Boa parte de um vasto material recolhido em muitos anos de pesquisas está disponível nesta página para todos os que se interessam em conhecer o futebol e outros esportes a fundo.

sábado, 31 de outubro de 2009

Morre zagueiro remanescente da Copa de 1950

Morreu na última sexta-feira (31), aos 86 anos de idade, o ex-zagueiro Juvenal, um dos três últimos remanescentes do grupo de jogadores que formou a Seleção Brasileira que disputou e perdeu a Copa do mundo de 1950, realizada no Brasil. Os outros dois são Nilton Santos e Nena. Olavo Rodrigues Batista, o Nena, jogou pelo Internacional de Porto Alegre, Portuguesa de Desportos, de São Paulo e Seleção Brasileira. Hoje, com 86 anos e aposentado, mora em Goiânia. Nilton Santos, só jogou pelo Botafogo do Rio de Janeiro e Seleção Brasileira. Mora no Rio de Janeiro e está 88 anos. Juvenal Amarijo estava internado há 15 dias no Hospital Geral de Camaçari, região metropolitana de Salvador devido a uma artrose no joelho direito. A causa da morte ainda não foi revelada.

Juvenal nasceu na cidade gaúcha de Santa Vitória do Palmar, no dia 27 de outubro de 1923. Começou a carreira de jogador profissional no G.E. Brasil de Pelotas (RS), onde atuou entre 1943 e 1949, ano em que se transferiu para o Flamengo do Rio de Janeiro. No clube carioca jogou de 1949 a 1951. Seu primeiro jogo pelo rubro-negro foi no dia 20 de fevereiro de 1949, com uma goleada de 4 X 1 sobre o Olaria. No Flamengo ele participou de 82 partidas e marcou 1 gol.

Em 1950 disputou a Copa do Mundo, tendo jogado seis partidas. Ao sair do Flamengo defendeu o Palmeiras (1951 a 1954), Bahia (1954 a 1958) e Ypiranga (BA) (1958 a 1959), quando encerrou a carreira. Pela Seleção, ele disputou 11 partidas, a última no “Maracanazzo” de 1950. Foram oito vitórias, dois empates e apenas uma derrota, exatamente contra o Uruguai, no Maracanã.

Nos 16 anos de carreira profissional conquistou os seguintes títulos: pelo Flamengo: Troféu Embaixada Brasileira, na Guatemala (1949); Troféu El Comite Nacional Olímpico da Guatemala (1949); Palmeiras: Campeonato Paulista (1950); Copa Rio (1951); Bahia: Campeonato Baiano (1954 e 1956) Seleção Brasileira: Copa Oswaldo Cruz (1950) e Copa Roca (1950).

Mesmo tendo conquistado títulos importantes e defendido grandes clubes, Juvenal teve que carregar pelo resto da vida o peso de ter participado da maior tragédia do futebol brasileiro em todos os tempos, a derrota de 2 X 1 para o Uruguai na decisão do Mundial de 1950. Ele era titular absoluto da seleção, e ao lado do goleiro Barbosa e do lateral Bigode foi apontado como um dos culpados diretos pelo fracasso. Jamais conseguiu se livrar do fantasma de 50. A exemplo de Barbosa recebeu uma espécie de punição perpétua. Até morrer se sentiu como um eterno condenado.

Em 2007, a Rede Globo revelou o drama vivido pelo ex-jogador, que, pobre e doente se movimentava numa cadeira de rodas, morando num barraco em péssimas condições na praia do Jauá, na região litorânea de Camaçari (BA). Nem televisão tinha para ver partidas de futebol. O drama de Juvenal mobilizou várias pessoas pelo país, inclusive dirigentes do clube onde começou a jogar, o Brasil de Pelotas, que lhe garantiram todo o tipo de assistência. Ele ganhou uma TV, casa nova e recebeu tratamento médico. Mas uma ferida jamais foi cicatrizada, aquela que cortou definitivamente a alma do zagueiro naquela tarde de julho no Rio de Janeiro.

A Rede Globo promoveu no início de 2008 a ida de Juvenal ao Rio de Janeiro e ao Maracanã depois de 50 anos. No maior estádio do mundo o ex-zagueiro relembrou um dos dias mais tristes de sua carreira. Mas a emissora também lhe proporcionou um momento de grande emoção: o reencontro com a filha que ele havia abandonado na década de 1950.

