Boa parte de um vasto material recolhido em muitos anos de pesquisas está disponível nesta página para todos os que se interessam em conhecer o futebol e outros esportes a fundo.

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Times que ficaram só na lembrança

Nos primórdios do futebol do Rio de Janeiro havia clubes que permanecem quase no esquecimento até hoje, embora tivessem alguns deles até participado de campeonatos cariocas. É o caso do Football & Athletic Club, nascido em 27 de junho de 1904, que depois passou a se chamar Associação Athletica Internacional.

Seus fundadores foram moradores das redondezas do Engenho Velho e Andaraí, onde ficava sua sede. O campo se situava na Rua Campos Sales, na Tijuca, motivo pelo qual é muitas vezes citado como sendo deste bairro. A primeira Diretoria teve como Presidente: Claudino Reis; Procurador: Arthur Irineu de Souza; Thesoureiro: Joaquim José de Almeida Coutinho e Secretário: Oscar Fagundes.

Suas cores eram o vermelho e o branco. O uniforme tinha camisas vermelhas com o monograma F.A.C. em branco no peito e calções brancos. A bandeira era listrada em vermelho e branco na horizontal com o monograma no quadrante superior esquerdo em vermelho, em estilo semelhante à bandeira dos Estados Unidos.

Sabe-se que certa ocasião o time teve que usar um uniforme tricolor, verde, branco e vermelho, em partida amistosa contra o Bangu, devido a semelhanças das cores. Depois de vencer um grande número de amistosos, o clube tornou-se uma das mais fortes equipes da cidade, angariando grande número de sócios na Zona Norte.

O Football & Athletic Club foi um dos fundadores da Liga Metropolitana de Futebol, ao lado de Fluminense, Botafogo, Bangu, Paysandu e Rio Cricket. A entidade organizou o primeiro Campeonato Carioca de 1906. O Fluminense foi campeão e o Athletic o último colocado.

Em 21 de novembro de 1906 mudou o nome para Associação Athletica Internacional. Em 1907, também disputou o campeonato e ficou na terceira colocação, junto do Paysandu. A Internacional ainda seguiu disputando alguns poucos amistosos, até o seu fim definitivo, nos idos de 1912.

O livro “Campeonato carioca: 1902-1996”, de Roberto Assaf e Clóvis Martins cita de forma errada o surgimento do Football and Athletic como sendo de 1903; mas o clube foi fundado em 1904, conforme fontes da época como o “Jornal do Brasil”, “Jornal do Commercio” e “O Imparcial”.

Teve também o Rio Cricket, que foi um dos protagonistas da primeira partida oficial de futebol disputada no Rio de Janeiro e participante das primeiras edições do Estadual de Futebol. A exemplo do Football & Athletic Club, foi um dos fundadores da Liga Metropolitana de Football, e disputou a primeira edição da competição, que reuniu Fluminense, Botafogo, Bangu, Football Atlhetic, Payssandu.

O Rio Cricket foi o único representante de fora do Rio e as instalações do campo de futebol da região que se chamava Praia Grande, foram usadas não apenas para o mando de campo do clube, mas também para outros jogos do campeonato. O campo do Fluminense, nas Laranjeiras, foi a outra sede.

Dois grandes feitos do Rio Cricket no certame de 1906: impor ao Fluminense, campeão, sua única derrota, por 3 X 1. E um resultado histórico ao golear o Botafogo por 6 X 0, em partida realizada no campo da Rua da Constituição, no Bairro de Icaraí, em Niterói. O clube foi terceiro colocado. Até 1913, o Rio Cricket manteve-se em posições intermediárias nas edições subsequentes do campeonato.

Em 1914, com o advento da Primeira Guerra Mundial, o clube perdeu jogadores e associados, recrutados para defenderem os ingleses no conflito. Em razão disso acabou na lanterna do certame. Terminou se licenciando do Campeonato Carioca, participando dai em diante somente de competições em Niterói.

O Rio Cricket participou do primeiro amistoso internacional, contra a Seleção Argentina, em 1908. A equipe “porteña” foi jogar em São Paulo, e os diretores do clube conseguiram convencê-los a incluir o Rio de Janeiro no roteiro, em troca do pagamento de despesas no Hotel Avenida e das passagens de retorno a Buenos Aires.

O jogo teve até o aval do Ministro de Assuntos Estrangeiros, José Maria da Silva Paranhos Júnior, o “Barão do Rio Branco”, que contribuiu com 10 Contos de Réis. Cerca de duas mil pessoas, em média assistiram cada uma das três partidas, realizadas no mês de junho no campo do Fluminense, nas Laranjeiras.

