Boa parte de um vasto material recolhido em muitos anos de pesquisas está disponível nesta página para todos os que se interessam em conhecer o futebol e outros esportes a fundo.

terça-feira, 25 de junho de 2019

Maradona, "el Pibe de Oro" (Final)

Maradona fez seu primeiro jogo pela “Seleção Argentina” em 1977, em amistoso contra a Hungria. Integrou o grupo dos pré-convocados para a “Copa do Mundo de 1978”, mas foi deixado de fora pelo técnico César Luis Menotti, em decisão polêmica.

No ano seguinte, Maradona liderou a "Seleção" na conquista do “Campeonato Mundial de Futebol Sub-20 de 1979”. Marcou seis vezes e foi eleito o melhor jogador da competição.  Foi também o ano em que ele marcou o primeiro gol pela seleção principal, em sua nona partida por ela. Foi em vitória por 3 X 1 sobre a Escócia, em Glasgow.

Maradona foi convocado para o segundo mundial do México com algumas críticas. No jogo contra a Inglaterra, o primeiro após a "Guerra das Malvinas", num clima bastante tenso, Maradona fez o gol que ficou conhecido como “La Mano de Dios”.

Em espaço de alguns minutos, o argentino marcou outro gol igualmente célebre, e que ficou conhecido como “O Gol do Século”. Após a partida, Maradona declarou que "se houve mão na bola, foi a mão de Deus", para o delírio da torcida argentina.

A Argentina reencontrou a Bélgica, vencendo com dois gols de “El Pibe”. A Argentina voltava a uma final.  O jogo foi contra a Alemanha Ocidental. Maradona, desta vez, não marcou. 

Após estarem perdendo por 2 X 0, os germânicos haviam acabado de empatar heroicamente. Foi quando Maradona recebeu a bola e, entre dois adversários, deu belo passe para Burruchaga fazer 3 X 2. Ao final, como capitão, ergueu a “Copa” que, na opinião geral, ganhara praticamente sozinho.

O título lhe fez ser coroado o melhor jogador do mundo pela revista “Onze d'Or”, premiação que recebeu novamente no ano seguinte, após o primeiro título italiano com o Napoli.

No Mundial de 1990 a Argentina foi eliminada pela Alemanha Ocidental, que se vingou da derrota na "Copa" anterior.

Maradona, após a suspensão de 15 meses dada pela FIFA, ficou três anos sem jogar partidas oficiais pela Argentina. Em fevereiro de 1993, voltou a vestir a camisa de seu país. Após recuperar milagrosamente a velha forma, Maradona começou a "Copa do Mundo de 1994" dando espetáculo.

Marcou de fora da área contra a Grécia e, em famosa comemoração, rugiu com os olhos esbugalhados para uma câmera. Contra a Nigéria, demonstrou fôlego incansável e inspirou os argentinos a vencerem de virada.

O milagre por trás da perda de 13 quilos – de 89 para 76 – em um tempo assustadoramente curto antes do torneio foi revelado em novo antidoping, que detectou efedrina. 

A droga, além de ser usada para emagrecer, era também um poderoso estimulante. Para a "Seleção Argentina" não ser desclassificada, Maradona teve de jurar inocência e a Associação do país teve de retirar seu nome do elenco.

A Argentina em 1994, ao contrário das Copas anteriores, onde o talento se limitava a Maradona, reunia jogadores de renome: Claudio Caniggia se consagrara em 1990 e a seleção tinha também Gabriel Batistuta, Fernando Redondo e Ramón Medina Bello em grande forma. 

Eles, sem a companhia de Maradona, haviam conquistado as copas "América de 1991 e 1993", torneio que Dieguito não conseguira ganhar nas três ocasiões em que participou (1979, 1987 e 1989).

Maradona não jogaria mais pela Argentina até 10 de novembro de 2001, quando foi realizada uma partida comemorativa em “La Bombonera”. O jogo foi contra um combinado de estrelas, dentre elas Enzo Francescoli, Éric Cantona, Davor Šuker, Hristo Stoichkov, René Higuita, Nolberto Solano e até o compatriota Juan Román Riquelme.

Um ano após aposentar-se no Boca, foi à "Copa do Mundo de 1998" como comentarista. Após a eliminação da Argentina, comandada por Daniel Passarella, manifestou pela primeira vez sua intenção em tornar-se técnico.

Maradona envolveu-se em nova polêmica com filhos fora do casamento: desta vez, a Justiça argentina determinou que ele era o pai de uma menina de três anos, após sete negativas do ex-jogador em fazer o exame de DNA.

No entanto, Maradona fez o exame mais tarde e ficou provado que ele não era o pai da jovem. Já no caso de Diego Sinagra, filho que Maradona teve enquanto viveu na itália, o reconhecimento, ainda que tardio, aconteceu.

