Entre
1983 e 2000 no poder, o clube foi campeão da “Copa
Libertadores”,
conquistou três “Campeonatos Brasileiros”, uma “Copa Mercosul” e sete “Campeonatos
Estaduais”. Seu sucessor no clube foi
também o já falecido Eurico Miranda.
Calçada
estava internado em um hospital na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de
Janeiro, tratando de uma infecção abdominal. Em 10 de julho ele teve de ser
internado pela primeira vez, mas como apresentou melhora deixou a unidade no
dia 19 de julho, porém, teve uma recaída e voltou à UTI na última terça-feira
(30).
Em
seu site oficial, o Vasco soltou uma nota lamentando a morte do ex-presidente.
O clube também decretou luto de três dias. "O Club de Regatas Vasco da
Gama lamenta profundamente o falecimento nesta segunda-feira (05/08) do
ex-Presidente da Diretoria Administrativa e Presidente de Honra do Clube,
Antônio Soares Calçada, vítima de complicações causadas por uma infecção
abdominal".
Antônio
Soares Calçada era português, nascido em Vila da Feira, Distrito de Alver, em 16
de abril de 1923. Chegou ao Brasil ainda garoto. Sua ligação com o Vasco teve
início em 1942, quando ingressou como sócio do clube.
Logo
ocupou seu primeiro cargo: tornou-se diretor do “Departamento de Tênis de Mesa”,
na administração de Otávio Menezes Póvoa. Além disto, foi vice de futebol nas
gestões de Cyro Aranha, Manuel Castro Filho, Artur Rodrigues Pires e João
Silva.
Em
1982, Antônio Soares Calçada alcançou o principal posto no Vasco. Com a chapa
"Vasco da Gama", venceu ao histórico presidente Agarthyno da Silva
Gomes, que teve uma de suas gestões marcadas pelo título brasileiro de 1974.
No
poder a partir de 1983, Calçada manteve “Roberto Dinamite” como principal
jogador do elenco, que tinha jovens como Acácio, Donato, Geovani e Mauricinho,
e atletas mais experientes como Roberto Costa, Elói e Daniel González. No ano
seguinte, o time chegou à decisão do “Campeonato Brasileiro”, mas perdeu para o
Fluminense.
Em
1985, a equipe não teve bom rendimento na “Copa Libertadores”. Porém, durante o ano viu
o surgimento de um atacante promissor: no amistoso diante do Nova Venécia,
Romário marcou seus primeiros gols. Mesmo assim, no fim do ano, Calçada foi
reeleito em pleito contra Eurico Miranda.
A
partir de 1986, Calçada uniu-se com o até então adversário político Eurico
Miranda, que passou a ser seu vice de futebol. No ano seguinte, o mandatário
saboreou o seu primeiro título no clube.
Com
um gol de Tita, que fora contratado naquele ano, o Vasco sagrou-se campeão
carioca em 1987, batendo o Flamengo por 1 X 0. Comandada por Sebastião Lazaroni, a equipe que
tinha a dupla Romário e Roberto Dinamite como destaques, contou ainda com Dunga,
Mazinho e Paulo Roberto.
No
ano de 1988, Calçada voltou a ser reeleito, contando com a base da equipe
campeã do ano anterior. Após uma estreia com revés para o Flamengo, o “Cruz-Maltino”
fez mais uma grande campanha no “Carioca”.
Além
de vencer dois dos três turnos, a equipe foi novamente campeã sobre o Flamengo,
com direito ao célebre gol de “Cocada”. Naquele ano, o Vasco ainda fez uma
"quina": emplacou cinco vitórias seguidas sobre o maior rival.
Em
1989, Calçada, ao lado de Eurico Miranda, "atiçaram" a rivalidade
entre Vasco e Flamengo. Aproveitando que Bebeto estava com sua situação
contratual indefinida com o rubro-negro, o Cruz-Maltino fez uma negociação
cautelosa e conseguiu que o craque fosse para São Januário.
Com
Bebeto como referência e artilheiro, a repatriação de Tita e contratações como
Luiz Carlos Winck, Quiñonez, Zé do Carmo e Marco Antônio Boiadeiro, o clube
sagrou-se campeão brasileiro. No Morumbi, coube a Sorato garantir a conquista
com o gol da vitória por 1 X 0 sobre o São Paulo, consagrando também jovens
como Bismarck e William.
Depois
desta conquista, o dirigente, que foi reeleito em 1991, voltou a ver o Vasco
campeão em 1992, meses após a equipe ver o título brasileiro escapar por
tropeços na fase final.
Em
um Estadual com Maracanã interditado, o “Gigante da Colina”, que tinha “Roberto
Dinamite” em seu último ano na carreira, as revelações Edmundo, Valdir, Leandro
Ávila e Carlos Germano e nomes como Bismarck, Luisinho, Jorge Luís e William,
foi campeã invicto em dois turnos. No jogo do título, Valdir garantiu a vitória
por 1 X 0 sobre o Bangu.
Mesmo
perdendo “Roberto Dinamite”, Edmundo e Luiz Carlos Winck, o “Cruz-Maltino”
alcançou o bicampeonato carioca no ano seguinte. Com Valdir como co-artilheiro,
com 19 gols, ao lado de Ézio, do Fluminense e a afirmação de nomes como
Pimentel, Gian e Yan, a equipe sagrou-se campeã de forma dramática.
Após
uma vitória por 2 X 0 no jogo de ida e uma derrota por 2 X 1 no segundo jogo, o
Vasco alcançou o título com o empate em 0 X 0 na decisão.
