Barbosa - Laerte e Wilson. Ely, Danilo e Jorge. Djalma – Maneca – Friaça - Ademir Menezes e Chico. Técnico: Flávio Costa.

Pela Seleção Brasileira, foi campeão Sul-Americano em 1949, quando disputou os seus três jogos pela seleção canarinho, fazendo dois gols, um em cada jogo, nas vitórias sobre a Colômbia, por 5 X 0 e contra o Peru, por 7 X 1, participando também com grande atuação da vitória na final contra o Uruguai, goleada de 5 X 1.

Mudou-se para o Santos e depois Botafogo. Em poucos meses, estava no Atlético, de Belo Horizonte onde teve que conviver com um drama: o tabu do tri. O Atlético liderava o número de títulos estaduais, possuía mais conquistas do que seus rivais Cruzeiro, América e Villa Nova, mas todos os seus rivais já haviam sido tricampeões. Só ele que não.

Orlando ajudou o time, dirigido pelo uruguaio Ricardo Díez, a enfim romper essa marca, após 39 campeonatos, ao atuar com Ubaldo, Amorim, Joel, Afonso, Osvaldo, Zé do Monte, Tomazinho e outras feras nas tardes de domingo no “Campo do Sete”, como era chamado o Estádio Independência, atualmente difundido em todo o Brasil como o "alçapão do Horto".

Principais títulos.  Fluminense: Copa Rio (1952); Campeão Carioca (1946 e 1951); Torneio Municipal (1948). Atlético Mineiro: Campeão Mineiro (1954 e 1955). Seleção Brasileira: Campeão Sul-Americano de Futebol (1949).

No primeiro titulo carioca que Orlando conquistou pelo Fluminense o time das Laranjeiras venceu na final o Botafogo por 1 X 0, no dia 22 de Dezembro de 1946 em partida disputada em São Januário.

O Fluminense jogou com: Robertinho - Guálter e Haroldo. Pascoal - Telesca e Bigode. Pedro Amorim - Careca - Ademir - Orlando e Rodrigues.

O Botafogo jogou com: Osvaldo - Gérson e Belacosa. Ivan - Nilton Santos e Juvenal. Nilo - Tovar, Heleno - Geninho e Braguinha.

“Orlando Pingo de Ouro” foi um dos introdutores do Futevôlei na praia, no Rio de Janeiro, ao lado do ex-jogador Octávio de Moraes, o "Tatá" do Botafogo e da seleção, filho da cronista Eneida, em 1965 na Rua Bolívar em Copacabana. (Pesquisa: Nilo Dias)


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