Boa parte de um vasto material recolhido em muitos anos de pesquisas está disponível nesta página para todos os que se interessam em conhecer o futebol e outros esportes a fundo.

sábado, 30 de novembro de 2013

O craque desengonçado

Já imaginaram um jogador de futebol todo desengonçado, baixinho, apenas 1,67m, pernas finas e curtas, barriga de dirigente de clube e um jeito nada convencional de correr? Pois existiu um com todas essas caracteristicas antifutebolísticas, o atacante “Ageu Sabiá”, assim apelidado pela semelhança com o pássaro. Mas bastava entrar em campo, para em poucos minutos deixar calados todos os que não acreditavam nele.

O peso ideal de Ageu era 65 quilos, mas perdeu as contas de quantas vezes entrou em campo com até 10 quilos a mais, o que segundo ele, em nada atrapahava seu desempenho. Esse ganho extra de peso tinha tudo a ver com sua alimentação que não era nada saudável. O que ele gostava mesmo era de hambúrguer, churrasco, pastel, pão com manteiga e refrigerante. E às vezes, para acompanhar, generosos copos de cerveja.

Os preparadores físicos dos clubes em que Ageu jogou, tinham consciência de que sua alimentação não era a ideal para um jogador de futebol, mas não o questionavam sobre isso, porque sabiam que dentro de camopo ele resolvia. Muito pelo contrário, até o deixavam fora das tradicionais “maratonas”. Fazia apenas treinamentos específicos. Em dia de jogo, era capaz de correr 100 metros em dez segundos, o que não era façanha para qualquer um.

Era um artilheiro nato, daqueles que gostava de pegar a bola na intermediária, deixar os zagueiros no chão a dribles, fazer o gol e correr em direção a torcida para comemorar. Foi um dos maiores mitos da história do futebol paraense.

Foi artilheiro por dois anos seguidos do “Campeonato Santareno” de 1986/87, o que chamou a atenção do diretor Walter Abél, do Tuna Luso, de Belém. Mas ao ver o biotipo do atleta, até então desconhecido, jogadores, comissão técnica e até os repórteres que cobriam o dia a dia do clube riram e se perguntavam: “como uma pessoa acima do peso poderia se aventurar a jogar profissionalmente?”

Ageu Elivan Lopes do Nascimento nasceu no dia 10 de Setembro de 1967 em Monte Alegre (PA). Seu primeiro time profissional foi o São Raimundo, de Santarém (PA), que disputava o campeonato da cidade. Em 1986 trocou de time, indo para o rival São Francisco, onde se tornou artilheiro e bi-campeão municipal.

Ganhou fama, e em 1988 foi contratado pelo Tuna Luso, onde se sagrou campeão estadual pela primeira vez. Depois foi para o Paysandu, que estava na “Terceira Divisão” e conseguiu subir para a “Segunda”. Em 1992 o Remo o contratou.

Em 1993 estava de volta ao Tuna Luso, conquistando a artilharia do campeonato estadual. Igual a pássaro que anda de galho em galho, retornou ao Remo no segundo semestre daquele mesmo ano, para disputar o “Campeonato Brasileiro da Série A”.

Novamente deixou o Remo, se transferindo para o Noroeste, de Bauru (SP). Ficou pouco tempo e voltou ao Pará, passando antes pelo São Carlense, de São Carlos (SP) e Tuna Luso. Voltou ao Remo em 1996, para ganhar mais dois títulos estaduais, em 1996 e 1997.

Competições disputadas. Pelo Remo: Série B (1992); Campeonato Brasileiro da Série A (1993); Campeonato Paraense (1996, 1997 e 1998); Copa do Brasil (1996, 1997 e 1998). Títulos ganhos pelo Clube do Remo. Campeonato Paraense (1996 e 1997); Pelo Tuna Luso. Campeão estadual (1988); Campeão municipal de Santarém, pelo São Francisco (1986 e 1987)

O que pouca gente sabe é que “Ageu Sabiá”, enquanto fazia história no futebol paraense, colecionava títulos, medalhas e marcava centenas de gols, divertindo os torcedores paraenses, viveu um drama extracampo. Ele lutou por três longos anos pela saúde do filho Breno, que sofria de leucemia.

Em 2010, quando o menino completou 9 anos, a grande nóticia: estava curado. Para Ageu isso foi melhor do que qualquer título que ganhou. Pai e filho passaram por um verdadeiro drama, que começou quando o menino tinha apenas 7 anos e foi diagnosticada a doença.

Foram 2 anos e 7 meses na luta pela cura da doença. A rotina de pai e filho mudou. Breno deixou de jogar bola e estudar, para se dedicar ao tratamento. E Ageu, teve que se mudar para o Hospital Ophir Loyola, onde o menino passou muitos dias de sua vida.

