Boa parte de um vasto material recolhido em muitos anos de pesquisas está disponível nesta página para todos os que se interessam em conhecer o futebol e outros esportes a fundo.

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

O forte futebol colonial de Pelotas

Eu conheci muito bem o futebol colonial de Pelotas, porque fui treinador campeão pela Associação Esportiva Aliados, de Monte Bonito, time dos irmãos Wilson Carvalho, Gilmar Carvalho e Sulmar Carvalho, todos filhos do presidente do clube, na época, o senhor Mário Carvalho.

E também por ter participado do time denominado “Cracões da Bola”, que foi organizado pelo hoje repórter esportivo, em Porto Alegre, João Antônio Garcia.

Naquele tempo ele era apresentador de um programa dedicado ao futebol colonial na Rádio Cultura, de Pelotas, que começou com o saudoso Paulo Silva. Havia também o Arnaldo Rahal, que nos dias de jogos vendia cartelas para sorteios de prêmios entre os torcedores presentes.

Como costumava gritar a plenos pulmões, “quem se habilita”, não demorou para ganhar o apelido de “Seu Habilita”, que o acompanhou até o fim de sua vida.

Nos dias de jogos do “Cracões da Bola”, sempre havia festa, geralmente com bem servidos churrascos e muita cerveja gelada. Lembro que até meus pais participavam desses agradáveis momentos, claro, com a intenção maior de me ver jogar.

E modéstia a parte, não os decepcionava, pois nos meus áureos 30 anos de idade ainda batia uma bola bem bonitinha. Até fiz testes no Brasil, de Pelotas, ocasião em que coloquei uma bola pelo meio das pernas do saudoso “Tibirica”, um lateral histórico do time “xavante”.

E para que? O cara a partir dai encostou em mim, fazendo om que eu fosse para o outro lado do campo e não mais me aventurasse a querer dribrá-lo. O técnico do Brasil era Teotônio Soares, que foi um grande jogador e artilheiro do clube em tempos mais remotos.

Também dei meus chutes no Progresso Futebol Clube, time amador que revelou grandes jogadores para o futebol gaúcho e brasileiro, como Daniel Carvalho e Fernando Cardoso, que jogaram no Internacional e Emerson, no Grêmio. Ainda joguei no São Clemente, da várzea pelotense.

Mas a intenção desta matéria não é contar a minha andança pelo futebol de Pelotas, sim contar aspectos do chamado futebol colonial, até hoje disputado com raro brilhantismo na zona rural daquela próspera cidade gaúcha.

Conforme matéria publicada no jornal “Diário Popular”, de Pelotas, onde trabalhei por algum tempo como repórter especial e depois editor de Esportes, os primeiros jogos de futebol realizados na zona colonial do município, foram a partir de 1912, na localidade de Monte Bonito, reunindo a equipe local contra outros clubes de menor expressão.

Talvez até outras partidas na colônia pelotense já tivessem acontecido antes, porém o primeiro registro encontrado foi esse de Monte Bonito, entre a equipe local e o Arranca Toco, que infelizmente não tenho como informar de onde era.

Formaram-se diversas equipes na zona rural de Pelotas, algumas delas ainda em atividade até hoje, como o Vila Nova, localizado na Colônia Francesa, Boa Esperança, do Grupelli, Indio, do Morro Redondo e Esporte Clube Guarani, do Cerrito.

O Grêmio Esportivo Índio foi formado por um grupo de jovens que praticavam o esporte perto do armazém Reichow, na atual cidade de Morro Redondo. O estabelecimento era atendido pelo vendedor do “Café Índio”, tradicional marca da indústria pelotense.

Ele chamou os jovens e ofereceu uma bola de couro, com a condição de colocarem o nome da equipe de Índio, nascendo assim em 6 de fevereiro de 1944, nas cores amarelo e preto o Grêmio Esportivo Índio, de Morro Redondo.

Dos demais clubes infelizmente não tem como saber nem mesmo as datas de suas fundações. Caso do Boa Esperança, do Grupelli, que perdeu em uma enchente toda a sua documentação.

E como o futebol nos primeiros tempos era tratado como algo relacionado ao lazer dos colonos, não existia nenhuma preocupação com registros, o que dificulta qualquer tentativa de resgate histórico.

Outros clubes não resistiram às dificuldades do futebol amador e acabaram sendo extintos, como o Guarani que ficava do outro lado da ponte, na localidade de Santa Helena.

Sabe-se que o treinador era um tenente. Na época da construção da estrada, era formado pelo pessoal que trabalhava lá. Depois que a obra chegou ao fim, acabou o time também.

Nos primeiros tempos todos os jogos entre equipes coloniais tinham caráter amistoso, o que se estendia até mesmo aos raros campeonatos realizados. O que importava mesmo era a socialização entre os moradores da zona rural.

Mesmo com disputas somente amadoras, ainda assim nasceram rivalidades, sendo uma delas entre o Vila Nova, da Colônia Francesa e o Boa Esperança, do Grupelli. Eram rivalidades frequentes devido às disputas entre os distritos, tendo como balizador o futebol.

Essas rivalidades podem ser presenciadas ainda nos dias atuais. A maioria dos clubes coloniais tem uma ampla divulgação de suas atividades e jogos nas redes sociais, e frequentemente quando vão enfrentar um rival, a chamada para a partida é feita de maneira que o maior número de torcedores compareça ao local e apoie a equipe.

Como o futebol cresceu muito na zona rural, foi preciso que se organizasse um órgão regulador que se responsabilizasse pelos campeonatos e buscasse angariar recursos para a manutenção do futebol colonial.

Diferente das demais localidades, o futebol chegou antes na colônia de Pelotas do que a democratização do esporte em 1930. Porém por se tratar de uma zona rural, sempre apresentou distinções dos demais caminhos tomados pelo futebol.

