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segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Recordações da infância

O futebol de botão foi uma das minhas diversões preferidas nos tempos de criança. Lembro que morávamos na cidade de Rosário do Sul – meu pai trabalhava na Companhia Swift - foi quando tive meu primeiro contato com esse brinquedo, que também pode ser chamado de esporte.

Recordo que a mesa da cozinha servia de campo, botões retirados das roupas da minha mãe e do meu pai tornavam-se “jogadores”. Os zagueiros eram sempre aqueles botões grandes de casacões. Os atacantes, botões menores saidos de casacos e blusas. A técnica para torná-los bons “jogadores”, era simples: bastava colocar cera e lixa-los em toda a volta o que fazia com que corressem no “campo de jogo” com mais facilidade.

O goleiro era uma caixa de fósforos com algo pesado dentro ou uma peça de madeira do mesmo tamanho, geralmente com o escudo do clube colado. A trave era sofisticada, tinha até rede, um pedaço velho de “mosqueteiro” (tecido usado para proteger dos mosquitos). Um grão de milho convertia-se em bola. Os “jogadores” eram movidos por uma pazinha de sorvete.

A mesa era toda marcada com giz: pequena área, grande área, divisão de meio-campo, laterais e linhas de fundo. Juíz não havia. Os jogadores é que diziam o que era certo e o que não era. E todos obedeciam. Nas decisões de “campeonatos”’, vez que outra alguém “narrava” o jogo em improvisados microfones de latas de salsicha.

Quando pequeno eu era torcedor do Flamengo do Rio, por isso meu time tinha esse nome.  Lembro até da escalação: Garcia – Marinho e Pavão – Servílio – Dequinha e Jordam – Joel – Rubens – Índio - Benitez e Esquerdinha.

Não havia tempo estipulado para os jogos. Geralmente se combinava que terminaria quando um dos times fizesse certo número de gols, 10, por exemplo. Quando o grão de milho, eventualmente ficasse em cima de um “jogador” era considerado toque de “mão”. Quando um botão batia no adversário antes da bola, era “falta”. Nessas ocasiões era permitido fazer barreira e colocar o goleiro em posição estratégica.

Tempos depois, quando já haviamos retornado para Dom Pedrito, a minha terra natal, surgiam os times, que não eram mais de “botões”, mas sim vendidos em lojas de brinquedos e em casas de revistas. Lembro que o primeiro time que comprei foi a Portuguesa de Desportos, pois na livraria “A Gaúcha”, do seu Nazeazeno Vargas as opções de escolha eram poucas. A única caixa com o Flamengo, alguém comprou antes de mim.

Os times vinham em caixas de papelão e eram feitos de plástico, trazendo colados sobre os “jogadores” adesivos com o escudo do clube. Acompanhava até a bola, um pequeno disco plástico, geralmente de cor preta e uma palheta para substituir a pazinha de sorvete.

Era a modernidade que chegava também ao futebol de mesa, acompanhando a evolução do esporte nos gramados. Confesso que não gostei muito, preferia os velhos botões de antigamente tirados de roupas, para desespero de meus pais. E vinha junto até um livrinho de regras, bem diferentes das que praticávamos anteriormente.

Foi um tempo que não volta mais, mas inspira agradáveis recordações. As brincadeiras de outrora eram muito diferentes das atuais. Minha infância foi povoada de diversões inocentes, como o jogo de “Cinco Marias”, em que se usava mãos, pedras e habilidade.

“Jogo de Bolitas” que outros chamavam de “Bola de Gude”, “Peteca”, que consistia em passar o objeto de um lado para outro e quem deixasse cair perdia. Foi daí que se originou o ditado “deixar a peteca cair”. E na zona rural, o brinquedo preferido era a “a tropa de osso”. Tinha também os vagões de trens imaginários feitos com latas de sardinha.

E havia às brincadeiras de “esconde-esconde”. Um menino ficava junto a uma parede,= de costas para os demais, contando até 20, 50 ou 100, enquanto os outros se escondiam. Quem ele achasse primeiro e o tocasse seria penalizado como o próximo a fazer a contagem. E assim por diante. Já às meninas brincavam de roda e de pular corda.

Hoje, o computador, o tablet e tantos outros aparelhos tecnológicos deixaram para trás aquelas brincadeiras saudáveis. A infância de agora talvez nunca tenha ouvido falar nos hábitos de antigamente, que também eram praticados nas escolas, além das calçadas na frente de nossas casas. É uma pena.

Quem nunca jogou uma partida de futebol de botão certamente não tem a minima idéia do que perdeu. Mas ainda está em tempo. Se isso acontecer será bom para todos. A idéia está lançada por um pai as antigas. A decisão é dos pais modernos. (Pesquisa: Nilo Dias)


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