Ageu Sabiá” também ganhou fama de folclórico. Contava muitas histórias engraçadas que diziam respeito a sua barriga descomunal. Talvez a melhor de todas seja uma ocorrida em 1993, quando Remo e Portuguesa de Desportos jogaram no Estádio do Canindé, pelo “Campeonato Brasileiro”.

Um repórter veio entrevistar Ageu e perguntou como ele podia correr com uma barriga daquele tamanho. Sem pestanejar, respondeu: “O cavalo é barrigudo e também corre”. Em1993, antes de uma partida contra o Goiás, no “Serra Dourada”, outro repórter lhe disse que era difícil alguém de fora ganhar deles lá dentro. E Ageu respondeu: “Difícil é dar rasteira em cobra e cachuleta em jabuti. O resto é fácil”.

Quando desembarcava do ônibus as pessoas pensavam que ele era o roupeiro do time. Ageu não se importava e respondia dentro de campo com muitos gols Mas é inegável que a fama de “gordinho” atrapalhou um pouco a sua carreira, não tendo conseguido jogar em nenhum time grande do Sul ou do Sudeste. É verdade que andou pouco tempo no interior paulista, onde jogou no Noroeste, de Bauru e São Carlense, de São Carlos.

Em 1994 quase fechou com a Portuguesa de Desportos, mas esbarrou no preconceito. Ageu já tinha até arrumado as malas para viajar até São Paulo, quando o técnico Candinho foi demitido e outro contratado. E desistiram de contratá-lo. A sua fama de “gordo” falou mais alto que sua condição de artilheiro.

Antes de encerrar a carreira, “Ageu Sabiá” ainda marcou muitos gols por Tiradentes, Águia, de Marabá e Ananindeua, todos clubes do Pará.

Fora dos gramados, Ageu ainda acompanha o futebol, em especial o “Campeonato Brasileiro”, vendo jogos pela TV. E elegeu este ano o seu ídolo, que não poderia ser outro, senão Valter, centro-avante do Goiás. Ele vê no craque “gordinho” as mesmas caracteristicas que tinha no tempo em que jogava. Não acredita que Valter possa emagrecer um dia, mas garante que continuará fazendo gols.

Para Ageu, o camisa 9 do Goiás faz por merecer uma chance na “Seleção Brasileira”, por se tratar de um excelente jogador, oportunista, um exímio “matador”. “Sabiá” se diverte dizendo que ele é o verdadeiro “gordinho artilheiro” mais famoso do Brasil, e Walter é o segundo.

O futebol do Pará sempre se caracterizou por alguns aspectos peculiares que serviriam até para um estudo mais aprofundado. Nos anos 50, por exemplo, jogou no Payssandu um atacante de apelido “Pau Preto”. Fez muitos gols e garantiu títulos para o clube. O engraçado, é que os locutores de rádio primavam pela desatenção ao narrarem alguns de seus gols.

Certa ocasião “Pau Preto” estava em tarde de gala, fazendo diabruras dentro de campo, driblando meio time adversário e concluindo para a rede. Um certo locutor, sem perceber a besteira que estava dizendo, lascou: “”Pau Preto” entrou com bola e tudo”.

Na década de 70, jogou no Remo um centro-avante de estatura alta, 1,92m, chamado Alcino e apelidado “Negão Motora”. Era forte e rápido, chutava e cabeceava bem, fazendo gols de todo jeito. O mais lembrado de todos, ele fez num clássico contra o Paysandu. Driblou os zagueiros e o goleiro, colocou a bola em cima da linha e sentou sobre ela antes de fazer um gol de bunda.

Desde então a torcida do Payssando quer ouvir falar no diabo do que em Alcino, protagonista de tamanha humilhação. Alcino era capaz de qualquer coisa para provocar a torcida rival, até de baixar o calção e mostrar as partes íntimas, o que convenhamos, passava de todos os limites toleráveis. Alcino, depois jogou no Grêmio Portoalegrense.

Da mesma época de “Ageu Sabiá”, surgiu no futebol paraense o atacante Edil, talvez o mais folclórico jogador que atuou nos gramados nortistas. Era a verdadeira versão amazônica de “Túlio Maravilha”. A diferença estava no porte físico, Edil tinha mais de 1,80m de altura, nariz de tucano e um cabelo cacheado, estilo anos 80.

Começou a carreira nas categorias de base do Paysandu. Aos 19 anos já estava no elenco de profissionais e foi campeão paraense de 1987. Ganhou fama e foi jogar no Nordeste, para voltar ao Payssandu na década de 90 e fazer história. Começou a marcar gols, ganhar títulos e virou um falastrão.

Foi ele um dos pioneiros na introdução de comemorações irreverentes no futebol paraense. Criou personagens fixos para celebrar os seus gols, como o “Carrasco”, em 1992, quando jogava no Payssandu. Ele carregava preso ao calção um capuz e cobria o rosto com ele, quando fazia um gol. E com o auxilio de um companheiro de time, simulava a degolação de um condenado com uma machadada imaginária. A torcida entrava em delirio.

