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segunda-feira, 9 de junho de 2014

Os 100 anos do Americano de Campos

O Americano Futebol Clube, de Campos dos Goytacazes (RJ), é mais um clube centenário do futebol brasileiro. Foi fundado em 3 de maio de 1914. A idéia de se criar um novo clube na cidade nasceu depois que o América Foot Ball Club, do Rio de Janeiro, campeão carioca do ano anterior, esteve em Campos para enfrentar um combinado de jogadores locais.

O time campista foi convocado e escalado em uma reunião entre Luiz Pamplona, do Clube Esportivo Rio Branco, Nelson Póvoa, do Aliança, e Sinhô Campos, do Luso-Brasileiro, acontecida na residência de Zezé Póvoa, no centro da cidade. O selecionado perdeu por 3 X 1. Posteriormente, outro time formado pela Liga local foi goleado por 6 X 0.

Depois da partida o jogador americano Belfort Duarte, ao ter conhecimento da intenção de se fundar um novo clube na cidade, proferiu uma palestra no Hotel Internacional, quando sugeriu que se colocasse o nome de América nessa entidade.

Mas os irmãos Bertoni, uruguaios que jogavam no time carioca, e que ficaram em Campos por uns dias como convidados dos irmãos Pamplona, por sugestão deles o clube acabou se chamando Americano Futebol Clube, nome de um antigo time de São Paulo, onde eles haviam jogado e que fechou as portas sem nunca ter perdido um jogo. A ideia foi aprovada por unanimidade.

Na reunião acontecida na Joalheria dos irmãos Suppa, também foram escolhidas as cores da agremiação, que foram o preto e o branco em homenagem ao Clube de Regatas Saldanha da Gama, do qual todos os fundadores eram sócios. O Rio Branco, time que perdeu oito jogadores para o Americano, foi escolhido para ser o primeiro adversário oficial. A partida aconteceu dia 8 de maio e o Americano ganhou por 4 X 1.

Em 1920, com apenas seis anos de existência, o Americano foi campeão do primeiro Torneio Preparatório do Brasil e já tinha dois de seus jogadores convocados para a Seleção Brasileira: Soda e Mario Seixas. Ainda nesse ano, o clube campista enfrentou e venceu a Seleção do Uruguai, por 3 X 0. A “Celeste” viria a ser campeã olímpica dois anos depois.

Em 1921 o Americano jogou pela primeira vez frente o Flamengo, um dos chamados “grandes” do futebol carioca e perdeu por 5 X 0. Em 1930, o jogador do alvinegro campista, Policarpo Ribeiro, o “Poli”, foi convocado pela Seleção Brasileira, que disputou a Copa do Mundo do Uruguai. O jogador recebeu homenagem de placa no Hall Social do clube.

Em 14 de Julho de 1975, na reabertura do Estádio Godofredo Cruz, o Americano jogou contra a Seleção Brasileira de Amadores, registrando-se um empate em 1 X 1. O time de Campos jogou com: Paulão (Bodoque) - Nei Dias - Paulo César - Luís Alberto e Capetinha – Jairo - Didinho (Mundinho) e João Francisco - Luís Carlos - Chico Preto e Paulo Roberto (Wallace). Seleção de Amadores: Carlos - Carlos Alberto – Dick - Xará e Betinho – Celso - Aguillar (Éder) e Toninho Vanusa – Brida - Tião Marçal (Jarbas) e Da Silva.

A maior glória do Americano é sem sombra de dúvidas o inédito título de ênea-campeão campista e do interior do Rio de Janeiro. Foram nove títulos consecutivos por duas ocasiões. O jogo decisivo do Campeonato Campista de 1975, que garantiu as nove conquistas seguidas, foi realizado na noite de 17 de fevereiro de 1976, no Estádio Godofredo Cruz.

O Americano bateu o Goytacáz por 1 X 0, gol de Paulo Roberto, cobrando pênalti aos 40 minutos da etapa final. Foi a terceira partida da série melhor de quatro pontos que indicou o campeão de 1975.

A renda foi de Cr$ 115.055.00, com 8.125 pagantes. Foi juiz, com boa atuação, o carioca José Roberto Wright. Os dois times formaram assim: Americano: Dorival - Nei Dias – Luisinho - Luís Alberto e Capetinha – Ico - Russo e Rangel - Luís Carlos - Dionísio e Paulo Roberto. Goytacaz: Miguel – Totonho - Paulo Marcos - Nad e Júlio César - Ricardo Batata - Wílson Bispo e Naldo (Pontixeli) – Piscina - Tuquinha e Chico.

O Americano foi incluído no Campeonato Brasileiro de 1975, quando da fusão entre os Estados do Rio de Janeiro e da Guanabara. Foi o primeiro clube de Campos e interior do novo Estado do Rio de Janeiro, a participar da competição. Em 25 de agosto de 1975, em sua estréia no “Brasileirão”, o Americano derrotou o Santos por 2 X 1.

O Americano venceu com: Dorival - Nei Dias - Mundinho (Luisinho) - Luís Alberto e Capetinha - Ico e Didinho - Luís Carlos – Rangel - Messias e Paulo Roberto. O Santos perdeu com: Joel – Tuca – Oberdan - Bianchi e Zé Carlos - Clodoaldo e Didi (Alceu) – Mazinho - Cláudio Adão - Toinzinho e Edu.

