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sábado, 30 de março de 2019

O artilheiro dos gols bonitos

Ricardo Lucas Figueredo Monte Raso, mais conhecido como “Dodô”, foi um dos melhores atacantes da história do futebol brasileiro, recebendo da imprensa esportiva o apelido de “o artilheiro dos gols bonitos”, pelos belos gols que fez ao longo de sua carreira.

Paulista da capital, nasceu em 2 de Maio de 1974. “Dodô” foi revelado pelo Nacional, de São Paulo em 1992. Teve ainda uma rápida passagem pelo Fluminense entre 1994 e 1995 e Paraná Clube no ano de 1996, antes chegar ao São Paulo.

No São Paulo, “Dodô” formou ao lado do colombiano Aristizábal uma dupla de ataque perigosa. Foi artilheiro do “Paulistão” de 1997 e do “Torneio Rio-São Paulo” de 1998 com 19 e 5 gols respectivamente.

Ajudou o São Paulo a conquistar o “Estadual” de 1998. No total, pelo clube tricolor paulista, “Dodô” disputou 46 partidas e marcou 33 gols. Em 1997, o atacante chegou a ser convocado para a Seleção Brasileira pelo técnico Zagallo cinco vezes, marcando 2 gols.

Deixou o tricolor paulista em 1999 e passou a defender o Santos até 2001. Com a camisa do Alvinegro praiano Dodô disputou 67 jogos e marcou 33 gols, se destacando pelo peixe de 1999 até 2001.

No segundo semestre daquele ano, foi contratado pelo Botafogo com ajuda da “Golden Cross”, empresa que se interessou em patrocinar o clube a partir da contratação do atacante.

“Dodô” ajudou o alvinegro a escapar do rebaixamento no “Brasileirão” de 2001 e a fazer uma boa campanha no “Torneio Rio-São Paulo” de 2002.

Porém, o Botafogo encontrava-se em má fase financeira, e teve que dispensar vários jogadores para o “Campeonato Brasileiro” de 2002, onde o clube acabou rebaixado. “Dodô” acertou sua volta ao estado de São Paulo para atuar pelo Palmeiras.

Contudo, naquele ano, não obstante as inúmeras contratações de impactos que o “Verdão” fez para o “Campeonato Brasileiro”, a equipe também acabou sendo rebaixada. “Dodô“ pouco atuou naquela competição, pois estava frequentemente lesionado.  Ferdão foram 16 partidas e apenas três gols.

Já que o Palmeiras tentava ajustar-se para uma nova realidade, “Dodô” então resolveu ir para o futebol asiático. Jogou, entre 2003 e 2004, no Ulsan Hyundai, da Coreia do Sul e, em 2005, no Oita Trinita, do Japão. Enquanto estava na Ásia, “Dodô” deu diversas entrevistas declarando sua vontade de voltar para o Brasil, dizendo que gostaria de atuar novamente pelo Botafogo.

Retornou ao Brasil no segundo semestre de 2005 para defender o Goiás. Contudo, era reserva no time goiano. Este fato o fez acertar sua volta ao Botafogo no início de 2006. No “Glorioso”, “Dodô” ajudou a equipe a vencer a “Taça Guanabara” e o “Carioca” de 2006 sendo artilheiro da competição com 9 gols.

No Brasileirão, “Dodô” era o artilheiro da competição com 9 gols quando decidiu transferir-se para o futebol árabe. O contrato do jogador com o clube carioca tinha uma cláusula que permitia sua saída sem qualquer tipo de ressarcimento caso houvesse uma proposta de um clube não brasileiro.

Dodô foi defender o Al Ain, dos Emirados Árabes Unidos, mas, em 2007, voltou para o Botafogo. Foi campeão da “Taça Rio” e vice-campeão do “Campeonato Carioca”, sendo premiado com a “Medalha de Mérito Esportivo Pan-Americano”, pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro.

