Segundo
relatos da época, a primeira ata do Futebol Clube Blumenauense (FCB) foi
realizada no dia 14 de agosto de 1919. Na ocasião, cerca de 20 homens
participaram do encontro no Hotel Guarujá, Alameda Duque de Caxias, no centro
de Blumenau.
Alguns
idealizadores do clube presentes foram: Emílio Hoetgebaum, Henrique Sachtleben,
Paulo Grossenbacher, João Hahn, Otto Brunner, Fritz Nicolai, Arthur Petters,
Paul Kielwagen, Victor Theodoro Laux, Paulo von Czekus, Hermann Scheidemantel,
Ernst Willrich, Hermann Hemke, Alfredo Diebold, Arthur Bruner, Alfredo Gehrer,
Otto Güse, Hermann Brandes, Andréas Hoetgebaum, Alfredo Carvalho, Manoel dos
Santos e August Mausmann.
As
reuniões do FCB costumavam ser realizadas em hotéis da cidade ou muitas vezes
nas próprias residências de dirigentes e associados. Além das atividades
esportivas, o clube realizava periodicamente bailes públicos.
Logo
nos primeiros anos de fundação o FCB conseguiu um de seus mais importantes
troféus: o “Campeão de Simpatia”. O antigo cinema do “Hotel Holetz” realizou em
maio de 1922 um concurso para eleger o clube mais simpático de Blumenau entre
os freqüentadores de suas sessões cinematográficas. O Futebol Clube
Blumenauense foi então o escolhido para receber o troféu.
A
diretoria mandou construir uma pequena caixa para colocá-lo em exposição em uma
das lojas da cidade, sendo esse o primeiro registro de um troféu recebido pelo
clube ao longo de sua história.
Aos
poucos o futebol tomou conta de Blumenau, dando início as grandes rivalidades
entre os times. Os primeiros jogos do FCB eram disputados em um terreno próximo
ao campo do Brasil, pertencente então à Família Holetz.
O primeiro torneio data de 1921. A equipe
do Blumenauense era formada basicamente pelos fundadores do clube e do times
enfrentados destacavam-se o Caxias Foot Ball Club e o Brasil FC. A concessão do
campo durou 17 anos.
Até
1930 o FCB havia vencido nove torneios regionais. O intercâmbio não era comum,
principalmente pelas dificuldades de ligação entre os municípios catarinenses.
Na época o clube possuía jogadores como Kloth, Koenig, Waldemiro e Tigy.
Uma
curiosidade é que o clube havia nascido com o nome de Blumenauense Football
Club, mas oficialmente era Football Club Blumenauense. No estatuto de 1937
passou a denominar-se Blumenauense Sport Club e, finalmente em 1938, Sociedade
Desportiva Blumenauense, seu último nome antes de tornar-se Grêmio Esportivo
Olímpico, em 1944.
O
FC Blumenauense recebeu inúmeras pressões de quem não admitia que o clube se
voltasse ao profissionalismo. A principal oposição era da Sociedade Ginástica,
que lhe tirou o direito de usar o campo que lhe fora emprestado.
Em
seguida muitos dos atletas também abandonaram a equipe. O impasse foi
combatido, formando-se uma equipe de juvenis dirigida por Lindolfo Natal.
Começaram a surgir atletas que mais tarde representariam verdadeiras bandeiras
do clube, como Margarida, Zinkhahn, Nieksche, Wilmar da Luz e Júlio Grossenbacher.
Com
o fim do campo da Ginástica para os treinos, a agora Sociedade Desportiva
Blumenauense (SDB) iniciou a compra de um terreno para a construção do seu novo
campo. Durante um tempo, como alternativa o clube jogava eventualmente no
gramado do Brasil e nos demais clubes de Blumenau.
O
grupo de atletas que possuía também projetou-se positivamente na cidade,
alcançado logo em seguida prestígio a nível estadual e enfrentando os mais
diversos times de Santa Catarina e de outros estados.
A
organização futebolística recebia novos moldes na região, com a criação em 1941
da Liga Blumenauense de Futebol (LBF), uma instituição que tratava do futebol
na cidade. A nova entidade surgiu do idealismo dos desportistas Capitão Nilton
Machado Vieira, Benjamin Margarida e Willi Pawloswky, e o 1º presidente Alfredo
Campos, um dos fundadores do Brasil FC, e mais tarde prefeito da cidade.
No
primeiro campeonato, o de 1941, o Brasil Futebol Clube foi o Campeão
Catarinense de Futebol, título conquistado também no ano seguinte, em
1942.
Em
1943 o time da Sociedade Desportiva Blumenauense disputava o título da Liga
Blumenauense de Futebol com outras sete equipes: Brasil (mais tarde Palmeiras),
América (hoje Guarani EC), Bandeirantes (Brusque), Timboense, Indaial,
Concórdia (Rio do Sul) e Tupy, de Gaspar.