É o caso de nenhuma equipe ter buscado a profissionalização, mesmo sendo pertencentes à cidade de Pelotas. Mas são de localidades que não teriam condições econômicas de profissionalizar suas equipes.

A atual Associação Colonial Pelotense foi criada com esse intuito de conseguir perpetuar o futebol colonial, além de integrar seus moradores, trocando informações sobre suas lavouras e seus produtos.

No ano de 1965 foi fundada a Liga Colonial de Futebol (LCF), com a finalidade de reunir as associações esportivas, sociais e beneficentes da Colônia Pelotense.

É considerada uma das entidades mais antigas, na organização do futebol amador. Teve como um dos líderes o advogado e radialista Elias João Bainy, juntamente com os clubes fundadores.

A título de informação: Elias Bainy era um dos sócios proprietários da Rádio Cultura, de Pelotas e foi meu colega de redação do jornal “Diário Popular”.

A liga teve como fundadores as seguintes associações: Grêmio Esportivo Índio, Barbuda Futebol Clube, Grêmio Esportivo Gaúcho, E.C.R. Vila Nova, Botafogo Futebol Clube, Esporte Clube Taquarense, E.C.R. Centenário, Grêmio Esportivo Montebonitense, Fortaleza Futebol Clube, Continental Futebol Clube, Esporte Clube Arroio do Padre, Esporte Clube 23 de Maio, Esporte Clube Guarany, Grêmio Esportivo Independente, Esporte Clube São Pedro, Esporte Clube Cruzeiro do Sul, Cascata Futebol Clube e Umbu Futebol Clube.

A Liga também contemplava as equipes da Colônia Z3, de pescadores, localizada na planície costeira da Laguna dos Patos.

Em 1970, devido ao confronto com a Liga Pelotense de Futebol (LPF), por não poder ter duas ligas na mesma cidade, foi extinta a LCP, permanecendo a LPF, por ser mais antiga. Nasceu dessa forma a Associação Colonial Pelotense (ACP).

O Estatuto da Associação, prevê, entre outras coisas, que cabe a ela representar e dirigir o futebol na colônia e outras atividades no município de Pelotas e fomentar o futebol e outros esportes.

Durante todo o período em que a ACP existe, o seu Estatuto sofreu poucas alterações. Embora o Capítulo VI, destinado aos atletas, diga que estes não pode receber qualquer gratificação, não é isso que ocorre na prática.

Hoje em dia é comum as equipes contarem com ex-atletas profissionais que são remunerados, além de massagista e até médico.

Apesar disso, se o futebol colonial ainda existe, deve-se a criação da ACP. Sem ela, provavelmente o futebol colonial não teria a força que tem hoje na cidade de Pelotas, movimentando toda uma comunidade e fortalecendo os laços entre os moradores rurais.

A “profissionalização” do futebol colonial conseguiu a manutenção e surgimento de novas equipes. Hoje temos uma “semiprofissionalização”, com a criação da Liga, que regulamentou os jogos.

O futebol é apontado como uma das principais formas de lazer da zona rural, juntamente com as festas religiosas. Porém existem outras formas de lazer dos colonos, visitar os vizinhos e parentes, os jogos de bochas, as pescarias, as carreiras (corridas de cavalo), que também são conhecidas como pencas. Porém o desporto bretão teve importância ímpar nesse contexto de lazer.

O futebol sempre foi um espaço além de lazer de sociabilidade, que consegue aglutinar comunidades para as disputas de futebol. Além das interações no campo, os clubes realizam bailes com intuito de escolha de suas rainhas, posse de novas diretorias, bailes de chopp, entrega de faixas aos campeões dos torneios, aparecendo como grandes eventos sociais da colônia. (Pesquisa: Nilo Dias)



domingo, 28 de janeiro de 2018

Jovem goleiro morre em acidente de carro

Morreu na tarde de ontem, sábado (27), o goleiro Wallace, do Guarani, de Campinas (SP) depois que o carro em que viajava captou no quilômetro 140, da Rodovia dos Bandeirantes (SP-348). O acidente aconteceu por volta de 14 horas próximo ao trevo com a Luiz de Queiroz (SP-304).

De acordo com a concessionária AutoBAn, que administra a rodovia, o veículo seguia no sentido interior quando capotou, atravessou o canteiro central e foi parar no sentido oposto (capital). Nenhum outro veículo se envolveu no acidente e não chovia no trecho, segundo a concessionária. Um resgate da AutoBAn foi ao local, e o trecho teve lentidão no trânsito.

Junto de Wallace viajava o passageiro Guilherme Bruno de Freitas, de 23 anos, que sofreu escoriações, mas sem ferimentos profundos e foi encaminhado à Santa Casa de Limeira. Ele segue internado na unidade, e o estado de saúde é estável.

De acordo com a Polícia Rodoviária, o jovem relatou que Wallace perdeu o controle do veículo e atravessou o canteiro. Ele não soube dizer o motivo. Os dois estavam com cinto de segurança.
Wallace tinha 22 anos e estava a caminho de Ribeirão Preto, sua cidade de origem e onde passaria o fim de semana com familiares.

Ele estava de folga após ter ficado no banco de reservas na vitória do Guarani por 3 X 0 sobre o Água Santa, na noite da última sexta-feira, em Campinas.

Wallace Ribeiro Barato chegou ao Guarani no início deste ano (2018) e tinha contrato até 30 de novembro. Ele foi emprestado ao “bugre” pelo Vitória (BA), clube onde começou a carreira nas categorias de base. Era visto como um goleiro promissor.

Com duas partidas pelos profissionais do Vitória, em 2016, ele participou das campanhas dos títulos baianos de 2016 e também de 2017. O atleta de 22 anos nasceu em 1 de outubro de 1995 em Salvador (BA). Tinha 1m86 de altura e pesava 78 quilos.

