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segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Morreu hoje o criador do Troféu FIFA

Morreu hoje em Milão, Itália, ode morava, o escultor italiano Silvio Gazzaniga, que criou o “Troféu FIFA”, que é disputado na Copa do Mundo de Futebol, realizada de quatro em quatro anos. Ele estava com 95 anos e morreu de causas naturais.

Silvio Gazzaniga nasceu em Milão em 23 de janeiro de 1921 e se tornou um escultor nas escolas de arte de sua cidade natal. Nos anos 40 participou da "Escola Humanitária de Arte Aplicada" e do "High School of Art" no Castelo Sforzesco, especializada como ourives e joalheiro.

Quando da Segunda Guerra Mundial, se dedicou a esculpir medalhas, copos e decorações e no final de 1953 começou a colaborar com a antiga empresa, Bertoni, como diretor artístico e mestre escultor.

O escultor foi casado com sua esposa, Elsa, há mais de 60 anos. Ela foi o grande amor de sua vida, juntamente com a arte. Foi a mãe de seus dois filhos, Gabriella e Giorgio.

Em 1971, depois que o Brasil ganhou a “Copa Jules Rimet” e a conquistou de maneira definitiva, a FIFA precisava de um novo troféu para ser disputado nas Copas do Mundo. E realizou um concurso, em que 53 projetos foram apresentados por artistas de todo o mundo.

O vencedor foi o italiano Silvio Gazzaniga, com um desenho que representava a alegria, exaltação e grandeza do atleta no momento da vitória: duas figuras estilizadas que seguram o mundo no alto. Com isso o escultor alcançou fama mundial.

O primeiro país a ganhar a taça da “Copa do Mundo” foi a Alemanha, no certame de 1974, disputado lá mesmo e levantada por Franz Beckenbauer. Uma honra que foi seguida por Daniel Passarella em 1978, Dino Zoff, em 1982, Diego Maradona em 1986, Lothar Matthaus em 1990, Dunga, em 1994, Didier Deschamps, em 1998, Cafu em 2002, Fabio Cannavaro, em 2006, Iker Casillas, em 2010 e Philipp Lahm, em 2014.

Esse troféu é de posse transitória, ao contrário do que foi a “Taça Jules Rimet”, ganha em definitivo pelo Brasil. Após as festividades, a equipe vencedora recebe uma cópia da Copa original. Este troféu continuará a ser atribuído como um prêmio, até 2038, quando todos os espaços de inscrição disponíveis das nações vencedoras serão preenchidos.

Pena que a “Taça Jules Rimet” tenha sido roubada no Rio de Janeiro em 1983 e possivelmente derretida. A estatueta era feita em ouro com uma base de pedras semipreciosas. Pesava 3,8 kg e media 35 cm.

Mas o roubo no Rio não foi o primeiro na história da Jules Rimet. Em 20 de março de 1966 a taça estava em exposição em Londres, quatro meses antes da Copa na Inglaterra. O troféu se encontrava sob tutela do Brasil, campeão de 1962, que havia concordado em exibi-lo junto a uma exposição de selos.

A segurança era grande, mas mesmo assim, a taça sumiu. O mistério gerou "vários dias de ansiedade e frustração", segundo reportagem da BBC à época, que avaliou o troféu em £30 mil (R$ 114 mil). O desaparecimento levou a uma caçada em toda a Inglaterra envolvendo investigadores da Scotland Yard.

Um pedido de resgate chegou a ser enviado por alguém que se identificou como Jackson, que ameaçou derreter a taça se a quantia de £15 mil não fosse paga – em notas de £1 e £5. Um policial à paisana foi ao encontro de Jackson com uma maleta recheada de jornais, cobertos por uma camada de notas de £5.

Jackson, na verdade, era o ex-soldado Edward Betchley, de 46 anos, que ainda era interrogado pela polícia quando o troféu foi encontrado, sete dias após o seu roubo. Foi graças a um pequeno cachorro mestiço, "Pickles", que a caça chegou ao fim: ele encontrou a taça embrulhada em papéis de jornal e escondida em um jardim num bairro no subúrbio de Londres.

O cachorro tornou-se um herói mundial: "Pickles" recebeu uma recompensa pela descoberta e diversas homenagens – inclusive ração canina por um ano, segundo o livro "The Theft of the Jules Rimet Trophy". Ele apareceu em vários programas de televisão, estrelou um filme e teve seu próprio agente, mas morreu um ano depois.

A criação de Gazzaniga é considerada pelo presidente atual da FIFA, Gianni Infantino, o mais bonito símbolo que a entidade maior do futebol mundial  poderia sonhar em ter como prêmio. “A Copa do Mundo é um objeto mítico para os jogadores e para todos os amantes de futebol”, disse ele.

Depois de tamanho sucesso internacional, o artista criou outros troféus importantes de futebol, como a Taça UEFA (1972) e da “Super Cup Trophy da UEFA” (1973). Ele também foi o criador do troféu para a “Copa do Mundo de Beisebol” (2001), do “Campeonato do Mundo de Voleibol” e de medalhas para eventos esportivos importantes, como basquete, natação, esqui e muitos outros.

Foi Gazzaniga que esculpiu em 2011 o troféu comemorativo ao “150º aniversário da unificação da Itália”. Em vista disso, em 7 de dezembro de 2003, recebeu a maior honra possível, o "Certificado de Mérito da Ambrogino d'Oro".

Também recebeu honras internacionais. Em 14 de outubro de 2011, enquanto participava de uma reunião para a edição anual da “Feira Internacional de Numismática”, em Vicenza, a "Associação Internacional de Numismatists e Medalha Designers" concedeu-lhe o Prêmio Internacional pela contribuição para a sua profissão.

Além do esporte, ele era apaixonado por design, carros esportivos e aeronaves. Sua fonte de inspiração vinha de caminhar nas montanhas e fotografar a natureza, o que também lhe permitia recarregar as baterias de sua alma artística. (Pesquisa: Nilo Dias)