A
SDB conquistou o título da LBF, vencendo os 15 jogos disputados, marcando 77
gols, tendo sofrido apenas 16. O Blumenauense teve ainda o goleador do
campeonato, Abreu, com 22 gols, seguido por Bodinho, com 20.
A
campanha de 1943 começou com o Bumenauense levantando o título deste Torneio.
Em 11 de abril, o time iniciou a primeira partida goleando de 6 X 1 sobre o
Bandeirantes. Em 26 de abril outro placar: 5 X 1 sobre o América; em 2 de maio
vencendo o Indaial por 3 X 2. Finalmente chegou o primeiro clássico da cidade,
com o Blumenauense enfrentando e vencendo por 7 X 2 o Amazonas no dia 6 de
junho. Já no dia 20 a maior goleada, 11 X 1 sobre o Tupy de Gaspar.
Os placares
dilatados eram uma constante nos jogos que o Blumenauense disputava. Um exemplo
disso foi o jogo contra o Timboense, quando no final a equipe de Blumenau
venceu por 8 X 1.
No
primeiro jogo a equipe da Blumenauense cedeu o empate de 2 X 2 em pleno Estádio
da Baixada, sendo derrotado pelo adversário no Estádio Adolfo Konder, da
Federação Catarinense de Desportos, por 5 X 0.
Mesmo
derrotado, o clube contentou-se com o vice-campeonato de 1943, pois conseguia
firmar-se entre os grandes times do estado. Nesta época também o clube
despedia-se da denominação de Sociedade Desportiva Blumenauense, passando a ser
em 1944 Grêmio Esportivo Olímpico.
Diante
desse disposto foi baixado pelo Conselho Nacional de Desportos, uma deliberação
de número 5.342, em 2 de março de 1943, “alterando denominações que derivassem
de nomes de Nações, Estados, Regiões ou Municípios”.
Através
de circulares expedidas pelo Conselho, veio uma determinação à direção da
Sociedade Desportiva Blumenauense em que
dizia: “A palavra que qualificar o nome de uma associação desportiva, não pode
mais derivar dos vocábulos, Brasil, Nação Estado, Território ou Município, que
são privativos, respectivamente do CND (Conselho Nacional de Desportos), das
Confederações, Ligas e centros classistas desportivos.
Não
pode a agremiação mesmo incorporar ao seu nome a palavra Brasil, salvo
autorização do CND, e parecer homologado pelo Ministro da Educação e Saúde”.
Após
a determinação, dirigentes de clubes de Blumenau entraram em um período de
discussões das suas novas denominações. O Recreativo Brasil aproveitaria sua
localização, a Alameda Duque de Caxias, para passar a denominar-se Palmeiras
EC; o América, da Itoupava Norte, para se tornar Guarani EC; enquanto que a
Sociedade Desportiva Blumenauense passaria a Grêmio Esportivo Olímpico.
Já
o Amazonas manteve o nome, tirando apenas o “s” e depois passando um período de
inatividade. Só retornou após a Guerra, quando novamente não observava-se
denominações conforme a deliberação governamental.
O
nome Grêmio Esportivo Olímpico foi uma idéia que encontrou simpatia entre os
desportistas, porque o clube havia surgido de uma Sociedade de Ginástica
Olímpica, e lembraria sempre a extinta Sociedade Ginástica, já então adormecida
e paralisada pelo temor de influências alemãs e nazistas.
A
reunião de aprovação da denominação coincidiu com a eleição da nova diretoria,
a primeira da nova fase do clube, cujo primeiro ato foi a consagração do nome
Grêmio Esportivo Olímpico.
Em
poucos dias a cidade toda tomou conhecimento através da imprensa da grande
transformação ocorrida nos clubes de Blumenau. O desaparecimento do nome
Sociedade Desportiva Blumenauense entristeceu muitas pessoas, que durante anos
aprenderam a amá-la. Porém ao Grêmio Esportivo Olímpico era reservado um grande
futuro.
No
ano de 1944 chegaria novamente a vez de o rival do Olímpico, chamando-se agora
Palmeiras EC, chegar à decisão estadual contra o Avaí. Apesar dos esforços do
Palmeiras o time, que tinha Teixerinha como o seu maior astro, acabou perdendo,
sendo goleado por 11 X 1.
A
partir de então o jejum branco-grená persistiu durante cinco anos. Em 2 de
dezembro de 1944, o “Estádio da Alameda” foi palco para o eterno inimigo quase
ceder ao Olímpico mais um título, com um empate em 2 X 2 diante do Guarani
(ex-América). No entanto a equipe da casa perdeu por 5 X 2.