Era reserva de Bruno Brígido e sequer chegou a jogar pelo Guarani.  Sua documentação não foi regularizada a tempo para a primeira rodada. Quando foi liberado para atuar, ficou no banco.

Wallace está sendo velado, no Velório Samaritano – sala 2, que fica na Rua Flávio Uchôa, 988, Campos Elíseos, Ribeirão Preto. O sepultamento acontecerá, às 16 horas, no Cemitério Bom Pastor, localizado à Avenida das Lágrimas, 517, Jardim Zara, em Ribeirão Preto.

Em homenagem a Wallace, foi respeitado um minuto de silêncio antes do início do segundo tempo do clássico entre Corinthians e São Paulo, no Pacaembu, pelo Paulistão.

O presidente do Vitória, Ricardo David, disse que toda a comunidade rubro-negra está de luto. “A história de um jovem foi interrompida de forma inesperada e deixará eternas lembranças. À sua família, os nossos mais sinceros sentimentos de pesar, colocando nesse momento toda nossa estrutura para o que se fizer necessário para o alívio dessa grande dor”, lamentou.

O Guarani Futebol Clube também publicou uma nota oficial, informando e lamentando o falecimento do goleiro.

“O Guarani Futebol Clube lamenta profundamente o ocorrido e coloca-se inteiramente à disposição dos familiares e amigos. Não existem palavras para expressar o que estamos sentindo. Deus haverá de trazer o conforto”, afirmou o presidente Palmeron Mendes Filho.

O Conselho de Administração do Guarani Futebol Clube decretou luto oficial de sete dias. A delegação do alviverde, com atletas e dirigentes, estará presente no sepultamento de Wallace na tarde deste domingo.

Em homenagem póstuma o Guarani recebeu autorização especial da Federação Paulista de Futebol e não mais utilizará a camisa número 12 até o final do Campeonato Paulista. (Pesquisa: Nilo Dias)


terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Ex-futebolista assume o poder na Libéria

O ex-jogador de futebol George Tawlon Manneh Oppong Ousman Weah , ou simplesmente George Weah, de 51 anos de idade, tomou posse ontem (22) como o novo presidente da República da Libéria, um país republicano presidencialista localizado na África Ocidental. George se elegeu com 61,5% dos votos contra 38,5% de seu adversário, o ex-vice-presidente Joseph Boakai, no segundo turno do pleito.

O resultado mostrou que o povo liberiano busca uma mudança radical no país. O candidato derrotado é um homem de longa carreira política que representou a continuidade do Partido da Unidade. A vitória de Weat foi fortemente comemorada nas ruas de Monrovia, capital do país, quando o nome do vencedor foi confirmado.

George Weah vai suceder a Ellen Johnson Sirleaf, a primeira mulher que conseguiu chegar à presidência na África. Ela, a apesar de ter conseguido manter a paz durante os 12 anos de seu governo, deixou um rastro de nepotismo, corrupção e uma insuperável fratura social que desgastou seu partido.

Aquele que foi considerado um dos melhores atacantes do mundo nos anos 90 tem agora o enorme desafio de dirigir a frágil nação da Libéria, com as feridas ainda não cicatrizadas da feroz guerra civil que terminou em 2003.

Weah herda um país sem infraestrutura, com a maioria da população na pobreza e afetado pelo período pós-guerra e pelo forte golpe da epidemia de ebola.

Mas, como homem de origem humilde e não pertencente à elite governante, ele aspira a sanar algumas das chagas sociais históricas que alimentaram conflitos no passado. Muito popular e visto como alguém muito próximo, seu trunfo é a coesão social.

Como grande jogador que foi Weah fascinou o mundo com suas jogadas enquanto o seu país se esfacelava em um conflito sangrento. Ele consolidou sua vitoriosa carreira defendendo o Milan, da Itália, entre 1995 e 2000, e o Paris Saint Germain, da França entre outros clubes europeus.

Em 2004, foi lembrado por Pelé na lista dos 125 maiores jogadores de futebol, como parte da comemoração de centenário da FIFA. Ao ganhar este prêmio, dedicou-o a seu empresário Arsène Wenger, então treinador do Arsenal, que o incentivou a seguir carreira no futebol.

Ele é até hoje o único jogador africano a ganhar a “Bola de Ouro” e o prêmio de jogador do ano da FIFA. Encerrou a carreira um ano antes da guerra em seu país chegar ao fim. Quando se aposentou voltou a Libéria para se tornar político.

Em 2005, concorreu à presidência de seu país, sendo derrotado pela candidata Ellen Johnson-Sirleaf. Em 2014 foi eleito senador de Montserrado com 78% dos votos. Mas não escapou de criticas por se ausentar com frequência de seus deveres na Câmara Alta. Agora foi a terceira vez que disputou a presidência, saindo vencedor desta feita.

A vitória de Weah significa o retorno ao poder do temido sobrenome Taylor. O ex-senhor da guerra e ex-presidente Charles Taylor está preso, cumprindo uma pena de 50 anos por crimes de guerra.

Ao que se sabe sua ex-mulher, Jewel Howard Taylor, eleita vice-presidente será o braço direito de Weah e a segunda figura política mais importante da Libéria.

A volta do sobrenome Taylor ao centro da arena política assusta, assim como a aliança de Weah com Prince Johnson, o célebre líder da guerrilha que torturou e matou o ex-presidente Samuel Doe diante das câmeras enquanto bebia cerveja.

A pequena nação da África Ocidental, com 4,6 milhões de habitantes, foi fundada pelos Estados Unidos enviando escravos libertos. Desde então, quando 5% da população de ex-cativos se instalou no poder, o fosso entre os “américos-liberianos”– também chamados de Congos – e os autóctones marcou a história convulsionada e traumática do país.