Em 1996, quando Edil jogou no Clube do Remo, inovou na comemoração, criando o "Braddock", inspirado na série de filmes estrelada pelo igualmente matador “Chuck Norris”. A cada gol, dois ou três jogadores se alinhavam num paredão invisível e eram "metralhados" por Edil.

Em 2000, ele foi contratado pelo Castanhal, do interior paraense. E lá se tornou "Highlander, o goleador imortal". Ele deixava sempre uma espada de plástico no banco de reservas, que servia para performances hilariantes que agradavam a torcida do seu time.

No “Sul Maravilha” também teve um jogador cujo fisico não era nada recomendável para um atleta. Tratava-se de Mauro Coelho, que ganhou o apelido de “Barrilzinho de Pólvora”, pelos quilos a mais que o deixavam quase redondo. Mas isso não impediu que se tornasse um meia-ponta-de-lança respeitado no futebol gaúcho, defendendo Cruzeiro e Internacional, de Porto Alegre, nos anos 60 e 70.

Fez história nas equipes em que jogou, tendo participado da excursão que o Cruzeiro portoalegrense empreendeu por gramados da Europa, em 1960, sendo o primeiro clube brasileiro a fazer isso, fora do eixo Rio-São Paulo. Mauro faleceu prematuramente há alguns anos. (Pesquisa: Nilo Dias)


quarta-feira, 27 de novembro de 2013

O último capítulo da "Enciclopédia do Futebol"

O ex-lateral esquerdo do Botafogo e da Seleção Brasileira, Nilton Santos, morreu na tarde desta quarta-feira, aos 88 anos de idade, na Clinica Bela Lopes, bairro de Botafogo, Zona Sul do Rio de Janeiro, onde estava internado desde o último sábado em razão de complicações respiratórias.

Na terça, ele havia apresentado uma melhora no quadro de pneumonia que foi diagnosticado na segunda. De acordo com o boletim médico, Nilton morreu em decorrência de pneumonia comunitária, tendo comorbidades a doença de Alzheimer e a insuficiência cardíaca grave.

O ex-craque, que padecia do “Mal de Alzheimer” há cinco anos, vivia na Clínica da Gávea. O Botafogo, desde 2007, quando o presidente era Bebeto de Freitas, arcava com as despesas hospitalares do ídolo. Sua esposa Célia luta contra um câncer no cérebro. Eles, inclusive, tiveram que se separar por conta das doenças no fim de 2012.

O corpo do "Enciclopédia do Futebol" foi carregado para dentro da sede de "General Severiano" ao som do hino do clube e coberto pela bandeira com a "Estrela Solitária". Parentes, amigos e torcedores devem velar Nilton Santos até a zero hora.

Depois, as portas serão reabertas às 7 horas, para receber o público em geral. O ex-lateral-esquerdo deixará a sede alvinegra às 15 horas em um carro aberto do Corpo de Bombeiros, que seguirá em carreata até o cemitério São João Batista, no bairro de Botafogo, na Zona Sul do Rio, onde será sepultado.

O ex-craque nasceu em 16 de maio de 1925 no bairro carioca da Ilha do Governador. Ganhou o apelido de "Enciclopédia de Futebol", dado pelo ex-narrador esportivo Waldir Amaral, por causa de seus conhecimentos sobre o esporte e por ser completo como jogador, tendo a capacidade de encantar o torcedor.

Enquanto cumpria serviço militar foi descoberto por um oficial da Aeronáutica que o viu jogar na praia e se encantou. Foi levado por ele para jogar no Botafogo em 1948. Sua estréia com a camisa do clube da estrela solitária aconteceu num jogo amistoso contra o América, de Minas Gerais.

No campeonato carioca de 1948, entrou no time numa partida contra o Canto do Rio, em Caio Martins, vencida pelo alvinegro por 4 X 2. Não participou do primeiro jogo do Campeonato, contra o São Cristóvão, o titular foi Nilton Barbosa. O Botafogo ganhou o título daquele ano.

Nilton defendeu o Botafogo por 16 anos. Foi o único time que jogou em toda a carreira, conquistando o Torneio Rio-São Paulo em 1962 e 1964, além do Campeonato Carioca em 1948, 1957, 1961 e 1962. Também vestiu a camisa da Seleção Brasileira, onde foi bicampeão mundial em 1958 e 1962, além de participar das Copas do Mundo de 1950, da qual era o último remanescente, e de 1954. Somente deixou General Severiano em 1964 quando abandonou os gramados.

A direção do Botafogo emitiu nota oficial em que lamenta o falecimento de seu ídolo Nilton Santos, o maior lateral-esquerdo de todos os tempos, “adorado quanto Garrincha e respeitado quanto Pelé”. No Botafogo, disputou 723 partidas, e marcou 11 gols. Na Seleção, fez 84 jogos, marcando 3 gols.