Juvenal jogou numa época em que o futebol não proporcionava as grandes fortunas de hoje, mas permitia que se vivesse confortavelmente. Isso, para quem soube administrar o sucesso e o dinheiro. O ex-zagueiro da seleção, por razões que não cabem ao articulista comentar, não fez isso e morreu pobre, sozinho e numa cadeira de rodas. Ainda bem que nos últimos meses de vida conseguiu, pelo menos, recuperar a dignidade perdida. (Pesquisa: Nilo Dias)

Juvenal com a camisa do Flamengo (Foto: Flapedia)

terça-feira, 13 de outubro de 2009

O "Coxa" faz 100 anos (Final)

Inquilino do Jockey Club nos primeiros anos de existência, o Coritiba passou pelo Parque Graciosa Atlântica, no “Juvevê”, que era propriedade do associado Arthur Iwersen, antes de estabelecer-se no “Alto da Glória”, seu endereço há quase 80 anos. Em 1928, o clube fez um empréstimo na Caixa, a juros de 12% ao ano, e adquiriu por 120 contos de réis a área de 36.300 m², onde depois construiria o estádio.

Quatro anos depois estava de pé o Estádio Belfort Duarte – homenagem ao ex-jogador e dirigente do América carioca, famoso pelo jogo limpo. A obra contava com arquibancadas de madeira, e 36 refletores para iluminação. Durante 25 anos foram essas as acomodações. A inauguração oficial aconteceu no dia 20 de novembro de 1932, com a vitória do campeão paranaense sobre o América, campeão carioca, por 4 X 2.

Entre os anos de 1956 e 1963 o clube foi presidido pelo seu ex-atleta Aryon Cornelsen, que resolveu botar abaixo bóia parte do velho “Belfort Duarte”, para ampliar e modernizar o estádio. O dinheiro foi conseguido junto ao “Bolo Esportivo”, uma espécie de precursor da Loteca. As obras começaram no segundo ano do mandato. Lolô, irmão de Aryon, fez o projeto de graça e seu pai, Emílio, fiscalizou as obras. Fechado desde o início de 1958, o estádio foi reaberto no 49.º aniversário do clube. Apenas a derrota por 3 X 1 no Atle-Tiba não estava nos planos. A ampliação terminou em 1979. O Estádio não se chamava mais “Belfort Duarte”, e sim “Couto Pereira”, em homenagem ao ex-dirigente falecido em 1976.

Em função da sua origem germânica, os times do Coritiba no início de sua história eram formados basicamente por descendentes de alemães, que com suas peculiares aparências, altos, fortes e claros, eram alvos fáceis para as provocações vindas das torcidas adversárias. Em um clássico Atle-Tiba (Atlético X Coritiba), no ano de 1941, o ainda torcedor Jofre Cabral e Silva - que depois se tornaria presidente do time da Baixada -, exaltado ao extremo pelo fato do seu time estar perdendo, começou a gritar com o zagueiro Hans Breyer, chamando-o de “quinta-coluna”. Ao perceber que Breyer não lhe dava ouvidos, Jofre Cabral mudou o tom e passou a chamá-lo, incessantemente de “Coxa-Branca! Coxa-Branca!”.

Hans Egon Breyener era um alemão de Düsseldorf, que chegou aos seis anos de idade ao Paraná, fugindo da primeira grande guerra mundial e se tornou zagueiro do Coritiba no início dos anos 40. Naqueles tempos de guerra, ser alemão, italiano e japonês era sinônimo de traidor. O apelido pegou. Mas o Coritiba venceu o Atlético nas finais do estadual e foi campeão. Breyner, profundamente entristecido com o episódio, retirou-se dos gramados. E a expressão “Coxa Branca” só foi reabilitada em 1969. Gritada nas arquibancadas do então Estádio Belfort Duarte.

O apelido acabou pegando e o que era para se transformar numa afronta, virou motivo de orgulho para a fiel torcida “Coxa”. Com o passar do tempo, o termo foi assimilado pela torcida coritibana e a expressão “Coxa” virou sinônimo do amor da galera. Tanto que se tornou hino: aos gritos de “Coxa eu te amo!”, a torcida saúda seu time nos momentos difíceis, algo que já se transformou em cultura dos torcedores alviverdes.

