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quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Um craque com força e categoria

Um dos grandes jogadores da história do Botafogo, do Rio de Janeiro, foi sem dúvida Américo Pampolini Filho, ou simplesmente Pampolini, um centro-médio que esbanjava força e categoria. Mineiro de Belo Horizonte, Pampolini nasceu no dia 24 de dezembro de 1932 e morreu no dia 20 de dezembro de 2006, no Rio de Janeiro, vítima de um ataque cardíaco, deixando a esposa Nicéia, os filhos Genaro, Célia e Cláudia, genros, nora e cinco netos.

Pampolini era o filho mais novo do casal Américo e dona Maria Caravita. Ganhou o apelido de “Mequinho”, pois herdara o nome do pai. Desde cedo mostrou aptidão para o futebol, pois embora franzino, quando participava de peladas de rua correndo atrás de uma bola, sabia o que fazer com ela.

O futebol estava no sangue do garoto. Seu irmão mais velho, Emilio, era zagueiro daqueles que não perdoava atacante adversário e batia sem dó nem piedade; Homero era atacante; Lilo e Licinho jogavam na meia cancha. Só o irmão Santinho não quis saber de bola. Diziam que o melhor deles era o Lilo, mas uma contusão no joelho cortou uma carreira que parecia destinada ao sucesso, privilégio que caberia justamente ao mais novo, nacionalmente conhecido pelo sobrenome de família: Pampolini.

Começou a carreira muito jovem, atuando pelo São Cristóvão, do Barro Preto, time amador de Belo Horizonte, que tinha seu campo nas imediações da caixa d’ água da Lagoinha. Seu domínio de bola impressionava, e o mesmo se podia dizer do seu chute portentoso. Ditava cátedra como médio volante, o que fez com que dirigentes do Cruzeiro o contratassem em 1952.

Não demorou para conquistar a posição de titular, formando na intermediária ao lado de Adelino e Lazarotti, e mais tarde entrando Paulo Florêncio no meio de campo. Pampolini jogava muita bola e logo chamou a atenção do Botafogo carioca, que o comprou em 1955, por Cr$ 500.000.00 em moeda da época, para compor a maia cancha com o grande Didi.

Seu primeiro jogo pelo Botafogo foi um amistoso contra o Tenerife, da Espanha, disputado no dia 24 de maio de 1955, em Santa Cruz de Tenerife, Espanha, quando o alvinegro carioca perdeu por 2 X 1. Julito, aos 15 minutos do primeiro tempo abriu o marcador para os espanhóis; Vinícius, aos 7 do segundo tempo igualou para o Botafogo e Munné, aos 35’, decretou a vitória espanhola.

O Botafogo jogou com Gílson - Gérson (Thomé) e Nilton Santos - Orlando Maia - Ruarinho (Danilo) e Juvenal (Pampolini) – Garrincha – Dino - Vinícius (Wilson Moreira) - Quarentinha (Paulinho Omena) e Neyvaldo. Técnico: Zezé Moreira.

Sua última partida pelo Botafogo aconteceu no dia 4 de julho de 1962, no Estádio Independência, em Belo Horizonte. Foi um amistoso contra o Atlético Mineiro, vencido pelo Botafogo por 3 X 0, com arbitragem de Frederico Lopes e gols de Zagallo, aos 12’ e Amarildo, aos 40’ do 1° tempo e Neyvaldo, aos 20’ da fase final.

O Botafogo teve Manga (Ary Jório) – Joel - Zé Maria - Nilton Santos (Paulistinha) e Rildo - Ayrton (Pampolini) e Didi (Édison) - Garrincha – Amoroso - Amarildo (China) e Zagallo (Neyvaldo). Técnico: Marinho Rodrigues.

Atlético Mineiro: Fábio (Válter) – Reginaldo – Bueno - Procópio e Marcelino - Fifi e Zico (William) - Maurício (Afonsinho) - Jaburu (Eduardo) - Osvaldo e Noêmio (Ivo). Técnico: Antoninho.