Nilton estreou na seleção no Sul-Americano de 1949. A competição foi realizada no Brasil que acabou campeão. Ainda foi campeão com a camisa “Canarinho” no “Pan-Americano” de 1952. Sua despedida da Seleção ocorreu na final da Copa de 1962, contra a Tchecoslováquia.

Foi o maior responsável pela contratação de Garrincha, depois de tê-lo marcado em um treino do Botafogo e levado um drible entre as pernas. Ficou furioso, mas exigiu que o endiabrado ponteiro-direito fosse contratado e titular da equipe, pois assim, não teria que marcá-lo novamente. Em 1998, em pesquisa realizada pela Fifa foi eleito junto com Garrincha para fazer parte da Seleção Mundial de todos os tempos.

Nilton Santos foi o precursor em arriscar subidas ao ataque através da lateral do campo. Revolucionou a posição de lateral-esquerdo, utilizando-se de sua versatilidade ao defender e atacar, inclusive marcando gols, numa época do futebol que a posição tinha apenas função defensiva.

Até marcou um gol pela Seleção Brasileira, na Copa do Mundo de 1958, contra a Áustria. Ele pegou a bola no campo de defesa e driblou o time adversário inteiro, finalizando com um chute indefensável. O técnico Vicente Feola quase ficou doido com o desenrolar da jogada.

Outra jogada que entrou para a história do futebol foi protagonizada por Nilton Santos na Copa do Mundo de 1962. Ele cometeu um pênalti escandaloso em um jogador da Espanha, que vencia o confronto por 1 X 0. A partida era válida pela última rodada da fase de classificação e decisiva. Quem perdesse, voltava para casa.

Assim que o atleta caiu, ele deu dois passos para frente e saiu da área. O árbitro, que estava longe do lance, apenas marcou a falta, em vez de pênalti. Ao lembrar o lance, Nilton dizia que foi pura malandragem, daquelas que se aprende nas peladas. Depois o Brasil virou o jogo com dois gols de Amarildo.

Nilton Santos, Gilmar, Didi e Zagalo foram os únicos jogadores da Seleção Brasileira que participaram de todos os jogos das Copas do Mundo de 1958 e 1962.

Contam que num jogo amistoso do Botafogo na cidade do México contra o River Plate, da Argentina, Garrincha estava estraçalhando o beque Vairo. Nestor Rossi, o maestro portenho, teria chamado o lateral e aconselhou: “Quer melhorar teu futebol? Então faz o seguinte, aquele ali é o Nilton Santos, beque esquerdo como você. Vai lá perto, disfarça e passa a mão na perna dele. só isso. Passa a mão que naqueles pés está o futebol de todos os beques do mundo".

Nílton Santos era um jogador clássico, elegante, raramente fazia falta e nunca jogou com violência. Começou a carreira como centroavante, mas foi colocado como quarto-zagueiro em um treino e logo em seguida firmou-se na lateral. Encerrou a carreira com os quatro meniscos inteiros, o que prova que tinha bom equilíbrio.

Romântico, não ligava para dinheiro, tinha um espirito amador. Chegou a assinar três contratos em branco, no auge de sua carreira. Mas não se arrependeu e garantia que faria tudo de novo. Agradecido, dizia sempre que tudo o que tinha, tudo o que era, devia ao Botafogo.

Ele fez parte do “Fifa 100”. E foi homenageado no “Prêmio Craque do Brasileirão de 2007”. Foi eleito pela Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol (IFFHS), o nono maior jogador brasileiro do século e o 28º da América do Sul. Em 2000 foi escolhido pela Fifa o melhor lateral esquerdo do mundo em todos os tempos.

Foi escolhido ainda para integrar a seleção da América do Sul de todos os tempos. A enquete foi realizada com cronistas esportivos de todo o mundo. A Seleção foi esta: Fillol (Argentina) - Carlos Alberto Torres (Brasil) – Figueroa (Chile) - Daniel Passarella (Argentina) e Nilton Santos (Brasil) – Maradona (Argentina) - Di Stéfano (Argentina) – Rivelino (Brasil) e Didi (Brasil) – Garrincha (Brasil) e Pelé (Brasil).

Em 2002, Nilton Santos recebeu uma homenagem do apresentador e jornalista Milton Neves. Um tapete vermelho foi estendido para que o eterno botafoguense pudesse participar do "Terceiro Tempo", na TV Record.

Depois de encerrar a carreira, Nilton Santos não se afastou do futebol. Em 1998, tocou um projeto de uma escolinha de futebol em Palmas, Tocantins, para crianças carentes.

Mesmo declarando que nunca sonhou em ser treinador de futebol chegou a treinar o Bonsucesso, modesto clube do subúrbio do Rio de Janeiro. Com seus grandes conhecimentos futebolísticos, montou um time até bom, considerando-se os parcos recursos de que dispunha.