Em 1969 o Coritiba realizou a primeira excursão de um clube paranaense à Europa, se apresentando em gramados da Alemanha, Áustria, França, Bulgária, Holanda, Bélgica e Espanha. Os resultados dos jogos foram estes: Coritiba 1 X 1 Hamburgo (Alemanha); Coritiba 2 X 1 Colônia (Alemanha); Coritiba 0 X 0 Borússia Dortmund (Alemanha); Coritiba 1 X 5 Áustria Viena (Àustria); Coritiba 1 X 0 Saint Etienne (França); Coritiba 2 X 2 Red Star (França); Coritiba 2 X 5 Levski (Bulgária); Coritiba 0 X 0 Bordeaux (França); Coritiba 1 X 1 Feyenoord (Holanda); Coritiba 2 X 5 Anderletch (Bélgica); Coritiba 1 X 2 (Espanha) e Coritiba 5 X 2 Valência (Espanha). Foram disputadas 12 partidas, com um saldo de cinco empates, três vitórias e quatro derrotas, 18 gols pró e 25 contra.

A rádio clube (PRB-2) acompanhou o clube, efetuando as transmissões com a narração de Ney Costa e comentários de Vinícius Coelho. O time-base do Coritiba na excursão foi Joel Mendes – Modesto – Roderley - Nico e Nilo - Paulo Vecchio e Rinaldo (Lucas) – Passarinho – Krüger - Kosileck e Edson. Além destes, também participaram Célio, Marinho, Rossi, Oldack, Oromar e Antoninho.O jogador Passarinho anotou o primeiro gol do Coritiba na excursão. O artilheiro foi Kosileck, com oito gols

Ao início de 1971 a Seleção Francesa realizou uma excursão pela América do Sul, quando enfrentou o Coritiba em histórico jogo, disputado no dia 18 de janeiro, no Estádio Couto Pereira. O time brasileiro venceu por 2 X 1, gols de Lech (França)aos 42 minutos, Peixinho aos 44 e Hermes aos 74 para o Coritiba. A renda somou Cr$ 113.932,00. O árbitro foi Armando Marques. Na preliminar Atlético Paranaense e Ferroviário, empataram em 1 X 1.

O Coritiba jogou com Célio – Hermes – Nico - Terto (Cláudio) e Nilo - Hidalgo (Bidon) e Lucas - Peixinho (Marcos) – Leocádio - Kruger (Hélio Pires) e Rinaldo. A Seleção da França com Marcel – Lemére – Bosquier - Djorkaeff e Rostagni - Mezi e Michel – Lech - Revelli (Molitor) - Loubet (Floch) (Herbé) e Beretta.

O maior título da história do Coritiba foi o de campeão brasileiro em 1985, sob o comando de Ênio Andrade. No Coritiba, armou uma equipe muito forte na marcação, com um futebol de resultados, classificando-se em primeiro lugar num grupo que tinha Corinthians, Joinville e Sport. Nas semifinais, o Coritiba eliminou o Atlético Mineiro em pleno Mineirão lotado. Depois de haver vencido por 1 X 0 no Couto Pereira, garantiu a vaga empatando em 0 X 0, em Belo Horizonte.

A decisão do título se deu em partida única no Maracanã. O Coritiba marcou primeiro com Índio cobrando falta. O Bangu, empatou aos 35 minutos com um gol do meia Lulinha. O jogo terminou em 1 X 1 e foi preciso uma prorrogação, que terminou sem gols. A decisão foi para as penalidades. Já era madrugada de primeiro de agosto. O Coritiba fazia um gol e o Bangu empatava até terminar a série em 5 X 5. Foi quando o ponta-esquerda banguense Ado chutou para fora. Gomes, cobrou bem e deu o título inédito ao Coritiba. O Maracanã aplaudiu de pé o primeiro Campeão Brasileiro da Nova República.

