Eu
lembro bem da dupla Caçapava e Birinha, no meio-campo do G.E. Brasil, de
Pelotas, com certeza a melhor que foi formada em toda a história do clube e do
futebol gaúcho. Era, por assim dizer, a dupla dos sonhos de qualquer time.
Naquele tempo às meias-canchas eram compostas por somente dois jogadores, ao
contrário de hoje quando as equipes colocam até cinco jogadores no setor.
Ubirajara
Machado Ferreira, o “Birinha”, é natural de Passo Fundo onde nasceu em 21 de
julho de 1941. Começou a carreira nas categorias de base do Brasil. Mesmo
baixinho e franzino, conseguiu um lugar no time profissional em 1958, estreando
num clássico Bra-Pel, o mais importante do interior do Estado.
O
time que o Brasil montou naqueles anos era quase imbatível: Geóvio – Adílson –
Osvaldo - Joceli e Bahia - Caçapava e Birinha – Edi – Raimundo - Ênio Souza e
João Borges. Tinha ainda Canário, Pintinho, Patucci, Naninho e Cói. Sem dúvida
um elenco de respeito.
O
goleiro Geóvio tinha mãos enormes. Ênio Souza um artilheiro nato, sempre
certeiro nos cabeceios. Joceli, o “Pão de Milho”, zagueiro que dizia:
"Jogo é jogo e treino é jogo também". Mas o motor do time era mesmo o
meio-campo formado por Caçapava e Birinha. E o técnico era Paulo de Souza Lobo
o “Galego”. Precisa dizer mais alguma coisa?
Eu
vi muitas partidas dessa verdadeira máquina de jogar futebol. Na época eu era
narrador de futebol na Rádio Tupancy, ao lado do inesquecível amigo Antônio
Carlos Alves. Os repórteres eram Sérgio Oliveira e Dinei Avelar, que depois se
tornou o melhor plantão esportivo que Pelotas já teve. Sérgio e Dinei foram
"crias" minhas no rádio.
Em
1967, depois de grandes atuações no “xavante” pelotense, “Birinha” foi vendido
para o Juventude, de Caxias do Sul, onde ficou até 1970 e formou outra grande
meia-cancha com Nezito, que também jogou no Pelotas ao lado de seu conterrâneo
Puccinelli.
Nesse
mesmo ano treinou no Corinthians, de São Paulo, Flamengo, do Rio de Janeiro e
Cruzeiro, de Porto Alegre, sendo contratado pelo Metropol, de Criciúma (SC),
onde ficou por pouco tempo.
Em
1970 “Birinha” voltou a Pelotas para defender o G.A. Farroupilha. Em 1972,
estava de volta ao Bento Freitas, onde havia começado a carreira de
futebolista, para jogar mais três temporadas e pendurar as chuteiras. A
formação “xavante” era bem diferente daquela de quando saiu do clube em 1967.
Coincidentemente,
seu último jogo com a camisa rubro-negra foi um clássico Bra-Pel. Birinha jogou
mais de 300 partidas pelo Brasil, marcou 64 gols e ganhou 14 títulos. Depois de
deixar os gramados, não se afastou do futebol, sua grande paixão. Em 1976
iniciou uma carreira de treinador, comandando o elenco “xavante” em 26 jogos.
Foi a sua única experiência como técnico.
Birinha
elegeu Paulo de Souza Lobo, o “Galego”, como o melhor técnico que conheceu. Na
sua posição gostava muito de João Severiano, o “Joãozinho”, do Grêmio e
Tupanzinho, ex-Bagé, Guarany, e Palmeiras. O jogador que melhor lhe marcou foi
Cléo, que jogou no Pelotas e Grêmio.
O
seu gol inesquecível foi marcado na partida Internacional 1 X 2 Brasil, quando
da primeira vitória rubro-negra no Beira Rio, em Porto Alegre. Quando garoto o
seu ídolo nos gramados era Negrito.
Sérgio
do Amaral Meirelles, o “Caçapava”, companheiro de “Birinha” no meio-campo do
Brasil, nasceu em Caçapava do Sul, no dia 8 de fevereiro de 1939, e faleceu em
1 de março de 1995, em Porto Alegre. Era um centro-médio de técnica apurada e passe
perfeito, daqueles que podia chamar a bola de “tu”.
Começou
a carreira profissional no E.C. 14 de Julho, de Santana do Livramento, onde foi
campeão da cidade. Em 1961 foi contratado pelo G.E. Brasil, de Pelotas, onde
ficou até 1966, ano em que foi para o Grêmio Portoalegrense.
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