Boa parte de um vasto material recolhido em muitos anos de pesquisas está disponível nesta página para todos os que se interessam em conhecer o futebol e outros esportes a fundo.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Os clubes mais “ricos” do Brasil

A revista “Época” divulgou em uma de suas últimas edições um levantamento feito pela Casual Auditores, uma empresa que há quatro anos vem trabalhando na análise das finanças dos principais clubes brasileiros de futebol. O documento traz revelações interessantes mostrando que as questões referentes ao futebol já deixaram de ser restritas apenas ao campo de jogo. Vão muito além. A venda de jovens promessas, com idades cada vez menores é sério motivo de preocupação.

Agora mesmo, foi anunciada a venda do jovem Phillipe Coutinho, de 16 anos, do Vasco da Gama, para a Internazionale, de Milão, Itália, por 3,8 milhões de euros, aproximadamente R$ 9,5 milhões. O pagamento será feito em três parcelas: uma agora, uma em julho de 2009 e outra em julho de 2010. O contrato de venda foi assinado no dia 17 de junho de 2008 pelo jogador e pais do atleta, ainda na administração do ex-presidente Eurico Miranda.

Sem condições de competir financeiramente com os clubes da Europa e do Oriente Médio, e com os cofres “raspados”, a maioria dos clubes brasileiros encontra na venda de atletas uma válvula de escape para suas combalidas finanças. Ainda assim, alguns clubes, devido a más administrações não conseguem diminuir os déficits. Ao contrário, muitas vezes até conseguem a proeza de aumentá-los.

O trabalho também toca em questões estratégicas de planejamento, envolvendo estádios, marketing, gestão financeira e até mesmo escândalos de corrupção. O rombo deixado pela administração Dualib, no Corinthians Paulista, por exemplo, foi de R$ 95,7 milhões, segundo demonstrativo realizado pela atual diretoria, comandada pelo presidente Andrés Sanches, eleito em outubro do ano passado, para um mandato que vai até fevereiro de 2009. O demonstrativo da dívida é referente ao período de 1º de janeiro a 9 de outubro de 2007.

O estudo da “Casual” tomou como base os resultados dos 21 clubes mais ricos do Brasil. Um dos diretores da empresa, Amir Somoggi, especialista em marketing e gestão de clubes foi bem claro ao dar o recado aos dirigentes dessas instituições esportivas: “É preciso desvincular o desempenho esportivo do econômico. Se não mudarem essa postura, criando estratégias de marketing bem estruturadas, chegarão ao final das temporadas esportivas sempre contabilizando altos índices de déficit".

A empresa de consultoria aponta algumas medidas que os clubes devem tomar para frear o déficit crescente. Entre elas, o aumento das fontes de receita, através do fortalecimento das relações entre clubes e torcedores, com a criação de mecanismos como cartões de fidelidade, desenvolvimento constante de novos produtos, planos de sócios, comercialização de carnês para temporadas e inserção da marca do time em áreas ainda pouco exploradas. Fora isso, redução de custos e despesas, com a promoção de administração eficiente e corte em gastos com futebol e administrativos. Ou seja, gestões enxutas, eficazes e eficientes e atreladas a plantéis baratos e competitivos.

Segundo dados levantados pela empresa, juntos, os 21 clubes têm potencial de aumentar o faturamento em pelo menos R$ 900 milhões. Um terço desse valor teria origem no melhor aproveitamento do espaço dos estádios – que vai além das receitas obtidas com os jogos de futebol. Outros R$ 350 milhões viriam de patrocinadores, produtos, royalties, serviços e venda de imagem.

Reproduzo abaixo a matéria divulgada pela revista Época, na íntegra.

Segundo o levantamento divulgado pela Casual Consultoria, São Paulo, Internacional e Corinthians foram os clubes com maiores receitas em 2007. Apenas seis entidades tiveram superávit acumulado entre os exercícios de 2006 e 2007.

Em todo início de Campeonato Brasileiro, os clubes de futebol do país sofrem com desfalques causados pela venda de alguns dos principais atletas. Os técnicos reclamam, os torcedores protestam e a imprensa critica, mas nada muda. Um levantamento da Casual Auditores sobre as finanças dos clubes mostrou que o processo tem uma explicação simples. Essa é a única forma de os clubes de futebol continuarem em atividade.