Outros títulos. Campeonatos estaduais: (1916, 1927, 1931, 1933, 1935, 1939, 1941, 1942, 1946, 1947, 1951, 1952, 1954, 1956, 1957, 1959, 1960, 1968, 1969, 1971, 1972, 1973, 1974, 1975, 1976, 1978, 1979, 1986, 1989, 1999, 2003 e 2004). Torneio do Povo, que foi disputado contra Flamengo, Internacional, Corinthians, Atlético Mineiro e Bahia (1973).

Após três anos na segunda divisão, o Coritiba retornou à elite do futebol brasileiro, em 1984, sendo eliminado nas quartas-de-finais, pelo então campeão Fluminense. Era apenas um aperitivo do que aconteceria no ano seguinte. No dia 31 de julho de 1985, após um empate em 1 a 1 com o Bangu, em pleno Maracanã, o Coritiba se sagrou campeão brasileiro, na disputa por pênaltis.

Em 1986, o Coritiba disputou a Copa Libertadores, mas o time foi eliminado ainda na primeira fase. No final da década de 80, mais precisamente em 1989, o hino popular, conhecido como "Coritiba Eterno Campeão", foi adotado pela torcida e cantado até hoje. Porém, neste mesmo ano a equipe se recusou a enfrentar o Santos e foi rebaixado no Campeonato Brasileiro, chegando à terceira divisão e retornando em 1993, mas caindo na mesma temporada e só voltando à elite em 1996.

A década de 90 foi ruim para o “Coxa”. Os títulos só retornaram em 1997, no Festival do Futebol Brasileiro, com uma vitória nos pênaltis, no Couto Pereira, sobre o Botafogo e o Paranaense de 1999, em cima do Paraná, após dez anos.

Os anos 2000 tiveram seus altos e baixos. Veio a conquista do bi-campeonato estadual, em 2003 e 2004, a volta à Libertadores, também em 2004, onde mais uma vez foi eliminado na primeira fase. Mas também ocorreu mais um rebaixamento no Brasileirão, em 2005. O acesso veio em 2007, com o título obtido no último minuto, e o 33º estadual em 2008, em cima do rival Atlético Paranaense.

Regino Réboli, 93 anos, é o mais antigo jogador vivo na história do clube. Ele jogou na década de 30 e era conhecido por “Hygino”. Foi campeão do Torneio Inicio em 1930 e 1932 e do Campeonato . Hygino participou do Coritiba quando foi campeão do Torneio Início em 1930 e 1932, dos campeonatos da cidade e do Estado em 1931 e do Torneio dos Cronistas Esportivos em 1932.

No mesmo ano foi inaugurado em 19 de novembro o estádio Belfort Duarte e lá estava Regino Réboli, pai de Homero Luiz Réboli, arquiteto e compositor, co-autor do Hino Oficial do Coritiba F. C. Paranaense. Réboli foi homenageado pela diretoria do “Coxa” neste ano de 2009. (Pesquisa: Nilo Dias)
Excursão a Europa em 1969. (Foto: Acervo do Coritiba F.C.)

COMENTÁRIOS DE LEITORES

MUSICA FUTEBOL CLUBE ! A VOZ DAS ARQUIBANCADAS. disse...
Caro pesquisador Nilo Dias
O BLOG www.musicadogol.blogspot.com está fazendo uma homenagem ao município de Bagé, bem como aos bageenses.
Fica a sugestão ao GRANDE Nilo.
José Leonardo Guerra Maranhão Bezerra( Natal-Rio Grande do Norte )
29 de outubro de 2009 12:47

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

O "Coxa" faz 100 anos (1)

A data de hoje marca os 100 anos de fundação do Coritiba Futebol Clube, uma das mais tradicionais e simpáticas agremiações esportivas do Brasil. A história do alviverde curitibano começou quando o jovem Frederico Fernando Essenfelder, o “Fritz”, que residira um tempo em Pelotas, no Rio Grande do Sul, trouxe para Curitiba a primeira bola de futebol. Como não poderia deixar de ser, a novidade provocou grande curiosidade, principalmente na juventude local, que ouvira falar da criação de um clube voltado para a prática do novo esporte, na cidade gaúcha de Rio Grande.