Depois de um século e meio de opressão brutal, as guerras continuaram. Desde que, na década de oitenta, os “autóctones” ousaram se levantar pela primeira vez contra os Congos, houve dois presidentes assassinados e o terceiro, Charles Taylor, está preso por crimes de guerra.

George Weah, nasceu na Monróvia, em 1 de outubro de 1966. Como futebolista, passou pelo auge de sua carreira atuando pelo AC Milan, entre. Em 1995, foi eleito o Melhor jogador do mundo pela FIFA, e recebeu a Bola de Ouro sendo o único africano a receber ambos os prêmios.

Começou a carreira jogando no “Young Survivors Clareton”, e depois de passar por outros clubes africanos, foi para o “Tonnerre Yaoundé”, de Camarões, onde recebeu o apelido de “Oppong” (Super).

Depois de conquistar dois títulos nacionais com o “Tonnerre Yaoundé”, foi negociado com o “Monaco”, da França, seu primeiro clube europeu, pelo qual conquistou a “Coupe de France”, na temporada 1990/91.

Em 1992, transferiu-se para o “Paris Saint-Germain”, onde ganhou o título da Ligue 1 e mais duas “Coupe de France”, até que, em 1995, foi para o AC Milan.

Quando o holandês Marco Van Basten abandonou os gramados, o AC Milan perdeu um atacante extraordinário. Alguns anos passaram-se até que outro atacante fosse capaz de entusiasmar os torcedores milanistas.

No entanto, quando George Weah chegou ao time italiano, em 1995, a saudade que os fãs tinham por Van Basten foi diminuindo. E não era para menos.

Na Itália, viveu a sua melhor fase. No mesmo ano foi eleito o “Melhor Jogador da África” no ano, ganhou a “Ballon d'Or” da Europa e foi eleito, pela FIFA, o “Melhor Jogador do Mundo”, na edição de 1995 do prêmio.

Weah foi o grande maestro do Milan na conquista do “Scudetto”da temporada 1995/96. Seus gols inesquecíveis tinham sempre uma marca: o domínio de bola perfeito, a arrancada em velocidade e o arremate fatal. Ainda conquistou a Série A em 1998/99.

Após se tornar um herói milanista, mudou-se para Inglaterra. Foi emprestado ao “Chelsea” e, depois, vendido em definitivo ao “Manchester City”. Também teve uma rápida passagem de uma temporada pelo “Olympique Marseille”, em 2000/01.

Em 2002, atuando pelo “Al-Jazira”, dos Emirados Árabes Unidos, anunciou oficialmente a sua aposentadoria após disputar a “Copa das Nações Africanas”.

Apesar de ter conquistado até um prêmio de Melhor jogador do mundo pela FIFA, Weah encerrou sua carreira sem nunca ter disputado uma Copa do Mundo por sua seleção.

Weah é considerado pelos torcedores o melhor jogador da história da seleção da Libéria. Em 1996, ele pagou todas as despesas para que a seleção nacional, junto a ele, disputasse a Copa das Nações Africanas daquele ano. Disputou várias edições deste torneio continental.

No início da temporada de 2001, assumiu a condição de treinador da seleção liberiana, ao mesmo tempo em que continuou como atacante do Olympique Marseille.

Na sua estreia como treinador, a Libéria derrotou a seleção de Gana por 3 X 1, fora de casa, pelas eliminatórias africanas da Copa do Mundo 2002. Porém, sua seleção não conseguiu se classificar para a Copa. Ele também ajudou as vítimas da Primeira e Segunda Guerra Civil da Libéria. (Pesquisa: Nilo Dias)


George Weah, quando jogava pelo Monaco, da França.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

O triste fim do Jornal dos Sports

O primeiro jornal dedicado a esportes no Brasil foi o “Jornal dos Sports”, que era editado no Rio de Janeiro. Seus fundadores foram os jornalistas Argemiro Bulcão e Ozéas Mota.

Sua primeira edição circulou no dia 13 de março de 1931. Em 10 de abril de 2010, o “Jornal dos Sports” chegou às bancas pela última vez.

Apesar da semelhança com o jornal esportivo italiano “La Gazzetta dello Sport”, a verdadeira inspiração foi o francês “L'Auto”, que era impresso em rosa.

Em 1931, Argemiro Bulcão dirigia o jornal “Rio Sportivo”, que circulava duas vezes por semana no Rio de Janeiro. Interessado em fortalecer o jornalismo esportivo, propôs uma sociedade a Ozéas Mota, proprietário da gráfica onde o jornal era impresso. Com um capital de seis contos de réis, os dois fundaram o “Jornal dos Sports”.

A ideia presente no nome do jornal, de valorizar todas as modalidades esportivas, era reforçada pelo seu logotipo: nele apareciam praticantes de lançamento de disco, levantamento de peso, tênis, futebol, golfe, natação, remo, corrida, boxe e hipismo.

Inicialmente, cada edição tinha apenas quatro páginas, todas em preto e branco, e era vendida ao preço de 100 réis. Nos primeiros anos o jornal mostrava um conteúdo disposto em seis páginas impressas, primeiro em preto e branco e depois em papel cor-de-rosa, a partir de 23 de março de 1936.

Essa cor se manteve depois, porém mais vibrante, diagramação da manchete em cima do logotipo, publicação de algumas fotografias, sendo que o texto sobressaia em relação à imagem e também da utilização de ilustrações.

Podia se observar nos editoriais dos primeiros anos, que a intenção de Bulcão era fazer do “Jornal dos Sports” um veículo com influência política.

