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domingo, 14 de abril de 2019

Vai que é tua, "Taffarel"

Cláudio André Mergen Taffarel, ou simplesmente “Taffarel”, veio ao mundo num hospital em Tuparendi, que na época pertencia ao município de Santa Rosa, mas em seu registro de nascimento consta como sendo natural de Crissiumal, coincidentemente a mesma cidade onde nasceu o também goleiro Danrlei, que jogou no Grêmio Portoalegrense.

Pertencente a uma família pobre de descendentes de imigrantes italianos e alemães, nasceu  no dia 8 de maio de 1966 e passou a infância na cidade de Crissiumal.

Começou a jogar profissionalmente no Internacional em 1985 e se tornou ídolo imediato de uma torcida acostumada com goleiros sensacionais como Manga e Benítez. Quando surgiu no futebol ainda não era chamado de “Taffarel”, e sim de Cláudio.

Muito jovem, marcou presença no Brasileiro de 1986, quando foi uma das revelações da competição. E rapidamente se tornou uma presença nacional de destaque, com sua convocação para a seleção sendo praticamente exigida por toda a torcida brasileira, devido a suas grandes atuações no Internacional.

Foi um dos destaques da final da “Copa União” de 1987, equivalente ao Campeonato Brasileiro. No ano seguinte, levou o Internacional a mais uma final de Campeonato Brasileiro, ficando com o vice-campeonato pela segunda vez consecutiva.

Grande defensor de pênaltis,  começou a ser destaque nesse quesito no Campeonato Mundial Sub-20, na conquista do título em 1985. Ele defendeu um pênalti no tempo normal na semifinal contra a Nigéria, garantindo a vitória por 2 X 0 ao Brasil.

O goleiro sofreu apenas um gol durante todo o torneio. Nas Olimpíadas de Seul, em 1988, foi novamente a grande estrela do Brasil, quando espantou o mundo, fechando o gol na semifinal contra a Alemanha. Naquela partida, “Taffarel” defendeu três pênaltis, um na prorrogação e, mais dois na decisão das penalidades.

Com o feito, levou o Brasil a grande final contra a antiga União Soviética, porém deixou escapar o ouro, perdendo o jogo por 2 X 1 de virada, se tornado vice-campeão olímpico, com a medalha de prata.

A partir dali, “Taffarel” começou a aparecer no cenário do futebol mundial, com grandes atuações no Internacional e na seleção, fazendo com que os italianos o levassem ao Parma, para ser o primeiro goleiro brasileiro a jogar no futebol italiano. Deixou o Internacional em 1990, tendo disputado 24 "Grenais" e sem ter conquistado nenhum título.

Ao deixar o “Colorado”, “Taffarel” foi para o Parma, da Itália, onde jogou por cinco temporadas. Sua primeira passagem foi de 1990 a 1993, período em que conquistou dois títulos importantes: a “Copa da Itália”, em 1992, e a “Recopa Europeia”, em 1993.

Estreou com a camisa número 1 do clube italiano na temporada 1990-1991, jogando todas as 34 partidas do Campeonato Italiano, e repetiu o feito na temporada 1991-1992. Na temporada 1993-94, Taffarel foi emprestado pelo Parma para o Reggiana da Itália.

O reforço do brasileiro fez com que o time permanecesse na Serie A para a próxima temporada. Defendeu um pênalti na última rodada do Campeonato Italiano de 1993-1994 contra o Milan. “Taffarel” foi considerado um dos melhores goleiros do Campeonato Italiano de 1994, o que lhe rendeu a convocação para Copa do Mundo nos EUA naquele mesmo ano.

“Taffarel” chegou ao Atlético Mineiro em 1995, comprado do Parma da Itália por R$ 1,3 milhões de reais, até então a contratação de goleiro mais cara da história do futebol brasileiro. Sua chegada foi celebrada por uma grande festa pelas ruas de Belo Horizonte.

O Atlético Mineiro organizou uma carreata com trio elétrico, que durou por cerca de três horas e levou milhares de pessoas às ruas. “Taffarel” fez sua estreia pelo “Galo” em um amistoso contra o Flamengo, em 10 de fevereiro de 1995, com vitória mineira por 3 X 2.