Depois de sete jogos, conseguiu cinco vitórias. A diretoria do Bonsucesso não estava acostumada com aquilo e chegando à conclusão de que, pagando tantos "bichos" por vitória, o clube acabaria falindo, optaram pela solução mais "lógica" e barata. Simplesmente demitiram o técnico que estava causando tanto prejuízo.

Depois passou sem grande êxito pelo Galícia e Vitória, ambos da Bahia e São Paulo, da cidade gaúcha de Rio Grande, onde não conseguiu se adaptar ao frio e pediu para ir embora. O último time que treinou foi o Taguatinga, de Brasília. O próprio Nilton gostava de contar como aconteceu a sua saída do clube gaúcho:

Eu estava acostumado ao calor do Rio de Janeiro, e era duro enfrentar o rigoroso inverno gaúcho. Num domingo, me levaram para visitar a extensa praia do Cassino. O frio era intenso e nem saí do carro. De repente, ví um pinguim morto na beira da praia. Era a desculpa que precisava para romper o contrato: olha, pessoal, se nem pinguim aguenta o frio daqui, o que é que estou fazendo nesta cidade? Arrumou as malas e voltou ao sol da sua “Cidade Maravilhosa”.

Chegou a fazer parte da cúpula do futebol do Botafogo. Mas não durou muito tempo, sendo afastado após dar um soco no ex-árbitro Armando Marques, derrubando-o escada abaixo do Estádio do Maracanã, depois de um jogo em 1971.

Nilton Santos era um verdadeiro especialista em contar passagens divertidas da vida de Garrincha, seu "compadre" e amigo íntimo de muitos anos. Ele garantia que na sua frente Garrincha, um contumaz alcoólatra, nunca havia tomado um gole, pedindo sempre um "copo de água" quando o via.

Em meados da década de 1990, o ex-lateral esquerdo estabeleceu residência em Brasília e marcou época na cidade. Como coordenador de um projeto de iniciação ao futebol para crianças, Nilton Santos ensinou os segredos da bola e dos gramados a mais de mil aprendizes.

Esforçou-se o quanto pode para manter a iniciativa, mesmo nas condições mais adversas, mas foi obrigado a abandonar o programa quando deixou de ter um local para abrigar os meninos.

Na passagem pela cidade, foi ainda treinador do Taguatinga, mas a nova experiência como técnico de futebol também não foi bem-sucedida. Contratado como colunista do jornal “Correio Braziliense”, Nilton Santos revelou talento com as palavras, comentando temas esportivos e revelando histórias curiosas dos tempos de jogador. Conquistou leitores assíduos e acabou agraciado com o título de cidadão honorário de Brasília, em 1997.

De volta ao Rio de Janeiro, Nilton Santos fixou residência na cidade de Araruama, onde escreveu e lançou, em 1998, uma autobiografia de muito sucesso, intitulada “Minha Bola, Minha Vida”, pela editora Gryphus, na qual contou detalhadamente todos os passos da vitoriosa carreira.

Ele também foi homenageado no “Cantinho da Saudade”, em dezembro de 1999, no “Museu dos Esportes Edvaldo Alves de Santa Rosa – Dida”, que fica localizado no Estádio Rei Pelé, em Maceió.

Nilton Santos é nome de estádio. Fica em Palmas, Tocantins, onde morou entre 1999 e 2000, quando desenvolveu um projeto social com jovens através do futebol. Tem capacidade para receber até 8 mil torcedores.

Foi inaugurado no dia 12 de outubro de 2000. O primeiro gol no estádio foi marcado pelo atacante Malzone, que nesta ocasião jogava pela Seleção Brasileira Sub-17, no amistoso Seleção Brasileira Sub-17 2 X 2 Seleção Tocantinense Sub-20, que inaugurou a praça de esportes.

Títulos. Torneio Rio-São Paulo: (1962 e 1964); Taça dos Campeões Estaduais Rio-São Paulo (1961); Campeonato Carioca (1948,1957,1961 e 1962); Torneio Início Carioca (1961, 1962 e 1963); Torneio Municipal de Futebol do Rio de Janeiro (1951); Torneios Internacionais. 6º Torneio Pentagonal do México (1958); Torneio Internacional da Colômbia (1960); Torneio Internacional da Costa Rica (1961); 6º Torneio Pentagonal do México (1962); Torneio Jubileu de Ouro da Associação de Futebol de La Paz (1964); Torneio interclubes do Suriname (1964); Torneio Governador Magalhães Pinto (1964); Torneio Triangular de Porto Alegre (1951); Seleção Brasileira. Copa do Mundo (1958 e 1962); Campeonato Sul-Americano (1949); Taça Oswaldo Cruz (1950, 1955, 1956, 1958, 1961 e 1962); Copa Rio Branco (1950); Campeonato Pan-Americano (1952); Taça Bernardo O'Higgins (1955, 1959 e 1961) e Taça do Atlântico (1956 e 1960).

