Hilton
Xavier de Almeida, talvez poucos conheçam. Trata-se de alguém que nasceu e
viveu sua infância e juventude em Rio Grande (RS), onde teve intensa atividade
na política estudantil. Na década de 1950 mudou-se para Porto Alegre, onde foi
um dos fundadores da Associação Riograndense de Propaganda. Bacharel em
Administração, também publicou trabalhos na imprensa, especialmente no jornal
“Agora”, de Rio Grande.
Escrevo
este artigo como uma homenagem a ele, que sem sombra de dúvida deu uma valiosa
contribuição à memória futebolística riograndina, ao lembrar casos verídicos, que certamente teriam se perdido no tempo, não fosse sua memória privilegiada. Mas
vamos aos fatos.
Começo
pela sua crônica intitulada “O açougue da Junção”. Conta o autor que na rua Saturnino
de Britto, também conhecida como “Estrada dos Carreiros”, logo no seu início,
após a curva da Junção, existia um pequeno prédio em estado de semi-abandono,onde funcionou um açougue, que
até algum tempo atrás mantinha intacta a porta com duas grades de ferro,que
serviam para manter o ambiente arejado, uma vez que na época não existiam
câmaras frigoríficas.
Na
fachada havia um remate ornamental com as iniciais EB, marco histórico da primeira atividade empresarial de Eduardo Ballester, começo de uma história que
culminou com um dos mais importantes empreendimentos industriais da cidade.
E
quem foi Eduardo Ballester? Foi um homem elegante, generoso, mas excêntrico. Há
quem diga que foi uma figura bizarra, na plenitude do termo. Era elegante à sua
maneira, e mesmo sem muitos formalismos, sabia se portar com desenvoltura em
qualquer atividade social.
E
que tem a ver ele com o futebol de Rio Grande? Muito. Sua generosidade era
maior quando se tratava do S.C. São Paulo, não fazendo economia para ajudar o
clube nos momentos de dificuldades. Foi sem dúvida uma figura marcante.
Gerou
vasta prole e além de uma família formou um rijo clã. Foram 12 filhos, sendo
nove homens, que se destacaram com o passar dos anos como seus fieis guardiães,
companheiros, auxiliares e esteios. A família tinha uma paixão em comum, o
futebol. Tanto é verdade que sete dos filhos de Ballester foram jogadores de
futebol.
João
jogou no F.B.C. Rio-Grandense, lá pelos idos de 1930. Ruy foi campeão estadual
em 1933 pelo S.C. São Paulo. Já os mais moços, Dirceu e Dinarte brilharam no
futebol da cidade no final dos anos 40, os dois defendendo o São Paulo. Dinarte
ainda defendeu o Rio-Grandense e Dirceu o S.C. Rio Grande. Luiz embora tivesse
jogado durante algum tempo, trocou os gramados pela Medicina. Ciro não vestiu a
camisa de nenhum dos principais clubes da cidade, mas chegou a jogar ao lado de
atletas consagrados, em times de verão.
O
que mais se destacou entre os irmãos Ballester, sem dúvida foi Osny. Começou a
carreira no São Paulo, indo depois para o Rio-Grandense e América, do Rio de Janeiro, levado pelas
mãos de Gentil Cardoso, que havia servido na Marinha, em Rio Grande e treinado o "colorado marítimo".
Nos
anos 30 o clube rubro carioca era um dos preferidos da elite, junto do Fluminense.
Graças às suas atuações exuberantes, Osny foi considerado o segundo melhor
zagueiro do país, ficando atrás somente de Domingos da Guia, considerado até
hoje um dos “monstros sagrados” do futebol brasileiro.
Mas
Osny soube conquistar o seu espaço, tornando-se um dos xodós da sociedade
carioca, em especial do sexo feminino. Tinha trânsito livre no “grand-monde” da
então capital do país, sempre com a mesma elegância e desenvoltura com que se
apresentava nos gramados. Osny formou famosa dupla de zaga com o argentino Gritta.
Enquanto
isso, em Rio Grande, o velho Eduardo Ballester não escondia a saudade do filho.
Preferia que todos estivessem à sua volta, ajudando na consolidação do
empreendimento industrial da família, que só terminou quando sua geração se
desvaneceu.
Osny Ballester, quando jogava no F.B.C. Rio-Grandense, de Rio Grande. (Foto:Arquivo de Nilo Dias)
2 comentários:
Que saudades do tio Osny.Foi casado com a tia Sirley ,irmã da minha mãe Leny.
Meu pai, Sully Ballester, jogou no F.B.C. Rio Grandense entre 38 e 1940... Meu irmão, Marconi, no E.C. Rio Grande entre 76 e 77... Muitos primos jogavam bem mas não foram pra frente... Têm também o gen no sangue... Um primo da nova geração está despontado. Ainda é novo...
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