Entusiasmados com a idéia de ter seu próprio clube, um grupo de desportistas, na maioria descendentes de alemães reuniu-se no antigo Clube Ginástico Turverein, mais tarde Teuto Brasileiro, no dia 12 de outubro de 1909, para a concretização do sonho. Estiveram presentes a reunião João Viana Seiler, Leopoldo Obladen, Carlos Schelenker, Arthur Iwersen, Arthur Hauer, (que levou toda a família), Walter Dietrich, Roberto Isckch, Rodolpho Kastrup e muitos outros. Junto a eles, um brasileiro autêntico, José Júlio Franco, que mais tarde formou com Seiler e Obladen, um trio decisivo a implantação do clube.

Logo após a fundação, os adeptos do futebol tiveram que enfrentar um problema: onde praticar o novo esporte, já que alguns influentes associados do Clube Ginástico Turverein, não viam com bons olhos aquele movimento dentro da entidade. Isso obrigou os jovens futebolistas a conseguirem uma área entre as ruas João Negrão e Marechal Floriano, atrás do quartel da Polícia Militar, onde passaram a praticar o futebol e tomar conhecimento de suas regras e determinações.

Na cidade interiorana de Ponta Grossa também era fundado um clube voltado para a prática do futebol, o “Club de Foot-Ball Tiro de Guerra Pontagrossense, formado por jovens que freqüentavam o Tiro de Guerra 21 e ingleses que eram funcionários da companhia “American Brasilian Engeneering Co”, encarregada de instalar a via férrea em território paranaense. Com a chegada do inglês Charles Wright, que trouxe na bagagem uma bola de couro número cinco, o novo esporte foi introduzido na cidade.

Não demorou para que os curitibanos fossem convidados para um jogo em Ponta Grossa, que se realizou no dia 23 de Outubro de 1909. A delegação curitibana que viajou de trem até Ponta Grossa, era composta por 15 “foot ballrs” e cerca de 20 sócios, além de convidados, entre eles os jornalistas, Luis Schelenker, do “Der Beobaether”, órgão da colônia germânica de Curitiba, e Aldo Silva, do “Diário da Tarde”.

Na chegada da Ponta Grossa, na estação ferroviária estavam alinhados os sócios do Foot Ball Clube Pontagrossense, praças do batalhão de Caçadores do Ponta Grossa e uma enorme multidão, sendo a comitiva re¬¬cebida sob calorosos vivas e ao som da Banda Lyra dos Cam¬¬pos. Após um “lunch” no Hotel Pa¬¬lermo, a comitiva seguiu para o “ground” ao lado do cemitério. Com um atraso de cinco minutos começou o match. O time de Ponta Grossa, já com a quase seis meses de treinamentos, venceu por 1 X 0, gol do inglês Charles Wright.

O onze do Turverein entrou em campo com: Arthur Hauer - A. Labsch e Walter Dietrich - Arthur Iwersen - Roberto Iusksch e Theodoro Obladen - Rodolpho Kastrup – Maschke - Leopoldo Obladen - Carlos Schlenker e Fritz Essenfelder. O Tiro de Guerra jogou com Ayres - Frederico e Debu - Charles Wright - Joca e Maravalhas - J. Dawes – Monteiro - Silva Jardim - Flávio Guimarães e Salvador. O juiz foi o desportista pontagrossense Flygare.

Após o jogo foi oferecido um lauto banquete aos visitantes. Naqueles tempos havia muita cortesia entre os degladiantes. O presidente do Turverein, Frederico Rummert, ao dar um brinde aos anfitriões, disse. “E sem que tenha havido entre nós vencedores ou vencidos, mas sim soldados que labutam pelo desenvolvimento físico e com este o intelectual da mocidade paranaense, vos aperto a mão amiga em nome de cada um dos nossos companheiros reconhecidos e gratos.”

No retorno a Curitiba, aconteceu uma deliberação histórica: João Viana Seiler, o grande líder grupo, inconformado com a discriminação existente no Turnverein, lançou a idéia da fundação de um novo clube. As reuniões passaram a ser realizadas no Teatro Hauer, na esquina das ruas 13 de Maio e Mateus Leme. Um mês depois, mais de 60 pessoas estavam integradas ao movimento.

