Em
2012 uma violenta crise financeira assolou os clubes de futebol mais modestos
da Grécia, que se viram obrigados a aceitar qualquer tipo de patrocinador em
suas camisas, desde que injetassem algum dinheiro nos combalidos cofres dos
clubes.
Foi
o que aconteceu com o “Voukefalas”, da cidade de Larissa, que tem 200 mil
habitantes, e fica distante cerca de 300 quilômetros de Atenas, que fechou
patrocínio com duas casas noturnas. Mostra no seu uniforme rosa os anúncios dos
bordéis “Villa Erotica” e “Soulas House
of History”.
Até
o uniforme mudou, com os jogadores passando a vestir camisa e short no mesmo
tom de rosa. Os bordéis exibem suas logomarcas na blusa, uma na parte da frente
e outra na de trás.
O
elenco do clube amador é formado por estudantes, garçons e até entregadores de
pizza, entre outras profissões. No jogo de estreia do novo fardamento,
torcedores compareceram em peso às arquibancadas durante uma partida e
pareceram não se incomodar com a novidade. Nem mesmo as mulheres ou os mais
idosos, diga-se de passagem.
Várias
organizações esportivas da Grécia estão sendo muito atingidas pelos cortes
orçamentários do Governo e, por isso, este não é o único patrocínio inusitado
nos campeonatos amadores do país.
Há
um clube apoiado por uma funerária, o “Paleopyrgo”, enquanto outros negociam
com estabelecimentos como uma loja de kebab, uma fábrica de geleia e produtores
de queijo.
O
“Paleopyrgo estampou em sua camisa negra a publicidade da funerária
“Karaiskaki”, adornada por uma cruz branca.
O
presidente e também atleta do clube, Lefteris Vasiliou explicou que era uma
questão de sobrevivência. O dono da funerária é seu amigo e por isso resolveram
fazer o acordo, uma vez que a temporada passada havia sido muito ruim por causa
da crise.
E
não é que a ideia agradou os torcedores, que acabaram se identificando com a
ideia, tanto que muitos já pensam em adotar a figura da "morte" com a
sua foice como mascote.
Já
o caso do “Voukefala” é um pouco mais complexo. O clube precisava de licença da
Federação Grega de Futebol para saber se poderia utilizar a publicidade em
partidas oficiais. No inicio foi estampada apenas em jogos amistosos.
A
propaganda foi vetada pela organização da Liga durante os jogos porque viola
"os ideais esportivos" e é imprópria para os torcedores menores de
idade.
O
time apelou da proibição, mas isso não preocupa Alevridou, 67 anos. A
empresária afirmou que ajuda o “Voukefalas” porque ama futebol.
"Não
é o tipo de negócio que precisa de promoção", diz, vestida em roupa branca
e chapéu da mesma cor em meio a duas mulheres mais novas. "O negócio
funciona mais no boca a boca", explica.
Alevridou
conseguiu evitar os efeitos da crise financeira e emprega 14 mulheres em seus
bordéis.
O
presidente e goleiro do time, Giannis Batziolas, explicou que o patrocínio foi
aceito por razões econômicas. O clube atravessava uma crise sem precedentes e
não podia dar-se ao luxo de recusar qualquer ajuda.
Os
prostíbulos são um negócio legalizado na Grécia, e o dirigente não entende por
que precisa de autorização para divulgar a publicidade. "O bordel é um
empreendimento legal, que gera dois milhões de euros por ano (R$ 5,2 milhões).
Quando anunciamos o acordo, alguns jogadores perguntaram se poderiam ganhar uma
'cortesia'", lembrou Batziolas.
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