Boa parte de um vasto material recolhido em muitos anos de pesquisas está disponível nesta página para todos os que se interessam em conhecer o futebol e outros esportes a fundo.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

O time dos ferroviários de Pernambuco

A Associação Atlética Great Western foi fundada em 17 de março de 1928, em Recife (PE), por funcionários da "Great Western of Brazil Railway Company Limited", empresa encarregada da construção de ferrovias no país. O uniforme do clube tinha as cores vermelha e branca.

Na época o futebol era o hobby de ingleses residentes na cidade, que praticavam o novo esporte até nos quintais das suas casas. A maioria era funcionários de companhias britânicas como a "Great Western" e a "Pernambuco Tramways and Power Company Limited", responsável pelos serviços de bonde e energia elétrica no Recife.

A A.A. Great Western realizava seus jogos no "Estádio Jefferson de Freitas", em Jaboatão dos Guararapes, que tinha capacidade na época para abrigar até cinco mil espectadores. O estádio ainda existe, mas não está mais apto para receber jogos de profissionais, pois suas medidas estão fora dos padrões exigidos pele Federação Pernambucana de Futebol (FPF).

Até 1995 o América, do Recife, que já foi campeão pernambucano em 1918-1919, 1921-1922, 1927 e 1944, realizava seus jogos no "Jefferson de Freitas". Antigamente existia em Jaboatão da Serra um time de futebol chamado Portela, que pertencia a fábrica de papel e que também jogava no estádio local. Até chegou a disputar o Campeonato Pernambucano.

Um de seus maiores incentivadores foi o oficial da Marinha, Heleno Gomes Nunes, que mais tarde foi almirante e presidente da Confederação Brasileira de Desportos (CBD), entre os anos de 1975 e 1979, e da atual Confederação Brasileira de Futebol (CBF), de 1979 a 1980.

Como A.A. Great Western, o clube participou de 16 campeonatos pernambucanos em sua divisão principal com o seguinte desempenho: 203 jogos, 122 pontos ganhos, 51 vitórias, 20 empates, 132 derrotas, gols pró 324 e gols contra 675.

Em 1955 mudou seu nome para Clube Ferroviário do Recife, e até 1994 quando foi rebaixado para a 2ª divisão estadual, disputou 39 campeonatos com o seguinte desempenho: 708 jogos, 442 pontos ganhos, 154 vitórias, 134 empates, 420 derrotas, gols pró 697 e gols contra 1458.

Disputou o primeiro Campeonato Pernambucano de futebol em 1932 na “Série Branca”, com a seguinte campanha:

1º turno. 17-4, 2 X 3 Fluminense do Recife; 8-5, 1 X 5 Santa Cruz; 5-6, 6 X 2 Israelita; 3-7, 2 X 9 América e 24-7, 3 X 4 Flamengo. 2º turno. 28-8, 5 X 3 Fluminense do Recife; 11-9, 3 X 4 Santa Cruz; 2-10, 3 X 1 Israelita; 9-10, 3  X 4 Flamengo e 23-10, 2 X 2 América.

O time terminou na 7ª colocação com 7 pontos ganhos, conquistando 3 vitórias, 1 empate e 6 derrotas. O ataque marcou 30 gols e a defesa sofreu 37 gols.

Em 19-07-1936 o Great Western sofreu uma goleada de 13 X 1 do campeão Tramways. Foi o pior resultado obtido em toda a sua história. A equipe retornava ao campeonato pernambucano, depois de ter ficado fora das disputas de 1934 e 1935.

Mesmo sem participações brilhantes no certame estadual, o time conseguiu alguns resultados expressivos: 30-5-1937, 4 X 2 Sport Recife; 14-8-1938, 4 X 1 Tramways; 18-8-1940, 3 X 1 Naútico; 6-3-1941, 3 X 1 América e 3-7-1941, 5 X 2 Santa Cruz.

Em 1955 o nome de A.A. Great Western mudou para Ferroviário Esporte Clube do Recife e depois para Clube Ferroviário do Recife, denominação que mantém até hoje. A sede atual pertencia ao senhor Soares Raposo, rico fazendeiro e o maior abatedor de gado do Estado. Em 1928, ele vendeu todo o seu patrimônio à Empresa Great Western. Os ingleses cederam esse patrimônio a Associação Atlética Great Western.

Com o nome de Ferroviário o clube participou do Campeonato Brasileiro da Série B, em 1972. Na ocasião o bairro de "Afogados", no Recife viveu momentos de grande mobilização popular. Infelizmente o time não fez uma boa campanha e terminou na 21ª colocação geral.

Vale dizer que a ferrovia iniciava no bairro de "Afogados", próximo à Casa de Detenção, atual Casa da Cultura, passando por Vitória de Santo Antão, Gravatá, Bezerros e terminando em Caruaru.

Nessa época, Vitória de Santo Antão possuía mais de 70 engenhos, Bezerros, mais de 20 fábricas de rapadura e Caruaru exportava para o Recife uma grande quantidade de solas, couros, algodão, queijo, feijão, além de realizar uma das maiores feiras de gado da região.

Apesar do Ferroviário estar fora da 1ª divisão pernambucana há muito tempo, sua colocação no ranking estadual ainda é boa, ficando atrás somente dos quatro chamados grandes, América, Sport, Náutico e Santa Cruz e do Central, de Caruaru, força emergente do interior. O time está fora até da 2ª divisão, desde 2009, por falta de estádio para mandar seus jogos. (Pesquisa: Nilo Dias)

 Escudo da extinta A.A. Great Western