O
futebol de botão foi uma das minhas diversões preferidas nos tempos de criança.
Lembro que morávamos na cidade de Rosário do Sul – meu pai trabalhava na
Companhia Swift - foi quando tive meu primeiro contato com esse brinquedo, que
também pode ser chamado de esporte.
Recordo
que a mesa da cozinha servia de campo, botões retirados das roupas da minha mãe
e do meu pai tornavam-se “jogadores”. Os zagueiros eram sempre aqueles botões
grandes de casacões. Os atacantes, botões menores saidos de casacos e blusas. A
técnica para torná-los bons “jogadores”, era simples: bastava colocar cera e
lixa-los em toda a volta o que fazia com que corressem no “campo de jogo” com
mais facilidade.
O
goleiro era uma caixa de fósforos com algo pesado dentro ou uma peça de madeira
do mesmo tamanho, geralmente com o escudo do clube colado. A trave era sofisticada,
tinha até rede, um pedaço velho de “mosqueteiro” (tecido usado para proteger
dos mosquitos). Um grão de milho convertia-se em bola. Os “jogadores” eram movidos
por uma pazinha de sorvete.
A
mesa era toda marcada com giz: pequena área, grande área, divisão de
meio-campo, laterais e linhas de fundo. Juíz não havia. Os jogadores é que
diziam o que era certo e o que não era. E todos obedeciam. Nas decisões de
“campeonatos”’, vez que outra alguém “narrava” o jogo em improvisados
microfones de latas de salsicha.
Quando
pequeno eu era torcedor do Flamengo do Rio, por isso meu time tinha esse
nome. Lembro até da escalação: Garcia – Marinho
e Pavão – Servílio – Dequinha e Jordam – Joel – Rubens – Índio - Benitez e
Esquerdinha.
Não
havia tempo estipulado para os jogos. Geralmente se combinava que terminaria
quando um dos times fizesse certo número de gols, 10, por exemplo. Quando o
grão de milho, eventualmente ficasse em cima de um “jogador” era considerado
toque de “mão”. Quando um botão batia no adversário antes da bola, era “falta”.
Nessas ocasiões era permitido fazer barreira e colocar o goleiro em posição
estratégica.
Tempos
depois, quando já haviamos retornado para Dom Pedrito, a minha terra natal, surgiam
os times, que não eram mais de “botões”, mas sim vendidos em lojas de
brinquedos e em casas de revistas. Lembro que o primeiro time que comprei foi a
Portuguesa de Desportos, pois na livraria “A Gaúcha”, do seu Nazeazeno Vargas
as opções de escolha eram poucas. A única caixa com o Flamengo, alguém comprou
antes de mim.
Os
times vinham em caixas de papelão e eram feitos de plástico, trazendo colados
sobre os “jogadores” adesivos com o escudo do clube. Acompanhava até a bola, um
pequeno disco plástico, geralmente de cor preta e uma palheta para substituir a
pazinha de sorvete.
Era
a modernidade que chegava também ao futebol de mesa, acompanhando a evolução do
esporte nos gramados. Confesso que não gostei muito, preferia os velhos botões
de antigamente tirados de roupas, para desespero de meus pais. E vinha junto
até um livrinho de regras, bem diferentes das que praticávamos anteriormente.
Foi
um tempo que não volta mais, mas inspira agradáveis recordações. As
brincadeiras de outrora eram muito diferentes das atuais. Minha infância foi
povoada de diversões inocentes, como o jogo de “Cinco Marias”, em que se usava
mãos, pedras e habilidade.
“Jogo
de Bolitas” que outros chamavam de “Bola de Gude”, “Peteca”, que consistia em
passar o objeto de um lado para outro e quem deixasse cair perdia. Foi daí que
se originou o ditado “deixar a peteca cair”. E na zona rural, o brinquedo
preferido era a “a tropa de osso”. Tinha também os vagões de trens imaginários
feitos com latas de sardinha.
E
havia às brincadeiras de “esconde-esconde”. Um menino ficava junto a uma
parede,= de costas para os demais, contando até 20, 50 ou 100, enquanto os
outros se escondiam. Quem ele achasse primeiro e o tocasse seria penalizado
como o próximo a fazer a contagem. E assim por diante. Já às meninas brincavam
de roda e de pular corda.
Hoje,
o computador, o tablet e tantos outros aparelhos tecnológicos deixaram para
trás aquelas brincadeiras saudáveis. A infância de agora talvez nunca tenha
ouvido falar nos hábitos de antigamente, que também eram praticados nas escolas,
além das calçadas na frente de nossas casas. É uma pena.
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