Para não arriscar ser goleado, o Rio Cricket mandou a campo um combinado, composto por atletas de outras equipes. Mas não adiantou muito. No primeiro jogo, até que o placar foi razoável: 3 X 2 para os argentinos. Mas nas outras partidas, os brasileiros sofreram duas goleadas, por 7 X 0 e por 3 X 0.

Hoje o Rio Cricket ainda existe, tendo somente 500 sócios e não possui dívidas. Sua sede fica em uma área muito valorizada na cidade, em Icaraí. Atualmente, existe uma “fila” de 80 pessoas aguardando pela compra do título. E quando aparece uma vaga, o interessado precisa comprovar poder aquisitivo para mantê-lo.

O clube não participa de campeonatos profissionais. Mantém uma escolinha de futebol, que treina e joga no bem cuidado gramado. Foi ali que surgiu um dos grandes valores do futebol brasileiro em todos os tempos, Leonardo Nascimento de Araújo, ou apenas Leonardo.

Ele chegou na escolinha quando tinha 13 anos de idade. Era muito franzino, o que lhe valeu o apelido de “Ratinho”. Da escolinha foi para o Vasco da Gama, onde ficou por pouco tempo, até se transferir para o Flamengo, clube que o projetou em âmbito nacional.

O apogeu da carreira veio no ano de 1994, quando sagrou-se campeão mundial pela Seleção Brasileira na Copa dos Estados Unidos. O craque ainda jogou pelo São Paulo, Valência, Paris Saint German, Milan e Kashima Antlers, onde ocupou o lugar de Zico.

Atualmente, é diretor de futebol da equipe francesa do Paris Saint German e mantém, junto com o também ex-jogador Raí, a “Fundação Gol de Letra” Em 1998, ganhou placa comemorativa do Rio Cricket, do qual continua sócio.

Nas décadas de 1910 e 1920, se contava no subúrbio carioca mais de 50 times de futebol, distribuídos na primeira e segunda divisão, além do Departamento Autônomo, que equivaleria nos dias de hoje, à terceira divisão.

Os estádios eram pequenos, tendo na sua maioria apenas um cercado de madeira e alguns degraus de arquibancadas. A média de público nesses lugares acanhados era de apenas 20 torcedores por jogo. Esse número de espectadores começou a aumentar a partir da década de 1910.

A bola não era como hoje, fabricada com toda a tecnologia existente. Naqueles duros tempos ela era pesada, feita de couro. Igualmente as chuteiras. Os jogadores não recebiam salários. Por isso, boa parte da sociedade elitista da época, classificava os jogadores, como pessoas desocupadas e vagabundas.

Nos 109 anos de história do Campeonato Carioca, muitos foram os clubes que dele participaram. Eis alguns: Sport Clube Brasil, time do Bairro da Urca que disputou nove cariocas; Vila Isabel, homônimo do mesmo bairro, que disputou nove campeonatos; o Carioca, time do Jardim Botânico, que disputou sete cariocas. Mandava seus jogos na Rua Dona Castorina; Sírio e Libanez, time de Botafogo que  participou de quatro estaduais; Mavílis F.C., do Bairro do Caju, que esteve presente em dois cariocas, entre outros.

O elevado número de clubes começou a diminuir a partir da década de 1930, quando a Federação de Futebol do Rio estabeleceu que todos os times teriam de ter estádio próprio, para poderem disputar o Estadual. Como mais de 80% dos times suburbanos não tinham, fecharam as portas.

Entre os clubes que desapareceram nessa época estavam: Andarahy Athletico Club, fundado no dia 9 de novembro de 1909. O seu uniforme tinha às cores verde e branco. Durante a história, o clube alternou dois modelos de uniformes: camisa inteiramente verde e calções brancos e camisa listrada na vertical alviverde e calções brancos.

Se localizava na Rua Barão de São Francisco, no bairro de Vila Isabel, na Zona Norte da cidade. O Estádio era chamado de “Barão de São Francisco”, também conhecido como rua Prefeito Serzedello Correia. 

Pertenceu ao clube até 1962. Nesse ano, foi vendido por CR$ 60 milhões ao América, que passou a chamá-lo de "Estádio Wolney Braune". Nos anos 90, o América vendeu o estádio que atualmente é o Shopping Iguatemi, em Vila Isabel.

Ao todo, o Andarahy disputou 20 campeonatos estaduais, sendo o último em 1937. A sua melhor colocação ocorreu em 1924, quando ficou com o 4o lugar, atrás de Vasco da Gama, Engenho de Dentro e Bonsucesso.