Outra característica marcante desta primeira fase do jornal eram as colunas locais e dos clubes. Como locais, podemos chamar de uma proposta de cobrir as práticas esportivas pelos cantos da cidade e adjacências, como as cidades de Niterói, São Gonçalo e a Ilha de Paquetá, por exemplo.

Desta forma, o jornal procurava aumentar a amplitude de sua cobertura jornalística, assim como conseguia agradar aos
leitores destas localidades, que não eram contemplados pelos demais jornais da grande imprensa da cidade.

Em relação às colunas dos clubes, não se tratava apenas de cobrir a
vida social e esportiva das principais agremiações da cidade, mas sim dos considerados pequenos também como o Olaria e o São Cristóvão (os chamados clubes de bairros).

Quando da Copa do Mundo de 1934, o jornal consagrou-se como seu principal divulgador, ao reforçar a ideia de que aquela não era uma mera disputa esportiva, mas sim uma afirmação da força do Brasil, do seu povo, a partir do futebol.

Basta folhear alguma edição antiga do jornal, para observar que ele usava um grande número de palavras de origem inglesa, como “football”, ”match” e “record”. Até o seu nome era escrito em inglês, jornal dos “Sports”.

O jornal costumava criticar a divisão no futebol carioca entre a Associação Metropolitana de Esportes Athleticos (AMEA) e a Liga Carioca de Futebol (LCF). Bulcão defendia a unificação e a adoção do profissionalismo, tese que acabou prevalecendo em 1937, com a fundação da Liga de Football do Rio de Janeiro (LFRJ).

Em outubro daquele mesmo ano o jornal foi vendido para o jornalista Mário Filho, que já era seu colaborador. Ele recebeu ajuda dos amigos Roberto Marinho, José Bastos Padilha e Arnaldo Guinle para poder comprá-lo de Argemiro Bulcão.

A partir dai Mário promoveu uma série de inovações. Além de crônicas de Vargas Neto, introduziu tiras e quadrinhos como forma de ilustrar a participação dos clubes no Campeonato Carioca de futebol.

Com a implantação definitiva do profissionalismo, passou a noticiar temas relacionados à direção dos clubes, contratação de jogadores, salários e valores dos passes.

A isso se somou o nacionalismo exacerbado pela participação brasileira na Segunda Guerra Mundial, com artigos em que os jogadores eram comparados aos soldados da Força Expedicionária Brasileira (FEB).

Logo após a guerra, em 1946, o Brasil foi escolhido pela FIFA como sede da Copa do Mundo de 1950. O compositor Ary Barroso, então vereador no Rio de Janeiro, apresentou um projeto para que fosse construído um estádio no bairro do Maracanã.

Mas a proposta não teve aceitação unânime. O então deputado federal, Carlos Lacerda, se posicionou contra, dizendo que o custo seria muito alto no local apregoado, defendendo que a construção se desse em Jacarepaguá.

Mário Filho não se deu por vencido e publicou uma série de artigos defendendo a construção do Estádio Municipal. E acabou vitorioso, com a pedra fundamental sendo lançada em 2 de agosto de 1948 e o Maracanã inaugurado em 16 de junho de 1950.

O jornalista ainda utilizou o “Jornal dos Sports” para criar competições esportivas, com destaque para os “Jogos da Primavera”, em 1947, e o “Torneio de Pelada do Aterro do Flamengo”, em 1951. E por sugestão dele nasceu o “Torneio Rio-São Paulo de Futebol”.

Foi um período áureo do jornal, que viu passarem por suas páginas nomes consagrados como José Lins do Rego e Nelson Rodrigues, irmão de Mário Filho, entre outros.

Em 1950, a derrota para o Uruguai por 2 X 1, pela Copa do Mundo, num estádio do Maracanã lotado, transformou o país em um grande velório, já que a Seleção, tida como favorita, gozava de uma admiração ufanista por parte da população brasileira.

A derrota, inclusive, refletiu na mudança de linha editorial do jornal, que passou a enfatizar menos o nacionalismo e fortalecer a visão de Mário Filho ao criar mitos para o futebol brasileiro.

No início dos anos 60, surgiu a seção “Segundo Tempo”, voltada às artes e à cultura. Assim, os cronistas esportivos ganharam a companhia de críticos do porte de José Ramos Tinhorão e Alex Viany

Depois disso, só em 22 de fevereiro de 2008, houve nova mudança no controle do "Jornal dos Sports", quando o publicitário Arnaldo Cardoso Pires assumiu a sua direção.

Em 1966, quando Mário Filho morreu de um ataque cardíaco, aos 58 anos, o jornal passou, então, para a sua viúva, Célia Rodrigues, que um ano depois, em 1967, cometeu suicídio.

E o jornal passou para as mãos do filho do casal, o jornalista Mário Júlio Rodrigues. O herdeiro já tinha alguma experiência no diário, visto que havia sido responsável pela seção “Segundo Tempo”.

Como novo dono, quis, quis fazer inovações, tendo como inspiração o “Jornal do Brasil”, que também se modificava na época, olhando para o “New Journalism” americano.

Júlio investiu na contratação de nomes consagrados como Zuenir Ventura, Reinaldo Jardim e Ana Arruda Callado. E na lista de colaboradores surgiram os cartunistas Ziraldo, Fortuna e Jaguar, além do compositor Torquato Neto.

Como a “cereja do bolo” lançou o caderno cultural “Sol”, destinado a publicar experiências de jovens jornalistas, vindos das primeiras faculdades de Comunicação Social do país, tendo se transformado meses depois, em outro jornal.

O suplemento serviu de inspiração para Caetano Veloso, no seu sucesso “Alegria, alegria”. Vejam o verso: “O sol nas bancas de revista/Me enche de alegria e preguiça/Quem lê tanta notícia/Eu vou...”