No dia 30 de janeiro de 1910, foi fundado o Coritybano Foot Ball Club sendo eleito seu primeiro presidente e também patrono, o desportista João Viana Seiler. Como vice-presidente, Arthur Hauer; primeiro secretário José Júlio Franco: segundo secretário, Leopoldo Obladen; primeiro tesoureiro, Walter Dietrich; segundo tesoureiro, Alvim Hauer e capitão Fritz Essenfelder. No discurso de posse, Seiler sugeriu que a data oficial de fundação fosse 12 de outubro de 1909. As cores adotadas para o uniforme do clube foram o verde e o branco, referência às da bandeira do Estado.

Faltava agora apenas um campo para jogar, problema que foi resolvido quando os fundadores conseguiram autorização para usar uma área do Jóckey Club Paranaense, no bairro Prado velho, onde hoje se localiza o Campus 1 da Pontifícia Universidade Católica (PUCPR). A área foi reformada com obras de terraplanagem, gramado e construção de cercas de arame. Para chegar ao campo, que ficava longe do centro da cidade, os torcedores precisavam pegar bondes puxados por burros.

O clube jogou ali até 1916, quando passou a mandar seus jogos no Parque Graciosa. A idéia geral foi inaugurar o novo campo num jogo contra o time de Ponta Grossa, para retribuir a recepção magnífica que tiveram na primeira partida.

Também em Ponta Grossa aconteceram novidades. Agora o time se chamava Ponta Grossa Foot Ball Club. No dia 12 de junho de 1910, se realizou a primeira partida de futebol em Curitiba. Foi organizada uma grande festa que durou três dias. Desta vez o onze da capital não teve dificuldades em vencer o adversário por 5 X 3. A partir daí, vários amistosos foram disputados entre as duas equipes, que procuravam difundir a prática do futebol no Estado. Não havia campeonatos, apenas torneios de curtos períodos.

O nome Coritybano durou pouco. Em 21 de Abril de 1910, cerca de seis meses depois, para não fazer confusão com o já existente Clube Curitybano, a denominação mudou para Coritiba Foot Ball Club. O nome da cidade se grafava Curityba, com o y depois do t, que era um nome tupi-guarani, significando “muito pinhão”. Numa das reformas ortográficas, a cidade passou a ser grafada como Coritiba. E veio uma nova reforma, passando a ser Curitiba, mas o clube, já com o nome consagrado, preferiu ignorar a mudança.

Como não existiam outros clubes para a disputa de campeonatos, os dirigentes do Coritiba resolveram dividir o clube, cedendo vários jogadores para que fosse formada uma outra equipe, surgindo assim o Internacional, que foi o primeiro campeão paranaense, em 1915. Em 1924 foi extinto, ao fundir-se com o América, dando origem ao Clube Atlético Paranaense. O Campeonato foi realizado pela Liga Sportiva Paranaense (LSP), e disputado por Coritiba, Internacional, América, Paraná, Paranaguá e Rio Branco (Paranaguá).

O título do Internacional em 1915 foi contestado por um jogador do América, o que provocou a desfiliação de vários clubes da LSP. O América e outros clubes criaram uma nova entidade, a Associação Paranaense de Sports Athléticos (APSA), formada por Coritiba, Savóia, América, Palmeiras, Spartano, Paraná e Rio Branco. N LSP estavam Britânia, Bela Vista, Internacional, América de Paranaguá, Americano e Pinheiros.

Em 1916 dois campeonatos foram realizados separadamente, mas no final do ano as duas associações se juntaram formando a Associação Sportiva Paranaense (ASP). Ficou decidido que o campeão sairia de uma decisão entre os campeões das duas ligas: Coritiba e Britânia. Na primeira, o Coritiba foi vencedor. Na segunda, o Britãnia ganhou. No dia 21 de janeiro de 1917, o Coritiba venceu ao Britânia por 2 X 1 e foi proclamado campeão do Paraná. Em 1939 a Federação Paranaense de Futebol (FPF), passou a comandar o futebol no Estado. (Pesquisa: Nilo Dias)

(Foto: Acervo histórico do Coritiba F.C.)

COMENTÁRIOS DE LEITORES

Cristina disse...
Meu bisavô José Julio Franco deve ter ficado muito triste, lá onde Deus o tenha, com a violência e desrespeito que a pseudo torcida recebeu o Fluminense neste final de 2009. Lamentável, uma mancha na história que meu antepassado ajudou a construir.
Cristina de Oliveira Franco.
14 de dezembro de 2009 18:10