Arbitragem de Luís Carlos Félix, auxiliado por Paulo Antunes e Célio Couto. Renda de Cr$ 191.000,00 (14.307 pagantes). Em 15 de março de 1980, o Americano aplicou sua maior goleada em campeonatos brasileiros, ao derrotar o Botafogo Sport Club, de Salvador (BA)  por 7 X 0, na casa do adversário. A melhor participação do clube em Brasileiros foi a 27° colocação em 1978, entre 74 participantes.

O Americano disputou 32 vezes o Campeonato Brasileiro de Futebol, sendo sete na Série A, 20 na B e cinco na C. Foi campeão do Módulo Azul (1987), um dos dois módulos equivalentes à Série B; vice-campeão da Série B 1986 (vice-colocado do grupo. Não houve decisão oficial e o vice não é reconhecido pela CBF) e quarto colocado em três edições (1988, 1991, 1994).

O Americano é o maior vencedor do Campeonato Fluminense de Futebol, relativo ao Estado do Rio de Janeiro, antes da fusão e maior clube da cidade de Campos dos Goytacazes. O clube entrou no Campeonato Carioca em 1976, antes mesmo da fusão das federações carioca e fluminense. Em 1978, com a fusão dessas federações, voltou a disputar o Campeonato Fluminense. No Campeonato Carioca, sua melhor colocação foi o vice-campeonato de 2002, ano em que conquistou a Taça Guanabara (Primeiro Turno) e a Taça Rio (Segundo Turno).

Nos anos 80 o Americano excursionou pelo exterior. A mais importante delas aconteceu em 1981, quando jogou na Ásia e derrotou a Seleção da República da Coreia, conquistando a “Taça do Rei”.

Em 1984, o Americano ganhou da Seleção de Omã, por 1 X  0 e 4 X 1. Em outros confrontos perdeu de 1 X 0 para a Seleção de Tóquio; goleou a Seleção da Malásia por 4 X 0; perdeu para o Swansea, da Inglaterra por 2 X 0; nova derrota para a Seleção de Tóquio, dessa feita por 2 X 1; vitória sobre a Seleção de Dubai por 1 X 0; derrota de 2 X 1 para a Seleção dos Emirados Árabes; vitória de 1 X 0 sobre o Al-Nassr, e encerrando a excursão, vitória de 1 X 0 sobre a Seleção da Arábia Saudita. Ainda nos anos 80 o Americano derrotou a seleção de Camarões por 2 X 1.

Em 1987, representando o Estado do Rio de Janeiro no Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais, sagrou-se campeão, numa final histórica contra a Seleção de São Paulo, que contava com cinco jogadores da Seleção Brasileira.

Um outro grande feito do Americano, foi ter derrotado o Vasco da Gama, em 1993, por 1 X 0, tirando do cruzmaltino uma invencibilidade de 32 jogos. Pelica, aos 47 minutos da primeira etapa, marcou o gol solitário da partida.

O maior rival do Americano é o Goytacaz, também de Campos. É conhecido como o Clássico Goyta-Cano, o de maior tradição e rivalidade no interior do estado do Rio de Janeiro. Em 155 jogos entre os dois, o Americano tem 51 vitórias e o Goytacaz, 55, com 49 empates.

Em 2009 o Americano jogou a Copa do Brasil, e fez um bonito papel. Eliminou o Santa Cruz Futebol Clube, do Recife, ganhando os dois jogos. Depois eliminou nos pênaltis, o Botafogo, do Rio de Janeiro. Acabou eliminado pela Ponte Preta, de Campinas.

Em 2010, o clube teve altos e baixos no Campeonato Fluminense. Em 2011, fez uma péssima Taça Guanabara, mas se recuperou na Taça Rio. Nesse ano, mesmo classificado para Série D do “Brasileirão”, a direção preferiu não disputar, em razão de dificuldades financeiras. Em 2012, foi rebaixado pela primeira vez para a Série B do Campeonato de Futebol do Estado do Rio de Janeiro.

O Americano manda os seus jogos no Estádio Godofredo Cruz, que tem capacidade para 25 mil espectadores. Em 2009, o estádio teve a capacidade reduzida para 9 mil pessoas pela Defesa Civil, por medida de segurança .

Títulos conquistados: Campeão Brasileiro da Série B: 1 - Módulo Azul (1987); Campeão Brasileiro de Seleções Estaduais, representando o Rio de Janeiro (1988); Campeão Fluminense (1954, 1964, 1965, 1968, 1969 e 1975); Campeão da Taça Guanabara (2002); Campeão da Taça Rio: (2002); Campeão do Troféu Moisés Mathias de Andrade (2009); Campeão do Interior (1985, 1986, 1987, 1988, 1989, 1990, 1991, 1992 e 1993); Campeão Campista (1915, 1919, 1921, 1922, 1923, 1925, 1930, 1934, 1935, 1939, 1944, 1946, 1947, 1950, 1954, 1964, 1965, 1967, 1968, 1969, 1970, 1971, 1972, 1973, 1974, 1975 e 1977); Campeão da Taça Cidade de Campos dos Goytacazes (???); Taça do Rei, na Coreia do Sul (1981); Torneio do Oriente Médio, nos Emirados Árabes Unidos (1994); Copa Integração Petrobrás, no Espirito Santo (2006); Vice-Campeão Brasileiro de Juniores (2000) e Vice-Campeão Brasileiro de Juvenis (1998).

Outros jogos internacionais em que o Americano participou: Vitória de 2 X 1 sobre a Seleção de Camarões; vitória de 3 X 1 sobre a Seleção de Angola e vitória de 4 X 0 sobre o Huracán Buceo, do Uruguai. (Pesquisa: Nilo Dias)

Foto: site "Terceiro Tempo", de Milton Neves)