E foi no “Jornal dos Sports” que Henfil criou personagens que se tornaram mascotes das torcidas dos times cariocas, como o “Urubu”, que substituiu o marinheiro Popeye como símbolo do Flamengo, e o “Bacalhau”, novo representante do Vasco da Gama, no lugar do almirante português.

Mário Júlio Rodrigues era um boêmio inveterado e frequentador assíduo das noites cariocas. Essa vida desregrada e o alcoolismo o levaram a morte em 1972.

Todos esperavam que o jornal fosse herdado por seu filho Mário Rodrigues Neto e de sua primeira mulher, Dalila. Mas aconteceu o inesperado, o testamento deixou o jornal para a sua segunda mulher, Cacilda Fernandes de Souza.

Isso fez com que boa parte dos antigos colaboradores, deixasse o jornal. Cacilda entregou a chefia da redação para o coronel Geraldo Magalhães. E como consequência a linha editorial abandonava o apoio aos jovens. E muitos jornalistas passaram para outras publicações, como a revista “Placar”.

Como religiosa, a nova proprietária lançou um suplemento dedicado a assuntos espíritas, o “Mundo Azul”.

Cacilda não conseguiu manter o jornal e com a morte de Nelson Rodrigues, em 1980, passou a enfrentar sérias dificuldades financeiras. E acabou vendendo o “Jornal dos Sports” para à família Velloso, tradicional no ramo de redes de supermercados e drogarias, entre outros negócios, no Rio de Janeiro.

O comando do jornal foi entregue a Climério Pereira Velloso, auxiliado pelos parentes Waldemar Pereira Velloso e Venâncio Pereira Velloso. E passou a ter conteúdo político, dando grande destaque ao deputado estadual Napoleão Velloso (PMDB), também membro da família.

Entre os novos colaboradores deste período, destacou-se o Washington Rodrigues, o “Apolinho”, criador da coluna “Geraldinos e Arquibaldos”, apelidos que ele mesmo havia criado para os torcedores que frequentavam os setores da Geral e da Arquibancada do Maracanã.

Os donos do jornal gostavam de “Surf” e criaram o suplemento "Domingo é dia de Surf", o primeiro do Brasil dirigido a esse esporte. O suplemento teve a coordenação de Mauricio de Souza Coelho Neto, na época diretor geral da Associação de Surf de Peito do Rio de Janeiro (ASPERJ).

Acostumado a correr solto nas bancas de revistas do Rio de Janeiro, no fim dos anos 90, o “Jornal dos Sports” teve que enfrentar pela primeira vez na sua história, uma concorrência.

Nas bancas apareceu outro jornal esportivo, o “Lance!”, em 1997, com um conteúdo moderno, com a adoção de cores na primeira página. A queda nas vendas e as dificuldades financeiras levaram os Velloso a vender o “Jornal dos Sports”, em 2000.

Quem comprou foi o armador Omar Resende Peres Filho. Para diretor de redação levou o jornalista Milton Coelho da Graça. Mas não durou muito. Em pouco tempo passou a marca e o arquivo para os empresários Lourenço Rommel Peixoto, que também era vice-presidente do “Jornal de Brasília”, e Armando Garcia Coelho.

Os novos proprietários investiram em equipamentos e mudaram a redação da antiga sede na rua Tenente Possolo, no Centro do Rio, para a Praça da Bandeira. E outros colunistas foram contratados, com destaque para José Inácio Werneck e Marcos de Castro.

Em 2004, Peixoto e Coelho se viram envolvidos na “Operação Sanguessuga”, da Polícia Federal, que investigava denúncias de corrupção na compra de medicamentos pelo Ministério da Saúde do Brasil. Os dois chegaram a ser presos.

Enfrentando outra das tantas crises, o diário foi vendido ao empresário Wellington Rocha. Quatro anos depois, em 2008, um novo grupo de empresários, liderado por Arnaldo Cardoso Pires, assumiu o comando e transferiu mais uma vez a redação, desta vez para a Rua do Ouvidor, no Centro do Rio.

O Jornal dos Sports ainda conseguiu circular por mais dois anos sob a nova direção, até fechar definitivamente as portas em 10 de abril de 2010. (Pesquisa: Nilo Dias)


segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

O goleiro que dava show

Dizem que Hélio Ribeiro Alves, mais conhecido por “Hélio Show”, cearense de Fortaleza, onde nasceu em 21 de junho de 1950, foi o melhor goleiro da história em três clubes populares da região Nordeste: Ceará, ABC, de Natal e Treze, de Campina Grande, Paraíba.

O seu sucesso nesses três clubes acabaram por torna-lo uma figura lendária do futebol nordestino. O apelido de “Show” se deveu aos malabarismos e voos que realizava para fazer defesas, impedindo que o adversário marcasse gols.

O já falecido jornalista Souza Filho, de uma emissora potiguar, é que lhe colocou o apelido, depois dele fazer defesas quase inacreditáveis quando defendia o ABC. E também pelas tiradas de cabeça e matadas no peito. 

"Hélio Show" ainda chamou atenção não apenas pelas suas defesas e irreverência, mas também pela camisa de nº 101 que usou em alguns jogos do Campeonato Brasileiro de 1972. Hélio foi dono da incrível marca de 15 jogos sem tomar gols.

Sua atuação contra o Fluminense (0 X 0), no Maracanã, pelo Campeonato Brasileiro, também entrou para a história dos grandes goleiros que passaram pelo futebol do Ceará. A propósito, uma camisa utilizada por ele encontra-se no acervo do jornalista e historiador Severino Filho, em Teresina, Piauí.

Também ganhou a fama de catimbeiro. Costumava reclamar da arbitragem por qualquer coisa. Mas nem por isso deixou de ser idolatrado pelos torcedores. Os adeptos do Ceará, por exemplo, o consideram até hoje o melhor goleiro a vestir a camisa preta e branca.