Confiança Atlético Clube, fundado em 26 de abril de 1915. Era um clube do Andaraí, bairro da Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, localizado à rua Silva Teles, que pertenceu à antiga fábrica de tecidos de mesmo nome.

O quadricolor, verde, preto, vermelho e amarelo, disputou dois campeonatos cariocas: 1924 e 1933, em ambos, terminando na quinta posição. Na primeira, a equipe obteve cinco vitórias, quatro empates e cinco derrotas. Na segunda, foram cinco vitórias, sete empates e seis derrotas.

Nos anos 1960 e 1970 passou a disputar o campeonato amador do Departamento Autônomo da Federação de Futebol do Rio de Janeiro. Em 1990, passou para a terceira divisão de profissionais e no ano seguinte disputou a segunda divisão, porque a verdadeira segundona passou a se chamar intermediária, e, portanto, a terceira virou segunda.

Em 1993, o seu registro na federação deu lugar ao do Barra da Tijuca Futebol Clube numa fusão articulada para que este entrasse direto na segunda divisão, sem precisar disputar a terceira. Durante a década de 90, o clube se extinguiu e parte da sua sede foi incorporada à quadra da escola de samba Acadêmicos do Salgueiro, e o restante ao Boulevard Shopping, lateral à rua Maxwell.

Sport Club Mangueira, fundado por operários da fábrica “Chapéus Mangueira”, no dia 29 de julho de 1906. O rubro-negro tijucano atuou na rua Desembargador Isidro, 72. Nos dias de hoje, o local onde ficava o estádio abrange parte do clube Tijuca Tênis Clube. Ao todo, o S.C. Mangueira participou de oito campeonatos, 1909, 1912, 1913, e de 1917 até 1921.

No dia 30 de maio de 1909, no campo da Rua Voluntários da Pátria, o Mangueira sofreu a sua pior humilhação, que ironicamente colocou o time no "Livro dos Recordes": Botafogo 24 X 0, sendo a maior goleada em campeonatos regionais, de todos os tempos.

O uniforme do S.C. Mangueira era camisa listrada na vertical vermelha e preta e calções brancos. A melhor colocação aconteceu em 1913 e 1917, quando terminou em oitavo lugar, dentre 10 participantes. Após uma seqüência de insucessos, o Mangueira decidiu abandonar a competição em 1921.

Paissandu Athletic Club – Fundado em 15 de agosto de 1872, na rua Payssandu. Está intimamente ligado ao futebol, uma vez que o filho de um Inglês, Oscar Cox, em 1902, deu vida ao primeiro dos times de futebol do Rio e do Brasil, o Fluminense.

Em 1912, o Paissandu surpreendeu a todos vencendo o Campeonato Estadual. Na última rodada, derrotou o Fluminense, por 4 X 2, nas Laranjeiras. Mais tarde, o mesmo Paissandu passou o campo para Flamengo, antes de sua mudança definitiva para o estádio da Gávea.

No total, o time paissanduano disputou sete campeonatos (1906 a 08, 11 até 14). Em 1906, ficou com o vice-campeonato atrás apenas do Fluminense.

Carioca Football Club – O “Club Sportivo Victorioso” foi fundado em 16 de Março de 1907. Depois mudou de nome para ‘Carioca Football Club’. Na década de 30, fundiu-se com o "Gávea Sport Club" e ficou com o nome definitivo de Carioca Esporte Clube. Seu Estádio da Estrada Dona Castorina ficava no Bairro do Jardim Botânico.

Mavílis Football Club – O Mavílis Football Club, fundado no dia 23 de setembro de 1915, era um clube do Caju, bairro da Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro. O clube disputou os campeonatos de 1933 e 1934, e extinguiu-se na década de 70. O rubro-anil do Caju mandava os seus jogos no "Estádio Praia do Retiro Saudoso", na Rua Carlos Seidl, no Bairro do Caju.

O maior momento da história do Mavílis aconteceu em 1934, quando terminou como vice-campeão do Campeonato Carioca da Associação Metropolitana de Esportes Atléticos (AMEA). 

O Mavílis, inclusive, venceu o Botafogo, que foi o campeão, por 2 X 0 (Gols de Honório e Chavão, ambos no segundo tempo), em casa, no dia 22 de julho de 1934. No final foram nove pontos em oito jogos; com quatro vitórias, um empate e três derrotas; marcando 24 gols e sofrendo 21.

O seu uniforme tinha camisa vermelha, com gola azul, calção branco e meias azuis. Sendo que o segundo uniforme trazia a camisa branca com duas listras em horizontal, uma azul e outra vermelha. O branco não fazia parte das cores do clube.

