O
Nacional Atlético Clube, tradicional agremiação esportiva de São Paulo comemorou ontem (14), 100 anos de existência. O clube foi fundado de fato em 14 de abril
de 1895, mas juridicamente consta como 16 de fevereiro de 1919.
Suas
cores são o azul e branco, e ao seu escudo acrescenta o vermelho. O clube foi
fundado com o nome de São Paulo Railway Athletic Club, por iniciativa da companhia
ferroviária do mesmo nome, a São Paulo Railway Co., em fevereiro de 1919.
A
São Paulo Railway Limited era uma companhia inglesa que tinha a concessão para
o uso e domínios do sistema ferroviário do Estado de São Paulo.
Seus
empregados aprenderam a praticar o futebol com os ingleses que gerenciavam a
companhia, mas nunca foram admitidos nos clubes que estes criavam, porque no
começo o futebol só era permitido para uma elite restrita.
No
entanto os anos foram passando e o esporte foi ganhando espaço na classe
operária. Em 1914, em Santos, a empresa criou seu grêmio futebolístico.
A
ferrovia ia de Santos a Jundiaí passando por São Paulo, o que permitia que seus
funcionários disputassem jogos em ambas as cidade.
Assim
em 1915, apesar da maioria dos funcionários residir em São Paulo, disputaram o
2º campeonato oficial da cidade de Santos e passaram a partir de então, jogar
os campeonatos santistas.
Em 1919 o então superintendente da antiga São Paulo Railway, senhor Arthur J. Owen cedeu uma vasta área de terreno próximo a estação Água Branca para ali se instalar o campo de esportes, local de lazer para os funcionários e atletas da recém fundada São Paulo Railway Athletic Club.
Após 18 anos da doação, o Nicolau Alayon uruguaio presidente da SPRAC decidiu pela construção do estádio, iniciando em 1937 e terminando no ano seguinte.
O Estádio Nicolau Alayon, tem capacidade para cerca de 11.500 pessoas. De propriedade do clube, é um dos únicos no Brasil a homenagear um estrangeiro.
Nicolau Alayon, uruguaio de Montevidéu, foi um dos mais entusiastas dirigentes do time da Água Branca. Inaugurado no dia 14 de maio de 1938, no primeiro jogo, o Nacional foi derrotado por 2 X 1 pelo Corinthians.
Na
década de 20, com a criação da 2ª e da 3ª Divisão do Campeonato paulista,
inscreveram-se na competição e mudaram a sede para São Paulo, onde fundaram
novamente a equipe em 16 de fevereiro de 1919, mantendo o mesmo nome de São
Paulo Railway A.C.
O
clube já neste tempo começou a mudar suas feições, já que o esporte era
praticado pelos funcionários mais simples, junto com alguns diretores com
cargos de destaque.
O
time assumiu com o tempo o caráter de clube operário, do mesmo jeito que outros
times paulistanos, como o Palestra Itália, fundado em 1914, o Corinthians, 1910
e o Juventus, fundado em 1924.
A
estreia em campeonatos paulista oficiais do São Paulo Railway A.C. foi em 1924,
na Divisão Principal (APEA), uma espécie de terceira divisão (Atual A3) na
época.
Ao
lado de equipes como São Caetano Esporte Clube e Voluntários da Pátria Football
Club, o São Paulo Railway A.C. não foi longe.
Em
Santos a equipe faturou o Torneio Início da cidade no dia 31 de agosto. No ano
seguinte, 1925, disputou o Campeonato Municipal da APEA, Atual A3, no grupo
Série A, com times apenas da cidade de São Paulo, assim conquistando seu
primeiro acesso para a Segunda Divisão, Atual A2.
Em
1926 já no campeonato da Segunda Divisão, enfrentou equipes como C.A. Albion, 1
de Maio Futebol Clube e o Flor do Belém F.C.. Fez uma péssima campanha. Em 18
jogos só venceu três e perdeu 14, ficando na nona colocação.
Em
1927 ficou fora das competições oficiais, só retornando em 1928 para disputar a
Primeira Divisão-Série Intermediária da LAF. Atual A2.
O time principal não fez uma boa campanha, sendo eliminado no primeiro turno. Já,
a equipe secundária conquistou o título.
Neste
mesmo ano o São Paulo Railway disputou o Festival Esportivo, no campo do
Antártica Futebol Clube, e também participou do Torneio Eliminatório Paulista
de 1928.