O melhor momento da carreira de “Hélio Show” deu-se no Campeonato Brasileiro de 1972, quando era o titular absoluto da meta do “Vovô”. Naquela época ainda não existia a divisão em séries do Brasileirão, como acontece agora.

Ficou gravado na história um jogo frente o Corinthians, disputado no Estádio do Pacaembu, dia 14 de dezembro de 1972. Com certeza foi o mais importante na carreira do goleiro do Ceará. Ele próprio considera que aquela foi a sua melhor atuação em toda a carreira.

Realizou defesas sensacionais e fez de tudo para tentar evitar a derrota do seu time. No entanto, acabou sendo traído pelo destino, pois, aos 48 minutos do segundo tempo – já nos acréscimos – acabou sofrendo um gol do atacante Sicupira. E o Ceará perdeu por 1 X 0.

O lance foi curioso. Nélson Lopes cruzou da esquerda, o zagueiro Queiróz tentou desviar, Sicupira tocou e "Hélio Show" acabou se atrapalhando com a bola e a colocou para dentro.

Mesmo levando um gol em cima da hora, “Hélio Show” foi considerado o melhor jogador em campo. E graças a essa atuação foi contratado pela Portuguesa de Desportos, que foi o segundo clube na carreira do jogador. Naquele ano o Ceará ficou entre as 13 melhores equipes do Brasil, o que muito se deveu ao seu goleiro.

“Hélio Show” fez parte do time do “glorioso” cearense que se sagrou tetracampeão estadual nos anos 1970. Eseu nome figura entre outros grandes atletas que passaram pelo alvinegro, como Lula Pereira, Zé Eduardo, Sérgio Alves, Gildo, Mauro Calixto, Carneiro, Carlito, Marco Aurélio, Edmar e tantos outros.

Depois de jogar por dois na “Lusa” de São Paulo, foi contratado pelo ABC, de Natal, onde repetiu tudo que fez no Ceará, tornando-se também num dos maiores ídolos do time, ao lado do também goleiro Ribamar e de valores como Alberi, Edson, Danilo Menezes, Dequinha, Marinho Chagas e outros. No ABC conquistou os títulos de Campeão estadual de 1976 e 1978

Antes de encerrar a carreira, “Hélio Show” ainda defendeu as cores do Botafogo, da Paraíba, Ferroviário, do Ceará e América, de Natal, onde foi campeão estadual em 1987.

No Botafogo paraibano, um grande feito, a vitória cde 2 X 1 contra o Flamengo de Zico e companhia, dentro do Maracanã, na noite de 6 de março de 1980. Foi um grade feito ganhar do Flamengo, mesmo estando com três meses de salários atrasados.

As escalações daquele jogo. Botafogo-PB: Hélio – Marquinhos - Geraílton – Deca e Nonato Aires. Nicácio e Zé Eduardo. Evilásio – Magno - Soares e Getúlio. Técnico: Caiçara.

Flamengo-RJ: Raul – Carlos Alberto - Rondinelli – Nélson e Júnior. Andrade - Adílio e Tita - Zico e Carpegiani . E Reinaldo.  Técnico: Cláudio Coutinho.

O time paraibano não tínha nem reservas. O médico era o massagista. E naquela época, o Flamengo era imbatível, campeão do Mundo e campeão brasileiro. O Botafogo também ganhou do Internacional e de uma porção de times grandes.

Depois de deixar os gramados, continuou residindo na capital do Rio Grande do Norte, onde trabalha como “bugueiro”nas dunas de Jenipabu, tendo uma lojinha de aluguel de “buggys” com seu nome. É guia turístico e motorista. Diz ganhar de 500 a 600 Reais por dia.

O ex-goleiro diz sentir muita saudade de seu tempo de atletas, porque o futebol lhe fez conhecer o Brasil inteiro e jogar contra grandes craques, como Pelé, Rivellino e Zico.(Pesquisa: Nilo Dias)



sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Uma carreira tumultuada

Paul John Gascoigne, mais conhecido como Paul Gascoigne é um ex-jogador e ex-treinador inglês, nascido em Gateshead, no dia 27 de maio de 1967. Jogava como meio-campista ou meia-atacante.

Começou a carreira de jogador em equipes escolares. Depois foi para as categorias de base do Newcastle United, em 1985, que na época era treinado por Jack Charlton, campeão mundial pela Seleção Inglesa em 1966. Sua estreia foi contra o Queens Park Rangers, em abril do mesmo ano, quando tinha apenas 17 anos de idade.

Desde o inicio da carreira no Newcastle, “Gazza”, como era chamado pelos companheiros, já causava problemas extracampo, chegando a ser afastado por indisciplina durante algum tempo.

Pelo Newcastle disputou 92 jogos e marcou 21 gols. Em 1988 estava com um pé no Manchester United, mas preferiu jogar pelo Tottenham, que lhe fez uma proposta de 2 milhões de libras.
Sua partida de esteia foi justamente contra o Newcastle, seu ex-time.

Quando atuou pelo Tottenham, fez uma destacada parceria com Gary Lineker, que permaneceu no clube até 1992. Nas quatro temporadas em que vestiu a camisa do time londrino, Gascoigne fez 19 gols em 92 jogos. Em um deles, contra o Arsenal, foi eleito pela BBC o "Gol da Temporada" em 1991.

Na final da Copa da Inglaterra de 1990-1991, numa partida frente o Nottingham Forest, sofreu uma lesão no joelho ao cometer uma falta sobre o lateral-direito Gary Charles, rompendo os ligamentos.

Como não pode jogar por um ano, encerrou sua passagem pelo Tottenham e, ao final da temporada, foi contratado pela Lazio, de Roma, Itália. A lesão sofrida custou a ser curada, razão pela qual não rendeu no time italiano, o mesmo que no Tottenham. Ainda assim marcou seis gols em 46 partidas.