Um fato curioso é que o nome Mavílis vinha das iniciais de Manuel Vicente Lisboa, um dos diretores da "Companhia América Fabril" e grande incentivador do esporte entre os funcionários da fábrica, que resolveram homenageá-lo no nome do clube.

Villa Isabel Football Club – O Villa Isabel Football Club foi fundado no dia 2 de maio de 1912. Sua sede estava localizada no bairro homônimo de Vila Isabel, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Dos oito campeonatos cariocas, a melhor colocação aconteceu em 1919 e 1927, quando terminou em sétimo lugar.

Preta e branca eram as cores do Villa Isabel, que utilizou dois uniformes distintos em sua história. O primeiro, todo branco, tinha uma bola de futebol com as iniciais V.I.F.C. (Villa Isabel Football Club) no centro da camisa, com raios negros saindo desta e, por conta disso, o clube era conhecido como o "Raio de Sol". Na década de 20, o clube alterou seu uniforme para camisa preta com finas listras verticais brancas, calções brancos e meias pretas.

O Sampaio jamais participou de um campeonato carioca. Apesar de ter um bom estádio, a equipe competiu apenas no Departamento Autônomo, o que equivale aos dias de hoje, como o Campeonato Carioca da Segunda Divisão.  – O Sampaio jamais participou de um campeonato carioca. Apesar de ter um bom estádio, a equipe competiu apenas no Departamento Autônomo, o que equivale aos dias de hoje, como o Campeonato Carioca da Segunda Divisão. 

A inauguração do estádio Florêncio aconteceu em 20 de janeiro de 1938, na Rua Antunes Garcia, no Florêncio - hoje chamado de bairro do Sampaio, transversal à Avenida Marechal Rondon - em homenagem à família que era dona de uma grande área da região.

Após muitos anos abandonado e servindo apenas como campo de pelada da molecada da favela da Matriz, o estádio foi apropriado pela SUDERJ, recebendo o nome de Vila Olimpica do Sampaio. Lá, hoje em dia,são realizados serviços sociais destinados aos moradores próximos. A Vila Olímpica,além da prática de esportes, também oferece atendimentos ligados a área da saúde e algumas outras atividades culturais. (Pesquisa: Nilo Dias)

Jogadores do Rio Cricket e do Fluminense posam para foto antes da realização de partida do primeiro turno, do Campeonato Carioca de 1906,  no campo de Niterói. (Foto: Reprodução)

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

A morte de "Vivinho"

Morreu ontem, domingo, no Rio de Janeiro, onde morava, o ex-jogador “Vivinho”, Ídolo do Vasco da Gama nos anos 80. Ele sofreu uma embolia pulmonar, que resultou em três paradas cardiorrespiratórias, no final da manhã e não resistiu. Chegou a ser levado ao Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, Zona Norte,onde morreu.

Segundo nota da Secretaria Estadual de Saúde, “Vivinho” foi internado às 9h08min, com quadro grave de parada respiratória e morreu às 10h20min.

Há duas semanas ele havia sofrido afundamento da face e fraturado o nariz, depois de se chocar com o goleiro do Flamengo carioca, em um jogo de “masters”, em Belém do Pará e teve de passar por uma cirurgia no Norte do país, para depois retornar ao Rio.

Segundo seu filho Welver, “Vivinho” teria caído de uma escada após sofrer um mal súbito, em decorrência dessa cirurgia. Ele jogava na equipe vascaína da categoria “masters”, para ganhar algum dinheiro extra.

O ex-jogador entrou para a história do futebol ao marcar um gol espetacular num jogo contra a Portuguesa de Desportos, pelo Campeonato Brasileiro de 1988.

Ele deu três “chapéus” seguidos em “Capitão”, jogador do time luso e marcou um golaço, que lhe valeu uma placa no Estádio de São Januário. O Vasco da Gama publicou hoje nas redes sociais, o vídeo do gol histórico marcado por “Vivinho”.

Também foi dele a autoria do gol mais importante da história do Uberlândia Esporte Clube (UEC), que deu o título de campeão brasileiro da Segunda Divisão (Taça de Prata – 1984) para o “Verdão” mineiro, em partida realizada contra o Remo no Estádio “Parque do Sabiá”.

Welves Dias Marcelino, seu nome verdadeiro, nasceu em Uberlândia, no “Triângulo Mineiro”, no dia 10 de março de 1961. Começou a carreira no time da sua cidade, no qual jogou entre 1982 e 1986.

No Vasco da Gama ficou até 1990. Foi vestindo a camisa vascaína que conheceu os melhores momentos de sua carreira. Venceu o Brasileirão de 1989 e o Carioca de 1988.

