Dejan
Petković, foi um dos grandes jogadores que vestiram a camisa do Clube de
Regatas Flamengo, do Rio de Janeiro, em toda a sua história. Não era
brasileiro. Nasceu em Majdanpek, Sérvia, antiga Iugoslávia, no dia 10 de
setembro de 1972.
Ainda
jovem mudou-se para a cidade de Niš para jogar nas categorias de base do clube local,
o Radnički Niš. Estava seguindo os passos do irmão mais velho, Boban, e do pai,
Dobrivoje, que também foram jogadores desse clube.
Tornou-se
o mais jovem jogador da história do futebol iugoslavo a atuar numa partida
oficial, estreando em 25 de setembro de 1988 (quando tinha 16 anos e 15 dias de
idade) em vitória por 4 X 0 sobre a equipe bósnia do Željezničar Sarajevo.
No
Radnički, ganhou o apelido pelo qual ficou conhecido em sua terra natal,
“Rambo”, em referência ao personagem de Sylvester Stallone, por seu físico
robusto à época. Até hoje, faz contribuições ao seu primeiro clube, entre
material esportivo e dinheiro.
O
grande salto na sua carreira ocorreu em 1991, quando foi para o poderoso
Estrela Vermelha, de Belgrado, capital da então Iugoslávia e que recém havia
conquistado o título da “Copa dos Campeões da UEFA”. Ficou no clube até 1995.
Em
sua primeira temporada, 1991/1992, o Estrela Vermelha foi campeão iugoslavo e
faturou também a “Copa Intercontinental”, mas Petković não chegou a ter
participação relevante nos dois títulos.
Ainda
não havia conseguido espaço no elenco, repleto de jogadores de renome inclusive
internacional, como Dejan Savićević, Darko Pančev, Siniša Mihajlović, Vladimir
Jugović e Miodrag Belodedici.
Aquela
edição, a última do campeonato iugoslavo a ter contado com equipes macedônias e
bósnias, marcou também a saída destes astros que, com o agravamento da Guerra
Civil Iugoslava, foram jogar no exterior.
A
equipe do Estrela precisou então ser reformulada e “Rambo” finalmente obteve
chances. Por dois anos, foi o arquirrival Partizan quem faturou o campeonato.
Até que, na temporada 1994/95, Petković foi o grande nome no meio-campo do
grupo que reconquistou a liga iugoslava.
Ele
foi o único campeão a jogar as 36 rodadas, sobressaindo-se em relação a colegas
que posteriormente tiveram mais prestígio na Europa que ele, como Goran
Đorović, Darko Kovačević e Dejan Stanković.
Depois
dessa conquista, foi contratado pelo Real Madrid. Quem esperava que explodisse
no grande clube espanhol, se enganou. Isso não aconteceu. Contratado em agosto,
foi obrigado a ficar por mais cinco meses no Estrela Vermelha, que se
classificou para a fase preliminar da Liga dos Campeões da UEFA de 1995.
O
clube acabou eliminado precocemente, mas Petković só chegou ao Real em
dezembro. Apesar de ter feito uma estreia de luxo, em que marcou o gol da
vitória do seu time por 3 X 2 no clássico contra o Atlético de Madrid, em jogo
amistoso realizado no dia 29 de dezembro em Alicante, valendo o “Troféu de
Natal”, não conseguiu mais chances com o técnico Jorge Valdano.
Em
razão disso, ele foi emprestado ao Sevilla, dando espaço para o Real contratar
o croata Davor Šuker. O empréstimo durou quatro meses.
No
Sevilla, Petković foi titular, mas era quase sempre substituído, sob a
justificativa de que só ficaria no clube até meados de 1996 e o clube precisava
armar um esquema sem ele.
Pet
não teve sorte mesmo. Na mesma rodada em que estreou pelo Sevilla, o Real
perdeu e Valdano foi demitido. Para piorar, fraturou o pé pouco tempo depois.
Quando
o empréstimo terminou e ele voltou ao Real, desentendeu-se com o novo
treinador, o italiano Fabio Capello, e foi novamente emprestado, desta vez para
o Racing Santander.
Teve
uma passagem ruim pelo Racing. Foi quando aceitou convite do time brasileiro do
Vitória, da Bahia, que o descobriu após participar de um torneio amistoso em
que o sérvio se destacou pela equipe B do Real.
O
rubro-negro baiano, em parceria com o Banco Excel, contratou também as estrelas
Túlio e Bebeto. O "gringo" veio justamente para substituir Bebeto,
que fora para o Botafogo, do Rio de Janeiro.
Inicialmente,
o grande objetivo de Petkovick, ao aceitar a proposta de empréstimo ao Vitória,
era jogar bem para atrair nova atenção europeia.