Em 1995 retornou à Grã-Bretanha, desta vez para atuar no Rangers, de Glasgow, na Escócia. Sua passagem pelo clube escocês foi marcada por mais escândalos. Agredia sua esposa, vivia bebendo, estava fora de forma e se lesionava frequentemente.

Chegou até a discutir com Glenn Hoddle, treinador da Seleção Inglesa na época. Mesmo assim, tornou-se ídolo do clube. Chegou até a ser ameaçado por torcedores mais radicais do Celtic, o grande rival, por conta de uma comemoração provocativa em uma “Old Firm”, quando simulou tocar uma flauta - referência à organização protestante Orange Order.

Conquistou quatro títulos pelo Rangers, dois Campeonatos nacionais, uma Copa da Liga e uma Taça da Escócia antes de voltar à Inglaterra para defender o Middlesbrough, onde marcou quatro gols em 41 jogos.

Em 2000 foi parar no Everton, onde reencontrou Walter Smith, seu ex-técnico no Rangers. Com atuações abaixo do esperado ficou pouco tempo no time: 32 partidas e somente um gol. Em 2002, assinou com o Burnley, jogando seis partidas antes de pendurar as chuteiras pela primeira vez, retomando a carreira depois da Copa de 2002.

Tornou-se comentarista esportivo, mas quase foi contratado pelo D.C. United, mas foi rejeitado pela equipe. Foi para os Estados Unidos fazer tratamento de desintoxicação, e admitiu pela primeira vez que tinha sérios problemas com o álcool.

Gascoigne retornou ao futebol em 2003, como jogador e treinador do Gansu Tianma, da China. Ficou por lá nove meses, mas não terminou de cumprir o contrato.

Depois disso treinou por seis semanas no Wolverhampton, mas não chegou a ser contratado. Sua aposentadoria definitiva como jogador foi em 2004, no Boston United, novamente como jogador e técnico.

A sua estreia como treinador deu-se em 2005, no Algarve United, clube das divisões inferiores de Portugal, e depois no Kettering Town, da quinta divisão inglesa. Nas duas oportunidades não teve sucesso.

Mesmo aposentado, “Gazza” viu sua situação pessoal piorar ainda mais. Envolveu-se novamente com o alcoolismo e até com drogas, chegando a ser internado com pneumonia, e preso por agredir um fotógrafo.

Contra sua vontade, foi detido e internado em fevereiro de 2008, sob a Lei de Saúde Mental de Inglaterra e Gales, e passou por tratamento médico. Sete meses depois, foi novamente internado, desta vez na cidade portuguesa de Faro, com suspeita de overdose.

Em 2010, Gordon Taylor, presidente da Associação de Futebolistas da Inglaterra, chegou a afirmar que Gascoigne estava em situação de pobreza, e pediu ajuda à entidade para não se tornar um sem-teto. Depois que sofreu um acidente de carro, foi novamente levado a uma clínica de reabilitação.

A história de Gascoigne pela Seleção Nacional até que foi exitosa. Jogou primeiro pelas equipes Sub-21 e B da Inglaterra. O seu primeiro jogo pelo onze principal foi em 1988, contra a Dinamarca.

Convocado por Bobby Robson para a Copa de 1990 roubou a cena na semifinal, contra a Alemanha Ocidental. Depois de disputa de bola com Thomas Berthold, foi advertido com cartão amarelo pelo árbitro brasileiro José Roberto Wright, significando que, se a Inglaterra vencesse, Gascoigne ficaria de fora da final. Ciente disso, começou a chorar compulsivamente.

O Mundial de 1990 foi o único de sua carreira - não foi convocado para a Eurocopa de 1992 por estar lesionado, e a Inglaterra não se classificou para a Copa de 1994.

Seu último torneio com o “English Team” foi a Eurocopa de 1996, onde marcou um belo gol contra a Escócia: ao receber passe de Darren Anderton, deu um chapéu em Colin Hendry e chutou forte, no ângulo do goleiro Andy Goram.

Mesmo estando longe dos planos de Glenn Hoddle, com quem chegou a discutir asperamente, ele foi peça importante na classificação inglesa para a Copa de 1998.

Foi convocado para o Torneio da França, não tendo marcado gols. Atendendo os pedidos da torcida inglesa, Hoddle chegou a pré-convocar Gascoigne para a competição. Entretanto, o temperamento explosivo do atacante e a forma física inviabilizaram suas chances de participar da Copa.

Em 10 anos de carreira internacional, Gascoigne disputou 57 jogos pela Seleção Inglesa, e marcou 10 gols.

No ano passadao Paul Gascoigne foi internado novamente em uma clínica de reabilitação para combater os problemas de alcoolismo que enfrenta há cerca de 20 anos, desde quando ainda era atleta profissional.

Acusado de racismo, apanhou em um bar de um hotel de Londres e foi parar num hospital com pequenas lesões no rosto e na cabeça. De acordo com testemunhas que estavam no hotel no momento da briga, Gascoigne aparentava estar "muito bêbado" e proferiu insultos racistas contra alguns clientes.

Vítima de alcoolismo, o ex-atleta frequentemente é internado em clínicas de reabilitação no seu país. Em 2014, ele foi detido em seu apartamento na cidade de Sandbanks sob a acusação de ter arremessado um tijolo na Van onde estava um fotógrafo.

Um ano antes, Gascoigne teve que responder formalmente por acusações de embriaguez, tumulto e agressão, já que chegou a ser preso em uma estação de trem na cidade de Stevenage (sudeste da Inglaterra) depois de tentar agredir sua ex-mulher, Sheryl, e um policial. (Pesquisa: Nilo Dias)