Suas grandes atuações renderem convocações para a seleção brasileira. Foram quatro jogos e um gol com a camisa do time nacional, todos em 1989.

No Vasco, “Vivinho” fez parte de uma geração recheada de talentos, como Geovani, Mazinho, Bismark, Sorato e Romário. O ex-jogador também ficou marcado por algumas aventuras extracampo, mas depois entrou para igreja e chegou a virar pastor recentemente.

Defendeu, ainda, Botafogo (Rio de Janeiro), Atlético Paranaense, Goiás, Fortaleza, novamente Uberlândia e encerrando a carreira na Cabofriense, de Cabo Frio (RJ) em 1997.

O ex-atacante morava no Rio de Janeiro, onde dirigia uma escolinha de futebol em Cachambi.

A chegada do corpo do ex-atacante “Vivinho” a Uberlândia, está prevista para esta segunda-feira (14), às 19h30, no aeroporto Tenente Coronel César Bombonato.

Após a chegada, o corpo sairá em um carro do Corpo de Bombeiros até o Ginásio do “Sabiazinho” onde será velado a partir das 22h. O sepultamento acontecerá na tarde de amanhã (15), no cemitério “Campo do Bom Pastor”, após o velório.


Vasco da Gama e Atlético Paranaense, ambos defendidos por “Vivinho”, se enfrentaram ontem, domingo, no Maracanã. A partida teve um minuto de silêncio em homenagem ao ex-jogador. (Pesquisa: Nilo Dias)



quarta-feira, 9 de setembro de 2015

O "Mecão" centenário

O América Futebol Clube, de Natal (RN), também chamado de “Mecão” por seus torcedores, é mais um clube centenário do futebol brasileiro. Fundado em 14 de julho de 1915 na residência do juiz Joaquim Homem de Siqueira, na Cidade Alta, tem como atividade esportiva principal o futebol.

Os fundadores foram 34 jovens estudantes, comerciários e funcionários públicos, que se reuniram no dia 14 de julho de 1915, uma quarta-feira, na residência do juiz Joaquim Homem de Siqueira, situada na Rua Vigário Bartolomeu.

Alguns dos fundadores do América de Natal: Abel Viana, Aguinaldo Câmara, Aguinaldo Fernandes, Aguinaldo Tinôco, Anibal Ataliba, Braga Filho, Antônio da Rocha e Silva, Antônio Trigueiro, Armando da Cunha Pinheiro, Augusto Servita Pereira de Brito, Bartolomeu Campos Queiroz, Carlos de Laet, Carlos Fernandes Barros, Carlos Homem de Siqueira, Clóvis Fernandes Barros, Francisco dos Reis Lisboa, Francisco Lopes Teixeira, Getúlio Soares, José Artur dos Reis Lisboa, José Lopes Teixeira, Lauro Lustosa, Lélio Fernandes, Manoel Coelho Filho, Mário Monteiro, Napoleão Soares, Oscar Homem de Siqueira e Sidrack Caldas.

Em 15 de julho de 1915, a primeira diretoria do clube eleita por aclamação, foi a seguinte: Presidente: Getúlio Soares; Secretário: Mário Monteiro; Tesoureiro: Clóvis Fernandes Barros e Guardião do Material: Manoel Coelho Filho.

O nome América foi uma homenagem ao continente que o Brasil faz parte. As cores do clube, presentes no escudo e na bandeira oficial, são o vermelho e o branco. Suas cores iniciais foram o azul e o branco. Em 1918 mudou para vermelho e branco, que se mantém até hoje.

O primeiro jogo disputado pelo América aconteceu no dia 26 de setembro de 1915, contra o ABC, que com o passar do tempo se tornou o seu maior rival. O local da partida foi a Praça Pedro Velho, em um campo improvisado.

O ABC ganhou por 4 X 1, com gols de Mousinho (2), Mandu e Babua . Neco descontou para o América, escrevendo o seu nome na história do clube como autor do primeiro gol.

O América mandou a campo esta formação: Oscar Siqueira - Lélio e Gato – Carvalho - Gallo e Barros – Antônio - Carlos Siqueira – Neco - Garcia e Pipiu.

O primeiro jogo oficial do América também foi contra o ABC, válido pelo Campeonato Estadual. Realizou-se em 15 de Setembro de 1918 e a competição não teve fim. O América venceu por 3 X 0, com gols de Arnaldo, Pinheiro (contra) e Nilo Murtinho Braga.

