Atlético
Mineiro e Danúbio, do Uruguai, decidem amanhã a noite (12), 19h30min, no
Estádio Independência, em Belo Horizonte, quem avança para a etapa seguinte
classificatória para a fase de grupos da Copa Libertadores da América.
O
Atlético leva a vantagem de poder empatar em 0 X 0 e 1 X 1 para seguir adiante,
pois no jogo de ida, em Montevidéu, empatou em 2 X 2.
Antes
do confronto, um fato interessante chama a atenção e até serviu de matéria
especial do jornalista Thiago Madureira, para o site Super Esportes: Os dois
clubes valorizam mulheres como símbolos. As histórias de Alice Neves e María
Lazaroff.
Tanto
Atlético quanto Danúbio tiveram em seus primórdios a presença feminina, o que
sem dúvida significa um importante elo entre eles.
Ninguém
desconhece que o ambiente futebolístico é machista, por isso chama atenção o
fato de duas mulheres terem contribuído para o crescimento des dois clubes do
Brasil e Uruguai.
No
Atlético, a senhora Alice Neves, mãe de Mário Neves, um dos fundadores do
clube, foi a primeira grande atleticana da história. E María Mincheff de
Lazaroff foi quem deu o nome de Danubio ao clube, além de ser mãe de alguns dos
precursores da equipe.
Mesmo
em um esporte dominado pelos homens, as mulheres foram atraídas e demonstraram
paixão pelo futebol ainda no início do século XX.
É
claro que elas não entravam em campo e nem jogavam, ficavam distantes da bola,
pois o futebol naqueles distantes tempos era praticado somente pelos homens.
Mas els assistiam os jogos, gostavam do esporte e ajudavam como podiam nos
bastidores.
O
trabalho de mestrado do historiador Raphael Rajão Ribeiro, pela Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG) conta como foram os primeiros anos do futebol em
Belo Horizonte, que fora recém-fundada (1897).
Esses
foram os anos vividos por Alice e outras mulheres que ajudaram a escrever a
história do Atlético, clube que foi fundado em 1908.
Como
se percebe, o futebol no Atlético, desde seus primeiros tempos, teve a
capacidade de atrair a presença feminina, mesmo que a sociedade ainda fosse
marcada pelo machismo.
Apesar
do ambiente não muito propicio às mulheres, o afeto familiar possibilitava a
frequência das meninas e das mulheres, assim como suas participações na vida
dos clubes.
Dona
Alice, aproveitando o fato de ser mãe de um dos fundadores do clube, Mário
Neves, teve nas mãos a tarefa de organizar a primeira torcida feminina do
Atlético.
Essa
história pode ser encontrada com detalhes no site do clube. Senão, vejamos:
"A primeira torcida organizada que se conhece foi fundada em Belo
Horizonte, ainda em meados da década de 1920.
Dona
Alice Neves, mãe de Mário Neves, um dos fundadores do clube, uniformizava e
costurava bandeirinhas para que a equipe de futebol contasse com o apoio da sua
torcida feminina”.
Na
inauguração do “Estádio Antônio Carlos”, em 1929, o hino original do Atlético
foi cantado pela primeira vez.
A
participação destacada de dona Alice Neves na fundação do clube, é contada pelo
escritor Ricardo Galuppo, no livro "Raça e amor: a saga do Clube Atlético
Mineiro vista da arquibancada".
Mário
Neves não foi apenas um dos fundadores do Atlético. Desde o inicio mostrou
interesse para que a ideia vingasse. Tanto é verdade, que depois da reunião
inaugural, os encontros de atleticanos passaram a ocorrer na casa dele, na rua
dos Guajajaras, 317, no quarteirão entre a avenida João Pinheiro e a rua da
Bahia.
Graças
a essas reuniões na sua casa é que Alice Neves teve a chance de entrar
definitivamente na vida do clube. Sem ela, o sonho da rapaziada dificilmente
teria ido adiante, ressalta Galuppo, no livro.
Ela
era conhecida como Dona Alice, e desde cedo foi tratada como a madrinha, visto
que “fabricou” o primeiro uniforme e a primeira bandeira do Atlético.