Atuou pelo Atlético de 1995 até 1998, se despedindo na vitória sobre a Caldense por 2 X 0 em jogo válido pelo Campeonato Estadual. Foi para a Copa de 1998 convocado pelo técnico Zagallo, e de lá partiu para o Galatasaray, da Turquia, numa negociação que custou US$ 600 mil.

Devido ao carinho que criou pela torcida atleticana, escreveu em sua saída uma carta pública explicando os motivos que o fizeram decidir por deixar o clube. Essa carta foi publicada no jornal ”Estado de Minas” em 12 de julho de 1998.

Pelo “Galo”, o goleiro participou de 191 jogos e levou 203 gols no total, conquistando três títulos: o “Campeonato Mineiro de Futebol“ de 1995, a “Copa Centenário de Belo Horizonte” de 1997 e a “Copa Conmebol” de 1997. “Taffarel“ é, também, o quarto goleiro que mais atuou pelo clube em sua história.

O sonho de seus parentes que residiam em Minas Gerais era vê-lo jogando no América Mineiro. E foi até homenageado com uma placa de prata pelo clube alviverde mineiro e tem seu nome escrito no salão de troféus.

Seu retorno ao Parma aconteceu já no final decarreira, na temporada 2001-2002, com tempo de conquistar mais um título no seu currículo: a “Copa da Itália” de 2002, após boas defesas na vitória na final contra a Juventus.

Nessa época, “Taffarel” era sondado por vários clubes do Brasil: Corinthians, Cruzeiro e Fluminense. Entretanto, em 2003, aos 37 anos, o brasileiro preferiu encerrar sua carreira em território italiano.

Muitos experientes cronistas esportivos o consideram como o melhor goleiro que vestiu a camisa número 1 da Seleção Brasileira, até hoje. Atualmente é o treinador de goleiros da Seleção Brasileira e do Galatasaray, da Turquia.

Pela Seleção Brasileira, “Taffarel“ tem o maior número de jogos de um goleiro na história. Foram 123 aparições, com 113 jogos pela seleção principal. E ainda soma quatro jogos oficiais restritivos pela seleção dos Jogos Pan-Americanos de 1987 em Indianápolis e seis jogos nas Olimpíadas de Seul 1988.

Jogou também as Copas do Mundo de 1990 na Itália, 1994 nos Estados Unidos e 1998 na França. “Taffarel” sofreu 15 gols nos 18 jogos em que defendeu o Brasil nas Copas do Mundo. Seu grande ápice na Seleção Brasileira foi a campanha rumo ao título na Copa do Mundo de 1994, defendendo a cobrança de Daniele Massaro na disputa por pênaltis contra a Itália em plena final.

Na semifinal da Copa América de 1995 contra a Argentina, “Taffarel” defendeu duas cobranças. Na Copa do Mundo de 1998, na França, ele mostrou ao mundo que era mesmo o maior pegador de pênaltis de sua época.

Fechou o gol na semifinal contra a Holanda, acertou o canto nas quatro cobranças e defendeu duas, garantindo a vitória ao Brasil por 4 X 2 e levando o país a sua segunda final de Copa do Mundo consecutiva.

A última disputa por pênaltis da sua carreira foi na final da Copa da UEFA, em 17 de maio de 2000, quando defendia as cores do Galatasaray, da Turquia.

O bordão "Vai que é sua, Taffarel!" foi criado pelo narrador Galvão Bueno para as defesas do goleiro na copa do mundo de 1994. Apesar da crença geral que a frase foi criada e repetida pelo locutor devido à colocação perfeita e às defesas difíceis do arqueiro, em entrevista a Pedro Bial o locutor revelou que a expressão fora criada devido ao costume do atleta em não sair de perto da trave do gol, utilizando originalmente a frase para incentivar que “Taffarel” fosse mais proativo nas partidas.

Na Europa, ainda é lembrado por ter parado o grande atacante francês Thierry Henry na final da Copa da UEFA do ano 2000. Era, na época, goleiro do Galatasaray e esse foi o primeiro título continental do clube turco.

Na Final, o Galatasaray e o Arsenal se enfrentaram no “Estádio Parken”, na Dinamarca, num jogo bastante equilibrado, que terminou empatado em 0 X 0 nos 90 minutos e na prorrogação. Na decisão por pênaltis o Galatasaray levou a melhor, vencendo por 4 X 1.

