Boa parte de um vasto material recolhido em muitos anos de pesquisas está disponível nesta página para todos os que se interessam em conhecer o futebol e outros esportes a fundo.

quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Morre o goleiro que levou o gol 1000 de Pelé

Morreu na noite de ontem, (4/9) Edgardo Andrada, ou simplesmente Andrada, aos 80 anos de idade. O ex-goleiro argentino, também conhecido por "El Gato" ficou marcado no futebol brasileiro por ter sofrido o milésimo gol de Pelé em 1969 e por ter conquistado o título nacional de 1974 pelo Vasco.

Segundo os jornais argentinos "Olé" e "Clarín", a causa da morte não foi divulgada.

Nascido em Rosário em 1939, deu seus primeiros passos no futebol com a camisa do Rosário Central. Goleiro ágil e elástico, aos poucos ganhou projeção no clube, a ponto de ter se tornado titular absoluto entre 1960 e 1969. E se tornou o goleiro que mais atuou na meta da equipe, com 284 jogos.

Em 1969, desembarcou em solo brasileiro para vestir a camisa do Vasco. E ficou marcado logo por um lance para a posteridade: em jogo válido pelo “Torneio Roberto Gomes Pedrosa”, "El Gato" sofreu o milésimo gol de Pelé.

No “Maracanã”, o argentino quase alcançou o pênalti cobrado pelo "Rei" e, enquanto Pelé comemorava naquele dia 19 de novembro, Andrada dava socos na grama. O argentino também não escondia seu incômodo cada vez que falavam sobre o tema.

Em entrevista ao “SportTV”, em 2012, Andrada disse que “como todo goleiro, eu não queria leva o gol. Menos ainda um que vai sair por todo mundo. Mas o gol veio e em pouco tempo você vai se acostumando e acaba o adotando como um filho”.

Em 1970 ajudou a equipe a faturar o “Campeonato Carioca” daquele ano, ao lado de nomes como Gilson Nunes, Alcir, Eberval e Fidélis.

Em 1971, Andrada se consagrou como o melhor goleiro do “Campeonato Brasileiro”, e seguiu titular absoluto do Cruz-Maltino ano a ano até que em 1974 fez parte de uma campanha histórica para os vascaínos, que foram campeões brasileiros.

Ele era o “Camisa 1” daquele time que derrotou o Cruzeiro por 2 X 1, no “Maracanã”. "El Gato" conviveu com nomes como Roberto Dinamite, Ademir, Jorginho Carvoeiro e Zanata. O goleiro ainda vestiu a camisa cruz-maltina em 1975, no qual o time disputou a “Copa“ pela primeira vez.

Mesmo não tendo conquistado títulos importantes no Rosário Central, suas grandes atuações o levaram a ser convocado para a “Seleção da Argentina”, com a qual teve bom rendimento na “Copa América” de 1963.

Ele foi pré-relacionado para o “Mundial de 1966”, na Inglaterra, mas acabou cortado devido a uma lesão.

Após encerrar a sua passagem pelo Vasco em 1975, ano em que disputou a “Copa Libertadores da América”, primeira na história do clube, Andrada atuou pelo Vitória, da Bahia, em 1976, tendo como companheiros, entre outros, seu compatriota Rodolfo Fischer e Osni.

Ele permaneceu no clube baiano até novembro, quando optou por voltar ao seu país de origem, onde jogou pelo Colón a partir de 1977. E ele só encerrou a carreira aos 43 anos, em 1982, então pelo desconhecido clube “Renato Cesarini”, também do seu país.

Pouco depois de se aposentar, Andrada viu a sua biografia como futebolista ser manchada, por envolvimento com a ditadura militar argentina.

Em 1983, ele chegou a cooperar com o “Pessoal Civil de Inteligência” (PCI), órgão que reunia civis que agia em práticas de espionagem e repressão para o governo autoritário da época.

O ex-goleiro ainda chegou a ser acusado de ter participado da execução de dois militantes políticos contrários ao regime vigente, mas negou envolvimento nos assassinatos de Osvaldo Agustín Cambiaso e Eduardo Pereyra Rossi.

Andrada foi identificado pelo repressor Eduardo Constanzo entre os membros do grupo do “Cargo Operativo 4”. Assim que o ex-goleiro foi citado, o Rosário Central pediu sua saída do clube. "El Gato" negou, em entrevistas, ter participado dos crimes.

Muitos anos depois disso, em 2007, Andrada voltou a fazer parte do mundo do futebol profissional ao trabalhar como preparador de goleiro do Rosário Central.

E em fevereiro de 2012, o juiz federal Carlos Villafuerte Ruzo considerou o ex-jogador inimputável, em decisão justificada por falta de provas contra ele. (Pesquisa: Nilo Dias)

Pelé e Andrada.