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segunda-feira, 12 de março de 2018

Evaristo, craque dentro e fora dos gramados

Eu era um menino, ainda lá em Dom Pedrito (RS), minha terra natal, quando o Flamengo, do Rio de Janeiro, tinha um grande time. Entre os titulares estava Evaristo de Macedo Filho, ou somente Evaristo, como era conhecido pelos torcedores. 

É carioca de nascimento, tendo vindo ao mundo no dia 22 de junho de 1933. Evaristo foi um dos jogadores mais talentosos do futebol brasileiro e mundial, na década de 1950 e começo dos anos 1960.

Começou a carreira no Madureira, time do subúrbio do Rio de Janeiro, onde jogou de 1950 a 1952. Depois foi jogar no Flamengo, onde foi convocado pelo técnico Newton Cardoso para os jogos Olímpicos de Helsinque, em 1952.

Disputando uma vaga no ataque rubro-negro com Índio e Adãozinho, conquistou o primeiro título no Campeonato Carioca de 1953. O feito se repetiu, já como titular, nos dois anos seguintes.

Evaristo de Macedo fez muito sucesso naqueles tempos, formando uma inesquecível linha de ataque na Gávea com Joel, Rubens (Duca), Dida e Zagallo. Uma geração que marcou época. 

Permaneceu no Flamengo por cinco anos, sagrando-se tricampeão carioca nos anos de 1953, 1954 e 1955. Vestindo a camisa do Flamengo, foram 182 jogos (101 vitórias, 35 empates, 46 derrotas) e 102 gols marcados.

Ao deixar o rubro-negro em 1957 foi jogar na Espanha, onde conseguiu um feito quase impossível, defender as camisas dos grandes rivais Barcelona (1957 a 1962) e Real Madrid (1963 e 1964), coisa que poucos jogadores alcançaram.

Evaristo de Macedo também conseguiu feitos históricos com a camisa do FC Barcelona. Um deles foi o de ser o jogador que marcou o primeiro hat-trick (três gols na mesma partida) da história do “Camp Nou”. Ocorreu no dia 8 de março de 1958, em uma vitória do Barça por 7 X 1 sobre o Valladolid.

Também foi o jogador que marcou o primeiro hat-trick contra o Real Madrid no então novo estádio do Barça. O clube catalão goleou o eterno rival por 4 X 0 e Evaristo marcou três. Vale lembrar que o brasileiro fazia a sua estreia no clássico. Uma façanha que só seria repetida por ninguém menos que Romário e Leo Messi.

Evaristo também foi responsável pela primeira eliminação do Real Madrid na Copa da Europa - atual Liga dos Campeões -, em 1960, com um gol de ‘peixinho’ no “Camp Nou”, que entrou para a história.

Nos dois grandes do futebol espanhol, Evaristo conquistou vários títulos. É até hoje o maior artilheiro brasileiro da história do Barcelona, com 178 gols marcados em 226 jogos.

A última visita de Evaristo de Macedo ao FC Barcelona foi em 2015. Na época, o lendário atacante comprovou que o seu carisma segue intacto na Catalunha após mais de 50 anos da sua saída do clube. Fez fotos com torcedores, com os jogadores brasileiros que estavam na equipe, com Leo Messi e até com o presidente do clube, Josep Maria Bartomeu.

Evaristo também assistiu os duelos contra o Manchester City, na Liga dos Campeões e o clássico contra o Real Madrid, pela Liga Espanhola. O Barça venceu os dois jogos e finalizou a temporada 2014/15 com uma nova tríplice coroa do futebol europeu. Com a benção do Evaristo.

Já com a camisa “canarinho” da Seleção Brasileira, teve poucas oportunidades. Mesmo considerado um dos melhores atacantes de sua época, Evaristo não disputou o mundial de 1958. A Confederação Brasileira de Desportos (CBD) não apoiava a convocação de jogadores brasileiros que jogavam no exterior.

Na vaga de Evaristo foi convocado o jovem atacante Mazzola do Palmeiras, que depois da conquista de 1958 foi negociado com o futebol italiano.

Atuou em apenas 14 partidas pela Seleção e marcou oito gols, sendo cinco na vitória de 9 X 0 frente a Seleção da Colômbia. É até hoje o único jogador a conseguir a chamada “manita”, fazer cinco gols pela Seleção em um único jogo.

Uma curiosidade. Também pelo Flamengo Evaristo marcou cinco gols num só jogo. Foi contra o São Cristóvão, pelo Campeonato Carioca, em 27 de outubro de 1956, quando o Flamengo fez 12 X 2, a maior goleada da história do Maracanã até hoje.

Evaristo ficou marcado pela classe e elegância ao dominar a bola. Era um finalizador técnico, mas também objetivo. Tinha chutes fortes e certeiros, sem perder muitas oportunidades de gol.

Depois que deixou os gramados tornou-se treinador. Seu melhor momento na nova carreira foi no Bahia, onde conquistou vários certames estaduais e sagrou-se campeão brasileiro em 1988, dirigindo uma equipe que contava com Bobô e companhia.

Evaristo também chegou a dirigir a Seleção Brasileira de Futebol nas eliminatórias para a Copa do Mundo de 1986, mas logo foi substituído por Telê Santana no cargo.

Times que dirigiu como técnico: América, do Rio de Janeiro (1967; Fluminense (1968); Bahia (1970 e 1971), Bangu, do Rio de Janeiro (1971); Santa Cruz, de Recife (1972); Bahia (1973); Santa Cruz, de Recife (1975); Santa Cruz, de Recife (1977 e 1980); América, do Rio de Janeiro (1985); Seleção Brasileira (1985); Seleção do Iraque (1986); Bahia (1988 e 1989); Fluminense, do Rio de Janeiro (1990); Grêmio, de Porto Alegre (1990); Cruzeiro, de Belo Horizonte (1991 e 1992); Seleção do Qatar (1992); Flamengo, do Rio de Janeiro (1993 e 1995); Bahia (1995); Atlético Paranaense (1996); Grêmio, de Porto Alegre (1997); Vitória, da Bahia (1997); Bahia (1998); Flamengo (1998); Corinthians (1999); Bahia (2000 e 2001); Vasco da Gama, do Rio de Janeiro (2002); Flamengo, do Rio de Janeiro (2002 e 2003); Bahia (2003); Vitória (2003 e 2004); Atlético Paranaense (2005 e 2006) e Santa Cruz, do Recife (2007).

Títulos conquistados. Pelo América carioca. Campeão do Torneio Internacional Negrão de Lima (1967); Pelo Bahia. Campeonato Baiano (1970, 1971, 1973, 1988, 1998, 2001); Campeão Brasileiro (1988); Copa do Nordeste (2001); Pelo Santa Cruz. Campeonato Pernambucano (1972 e 1978) e pelo Grêmio. Campeão Gaúcho (1990) e Campeão da Copa do Brasil (1997).

O time do Bahia, campeão brasileiro em 1988 tinha esta escalação básica: Ronaldo – Tarantini - João Marcelo - Claudir e Paulo Róbson. Paulo Rodrigues – Gil - Bobô e Zé Carlos. Charles e Marquinhos. (Pesquisa: Nilo Dias)