No
dia 6 de janeiro de 1929 o São Paulo Railway disputou o Torneio Eliminatório e
acabou perdendo a final para o União Vasco da Gama Futebol Clube, e assim
continuou se preparando para jogar o Campeonato da Primeira Divisão - Série
Intermediária (LAF), onde também não fez uma boa campanha.
Depois
disso o São Paulo Railway ficou ausente dos campeonatos oficiais até 1933.
Em
1933 o São Paulo Railway disputou seu primeiro Campeonato Paulista de Futebol
de Primeira Divisão, pela Federação Paulista de Football, parceira da
Confederação Brasileira de Desportos, que na época não tinha aceitado o
Campeonato Paulista de Futebol Profissional criado pela APEA (Associação
Paulista de Esportes Athleticos).
Em
1935 o São Paulo Railway A.C. disputou a Primeira Divisão da APEA, Atual A2 e
conseguiu o acesso para a Divisão Principal. No Campeonato Paulista de 1936
acabou ficando em nono lugar com 15 pontos, e em 1937 após repetir o nono lugar
o São Paulo Railway faturou o Campeonato Paulista de Segundos Quadros, uma
conquista importante para a época.
Em
1939 o São Paulo Railway obteve sua melhor colocação em Campeonatos Paulistas:
um honroso quarto lugar, atrás apenas de Corinthians, Palestra Itália, hoje
Palmeiras e Portuguesa, além de ter o terceiro melhor ataque.
Neste
mesmo ano fez uma excursão para o Estado do Paraná e realizou três jogos,
voltando invicto para a capital paulista.
Em
1945, Passarinho se tornou o único jogador do time a conquistar a artilharia de
um “Paulistão”, marcando 17 gols, a mesma marca de Servílio de Jesus, jogador
do Corinthians.
No
ano seguinte, a concessão da ferrovia dada a “São Paulo Railway” terminou e a
estrada foi nacionalizada, tendo o clube de ser rebatizado, como Nacional
Atlético Clube.
No
seu primeiro jogo com nome e uniforme novos, um amistoso contra o Flamengo, do
Rio de Janeiro, o time jogou o primeiro tempo ainda como “São Paulo Railway” e
o segundo como Nacional Atlético Clube. Com o Pacaembu lotado, o time acabou
perdendo por 5 X 3.
Em
1 de janeiro de 1949, São Paulo e Nacional se enfrentaram no Pacaembu, em jogo
válido pelo “Campeonato Paulista”. O jogo foi dirigido pelo árbitro inglês, Mister
Snape, que acabou se tornando o primeiro “árbitro artilheiro” do futebol brasileiro,
marcando dois gols para a equipe do São Paulo, algo que acabou sendo descrito
até na súmula.
O
Nacional manteve-se na elite por quase duas décadas, até 1953, quando, por dois
anos consecutivos, ficou fora das competições profissionais.
O
clube retornou às atividades em 1955, novamente na “Primeira Divisão”, onde
permaneceu até 1959, data em que foi rebaixado à “Segunda Divisão”.
Em
1968, o Nacional foi até Jundiaí enfrentar o time local pela “Série A 2”,
quando aconteceu um fato no mínimo curioso. Ao entrar no gramado o time da
capital foi recepcionado com uma bomba jogada das arquibancadas por torcedores
adversários.
O
artefato explodiu próximo aos atletas do Nacional que tiveram de voltar aos
vestiários e solicitar garantias para disputar a partida. Isso, depois de ficar
30 minutos no vestiário e não querer retornar ao gramado.
O
Nacional acabou voltando ao gramado e disputando a partida, que acabou empatada
em 1 X 1.
Em
1971 e 1972, o time esteve novamente longe das competições profissionais,
retornando em 1974. Nesse período, sagrou-se, em 1972, campeão da “Copa São
Paulo de Futebol Júnior”, em cima do Internacional, de Porto Alegre, com
vitória de 2 X 1, depois de desbancar Palmeiras, Bahia, Corinthians e São
Paulo.
Em
1975, ficou ausente mais uma vez dos gramados, retornando em 1976.
Além
da “Copa São Paulo”, o campeonato “Paulista” de Juniores, ou “Sub 20”, tem
importância no Estado de São Paulo. O Nacional foi campeão em 1982, quando bateu
o Botafogo, de Ribeirão Preto, no jogo final.