No início de julho de 2007, o atacante foi pego no exame antidoping por apresentar em sua urina a substância “Femproporex”, usada para perda de peso, que constava em uma cápsula de cafeína manipulada por uma farmácia, dada pelo departamento nutricional do clube.

A farmácia trabalhava há dois anos fornecendo medicamentos para o clube e não havia registros de contaminação anterior. O estabelecimento chegou a ser fechado e seus proprietários entraram com ação contra o clube. O Botafogo e “Dodô” também processaram a farmácia..

Na época, o caso ganhou grande proporção porque “Dodô” revelou ter consumido apenas uma cápsula de cafeína ministrada pelo médico do Botafogo, Márcio Cunha.

O atacante foi suspenso por 120 dias inicialmente, mas entrou com recurso e foi absolvido por não ter sido considerada a sua culpa. Após sua volta, “Dodô” marcou seu 300º gol na carreira profissional.

No fim da temporada, faltando seis rodadas para acabar o “Campeonato Brasileiro”, “Dodô” anunciou que não renovaria seu contrato com o alvinegro carioca para 2008. O jogador recebeu a “Chuteira de Ouro”, da “Revista Placar” pelo seu desempenho em 2007, sendo o principal goleador daquele ano no futebol brasileiro e o “Troféu de Prata” do “Prêmio Craque do Brasileirão”, por ter sido escolhido o segundo melhor centroavante do “Campeonato Brasileiro”.

“Dodô” deixou o Botafogo para jogar no Fluminense. Concorrendo pela titularidade com Leandro Amaral e Washington, os chamados "três tenores". Quando começava a jogar com frequência no time titular, como na goleada por 6 X 0 contra o Arsenal, de Sarandí, Argentina, pela “Copa Libertadores”, sofreu uma fratura de um osso frontal da face e teve de ficar dois meses parado.

Com a saída de Leandro do clube, “Dodô” recebera a chance de ser titular. No entanto, nunca foi visto com bons olhos pela torcida tricolor, tendo em vista o fato de não ter comemorado um gol contra o Boca Juniors, se mostrando insatisfeito na equipe, então comandada por Renato Gaúcho.

Foi demitido do Fluminense no final de agosto de 2008, após uma conversa com o treinador “Cuca”, o mesmo com quem trabalhara no Botafogo. Poucos dias após se desligar do Fluminense, “Dodô” recebeu do “Tribunal Arbitral do Esporte” o resultado do processo sobre seu doping, resultando na sua suspensão por 2 anos.

A sentença levou em conta parte do tempo do processo e, assim, o jogador só poderia voltar a atuar em 7 de novembro de 2009.

Após cumprir a suspensão, “Dodô” recebeu propostas de diversos clubes, porém muitos deles desistiram de contratá-lo porque o atleta pediu um salário muito alto e após diminuir sua pedida salarial, em 16 de dezembro de 2009, acertou com o Vasco.

Demorou para “Dodô” marcar seu primeiro gol com a camisa cruz-maltina. Depois de passar em branco contra Tigres e América, enfrentou pela primeira vez o Botafogo, clube pelo qual marcou 90 gols e teve boa atuação.

“Dodô” fez 3 gols no primeiro tempo. No segundo, sofreu a falta cobrada por Léo Gago que resultou no quarto gol e deu o passe para Philippe Coutinho marcar o quinto. Além disso, o Vasco ainda fez mais um gol, fechando a goleada de 6 X 0, em pleno “Engenhão”.

Após o início promissor, o rendimento de “Dodô” foi caindo a cada partida. Vieram muitos jogos em branco, e a torcida vascaína passou a execrá-lo depois da perda do título da “Taça Guanabara” para o Botafogo.

Houve uma nova tentativa dele num clássico diante do Flamengo. Mas os dois pênaltis desperdiçados na derrota por 1 X 0 para o arquirrival vascaíno pioraram ainda mais a relação dele com a torcida.