Existe uma história curiosa a respeito da oficialização jurídica do clube, que envolveu o então Coronel Júlio Canavarro de Negreiros Melo, que teria no dia 3 de junho de 1918, furado a única bola que o clube tinha para treinar e jogar.

Em razão disso o América foi obrigado a possuir personalidade jurídica para poder entrar com uma ação indenizatória. Os Estatutos foram registrados pela primeira vez no dia 3 de julho de 1918, no Primeiro Ofício de Notas, em documento assinado pelo então presidente Oswaldo da Costa Pereira.

No início das atividades o América recrutava seus jogadores na Cidade Alta e os recursos financeiros eram em grande parte vindos do bolso de Aguinaldo Tinôco, um dos seus fundadores e que também era zagueiro e capitão do time.

O América conquistou seu primeiro título em 1919, quando do segundo campeonato de futebol do Estado, promovido pela Liga de Desportos Terrestres, que foi concluído, ao contrário do anterior. Dia 22 de junho daquele ano bateu o ABC por 3 X 0.

Em 1920 sagrou-se bicampeão. Em 1921 passou em branco, para em 1922 ganhar o campeonato daquele ano que foi chamado de “Taça da Independência”, uma homenagem ao centenário da Independência do Brasil.

No jogo final, o atleta João Maria Furtado, conhecido como "De Maria" fez o único gol frente ao eterno rival, o ABC, na vitória de 1 X 0. Em 1924 foi campeão outra vez, e em 1926 abriu o caminho para o segundo bicampeonato da sua história.

Entre 1930 e 1931 veio o terceiro bi. Depois disso o clube passou 15 longos anos sem ganhar um único Estadual. Somente em 1946 o jejum acabou.

Depois disso os colorados de Natal foram campeões em estaduais em outras três ocasiões: 1948/1949, 1951/1952, e de maneira invicta em 1956/1957. O destaque dessa época foi o atacante “Saquinho”, considerado até hoje o maior centroavante da história americana.

Após um largo período licenciado da Federação (de 1959 a 1966) para construção de sua sede social. O terreno onde se situa a sede americana foi comprado por iniciativa do presidente José Gomes da Costa, em 1929, juntamente com Orestes Silva, que pagaram 9 mil cruzeiros ao Estado, e depois doaram a área ao clube.

Participaram também da transação o tenente Júlio Perouse Pontes, Clóvis Fernandes Barros e Osmar Lopes Cardoso. O local, que no passado servia também de campo de treinamentos, era considerado muito distante.

O América voltou a ser campeão estadual em 1967, contando com um time bastante caseiro, mas com jogadores de destaque como Véscio e Evaldo "Pancinha".

Nesse ano, a final foi contra o Riachuelo, do então jovem Marinho Chagas. Essa vitória garantiu ao clube a participação na Taça Brasil de 1968. Em 1969 foi campeão estadual depois de uma série de jogos finais contra seu tradicional rival.

O primeiro clássico acabou 0 X 0. No segundo o ABC venceu por 3 X 0. No terceiro e último jogo o América precisava vencer e assim forçar uma quarta partida.

E não deu outra, o América venceu nos últimos minutos por 1 X 0, gol de Alemão, quando a torcida adversária já comemorava a conquista do título. Na quarta partida, o alvirrubro venceu por 2 X 0, gols de Bagadão e Alemão, e se sagrou campeão do Estado.

O América possui hoje uma boa estrutura, com sua sede social no Tirol e o centro de treinamento, em Parnamirim. O América foi o primeiro clube de futebol do estado do Rio Grande do Norte a possuir sede própria, construída na gestão do Presidente Humberto Nesi e levantada a primeira pedra no dia 14 de julho de 1945, à Avenida Maxaranguape, considerada a primeira e mais antiga sede própria do clube.

Para construção da Sede Social, o maior bem do clube, o América esteve licenciado do futebol no período de 1960 a 1965. Construído com muito suor e dinheiro dos americanos, ficou pronta na gestão de Humberto Pignataro (grande responsável por sua construção) em 14/07/1967, num dia festivo para a torcida americana.

Além do futebol, o clube trabalha com futsal, basquete paraolímpico e futebol americano, nesses dois últimos esportes recebendo o nome de América Tigres e América Bulls, respectivamente.

Seu título mais importante é a Copa do Nordeste de 1998, sendo o clube do Rio Grande do Norte com mais participações na Série A do Campeonato Brasileiro. Também foi o primeiro campeão estadual (1919) e o único time potiguar a participar de uma competição internacional: a extinta Copa Conmebol.