O
livro de Galuppo conta que o Atlético foi o primeiro clube brasileiro a ter uma
torcida organizada e quem a criou foi Dona Alice, ainda no início do século XX.
Alice
costumava ir de casa em casa pedir autorização aos pais para que permitissem as
suas filhas, algumas delas, irmãs dos próprios fundadores, integrarem o grupo.
E nesse trabalho conseguiu reunir 50 moças.
Já
a importância de María Mincheff de Lazaroff ao Danubio foi tão grande, que o
estádio do clube leva o seu nome. Essa história teve inicio quando ela deixou a
Bulgária e chegou ao Uruguai na tentativa de uma vida melhor, nas primeiras
décadas do século XX.
Era
mãe de três filhos, Miguel, Juan e Apostol, que não demoraram a fazer amizades
e jogarem em um time de futebol chamado “Tigre”, na região de Curva de Maroñas,
em Montevidéu, onde moravam.
Mas
nenhum deles simpatizou com o nome do time. Em vista disso resolveram marcar
uma reunião que aconteceu na casa da mãe deles, Maria, para a esolha de um
outro nome.
Bulgara
que era, dona Maria quis homenagear sua terra com o nome de Maritza, um rio que
corta Grécia, Bulgária e Turquia. Era onde ela lavava roupas na infância.
Por
sorte, o nome não foi aceito, até porque parecia muito feminino para um time de
homens. Maria, que era fascinada por rios insistiu, mas agora com outra ideia:
Danubio.
Danubio
é o segundo maior rio da Europa em extensão, atrás apenas do Volga. A nascente
se localiza na Floresta Negra, na Alemanha.
O
encontro com o mar ocorre na Romênia. Ao todo, o rio corta dez países. O nome
foi aprovado sem nenhuma objeção.
Passaram-se
muitos anos. Em maio de 2017, veio a homenagem. Em uma assembleia
extraordinária, os sócios decidiram rebatizar o nome do estádio para “Jardines
del Hipódromo - María Mincheff de Lazaroff”. Este é o primeiro estádio com nome
de mulher no futebol uruguaio e um dos raros no mundo.
No
Brasil apenas seis estádios tem nomes de mulheres:
Estádio
Municipal Maria de Lourdes Abadia (Abadião), em Ceilândia (DF), homenagem a
ex-administradora da cidade.
Estádio
Maria Lamas Farache (Frasqueirão), em Natal (RN), pertencente ao ABC. A
homenageada, junto de seu marido Vicente Farache, são considerados dois esteios
da história abecedista.
Vicente
foi ponta direito na primeira conquista estadual, mas anos depois se aposentou
e assumiu um posto de dirigente e sua mulher incorporou o ABC a sua vida,
também.
Estádio
Municipal Maria Tereza Breda, em Olímpia (SP). O benfeitor das obras do estádio
foi Natal Breda, que em troca do custeio solicitou que o estádio deveria ter o
nome de sua esposa, Maria Tereza.
Estádio
Otacília Patrício Arroyo, em Monte Azul Paulista (SP), pertencente ao Atlético
Monte Azul. O estádio já foi chamado de “Ninho do Azulão”, mas em 2010, o
presidente do clube, Ricardo Céster Arroyo, propôs a mudança para homenagear
sua avó que havia morrido com 100 anos de idade em 2005.
A
família Arroyo foi responsável pela doação das terras onde o estádio está
localizado.
Estádio
Municipal Flávia Blante de Oliveira (Bacurauzão), em Manicoré (AM). Dos
estádios listados é o único que não consta no CNEF. Não foram encontradas
informações sobre quem é a homenageada.
Estádio
Emília Mendes Rodrigues (Ninho da Águia), em Imbituba (SC), pertencente ao
Imbituba Futebol Clube. Emília é mãe de Roberto Rodrigues, empresário que
fundou a equipe em 2009.
O
clube, aliás, em seu primeiro ano de atividade fez uma parceria com o CFZ, nome
no qual foi incorporado. O estádio também não está listado no CNEF, mas deve
voltar a receber partidas nesse ano com a volta do clube para a disputa da
terceira divisão. (Pesquisa: Nilo Dias)
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