Em
1994, Calçada teve um novo feito como presidente: levou a equipe a seu primeiro
e único tricampeonato carioca. Com um time reforçado pelo craque Dener e pelo
zagueiro Ricardo Rocha, o Vasco teve um início promissor na competição.
Mesmo
abalado pela morte do camisa 10, Dener, devido a um acidente automobilístico, o
Vasco voltou a se firmar e sagrou-se campeão com uma vitória por 2 X 0 sobre o
Fluminense, com dois gols marcados pelo jovem Jardel. No mesmo ano, conseguiu
mais uma vez sua reeleição.
Após
dois anos marcados por entressafras, idas e vindas de jogadores e brigas
políticas, Calçada conseguiu um grande feito: no início de 1997, a Conmebol
reconheceu a conquista do Campeonato Sul-Americano de Clubes de 1948 como
título continental. Graças a esta atitude, o Vasco teve direito a disputar a
edição da ”Supercopa Libertadores”.
Além
disto, o Vasco alcançou um patamar ainda maior dentro de campo. Capitaneado por
Edmundo, que já estava vendido à Fiorentina, da Itália e com reforços pontuais
como Mauro Galvão, Evair e Válber, o time, que mantivera no elenco nomes como
Felipe, Juninho, Ramón e Pedrinho, foi campeão de maneira irrepreensível.
Após
ter sido líder de ponta a ponta, o Vasco chegou ao topo do país com dois
empates sem gols diante do Palmeiras.
Reeleito
para o cargo em 1997, o dirigente teve a missão de conduzir o Vasco no ano do
centenário do clube. Contando com o aporte financeiro do “Bank of America”, o
clube montou uma sucessão de esquadrões.
Foram
contratados jogadores como Donizete, Luizão, Vagner, Sorato e Mauricinho para o
decorrer da temporada e o time alcançou mais feitos. Além de um novo título
carioca, Calçada era o presidente no ano do maior título da história: a “Copa
Libertadores”. Porém, o sonho do “Mundial Interclubes” esbarrou na derrota para
o Real Madrid.
Em
1999, no entanto, o dirigente logo voltou a comemorar pelo clube. Tendo
Guilherme, Donizete e Juninho como destaques e em reforços como Paulo Miranda e
Zé Maria, o Vasco iniciou o ano campeão do “Torneio Rio-São Paulo”, derrotando
o Santos nas duas partidas da final.
No
mesmo ano, os dirigentes ainda repatriariam Edmundo e depositariam as fichas na
contratação de Viola, mas o time se despediu cedo no “Brasileiro”.
O
ano de 2000 começou de maneira empolgante para o clube: em uma
"cartada", da qual o presidente foi crucial, Romário, dispensado do
Flamengo, retornou à “Colina” para a disputa do” Mundial de Clubes” em janeiro.
Tendo
também como novidades a ascensão de Hélton e as chegadas de Jorginho e Júnior
Baiano, o clube foi à decisão no Maracanã, mas amargou a derrota nos pênaltis
para o Corinthians.
Passadas
as frustrações das finais do “Torneio Rio-São Paulo” e “Campeonato Carioca”, o
Vasco teria um fim de ano para não esquecer. Com novidades como Clébson,
Juninho Paulista e Euller, o “Cruz-Maltino” foi crescendo no decorrer da “Copa
Mercosul” e da “Copa João Havelange” e chegou à decisão em ambas.
Diante
do Palmeiras, o time alcançou a '"Virada do Milênio", no jogo em que
obteve uma histórica virada de 3 X 0 para 4 X 3 em pleno “Parque Antarctica”.
Já
na final turbulenta na “Copa João Havelange”, Calçada conseguiu seu último
título como presidente. Com a vitória por 3 X 1 sobre o São Caetano, o
mandatário conquistou seu terceiro e último título brasileiro.
Além
de conquistas no futebol, Antônio Soares Calçada foi vencedor em outras
modalidades: obteve o bicampeonato da “Liga Sul-Americana de Basquete” e o
tricampeonato estadual de Remo.
Mesmo
tendo deixado a presidência a partir de 2001, sequer se candidatou em 2000, na
eleição vencida por Eurico Miranda, Calçada se manteve ligado ao Vasco. Além de
ser um dos beneméritos, tornou-se presidente de honra do clube. Em 2014, ele
deu nome ao ginásio poliesportivo localizado em São Januário.
Lúcido
até o fim de sua vida, Antônio Soares Calçada mostrou-se ativo até no pleito
que culminou na eleição de 2017. Ele tornou-se vice de Júlio Brant assim que a
chapa entre Brant e Campello se rompeu, mas foi derrotado por Alexandre
Campello.
No
início de julho deste ano, as complicações abdominais chegaram a levá-lo para o
CTI. Após chegar a ficar estável, Calçada voltou ao CTI e, desta vez, não
resistiu.
Títulos
ganhos como Presidente do Vasco da Gama:
Campeão
da Taça Libertadores da América (1998); Campeão da Copa Mercosul (2000); Campeão
Brasileiro de Futebol (1989, 1997 e 2000); Campeão Estadual de Futebol (1982,
1987, 1988, 1992, 1993, 1994 e 1998); Campeão da Liga Sul-Americana de Basquete
(1999 e 2000); Campeão Sul-Americano de Clubes de Basquete (1998 e 1999); Campeão
Brasileiro de Basquete (2000); Campeão Estadual de Basquete (1983, 1987, 1989,
1992, 1997 e 2000); Campeão Estadual de Remo (1998, 1999 e 2000. (Pesquisa:
Nilo Dias)
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