Desconhecido
no Brasil, poucas eram as expectativas em cima dele, que, logo na estreia,
contra o União São João, marcou um gol de falta e deu passe para Túlio também
marcar no empate por 2 X 2 contra o time paulista.
Em
oito partidas em 1997, marcou duas vezes. Em 1998, começou o ano em ritmo vagaroso,
marcando poucos gols, mas ainda assim se destacando.
Acabou
sendo vice-campeão do Campeonato Baiano e do torneio regional, contabilizando
11 gols nas duas competições.
No
Brasileirão de 1998 marcou 14 gols em 21 partidas, fazendo com que o São Paulo
chegasse a oferecer suas promessas França e Dodô por ele, na época.
Seus
gols e assistências ficaram marcados na memória da torcida leonina, com a boa
fase seguindo no ano seguinte, o do centenário do Vitória. No Estadual foi o
artilheiro com 19 gols em 16 jogos.
Porém,
se machucou, quando da final do Campeonato Baiano de 1999, marcada por guerras
judiciais. A Justiça achou por bem declarar Vitória e Bahia campeões.
Em
1999, Petković também se consagrou como artilheiro da Copa do Brasil, ao lado
de Romário, mesmo com o Vitória sendo eliminado ainda nas oitavas-de-final
frente ao Palmeiras.
Petković
conseguiu seu retorno ao futebol europeu, sendo contratado pelo Venezia, da
Itália, indo no meio do ano para jogar a temporada 1999-2000.
Em agosto de 1999, mesmo tendo saído recentemente, o
iugoslavo foi eleito pela “Revista Placar”, com 44% do júri popular o maior
jogador do Vitória no século XX.
Na Europa, "Pet" ficou novamente sem espaço,
decidindo aceitar um retorno ao Brasil no semestre seguinte, no início de 2000,
desta vez para o Flamengo, do Rio de Janeiro, que pagou 7 milhões de dólares
por sua contratação.
No primeiro semestre de 2001, após um fraco Torneio Rio-São Paulo do Flamengo, Petković viveu uma das melhores fases de sua carreira. Conquistou dois títulos estaduais e um nacional.
Destacou-se especialmente por suas ótimas cobranças de
faltas, sendo que duas foram decisivas em finais daquele ano contra o Vasco da
Gama (Campeonato Carioca) e São Paulo (Copa dos Campeões).
No coração da massa rubro-negra, Petković virou
"Pet". Com tantos momentos marcantes, incluindo ainda um em que a
torcida cantou-lhe parabéns em partida realizada no dia de seu aniversário, o
sérvio finalmente passou a considerar o Brasil sua segunda casa.
Afetado por três meses de salários atrasados, chegou a
ajuizar ação contra o clube para obter seu passe na véspera do segundo jogo da
semifinal da Copa Mercosul de 2001, fora de casa, contra o Grêmio, dias antes
também da partida decisiva contra o Palmeiras que poderia livrar a instituição
do rebaixamento.
Porém, no início de 2002, o ambiente voltou a ficar ruim na Gávea, com a perda da Copa Mercosul nos pênaltis para o San Lorenzo (a decisão seria em dezembro de 2001, mas a partida na Argentina teve de ser adiada para janeiro em razão dos tumultos populares gerados pela crise econômica que assolava o país).
E, posteriormente, com a decepcionante campanha na
Libertadores, onde o Flamengo foi eliminado na primeira fase, ficando em último
em seu grupo. O time também ficou longe das fases finais do Torneio Rio-São
Paulo e do Campeonato Carioca de 2002.
Chegou ao Vasco da Gama no meio de 2002, em
surpreendente transferência do rival, não chegando a ser campeão carioca pelo
clube cruzmaltino, pois se transferira pouco antes para o futebol chinês.
Começava a cair nas graças da torcida quando foi anunciada sua saída em virtude de um contrato de mais de R$ 10 milhões oferecido pela equipe chinesa do Shanghai Shenhua.
Após um ano na China (onde faturou o campeonato local),
chegou a ser sondado pelo Botafogo, justamente o único grande time carioca que ainda
não defenderia. Petković voltou ao Rio de Janeiro para jogar novamente no
Vasco, durante o Campeonato Brasileiro de 2004.
Tendo liderado a equipe na campanha que garantiu a
permanência, marcando 18 gols e distribuindo 11 assistências (sendo artilheiro
e maior "garçom" do elenco), Petković recebeu finalmente sua primeira
Bola de Prata da Revista Placar, tornando-se o primeiro (e, até o holandês
Clarence Seedorf ganhar a sua, em 2013, o único) europeu a ganhar a premiação. (Continua amanhã) (Pesquisa: Nilo Dias)
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