Em 2000, iniciou um tratamento contra as drogas em Cuba, após ser internado depois de tomar um coquetel de remédios em Punta del Este, no Uruguai, e quase morrer. Na ilha, se enfureceu com fotógrafos locais, agredindo-os e quebrando o vidro de um carro com um soco, rendendo-lhe novo processo.

Esteve próximo da morte novamente em setembro de 2000, quando destruiu sua caminhonete ao chocar-se com um ônibus em Havana, escapando ileso por milagre. Em outubro, foi contratado para ser manager do Almagro, mas jamais assumiu o cargo.

Em 2002, a namorada de infância que tornou-se sua esposa, Claudia Vilafañe, pediu a separação. Ele também foi condenado a dois anos e meio de prisão pela agressão aos jornalistas com espingarda em 1994, mas não precisou cumprir a pena.

Em abril de 2004, ficou novamente a ponto de morrer. Passou mal após assistir uma partida entre Boca Juniors e Nueva Chicago na "Bombonera”" e foi internado com problemas cardíacos e infecção pulmonar na “Clínica Suíço-Argentina”, em Buenos Aires, constatando-se overdose de cocaína.

Ele ficou em coma e chegou a respirar com ajuda de aparelhos, reagindo apenas no oitavo dia. Saiu dois dias depois sem ter alta dos médicos. Em maio, foi novamente internado, chegando a ser recusado por várias instituições médicas da Argentina e do exterior.

Chegou a ser sedado e amarrado após uma crise de abstinência da cocaína. Seu médico particular declarou em ultimato que ele tinha a última chance de salvar sua vida. Maradona posteriormente afirmou que retirou forças para se desintoxicar definitivamente após apelos de sua filha Giannina: "pai, você tem que viver por mim".

Após cinco meses de internação, obteve autorização judicial para ir à Cuba retomar seu tratamento. Em 2016, o ex-jogador se envolveu em uma nova polemica com membros da “Associação de Futebol da Argentina” (AFA) e especialmente com o também ex-jogador Juan Sebastián Verón a quem chamou de "traidor”.

Depois de perder 50 quilos em uma cirurgia de redução de estômago em Cartagena, na Colômbia, e chegar aos 75 quilos, tornou-se apresentador de um “talk show”, "La noche del Diez" ("A noite do Dez"), onde recebeu figuras de todo o mundo, como o próprio desafeto Pelé, Xuxa, Mike Tyson e Fidel Castro.

"A Noite com Pelé" foi marcada por um inesperado bom humor e amistosidade entre ambos, que cantaram juntos e terminaram trocando passes de cabeça, emocionando a plateia. Por sinal, foi nos bastidores do programa que sua filha Giannina conheceu pessoalmente Sergio Agüero, com quem iniciou um celebrado relacionamento amoroso.

Em 28 de março de 2007, Maradona sofreu uma recaída e foi internado com uma crise hepática causada por abuso de álcool. Ele afirmou que não foi por causa de cocaína, reiterando que não a usava mais desde a crise de 2004.

Por outro lado, foi tornando-se alcoólatra justamente para substituir a droga em pó. Ainda assim, a internação gerou boatos de um suposto ataque cardíaco que teria causado sua morte, causando alvoroço até no governo argentino.

Em fevereiro de 2014, Maradona com 53 anos assumiu o namoro e anunciou o noivado com Rocío Oliva de 22 anos. Estiveram de casamento marcado até abril, altura em que Maradona descobriu que tinha sido roubado. Em junho, O ex jogador argentino pediu um mandado de captura internacional contra Rocío Oliva, que desapareceu com muitos dos seus bens.

Rocío Oliva acusou Maradona de violência doméstica e contou ainda que Maradona "bebia sem parar". E revelou o motivo do final da relação: "Ele mantinha uma relação com um homem, Alejo Clérici”. Maradona desmentiu todas as acusações.

Maradona assumiu o comando da “Seleção Argentina” em outubro de 2008, após a saída de Alfio Basile. O presidente da AFA enfim acatou o desejo de Diego. O anúncio causou furor. Cerca de 500 jornalistas se credenciaram para cobrir a sua estreia, contra a Escócia.

Maradona chegou a ameaçar demitir-se em menos de duas semanas, pois Grondona não aceitava o ex-jogador Oscar Ruggeri na comissão técnica. Mesmo endeusado, porém, Maradona continuou a colecionar polêmicas, como discussões indiretas com Juan Román Riquelme, que pediu dispensa da "Seleção".

Riquelme já se sentia deslocado por não receber a mesma atenção que Maradona dedicava aos jogadores "europeus". O novo técnico ainda tirou-lhe a faixa de capitão, entregue a Javier Mascherano. A gota d'água para Riquelme foi ter sido criticado por Maradona na televisão.