No final da “Taça Rio”, ainda houve uma esperança sobre o atacante, quando ele marcou um dos gols da vitória por 3 X 0 sobre o Fluminense, no “Maracanã” e anotou dois gols na vitória por 4 X 3 sobre o Duque de Caxias, no “Estádio Raulino de Oliveira”, ajudando o time a se classificar para as semifinais do segundo turno. O time acabou eliminado pelo Flamengo, com uma derrota por 2 X 1.

“Dodô” voltou para a reserva, e nos treinos era visível sua falta de ânimo. Desânimo que veio para os campos. Depois da derrota do Vasco para o Guarani por 1 X 0, em São Januário, “Dodô”, que entrara no primeiro tempo, substituindo Élton, contundido, deixou como última lembrança sua descida para o vestiário, em silêncio, ouvindo gritos, vaias e ofensas.

No dia 4 de junho, de comum acordo entre ambas as partes, “Dodô” rompeu seu compromisso com o clube. Foram 28 jogos e 11 gols marcados nesta volta aos gramados, curiosamente, nenhum deles marcado em São Januário, palco de seu último jogo com a camisa do Vasco.

Em 10 de junho, “Dodô” acertou com a Portuguesa de Desportos, de São Paulo, para a disputa da Série B do “Campeonato Brasileiro”.

No dia 1 de março de 2011, foi dispensado pela Portuguesa. De acordo com nota oficial emitida pela diretoria do clube paulista, a medida foi tomada pelo fato de “Dodô” ter desrespeitado o técnico Jorginho, assim como seus companheiros de equipe, durante a partida contra o Bragantino quando, ao ser substituído no segundo tempo, abandonou o estádio antes do término da partida.

Em março de 2011, acertou com o Americano para a disputa do “Campeonato Brasileiro da  Série B”. Uma contusão o forçou a fazer uma cirurgia no joelho, adiando para 2012 seu retorno aos gramados.

Em 21 de fevereiro de 2013, pegando muita gente de surpresa, “Dodô” foi anunciado como reforço pontual do emergente clube da cidade de Osasco, o Grêmio Esportivo Osasco, em vínculo que se encerrou ao final da disputa da “Série A2”, do “Campeonato Paulista” daquele mesmo ano. “Dodô” juntou-se ao elenco que fora recentemente reforçado com “Viola”, outro renomado veterano do futebol brasileiro.

Em 6 de março de 2013 fez sua estreia pelo Osasco contra o Capivariano. Ao fim da partida mostrou porque era chamado de” artilheiro dos gols bonitos”, ao marcar um belo gol por cobertura, fechando o placar em 2 X 0. Na partida seguinte, contra o Monte Azul, voltou a marcar pelo Osasco, decretando o empate em 2 X 2.

Em 30 de março de 2013, “Dodô” deixou o Osasco e acertou com o Barra da Tijuca para a disputa do “Carioca” da “Série B”. Após disputar a competição, “Dodô” encerrou sua carreira aos 39 anos.

Sem atuar desde 2013, quando defendeu o Barra da Tijuca, “Dodô” fez um curso para treinador no início do ano de 2015, ministrado por profissionais da CBF, na “Granja Comary”, com duração de dez dias e aulas divididas em dois períodos.  Ainda tentou a carreira de treinador, tendo dirigido o Rio Negro, de Manaus por um mês, mas saiu por motivos profissionais.

Títulos conquistados. Paraná Clube: Campeão Paranaense (1996); São Paulo: Campeão Paulista (1998); Botafogo: Campeão Carioca (2006) e Taça Guanabara (2006).

Prêmios: Melhor jogador do Campeonato Carioca (2006 e 2007); Melhor jogador da Copa do Brasil (2007); Chuteira de Ouro da Revista Placar (2007); Artilharias: São Paulo - Campeonato Paulista (1997 - 19 gols); Copa dos Campeões Mundiais (1997 - 4 gols); Torneio Rio-São Paulo (1998 - 5 gols); Botafogo: Campeonato Carioca (2006 - 9 gols); Campeonato Carioca (2007 - 13 gols); Vasco da Gama: Taça Guanabara (2010 - 7 gols) (Pesquisa: Nilo Dias)