Na década de 1970 o América disputou campeonatos brasileiros, tendo em 1973 ficado em 25º lugar, dentre os 40 times que disputaram a competição. O time base era: Ubirajara - Ivan Silva – Scala - Mário Braga e Cosme – Paúra - Garcia e Hélcio Jacaré – Almir - Santa Cruz e Gilson Porto. O técnico era Sebastião Leônidas.

O destaque do time era Hélcio Jacaré, tido como um dos maiores ídolos da história americana.  O zagueiro gaúcho Luiz Carlos, Scala, ex “Seleção brasileira” e Ivan Silva, foram recordistas de jogos pelo América: 476, cada um.

O América foi bicampeão em 1974/1975, campeão em 1977, na famosa final que não acabou, quando os 22 jogadores se envolveram numa briga sem precedentes. Em 1974 foi campeão invicto com 20 jogos e obtendo 12 vitórias e 8 empates.

Em 1979, o clube deu inicio a uma série de títulos no Campeonato Estadual, sendo tetracampeão de 1979 a 1982, se mantendo por dois anos e vários jogos, invicto, contra times do Rio Grande do Norte. Depois foi tricampeão em 1987/1988/1989.

Nos anos 90 o América voltou a ser notícia no futebol brasileiro. Em 1996, com a liderança do habilidoso meia Moura, a equipe do Rio Grande do Norte foi vice-campeã da Série B do Campeonato Nacional, garantindo vaga na Série A do ano seguinte, depois de 13 anos.

A equipe potiguar venceu a Copa do Nordeste de 1998, derrotando o Vitória, da Bahia  na final por 3 X 1, gols de Kobayashi, Biro Biro e Carioca.

O “Estádio Machadão”, que foi demolido para dar lugar a “Arena das Dunas”, estava com uma parte de suas arquibancadas interditada, mas mesmo assim a torcida rubra se fez presente, com um público de 23.412 pagantes. O triunfo garantiu o time na extinta Copa Conmebol de 1998, hoje Copa Sul-Americana.

O América mandou a campo naquela noite chuvosa de 4 de junho: Gabriel  - Gilson - Paulo Roberto - Lima e Rogerinho – Montanha – Carioca - Moura e Biro Biro - Kobayashi e Leonardo. Técnico: Arturzinho.

O América alcançou sua melhor classificação nos antigos campeonatos nacionais em 1977, quando conseguiu um 17º lugar entre 62 clubes. O clube tomou parte em 11 competições seguidas, de 1973 a 1983. Foi quando passou a ser chamado de “Orgulho do Rio Grande do Norte”.

Em 2006, o clube conseguiu o acesso para a série principal do Campeonato Brasileiro, encerrando sua participação na Série B como 4º colocado.

Em 2007 o clube viveu uma grande crise depois de perder o Estadual para o ABC, sendo goleado por 5 X 2 na final. Na Série A estreou dia 12 de maio de 2007, diante do Vasco no “Estádio Machadão”, com derrota de 1 X 0.

Na segunda partida, em Santos, a surpresa, vitória do América pelo placar de 3x2, com 3 gols do zagueiro Édson Borges. E o time vermelho ainda atuou grande parte da partida com um jogador a menos, já que Geovane foi expulso.

Depois disso foram seis derrotas e um empate. Só voltou a vencer em 6 de julho, em Curitiba contra o Paraná, pelo placar de 1 X 0. Em seguida perdeu para o Internacional e para o Atlético (MG), venceu o Atlético Paranaense e não pontuou mais até o final do 1º turno.

No 2º turno só venceu na 9ª rodada, contra o Paraná. Com uma péssima campanha o clube foi rebaixado para a Série B com a pior pontuação da Série A até então, somando apenas 17 pontos.

Em 2008 o clube potiguar disputou a Série B, por onde passou por mais um aperto, porém bastante menor do que o de 2007. O clube terminou em 15º com 46 pontos ganhos, se livrando do rebaixamento nas últimas rodadas.

Em 2009 um novo rebaixamento só não aconteceu por milagre, pois o clube terminou  a competição apenas com uma diferença de dois pontos em relação ao primeiro rebaixado, o Juventude, de Caxias do Sul. O jogador Lúcio Curió, atacante do América, foi vice-artilheiro do campeonato, com 15 gols marcados.

Já em 2010, não teve jeito, o América acabou rebaixado para a Série C do Campeonato Brasileiro. Em 2011 foi quarto colocado na Terceira Divisão, ganhando o direito de disputara Série B do ano seguinte.

Em 2012 foi campeão estadual, batendo o ABC nos jogos finais por 2 X 1 e 2 X 0. No Brasileiro da Série B, o time chegou a ser líder por uma rodada, esteve no G4 13 vezes, sendo 12 partidas seguidas, e nunca esteve abaixo da 10ª posição.