Em
1945 mais uma amarga derrota na decisão contra o Palmeiras. Além do placar de 4
X , o Olímpico perdeu dois pênaltis, quando poderia virar uma partida em que
jogava melhor. O mesmo ocorreu em 1946, com o jogo realizado em 12 de janeiro
de 1947.
O
clássico final foi vencido pelo Olímpico, mas sua campanha não havia
correspondido à altura, de maneira que o placar de 3 X 2 conseguido foi apenas
para cumprir a tabela.
novo nome parecia ter trazido um feitiço para
o clube da “Alameda Rio Branco”. Sua diretoria procurava de todas as formas
achar um porquê dos insucessos obtidos nos três primeiros anos em que o
Olímpico assim se chamava. O Palmeiras repetia novo o título, mas voltava a
perder o estadual, depois de duas derrotas para o América, de Joinville.
O
Olímpico voltou a disputar o campeonato de 1948, mas novamente não conseguiu
chegar ao título estadual. Esse caminho foi atingido pelo Olímpico na campanha
seguinte, conseguindo trazer o primeiro título estadual para Blumenau.
O
Grêmio Esportivo Olímpico tinha retornado em 1948, disputando o Super, mas não
conseguindo vencer o campeonato da Liga Blumenauense de Desportos (LBD). O
presidente Arnaldo Xavier conseguira para 1949 montar uma equipe combativa, com
poucos reforços de fora, mas com a garra de ex-juvenis, além da experiência de
alguns remanescentes da equipe vice-campeã de 1943.
No
campeonato da LBD, que começou em 29 de maio, o Olímpico conseguiu vencer o
Carlos Renaux, de Brusque, no Estádio da Baixada. No entanto foi derrotado em 5
de junho pelo outro representante de Brusque, o Paisandú por 3 X 2 no vizinho
município. Jogando em Gaspar, no Estádio Carlos Barbosa Fontes, a equipe então
dirigida pelo técnico José Pera venceu por 4 X 0.
Depois
de nova vitória sobre o Guarani por 5 X 2 chegou o tão esperado clássico da icdade,
na época comparado com um Fla-Flu, do Rio de Janeiro, vencido pelos alvi-rubros
por 4 X 2.
Apesar da vitória sobre o Guarani por 3 X 1 no início do returno,
nas duas partidas seguintes toda a fome de gols decairia para o Olímpico. Em
Brusque empatou com o Carlos Renaux, em 0 X 0, e não passando pelo mesmo
marcador diante do Paisandú, em plena Baixada Grená.
Os
resultados estavam difíceis e o campeonato da LBD poderia estar perdido se não
fosse a má campanha dos demais concorrentes. Na partida seguinte o Olímpico
voltou a vencer, mas apenas por 3 X 2 sobre o Tupy.
Perdeu
na fase decisiva para o Carlos Renaux por 4 X 3. As esperanças do time foram retomadas
após a vitória no “Eterno Clássico”, diante do Palmeiras por 3 X 1, com gols de
Juarês, Renê e Nicolau, descontando para o alviverde o jogador Jonas.
O
Olímpico recuperou o título conseguido em 1943, depois de vencer uma melhor de
três com o Paisandú, de Brusque. Vencendo o campeonato da LBD, em 1949, coube
ao clube o direito de disputar com as demais regiões a posição de finalista.
Como
campeão do Continente contra o da Ilha de Santa Catarina, disputado entre os
times Paula Ramos, Figueirense e Avaí. Naquele ano repetiu-se a história de
1943. A equipe de Blumenau era dirigida agora por Carlos de Campos Ramos,
conhecido como “Leléco”.
Para
chegar ao título máximo estadual, o Olímpico teve que passar pelo Atlético, de
São Francisco do Sul, campeão da Liga Joinvilense. No primeiro jogo, na
Baixada, conseguiu vencer por 4 X 2, com gols de Nicolau, em 12 de março de
1950.
Uma
semana mais tarde, em São Francisco do Sul, os dois adversários voltavam ao
confronto, e o Olímpico acabou com o Atlético, em uma vitória de 3 X 2, gols
marcados por Nicolau, Juarez e Renê.
O
próximo passo seria vencer o Juventus, de Porto União. Nos dias 26 de março e 2
de abril, ganhou por 5 X 2 em Blumenau e 5 X 1 no reduto adversário. Novamente
o Olímpico voltou a decidir com o Avaí, disposto a devolver o amargor da
derrota na decisão de Florianópolis, em janeiro de 1944.
Na
primeira partida os grenás fizeram 6 X 1, no dia 30 de abril, no “Estádio da
Alameda”, com gols de Juares (2), Nicolau, Renê, Walmor e Testinha. Era vez
agora da segunda partida. Um jogo para lotar o “Rstádio Adolfo Konder”, em
Florianópolis.