O levantamento mostrou que, dos 21 clubes analisados, apenas cinco tiveram superávits acumulados entre os exercícios de 2006 e 2007. O campeão foi o Atlético (PR), com R$ 37,7 milhões, enquanto o segundo colocado, o Juventude, teve lucro de R$ 9,7 milhões, graças à venda do Centro de Treinamento do clube, em Caxias do Sul (RS). Os outros que tiveram superávits foram o Santos (SP), (R$ 7,4 milhões), o São Paulo (R$ 5,1 milhões) e o Barueri (SP), (R$ 2 milhões).

Os maiores déficits são do Flamengo (RJ), (R$ 242,4 milhões), do Atlético (MG), (R$ 214,3 milhões) e do Botafogo (RJ), (R$ 209, 7 milhões). De acordo com Carlos Aragaki, sócio da empresa de auditoria, os déficits dos clubes aparecem maiores na lista deste ano porque, ao aderir à Timemania, eles foram obrigados a incluir no balanço dívidas que antes eram escondidas. A Timemania é uma loteria que usa os escudos dos times em troca do abatimento a longo prazo da dívida dos clubes com o Estado.

O levantamento mostra ainda que São Paulo, Internacional (RS) e Corinthians (SP), foram, pelo segundo ano consecutivo, os clubes com maiores receitas. Em 2007, o São Paulo teve receitas de R$ 190 milhões, sendo a maior parte por conta de negociações de jogadores. O clube também foi o que gerou mais receita com seu estádio, R$ 5,1 milhões.

O Internacional, que ganhou R$ 20,1 milhões com seu programa de associados, o maior do país, teve receita de R$ 155,8 milhões, enquanto o Corinthians ganhou R$ 134,6 milhões. O quarto lugar foi do Grêmio (RS), que entre 2006 e 2007 teve aumento de 88% em suas receitas de bilheteria e faturou R$ 18,5 milhões com os pagamentos dos sócios, passando do 11º lugar para o 4º lugar no total de receitas. O Palmeiras, que havia ficado em quarto lugar no total de receitas em 2006, caiu para o sexto lugar, sendo ultrapassado também pelo Flamengo.

Se levados em conta apenas os valores de 2007, o Internacional é o clube mais lucrativo do país. No último exercício fiscal, o clube gaúcho teve superávit de R$ 18,9 milhões, seguido pelos rivais Grêmio (R$ 14,6 milhões) e Juventude (R$ 10,5 milhões). Os outros três clubes com superávit no período foram o São Paulo (R$ 3,8 milhões), Barueri (R$ 2 milhões) e o Atlético Paranaense (R$ 1,6 milhão).

Confira a lista dos clubes de acordo com a receita total e o superávit acumulado entre 2006 e 2007:
Receita total Superávit/déficit acumulado
São Paulo 190.081 5.138
Internacional 155.881 -32.789
Corinthians 134.627 -62.481
Grêmio 109.031 -78.961
Flamengo 89.499 -242.402
Palmeiras 86.290 -24.189
Cruzeiro 77.650 -3.993
Juventude 62.147 9.700
Atlético-MG 58.326 -214.377
Atlético-PR 54.091 37.733
Santos 53.102 7.421
Vasco 51.079 -31.956
Botafogo 41.160 -209.698
Fluminense 39.335 -165.860
Paraná 24.910 -4.964
São Caetano 23.252 -996
Barueri 21.004 2.009
Náutico 19.561 -34.839
Figueirense 18.981 -2.875
Coritiba 14.916 -25.864
Vitória 11.215 -88.558
Fonte: Revista Época

Apenas como complemento, publico a lista dos clubes mais ricos do mundo, de acordo com matéria divulgada em março deste ano pela revista norte-americana “Forbes”.

O Manchester United (Inglaterra) encabeça a relação com um patrimônio de US$ 1,453 bilhão, seguido do Real Madrid (Espanha), com US$ 1,036 bilhão. O terceiro é o Arsenal (Inglaterra), com US$ 915 milhões. Seguem, na ordem: Bayern de Munique (Alemanha) US$ 838; Milan (Itália) US$ 824; Juventus (Itália) US$ 567; Internazionale, de Milão (Itália) US$ 555; Chelsea (Inglaterra) US$ 537; Barcelona (Espanha) US$ 535 e Schalke 04 (Alemanha) US$ 471. (Texto e pesquisa: Nilo Dias)

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