Começou bem, goleou o Goiás por 5 X 2, em seguida venceu o Avaí, Guaratinguetá, empatou com o Vitória e venceu o Bragantino até perder para o São Caetano fora de casa.

Em 2013 o time não começou bem. Na Copa do Nordeste fez uma péssima campanha. No Campeonato Potiguar surpreendeu, mantendo uma inacreditável e incrível invencibilidade de 18 partidas. Mas acabou perdendo o título para o Potiguar, de Mossoró. Na Série B 2013 não conseguiu classificação para a elite do futebol brasileiro.

Em 2014 um novo descenso da equipe a terceira divisão do campeonato brasileiro. Nesse ano foi inaugurada a “Arena das Dunas”, com um jogo entre o América contra Confiança, de Aracaju, válido “Copa do Nordeste”, com vitória do time rubro por 2 X 0. O primeiro gol da “Arena” foi marcado pelo zagueiro Adalberto.

No primeiro clássico disputado na Arena deu vermelho. O América ganhou do ABC por 1 x  0, gol de Adriano Pardal. Além do primeiro gol marcado, da primeira vitória, do primeiro clássico vencido, o clube ainda foi o primeiro a levantar uma taça de campeão no novo estádio, fato acontecido no dia 30 de Abril de 2014, quando conquistou o Estadual.

Títulos Estaduais. Campeonato Potiguar (1919, 1920, 1922, 1924, 1926, 1927, 1930, 1931, 1946, 1948, 1949, 1951, 1952, 1956, 1957, 1967, 1969, 1974 (invicto), 1975, 1977, 1979, 1980, 1981, 1982 (invicto), 1987, 1988, 1989, 1991, 1992, 1996, 2002, 2003, 2012, 2014 e 2015).

Torneio Início: (1919, 1929, 1932, 1934, 1948, 1949, 1952, 1953, 1955, 1969, 1971, 1982, 1984 e 1991). Copa Rio Grande do Norte: (2006).

Títulos. Interestaduais: Taça Norte-Nordeste (1973); Copa do Nordeste (1998). Outras Conquistas: Taça Cidade do Natal (1972, 1973, 1974, 1975, 1976, 1977, 1985, 1987, 1988, 1994 e 1995).
Torneio Imprensa: (1920 e 1984); Torneio RN/PE (1983); Torneio Coronel Murad (1927); Torneio Quadrangular do Maranhão (1950); Torneio Fantasmas do Norte (1950); Torneio Municipal do Natal (1953); Torneio Quadrangular do Natal (1950 e 1958); Torneio Qualificatório para a Série A RN(1974); Taça Cidade de Mossoró      (1987 e 1990); Torneio Qualificatório para a Série C RN (1990); Torneio Qualificatório para a Série B 1994 - Zonal RN/CE (1993).

Ídolos e grandes jogadores: Goleiros, Ubirajara e Andrey; Zagueiros, Scala, Eduardo Arroz e Norberto; Meio-Campistas, Hélcio Jacaré, Rodrigo Tabata, Souza, Madson, Biro Biro e Assis; Atacantes, Reinaldo, Gilson Porto, Paulinho Kobayashi, Sandro Gaúcho, Sandro Hiroshi, Nunes, Paulo Isidoro, Mazinho e Rodrigo Pimpão.

No Futsal, o América de Natal é vice-campeão brasileiro (Taça Brasil de Futsal), tricampeão do Nordeste e o maior vencedor do RN, 38 estaduais e metropolitano.

No basquete, em 2013, o clube conquistou o tricampeonato do Nordeste e garantiu o 3º lugar no Campeonato Brasileiro. Em 2014, o time de basquete alcançou as semifinais do Brasileirão.

No futebol americano, a equipe foi campeã do Nordeste em 2009 com uma campanha invicta, e atualmente o clube foi vice-campeão da Divisão Nordeste no Campeonato Brasileiro.

Em 9 de dezembro de 2005 pela lei municipal Nº 5.697 foi criado o Dia do América Futebol Clube. A data comemorativa no calendário da cidade homenageia a fundação do clube, sendo comemorada no mesmo dia 14 de julho.

No dia 3 de outubro de 2003, foi publicado no Diário Oficial de Município a Lei n° 5.493, de autoria do vereador Hermano Morais, reconhecendo o América Futebol Clube, como de Utilidade Pública Municipal. (Pesquisa: Nilo Dias)

América F.C., campeão potiguar 2015. (Foto: Nuno Guimarães/Gazeta Press))