Um amigo de Nilton Santos, Damásio Desidério,autor de um enredo na Escola de Samba Vila Isabel, em 2002, que homenageou o ex-craque, ganhou de presente todo o acervo de relíquias juntadas por ele em toda a carreira. Agasalhos, chuteiras e as camisas das finais da Copa de 1958 e de 1962, utilizadas por Nilton Santos, integram uma lista de quase duas dezenas de peças de valor histórico.

Para ajudar o amigo, Desidério resolveu colocar o acervo à venda, mas pelo que sei não encontrou interessados até hoje. Nem o Botafogo, e muito menos a CBF mostraram interesse em adquirir esse verdadeiro tesouro do futebol brasileiro. (Pesquisa: Nilo Dias)


Um louco chamado Heleno

Heleno de Freitas talvez tenha sido o mais polêmico jogador do futebol brasileiro até hoje. Um verdadeiro craque que maravilhava multidões. Mas sofria de uma doença que foi diagnosticada tarde demais, paralisia geral progressiva, também conhecida como neurossífilis ou sífilis terciária, que não tem cura e o tratamento apenas impede o avanço, sem dar fim às sequelas.

Essa doença, contraída possivelmente por seu envolvimento com prostitutas, foi a grande culpada pelas atitudes amalucadas que tomava dentro e fora de campo. A sífilis é um mal silencioso. Na primeira fase, aparecem pequenas feridas, que somem em três semanas. Pouco tempo depois, a manifestação é uma alergia no corpo, que igualmente desaparece.

O paciente perde peso, apresenta fortes dores musculares e passa a caminhar como se estivesse perdendo o equilíbrio. As principais manifestações psiquiátricas são mania de grandeza, discurso sem nexo e confusão entre fantasia e realidade – sintomas apresentados por Heleno.

Heleno nasceu em São João Nepomuceno (MG), no dia 12 de fevereiro de 1920. Tinha sete irmãos. Aos sete anos de idade já jogava futebol no segundo time do infantil do Mangueira, de sua cidade natal. Em 1933, quando tinha 11 anos, sua família se mudou para o Rio de Janeiro.

No Rio foram morar no Posto 6, localizado no canto direito da Praia de Copacabana, e que na época recém começava  a ser povoado. Hoje é uma área nobre, repleta de construções.

Foi um pouco adiante de onde morava, no Posto 4, que Heleno começou a mostrar seu futebol refinado, no time de praia do famoso “Neném Prancha”, roupeiro do Botafogo, onde jogavam várias pessoas ligadas ao alvinegro carioca. De cara se destacou e em 1935, aos 15 anos já estava fazendo sua primeira partida oficial pelo “Glorioso”.

Os estudos e o trabalho, que ele conheceu cedo, não permitiam uma dedicação total ao futebol. Nessa época cursava o Ginasial no Colégio São Bento e trabalhava na firma Hime & Companhia. Depois obteve o bacharelado em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito, atual Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Era considerado membro da alta sociedade, com amigos empresários, juristas e diplomatas. Seu pai era dono de um cafezal e ainda cuidava de negócios de papel e chapéus. Chegou uma hora em que a irregularidade no comparecimento aos treinos fez com que Heleno deixasse o clube, ficando apenas no time de praia, a título de recreação.

Em 1938, porém, alguns amigos decidiram levá-lo para o Fluminense, dono de uma equipe forte, onde teria maiores possibilidades de progredir na carreira. Foi para o tricolor sem contudo abandonar o Botafogo. Isso era possível, porque alguns clubes já haviam adotado o profissionalismo, exemplo do Fluminense e outros não, caso do Botafogo.

Durante algum tempo Heleno viveu a curiosa experiência de jogar nos dois times. Em 1940 ele integrou-se totalmente ao Botafogo. Mas sua estada no Fluminense foi importante, visto que o treinador uruguaio Carlomagno descobriu que ele não era centro-médio, posição em que se apresentou no clube, e sim centro-avante.

Ainda em 1940 ele seguiu para sua primeira experiência internacional, uma viagem do Botafogo ao México. Era reserva de Carvalho Leite, artilheiro do clube, e chegou a entrar no time algumas vezes. Nesse mesmo ano conquistou a titularidade nas disputas do Campeonato Carioca, com o time perdendo o título na última rodada.

Com seu 1,82m de altura não demorou a se tornar o maior ídolo botafoguense, antes de Garrincha, mesmo tendo sido campeão pelo clube uma única vez, em 1935. Heleno começou a ser considerado o mais clássico e o mais elegante dos centro-avantes do futebol carioca e brasileiro. Era dono de grande habilidade e excelente cabeceio.