Em
1988 o Nacional ganhou de novo a “Copa São Paulo de Futebol Júnior”, dessa feita
derrotando o América, de São José do Rio Preto, por 3 X 0, em jogo disputado no
“Estádio da Universidade de São Paulo”.
Em
2000, conquistou novamente o título da “Série A3”, com uma campanha admirável
voltando novamente a “Série A2”.
No
ano de 2005, quase chegou ao seu terceiro título da “Copa São Paulo de Futebol
Júnior”, tendo perdido a final para o Corinthians por 3 X 1.
Em
2007, fez campanha ruim e caiu para a “Série A3” do Estadual. Para piorar a
situação, no ano de 2009, a equipe terminou a competição na 19ª colocação,
sendo rebaixada à “Segunda Divisão”.
Na
disputa desse campeonato o Nacional conheceu a pior fase da sua história
centenária. O clube teve de enfrentar muitas dificuldades, dentro e fora de
campo.
Em
2010, depois de fazer 32 jogos em uma campanha quase perfeita o Nacional ficou
no quase, sendo eliminado na 4ª e última fase.
Em
2011 deixou a desejar fazendo uma péssima campanha, sendo eliminado na 1ª fase,
somando apenas 5 pontos. Já no ano seguinte, 2012 teve um começo de campanha
impecável, se sagrando líder do grupo 5 e do Grupo 12. Mas acabou eliminado na
3ª fase por apenas 1 ponto de diferença.
E
em 2013 não foi diferente, caindo no considerado "grupo da morte", ao
lado de equipes como Atibaia, Hortolândia e Primavera, o "Naça"
acabou sendo eliminado na primeira fase. Outra vez com diferença de 1 ponto.
O
Nacional começou a disputar a Segunda Divisão do Campeonato Paulista no dia 5
de abril contra a modesta, porém perigosa, equipe de Guarulhos e acabou
vencendo pelo placar mínimo de 1 X 0, no Estádio Nicolau Alayon.
Não
tendo muito trabalho no grupo 6, o Nacional acabou ficando em primeiro lugar e
invicto com uma diferença de 10 pontos para o segundo colocado o Taboão da
Serra.
Na
Segunda Fase o Nacional caiu em um dos piores grupos do campeonato, junto de
Atibaia, União São João e Assisense, mas assim mesmo classificou em terceiro
lugar com 10 pontos somados.
Na
Terceira Fase, mesmo com dificuldades financeiras o Nacional ficou em segundo
lugar, o bastante para chegar na última fase, que também com muito esforço
ficou na primeira colocação, almejando o acesso à “Série A3” e o direito de
jogar a final do campeonato.
A
final foi realizada contra a preparada equipe de Atibaia, mas que em duas
partidas muito equilibradas o Nacional saiu campeão do torneio e ainda com o
talentoso atacante Sócrates se tornando o artilheiro da temporada com 16 gols,
sendo este o terceiro título estadual de sua história.
Depois
de muitas tentativas frustradas na Série A3 Paulista, o time finalmente
ascendeu à Série A2 de 2018.em uma vitoriosa jornada comandada pelo treinador
Tuca Guimarães.
A
final do campeonato foi disputada contra o time da Internacional, de Limeira em dois
jogos, após um revés como mandante, o Nacional acabou se consagrando o campeão
na casa do adversário pelo placar de 2 X 0.
Entre
os jogadores revelados pelo Ferrinho encontram-se Deco, Dodô, Kahê, Paulo César, Magrão, Cacau, Rubens Minelli e o penta-campeão Cafu.
Atualmente,
além de seu time de futebol profissional, juniores e categorias infanto-juvenis,
mantém um respeitado e conceituado centro de formação no futebol, sendo
conhecido como "celeiro de craques", tal a qualidade de seu trabalho
na formação de atletas sua escola de futebol.
Diferentemente
da maioria dos clubes brasileiros, a mascote do "Naça" não é um
bicho: o "Ferroviário", nada mais é do que uma homenagem dos
fundadores do clube aos trabalhadores da São Paulo Railway Company, empresa
inglesa do ramo ferroviário que se instalou no Brasil no ainda no século XIX.
As
cores do time (vermelha, branca e azul) continuaram as mesmas, em alusão a
bandeira do Reino Unido. Desde que adotou o nome Nacional A.C., as mudanças no
escudos foram apenas na tonalidade das cores e na letra N. (Pesquisa: Nilo Dias)
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