Valtemir Pereira, o "Anjo Negro", goleiro que defendeu equipes do Acre nos anos 1990 e 2000, morreu no dia 16 de agosto de 2007, vítima de meningite, com a idade de 39 anos. Ele estava internado na UTI da Fundacre, na capital acreana. O seu estado clínico já era preocupante há algumas semanas.
O goleiro, que ficou mais conhecido por "Anjo Negro", foi um dos melhores jogadores na posição revelados no futebol do Acre, em todos os tempos.
Ele ganhou notoriedade depois de ter agredido o árbitro de futebol Cléver Assunção Gonçalves, durante um jogo contra o Flamengo, realizado em 1997, no Maracanã, no Rio de Janeiro, válido pela terceira fase da Copa do Brasil e vencido pelo rubro-negro carioca por 5 X 1.
O Flamengo jogou aquele dia com Zé Carlos - Fábio Baiano - Júnior Baiano - Fabiano e Athirson. Jamir (Maurinho) - Bruno Quadros - Lúcio (Marco Aurélio) e Evandro (Iranildo). Romário e Sávio.
Os gols foram de Romário (2), Evandro, Bruno Quadros e Sávio, para o Flamengo, e Papelim, para o Rio Branco (AC). No primeiro jogo, no estádio José de Mello, em Rio Branco (AC), o time local venceu por 2 X 1, gols de Biro-Biro e Bala, e Flávio Galvão, para o Flamengo.
O Flamengo levou um time reserva e tomou um couro de 2 X 1. Foi um jogão. Até a enorme torcida do Flamengo, em Rio Branco, ficou orgulhosa com o "Estrelão", apelido dado ao Rio Branco.
No segundo jogo, o "Mengão" não quis arriscar e, em pleno Maracanã, lotado até a tampa, com Romário e Companhia sapecou 5 X 1 no time do Acre.
Nesse jogo, o árbitro mostrou cartão amarelo para o goleiro do Rio Branco aos 28 minutos do primeiro tempo, considerando que estava demorando a bater um tiro de meta. Irritado por isso, Valtenir empurrou o rosto de Gonçalves com a bola.
E foi expulso. Fora de sí, "Anjo Negro" deu três socos e um pontapé na bunda do árbitro. Só parou com a chegada da Polícia. E disse que "o juiz foi comprado pelo Flamengo". E ainda: "Por que ele tinha que dar cartão vermelho pra mim?". Saiu de campo escoltado por policiais militares.
Levado em um camburão para o 20º Distrito de Polícia, Valtenir foi indiciado no Código Penal por lesão corporal. Em seu depoimento, reconheceu ter agredido o juiz em "um ato impensado".
Segundo Valtemir disse na Polícia, a sua atitude estabanada foi originada pelas expressões nada lisonjeiras e até preconceituosas por parte do juiz e do jogador Romário tais como: “Passa a bola, nego filho da puta!”.
O árbitro mineiro, afirmou na delegacia ter sido atingido por um soco em seu ouvido esquerdo. No início da madrugada ele foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para exame de corpo de delito.
O Flamengo, conseguiu avançar com a goleada imposta ao time acreano e chegou à final da competição naquele ano, mas perdeu a decisão para o Grêmio, após dois empates, um sem gols em Porto Alegre e outro por 2 X 2, no Rio de Janeiro.
Após a agressão, o goleiro acabou nos noticiários de todo o país. Sua loucura ficou atestada no ano seguinte, quando quase pôs fim a vida, depois de disparar um tiro contra o próprio peito. A revista "Placar", a época, dedicou duas paginas ao episódio e apelidou o arqueiro de "pugilato". O título da matéria foi o seguinte: "Passou raspando".
Recuperado, o goleiro deu a volta por cima e chegou a figurar na lista dos melhores da posição no futebol local. Em 2007, após um convite da professora Cláudia Malheiro, "Anjo Negro" aceitou voltar a jogar, vestindo dessa feita a camisa número 1 do Andirá, time do Acre.
As boas defesas acabaram rendendo elogios e o título de melhor jogador durante alguns jogos do clube "morcegueiro". Além da profissão de goleiro, "Anjo Negro" complementava a renda familiar prestando serviço para uma empresa de segurança.
Ao
longo de sua carreira, o atleta passou pelo Andirá (AC), Independência (AC),
Juventus (AC), Rio Branco (AC) e Vasco (AC). (Pesquisa: Nilo Dias)
Gol de honra do Rio Branco, na goleada de 5 X 1, Papelim, de pênalti.
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