De 1940 a 1947 suas atuações no Botafogo o levaram a uma ascensão enorme. Todos concordavam que se tratava de um craque. Virou celebridade em todo o país. Sua carreira chegou ao auge em 1945, quando foi artilheiro com 6 gols e o grande cartaz do Campeonato Sulamericano disputado no Chile, embora o Brasil não tenha sido campeão.

E não foi pouca coisa, pois se destacou num ataque que tinha Tesourinha, Zizinho, Jair e Ademir, craques notáveis. Ao todo fez 18 partidas pela Seleção Brasileira, tendo ainda disputado e ganho a Copa Roca, em 1945 e a Copa Rio Branco, em 1947. Heleno nunca jogou uma Copa do Mundo, pois as competições de 1942 e 1946 foram canceladas devido a Segunda Guerra Mundial.

E na Copa do Mundo de 1950, mesmo já sofrendo de sífilis, Heleno foi cortado pelo técnico Flávio Costa. Para muitos torcedores e jornalistas de todos os países da época, isso foi crucial para a perda da Copa, pois Heleno era ainda um dos principais jogadores brasileiros.
Ele foi o inventor da jogada “domínio no peito”, também chamada de “matada no peito”. E ficou conhecido pelo seu jeito clássico em campo, pelo seu futebol arte e jeito provocador de jogar. Heleno de Freitas, por exemplo, quando ficava cara a cara com o goleiro levantava a bola para ele mesmo cabecear.

Depois da consagração começou também o seu fim. A sífilis já lhe destruia o sistema nervoso. A torcida já o via como um jogador indisciplinado, irascivel e mal comportado.

Heleno foi Deus e diabo. Deus no trato da bola, demônio no trato com os homens. A grande explosão veio em 1947. No ano anterior um filme fez grande sucesso na cidade, “Gilda”, em que a atriz Rita Hayworth desempenhava o papel de uma mulher temperamental e voluntariosa.

Foi o que bastou para os torcedores do Fluminense e seus amigos do “Clube dos Cafajestes” verem uma semelhança entre “Gilda” e ele. Não deu outra. Nos pequenos estádios do Rio, ainda não havia o Maracanã, a platéia gritava “Gilda”, “Gilda”, “Gilda”, o que levava Heleno a loucura. Aos poucos essa atmosfera começou a insdispô-lo também com os companheiros, técnicos, dirigentes, adversários e juízes.

Deixou General Severiano em 1948, quando foi vendido ao Boca Juniors, da Argentina, na maior transação do futebol brasileiro até então. O presidente recém eleito, Carlito Rocha ainda tentou mantê-lo no clube, mas Heleno era homem de palavra e honrou o compromisso assumido com a equipe argentina. Na sua passagem pelo Botafogo marcou 209 gols em 235 partidas, tornando-se o quarto maior artilheiro da história alvi-negra.

Heleno chegou a conquistar um Campeonato Carioca em 1935, ao contrário do que é divulgado. Poucos sabem, mas Heleno fez uma partida pelo clube quando tinha somente 15 anos. Não se sabe, mas é provável que Heleno tenha sido o jogador mais jovem a estrear no Botafogo desde que um grupo de garotos fundou o clube. E ainda o atleta mais jovem a ser campeão de algum torneio profissional, recorde que dificilmente será batido algum dia.

No Boca Juniors não teve o sucesso esperado, pois as outras vedetes do clube o boicotaram. Por isso voltou ao Brasil para jogar no Vasco da Gama, onde foi campeão carioca de 1949. O time cruzmaltino era chamado de “Expresso da Vitória”.

Ainda vestiu às camisas do Atlético Junior, de Barranquilla, da Liga Pirata da Colômbia, Santos e América carioca, onde encerrou a carreira. Jogou apenas menos de um tempo pelo clube de Campos Sales, tendo sido expulso aos 35 minutos do primeiro tempo, após acertar um carrinho violento em um zagueiro adversário.

Heleno de Freitas foi homenageado em Barranquilla com uma estátua com a seguinte frase "El Jogador", pela sua passagem pela Colômbia, onde foi ídolo nacional. Em 2012 ganhou uma estátua em São João Nepomuceno, sua cidade natal.

Ainda tentou, depois, voltar aos campos pelo Flamengo por indicação do técnico Kanela, do time de basquete, mas se desentendeu com os jogadores do rubro-negro num jogo-teste e acabou dispensado.

Advogado, boêmio, catimbeiro, boa vida, irritadiço, galã, Heleno era um homem quase intratável. Depois de 11 anos jogando futebol, entrou para a história como um dos maiores jogadores sul-americanos e também o primeiro "craque problema" do futebol brasileiro.

Sua vida foi marcada por vícios em drogas como lança-perfume e éter. Isto o fez tentar se auto-eletrocutar num treino do Botafogo. Boêmio, era frequentador de diversas boates do Rio de Janeiro.