Jogando ao lado de Didi, Pampolini completava a inteligência do “Príncipe Etíope” com a sua força em campo. Por isso, Didi gostava de afirmar: “Eu entro com a inteligência e ele com a força”. Certa vez, durante uma partida em que o Botafogo suava para aguentar a vantagem de 1 X 0, Pampolini “vingou-se” de Didi ao dizer: “Ô, crioulo, vê se põe um pouco de força nessa inteligência, porque sozinho não está dando prá segurar os home”.

Quando o técnico Vicente Feola convocou os jogadores para a Seleção Brasileira que disputaria a Copa do mundo de 1958, Pampolini era o capitão do time do Botafogo e esbanjava categoria e espírito de liderança. Isso fez com que seu nome aparecesse na lista de convocados, mas tendo que disputar posição com Zito e Dino Sani. Teve o azar de se lesionar em um dos treinos na estância hidromineral de Araxá, e por isso foi cortado.

Depois de ganhar muitos títulos pelo alvinegro carioca, onde atuou em 347 partidas e marcou 27 gols, foi contratado em 1962 pela Portuguesa de Desportos, de São Paulo, na época dirigida pelo técnico Aimoré Moreira, onde foi vice-campeão paulista em 1964. No time bandeirante jogavam entre outros, Félix, Orlando Gato Preto, Jair Marinho e Wilson Pereira.

Do Canindé voltou a Minas, dessa feita para uma ligeira passagem pelo Atlético em 1965. Jogou em 1966 pelo Taubaté, onde também acumulou a função de técnico, antes de voltar a Portuguesa de Desportos, onde encerrou a carreira em 1968.

Encerrada a carreira, ele foi morar no Rio. Em suas freqüentes visitas a Belo Horizonte, Pampolini fazia questão de jogar pelo time de veteranos do Cruzeiro, o “Raposão”. Mesmo longe, o vínculo com o clube e a cidade jamais se perdeu.

Em sua vitoriosa carreira como jogador, Pampolini foi contemporâneo de monstros sagrados do futebol brasileiro, como Garrincha, Amarildo, Quarentinha, Manga, Nilton Santos, Paulo Valentim, Didi, Zagallo, Chicão, Cacá, Zé Maria, Paulistinha, Zé Carlos, Neyvaldo, Édson, Airton Povil, Elton, Félix, Ivair, Henrique Frade e Dida, entre outros.

Já fora dos gramados, foi chamado pelo governo do então Estado da Guanabara, para ocupar um cargo no Estádio do Maracanã. Se houve tão bem na função, que logo passou a dirigir o Estádio Náutico na Lagoa Rodrigues de Freitas. Mesmo com as mudanças de governo, ele sempre permaneceu no cargo em razão de sua dedicação e competência.

Também atuou no Ginásio do Maracanãzinho. Quando morreu Pampolini morava no bairro de Copacabana, no Rio, e trabalhava no estádio do Maracanã, como funcionário do Parque Aquático Júlio Delamare. Sua família continuava em Belo Horizonte, tocando uma rede de padarias na capital mineira, ("Padarias ABC"). Durante 39 anos foi funcionário da Superintendência de Desportos do Estado do Rio de Janeiro (Suderj), entidade que administra o Complexo do Maracanã

Américo Pampolini teve seu trabalho nos gramados reconhecido pela Secretaria de Turismo, Esporte e Lazer, do Rio de Janeiro, que no dia 1 de outubro de 2008, inaugurou no Estádio do Maracanã uma placa em sua homenagem. Também teve às marcas dos seus pés colocadas na Calçada da Fama do Maracanã.

Títulos conquistados por Pampolini no Botafogo: Campeão Carioca (1957); Campeão Carioca de Aspirantes (1959); Campeão do Torneio Internacional da Colômbia (Quadrangular de Bogotá) (1960); Campeão do Triangular Internacional da Costa Rica (1961); Campeão do Torneio Início do Rio de Janeiro e Campeão Carioca (1961); Campeão do Pentagonal do México (1962); Campeão do Torneio Rio-São Paulo (1962); Bicampeão Carioca (Pampolini disputou o 1° jogo do BFR) (1962). (Pesquisa: Nilo Dias)