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segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Tragédia no futebol paraense

Já se passaram 21 anos desde que o promissor atacante do Clube do Remo, de Belém do Pará, Andrey Benjó, de apenas 21 anos de idade, foi morto com um tiro na cabeça, em circunstâncias até hoje não bem esclarecidas.

O fato correu no dia 12 de julho de 1996, quando Andrey e seu companheiro de time, o volante Cléberton, bebiam cerveja em um bar no bairro da Cidade Nova, pertinho da residência do jovem atleta.

A tragédia não manda recado, aparece de repente. Foi o que aconteceu, quando por volta de duas horas da madrugada adentrou ao bar um vigilante, dizendo que acabara de ser vitima de um assalto.

Ele era conhecido de Cléberton, que imediatamente se prontificou a ajudá-lo, indo até sua casa buscar uma arma, para ir em busca do bandido. Mas ao retornar, não se sabe porque cargas d’água, mudou de idéia.

Era um revólver Taurus calibre 32. Trouxe junto10 balas que comprara de um desconhecido no “Baenão” alguns dias antes. Segundo a versão dada por Cléberton, ao mostrar o revólver a Andrey, este, que estava acompanhado da namorada, surpreendentemente, apontou-a contra a própria cabeça e puxou o gatilho. Uma bala estava no tambor. Foi o suficiente.

Levado às pressas até o Hospital Belém, não resistiu ao ferimento e às 17h20, teve a morte cerebral constatada. As funções cardiorrespiratórias pararam definitivamente às 21h30. O desastre estava consumado.

As suspeitas pela morte de Andrey recaíram sobre Cléberton, que segundo algumas pessoas teriam dito logo após a tragédia, que acabara de matar seu irmão. E também porque ninguém acreditava que Andrey tentaria contra sua própria vida.

A Polícia investigou o caso, e embora tivesse encontrado muitas contradições no que foi dito por Cléberton, não foi o suficiente para incriminá-lo.

Sabe-se que não foram encontrados vestígios de pólvora nas mãos da vítima, que segundo se soube tinha medo de armas de fogo. E ainda por ter sumido o revólver de onde partiu o tiro e reaparecido depois.

O Clube do Remo prestou uma homenagem ao seu atleta, entrando em campo na partida seguinte, quatro dias após a tragédia, contra o Vila Rica, com 10 jogadores, todos com uma tarja preta nas mangas, repetindo o que havia feito tempos antes, quando da morte do ex-atleta Luizinho das Arábias, ocorrida em 1989. O jogador restante entrou em campo aos cinco minutos de jogo.

E o caso ficou mesmo por ai. A torcida esqueceu, a Polícia também e hoje resta apenas uma dor profunda para a família e uma lembrança mórbida para os fãs de futebol.

Andrey Benjó, na flor de seus 21 anos era um grande candidato a revelação da época. Saído das divisões de base do Clube do Remo, aos 19 anos teve a primeira oportunidade no time de cima, quando do Campeonato Brasileiro da Série B de 1995.

Ele jogou duas partidas contra o Moto Clube e ajudou a livrar o seu time do rebaixamento para a Série C.

Mas como no futebol paraense a norma até hoje é não valorizar a prata da casa, Andrey acabou perdendo espaço, já que a Diretoria do Remo preferiu contratar uma carrada de jogadores do Santos, que se tornaram titulares. Só voltou ao elenco principal no início de 1996, com o treinador Luizinho Lemos.

Andrey até que aproveitou a nova oportunidade, chamando a a atenção pela velocidade e pela habilidade. Irreverente, costumava lançar desafios incomuns aos colegas como degustar insetos e quebrar cocos na cabeça.

Seu último jogo com a camisa azul remista foi no dia 9 de junho de 1996. Ele entrou no segundo tempo contra o Pinheirense e pouco ajudou na goleada de 4 X 0.

Apesar da atuação ruim, seria o substituto de Ageu, que tinha levado o terceiro cartão amarelo, no jogo seguinte contra o Vila Rica. E até disse ao técnico Valdemar Carabina: “professor, eu vou lhe dar uma boa dor de cabeça porque eu vou arrebentar nesse jogo de domingo”.

Lamentavelmente isso não ocorreu, porque morreu quatro dias antes do jogo. Quanto a Cléberton, a única coisa que se sabe é que continuou a carreira de jogador profissional, atuando no São Raimundo. (Pesquisa: Nilo Dias)


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