Com esta vitória na Copa da UEFA, o Galatasaray fez história ao conquistar quatro troféus numa só época, juntando esta conquista ao Campeonato Turco, Taça da Turquia e a Supercopa Europeia em 2000. A decisão da Supercopa Europeia, disputada em agosto de 2000 no Estádio Olimpíco de Mônaco, reuniu o Galatasaray, campeão da Copa da UEFA e o Real Madrid, campeão da Champions League.

O Galatasaray venceu por 2 X 1, conquistando assim o quarto título da temporada, um recorde não superado até hoje no futebol turco. A contribuição de “Taffarel “naquela temporada, foi espetacular, levando o Galatasaray a ser o segundo no ranking da Federação Internacional de História e Estatística do Futebol (IFFHS), ficando atrás apenas do clube madrilenho.

Sua atuação pelo time de Istambul entre 1998 e 2001 foi intensa, e “Taffarel” foi considerado um verdadeiro fenômeno entre a garotada turca. É até hoje idolatrado pela fanática torcida do Galatasaray, um dos grandes clubes da Turquia. Em 2012 foi contratado para ser o treinador de goleiros no clube turco.

A Federação Internacional de História e Estatística do Futebol retratou Taffarel como um dos melhores da história. Entre 1989 e 2013, esteve presente em 13 listas. Quando ainda era jogador, destacou-se por oito vezes entre os 10 melhores do mundo.

Com a carreira finalizada em 2003, aos 37 anos, “Taffarel“ ainda foi considerado o 10º melhor goleiro do mundo na história da IFFHS por cinco anos consecutivos (2009, 2010, 2011, 2012, 2013).

“Taffarel” é o único goleiro campeão mundial da história a defender um pênalti numa final de Copa do Mundo. Tornou-se também o único jogador da Seleção Brasileira a nunca ser substituído em três Copas do Mundo consecutivas: 1990, 1994 e 1998, num total de 18 jogos como titular absoluto.

Taffarel é dono do recorde em jogos de um goleiro brasileiro na história da Copa América, com 25 partidas em cinco edições disputadas: 1989, 1991, 1993, 1995 e 1997. Foi bicampeão, vencendo em 1989 e 1997.

Em 1998 teve seu nome especulado em clubes do interior dos Emirados Árabes Unid. Mesmo sendo um grande goleiro, por muitos era considerado baixo.

Títulos conquistados.  Internacional:  Vice-campeão brasileiro (1987) e 1988); Parma: Copa da Itália (1992 e 2002); Recopa Europeia (1993). Atlético Mineiro: Campeão Mineiro (1995); Copa Centenário de Belo Horizonte (1997); Copa Conmebol (1997). Galatasaray: Campeão Turco (1999 e 2000); Copa da Turquia (1999 e 2000); Liga Europa da UEFA (2000); Supercopa Europeia (2000). Seleção Brasileira: Copa do Mundo FIFA Sub-20 (1985); Ouro nos Jogos Panamericanos (1987); Torneio Bicentenário da Austrália (1988), Taça das Nações (1988); Copa América (1989 e 1997), Copa do Mundo FIFA (1994).

Campanhas de destaque. Seleção Brasileira: Jogos Olímpicos, medalha de prata – Seul (1988); Copa do Mundo FIFA: vice-campeão (1998).

Prêmios individuais. Bola de Ouro da Revista Placar (1988); Bola de Prata da Revista Placar (1987 e 1988); Terceiro melhor goleiro do mundo pela IFFHS (1991 e 1994); Quinto melhor goleiro do mundo pela IFFHS (1990); Sétimo melhor goleiro do mundo pela IFFHS (1989, 1992, 1998 e 2000); Nono melhor goleiro do mundo pela IFFHS (1997); Terceiro melhor jogador das Américas, eleito pelo jornal uruguaio El País (1988); Terceiro melhor goleiro da Copa do Mundo FIFA (1994); Melhor jogador na final da Copa da UEFA (2000) e Segundo melhor goleiro da América do Sul dos últimos 25 anos pela IFFHS. (Pesquisa: Nilo Dias)