Em 2009, sofreu bastantes críticas. A Argentina obteve resultados vergonhosos, incluindo uma goleada de 6 X 1 para a Bolívia, em La Paz, o pior resultado da história da seleção – sendo que, ironicamente, Maradona manifestara-se a favor do direito boliviano de usar a cidade, em jogos na altitude.

E uma derrota de 3 X 1 para o Brasil em plena Rosário. Os argentinos ficaram ameaçados de não se classificarem, conseguindo no sufoco a última vaga direta no confronto contra o Uruguai, em Montevidéu.

Em menos de 20 jogos, Maradona usou 80 jogadores diferentes. Apesar de criticado por muitos, completou um ano no comando da seleção com bons números: em 13 jogos, venceu 9 e perdeu 4.

Durante a "Copa", Maradona ostentou barba e bigode. O visual foi usado para disfarçar cicatrizes sofridas após ser mordido nos lábios por uma cadela de estimação. 

Na convocação para a "Copa, chamou apenas dois de quatro experientes argentinos que haviam contribuído decisivamente para a brilhante temporada 2009–10 da Internazionale, triplamente campeã ("Campeonato italiano", "Copa da Itália" e Liga dos Campeões da UEFA", feito inédito na Itália), Walter Samuel e Diego Milito.

Deixou de fora Javier Zanetti e Esteban Cambiasso até da lista dos 30 pré-convocados, bem como o irmão de Diego, Gabriel Milito (do Barcelona) e Fernando Gago (do Real Madrid).

Na disputa da "Copa do Mundo de 2010", teve um bom começo, obtendo na fase de grupos três convincentes vitórias em três jogos, contra Nigéria, Coreia do Sul e Grécia. As fases finais também remetiam ao passado, mas mais recente para os argentinos, onde enfrentaram os mesmos adversários da “Copa do Mundo de 2006”.

Nas oitavas-de-final, a Argentina obteve grande vitória sobre o México, ganhando a oportunidade da revanche contra a Alemanha, novamente nas quartas. 

Porém, a competição voltou a se encerrar para os argentinos nesta fase, em derrota pelo inesperado placar de 4 X 0. No dia 28 de julho, Maradona foi confirmado que não mais continuaria no comando da equipe.

Títulos. Boca Juniors: Campeão Argentino – Metropolitano (1981); Barcelona: Copa do Rei (1983); Copa da Liga Espanhola (1983); Supercopa da Espanha (1983). Napoli: Copa da UEFA (1989); Campeonato Italiano (1987 e 1990); Copa da Itália (1987); Supercopa da Itália (1990). Seleção Argentina: Copa do Mundo FIFA (1986); Troféu Artêmio Franchi (1993) e Campeonato Mundial de Futebol Sub-20  (1979).

Artilharias. Campeonato Argentino: Metropolitano (1978), Metropolitano (1979), Nacional (1979), Metropolitano (1980), Nacional (1980); Campeonato Italiano (1988) e Copa da Itália: (1988).

Prêmios individuais. FIFA 100 (2004); Bola de Ouro da Copa do Mundo da FIFA (1986); All-Star Team da Copa do Mundo da FIFA (1986 e 1990); Melhor Jogador do Mundo eleito pela World Soccer (1986); Onze d'Or (1986 e 1987); Guerin d'Oro (1985); Melhor Jogador Sulamericano do ano eleito pelo jornal “El Mundo” (1979 e 1980); Melhor Jogador do Mundial Sub-20 (1979); Melhor Jogador Argentino do Ano pela Associação de Jornalistas da Argentina (1979, 1980, 1981 e 1986); Bola de Bronze da Copa do Mundo FIFA (1990); Melhor Jogador do Século XX da FIFA - votos de internautas (2000); 3º Maior Jogador do Século XX pelo Grande Júri FIFA (2000); 2º Maior jogador Sulamericano do século XX pela IFFHS (1999); 5º Maior jogador do Mundo do Século XX pela IFFHS (1999); 2º Maior jogador do século XX pela revista - France football (1999); Time dos Sonhos da FIFA (2002); Prêmio Olimpia de Oro (Melhor atleta argentino do ano) (1986); The Times - maior jogador da história das Copas do Mundo (2010); La Gazzetta dello Sport - Melhor Jogador de Todos os Tempos (2012); Corriere dello Sport - Melhor Desportista da Historia (2012); Melhor Jogador da Historia pela revista "Four Four Two" (2017); Melhor jogador das Copas do Mundo pela revista "Four Four Two" (2018).

Prêmios e Honrarias. 2016 - Um dos 11 eleitos pela AFA para a Seleção Argentina de Todos os Tempos. (Pesquisa: Nilo Dias)