Boa parte de um vasto material recolhido em muitos anos de pesquisas está disponível nesta página para todos os que se interessam em conhecer o futebol e outros esportes a fundo.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

A morte de uma lenda do futebol

Morreu ontem (11/02) em sua residência, enquanto dormia, o ex-goleiro inglês Gordon Banks, lenda do futebol e campeão do mundo com a Inglaterra em 1966. Nascido em Sheffield, no dia 30 de dezembro de 1937, Banks estava com 81 anos de idade.

O Stoke City, clube pelo qual o ex-goleiro jogou, confirmou o óbito e emitiu um comunicado. "É com grande tristeza que anunciamos que Gordon faleceu pacificamente da noite para o dia. Estamos devastados por perdê-lo, mas temos tantas lembranças felizes e não poderíamos ter mais orgulho dele. Pedimos que a privacidade da família seja respeitada neste momento", diz o clube.

Banks nasceu em Sheffield, mas ainda na infância se mudou com a família para Catcliffe, local que marcou uma tragédia para a sua família, pois seu pai abriu uma casa de apostas que custou a vida de seu irmão, morto em um assalto.

Revoltado, Banks deixou a escola em 1952 e passou a trabalhar em diversas atividades. Paralelo a isso, jogava peladas com os colegas na equipe amadora de Millspaugh.

Tempos depois ele tentou a sorte no Rawmarsh Welfare, mas sem sucesso. Só em 1956, já com quase 19 anos, que Banks conseguiu a grande chance de sua carreira ao ganhar a confiança de Teddy Davison, que o levou ao pequenino Chesterfield, onde pouco jogou, mas despertou o interesse do técnico do Leicester City que o levou para "East Midlands".

Em sua carreira por clubes ingleses jogou no Chesterfield, Leicester e Stoke City, tendo sido campeão por duas vezes da "Copa da Inglaterra".

Defendeu o “English Team” por 73 vezes entre 1963 e 1972, sendo uma das peças fundamentais na conquista da "Copa do Mundo" de 1966 pelo seu país.

O mais célebre momento de sua carreira foi na Copa de 1970, defendendo uma cabeçada de Pelé (o lance ficou eternizado como “A Defesa do Século”).

Em 1963, depois do então goleiro titular Springett ter levado cinco gols da França, Alf Ramsey colocou Banks em seu lugar. O goleiro estreou na derrota de 2 X 1 para a Escócia em abril de 1963.

Em maio teve boa atuação contra o Brasil, no empate por 1 X 1 num amistoso, rendendo-lhe a efetivação na posição. Na Copa de 1966, Banks deu ainda mais segurança a uma defesa que já era sólida, sofrendo o primeiro gol apenas na semifinal, num pênalti cobrado por Eusébio, da Seleção Portuguesa, em partida terminada em 2 X 1.

Na final, não teve responsabilidade nos dois gols da Alemanha e sagrou-se campeão com a vitória por 4 X 2. Na Copa de 1970 ele estava em melhor fase, mas na partida contra a Alemanha não pôde jogar, após sofrer um desarranjo intestinal ao beber uma cerveja mexicana que é apelidada de "Vingança de Montezuma", no México.

Em 1972, um acidente automobilístico o fez perder parte da visão de um olho, obrigando-o a encerrar prematuramente sua participação na “Three Lions”. Ainda assim jogou pelo Fort Lauderdale Strikers, dos Estados Unidos.

Em 2000, pouco antes do início da demolição do "Estádio de Wembley" original, Banks e Pelé foram ao gramado para uma simbólica cobrança de pênaltis. (Pelé nunca havia marcado naquele estádio). Trajados formalmente, Pelé chutou, e elegantemente Banks deixou a bola passar.

Em 2005 ele retirou um dos rins devido a um tumor. Em 2015 anunciou que o outro rim foi diagnosticado com um novo tumor.

Em 7 de junho de 1970, Brasil e Inglaterra se enfrentaram pelo Grupo 3, na Copa do Mundo do México, em partida realizada no “Estádio Jalisco”, de Guadalajara. 

Na jogada mais importante da partida, Jairzinho entrou pela direita, driblou o zagueiro inglês e, na linha de fundo da grande área, cruzou a bola para Pelé, que saltou por trás do defensor, quase parando no ar por instantes, e cabeceou forte, no canto.

Pelé chegou a levantar os braços para comemorar o gol, assim como Tostão, mas o mundo assistiu à espetacular defesa do goleiro Gordon Banks. 

Apesar da plasticidade da defesa e seu reconhecimento mundial, Banks diz que não foi sua melhor defesa, lembrando de um pênalti de Geoff Hurst, do West Ham, contra seu clube, o Stoke City, em uma semifinal da "Copa da Inglaterra" de 1972, defendido por ele. A partida foi em 15 de dezembro de 1971, e terminou empatada em 1 X 1.

Títulos conquistados. Stoke City: Copa da Liga Inglesa (1972); Seleção: Copa do Mundo FIFA com a Seleção da Inglaterra (1966). Leicester City: Copa da Liga Inglesa (1964).

Prêmios Individuais: “Goleiro do Ano” pela FIFA em 1966, 1967, 1968, 1969, 1970 e 1971; eleito para o “All-Star Team” da Copa do Mundo FIFA de 1966; esportista do Ano pelo “Daily Express” em 1971 e 1972; eleito um dos 1000 Maiores Esportistas do Século XX pelo jornal “The Sunday Times”; eleito o 21º Maior Jogador do Século XX pela revista “Placar” em 1999; eleito o 2º Maior Goleiro do Século XX pela IFFHS; eleito o 14º Maior Jogador da História das Copas pela revista “Placar” em 2006.

Em 2004 a FIFA divulgou uma lista elaborada com a supervisão de Pelé, onde figuram os 125 maiores jogadores dos primeiros 100 anos da entidade, e Gordon Banks está presente na lista. Em maio de 2015 Banks recebeu como homenagem do “Stoke City”, uma estátua de bronze em frente ao “Estádio Britannia”. (Pesquisa: Nilo Dias)

Á espetacular defesa de Banks, na cabeçada de Pelé, na Copa do Mundo de 1970.