A
equipe do Olímpico estava convicta que pelo menos um empate poderia conseguir
em Florianópolis. Os seus jogadores não mudaram suas rotinas na semana que
antecedia a grande decisão.
Além
dos treinamentos alguns jogadores cumpriram normalmente seus expedientes nas
empresas em que trabalhavam. A delegação blumenauense viajou, apesar de tudo
desolada para Florianópolis, pois recebeu a notícia de que a brilhante equipe
italiana do Torino, detentor do “Scudetto” base da Seleção da Itália, a
“Squadra Azurra”, havia morrido em um acidente aeroviário.
Hora
da decisão. Florianópolis havia preparado uma enorme festa, que iniciou no
momento em que os jogadores avaianos entraram em campo. Depois do festivo
ingresso da equipe da casa no gramado, sob vários foguetes, entrou o Olímpico
vaiado. Um minuto de silêncio em homenagem aos jogadores do Torino. O público
proporcionou a renda recorde de Cr$ 20.000,00.
“Testinha”
conseguiu um bom arremesso contra a meta defendida pelo então melhor goleiro do
estado, Adolfinho, com Juarês completando. O mesmo atacante, em questões de
minutos alterou o placar, em jogada pessoal, driblando o goleiro adversário. A
sorte do Olímpico estava praticamente decretada, de maneira que seus jogadores
procuravam apenas administrar a vantagem.
O
Avaí chegou a descontar através de Jair, aos 19 minutos, em uma falha
impressionante de Oscar. A equipe da capital, logo em seguida chegou a empatar
aos 28 minutos, mas o árbitro, Arthur Lange, da Liga Joinvillense, anuloi
alegando irregularidade.
O
Avaí tentou de qualquer maneira chegar à igualdade no marcador. Porém, aos 38
minutos, em uma jogada de Renê, o Olímpico marcou novamente através de “Testinha”
de cabeça. Apesar da boa vantagem o jogo não estava terminado.
Logo
em seguida ao terceiro gol, Niltinho quase marcou para o Avaí, mas Aducci colocou
a mão na bola. O técnico Avaiano, Oswaldo Meira, determinou a cobrança através
de Bentevi, mas o goleiro Oscar defendeu.
Na
segunda etapa o jogo caiu de ritmo. No início algumas boas jogadas do Avaí, que
até aos 20 minutos foi perdendo o domínio de jogo, com o zagueiro Aducci
presente junto com Arécio, constituindo-se ao lado de Juarês na melhor figura
do jogo.
Finalmente
o Olímpico acabou com todas as esperanças da equipe da Capital aos 20 minutos
do segundo tempo, em mais uma boa triangulação de “Testinha”, Renê e Juarês,
completando a goleada de 4 X 1 no campo adversário.
Finalmente
uma equipe de Blumenau, depois de várias lutas travadas ao longo de três
décadas conseguiu um título estadual. O Olímpico consegue o empate em
Florianópolis e trás o título a Blumenau.
Os
campões de 1949: Oscar Meyer: goleiro; Aducio Vidal (Aducci): zagueiro; Arécio Ávila dos Santos: zagueiro; Arthur
Jaeger: zagueiro; Curt Jaeger: zagueiro e meia-esquerda; Amauri Pacheco
(Pachequinho): meia-direita; Honorário Meyer: centro-médio; Jalmo Hipólito da
Silva: meia-esquerda; Eli Rosa (“Testinha”): ponta-direita; Nicolau dos Santos:
meia-dreita; Juares Teixeira: centro-avante; Walmor Belz: meia-esquerda; Moacir
Massita Werner: meia-esquerda; Reenê Mapelli: ponteiro direita; Genézio da
Silva (“Cabeleira”): ponta-direita; Waldir Luz: goleiro; Técnicos: José Pera
até o final do Campeonato da LBD e Carlos de Campos Ramos (“Leleco”) a partir
da melhor de três contra o Paisandú, na decisão do campeonato regional até a
final diante do Avaí; Presidente: Werner Eberhardt .
Ficha
do jogo final:
Gols:
Juarês (7 e 9 minutos do 1º tempo), “Testinha” (38 minutos do 1º tempo), Juarês
(20 minutos do 2º tempo) e Jair (19 minutos do 1º tempo).
Arbitragem:
Arthur Lange.
Renda:
Cr$ 19.751,00
Adolfinho
– Honduras – Danda – Guido – Boos – Jair –Bentevi – Britinho - Niltinho e Saul.
Técnico: Oswaldo Meira.
Olímpico:
Oscar – Aducco – Arécio – Pachequinho – Honório – Jaeger – Testinha – Nicolau –
Juarês - Walmor e Renê. Técnico: Carlos de Campos Ramos (“Leleco”). (Pesquisa: Nilo Dias)
Time campeão de 1949
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