Até hoje é reconhecido como o primeiro e o maior gênio romântico do futebol por ter sido estrela, bonito, rico, vaidoso, elegante, boa família, formado, mulherengo, festeiro, temperamental e a amar de verdade um clube no Brasil. Heleno  é considerado o maior ídolo do Botafogo pré-Mané Garrincha.

Heleno foi casado com Ilma, que conhecia muito bem os seus problemas com drogas e mulheres. Mesmo assim o aceitou como marido. Teve um filho apenas, Luiz Eduardo, que nunca soube o que é amor paterno.

A mãe, depois de se separar de Heleno, com pouco mais de três anos de união, casou-se com João Emídio Resende da Costa, sobrinho do ex-governador mineiro Israel Pinheiro. O padrasto não permitia que se fizesse qualquer menção ao nome do ex-jogador. Luiz Eduardo era matriculado em escolas onde não se praticava o futebol.

Quando tomou ciência de quem era filho, o garoto passou a perguntar aos outros se conheciam o centroavante do Botafogo. Teve um choque quando um taxista lhe respondeu: “Qual? Aquele que morreu louco”?

Pai de cinco filhas, Camila, Bianca, Joanna, Danuza e Mariah, Luiz Eduardo mora no Leblon, no Rio de janeiro e torce pelo Fluminense. Separado da única mulher, trabalha como corretor de imóveis e gosta de passar o tempo com o neto mais novo, Matheus Amado Pimenta D’Aguiar.

O filho de Heleno se lembra pouco do pai. Nascido em 1949, ano em que Heleno voltava ao futebol brasileiro, teve o último contato com ele em Barranquilla, em 1951. Sua mãe estava em Chicago, junto com os avós maternos e passaram pela Colômbia. Tinha pouco mais de dois anos, mas lembra dos gritos de “arriba, arriba” no estádio. Talvez seja sua única memória bem distante do pai.

Luiz Eduardo conheceu São João Nepomuceno aos 14 anos e ficou impressionado com o quanto Heleno era querido por lá. Foi bem recebido na cidade e levado para jogar uma pelada. No primeiro passe que recebeu, se enrolou todo com a bola. Alguns gritaram: “É mentira! Esse perna de pau aí não é filho do Heleno”.

Segundo o ex-goleiro Danton, Heleno, quando já estava internado em um sanatório, em Barbacena (MG), costumava assistir, acompanhado do médico doutor Tollendal, os jogos do time local do Olympic. E nos seus delírios megalomaníacos contava que teve envolvimentos amorosos com várias mulheres bonitas, incluindo um caso nunca comprovado com Eva Peron, no período em que ele jogou na Argentina.

Segundo a sobrinha do jogador, Helenize de Freitas, Heleno contava muitos casos já durante o período que morou em São João Nepomuceno, entre 1952 e 1954, antes de se internar em definitivo. Ele contava que era amigo do Víctor Mature, ator de “Sansão e Dalila”. Como ele convivia com muitos artistas nos tempos de glória do Rio, os parentes não duvidavam. Depois viram que já era efeito da doença.

Heleno de Feitas deu entrada na Casa de Saúde São Sebastião em 19 de dezembro de 1954. Cinco anos depois o médico José Theobaldo Tollendal diagnosticou que ele sofria da doença conhecida por “paralisia geral progressiva”, após exames feitos na Casa de Saúde Santa Clara, em Belo Horizonte, um mês antes de sua morte.

Heraldo de Freitas, irmão do ex-jogador foi quem custeou às despesas hospitalares. Heleno morreu no dia 8 de novembro de 1959, com apenas 39 anos de idade. Hoje é nome de rua em São João Nepomuceno. Uma ruazinha tranquila, bem diferente de sua vida atribulada.

Títulos. Seleção Brasileira, Copa Roca: (1945); Copa Rio Branco: (1947). Botafogo: Campeonato Carioca (1935); Torneio Inicio do Campeonato Carioca: (1947); Campeonato Carioca de Aspirantes: (1944 e 1945); Campeonato Carioca de Amadores: (1943 e 1944); Copa Burgos, disputada no México: (1941); Taça Prefeito Doutor Durval Neves da Rocha (1942). Pelo Vasco da Gama. Campeonato Carioca: (1949); Campeonato Carioca de Aspirantes: (1949). Pelo Santos. Taça Santos: (1952); Torneio FPF: (1952); Quadrangular de Belo Horizonte: (1951). Foi artilheiro da Copa América: (1945) e do Campeonato Carioca: (1942).

Sua vida é retratada no filme “Heleno, o principe maldito”, do diretor José Henrique Fonseca e estrelado por Rodrigo Santoro que faz o papel título. No filme, o diretor relembra a atmosfera dos anos 1940, usando fotografia em preto e branco que evoca os clássicos filmes de Hollywood.

No elenco, além de Santoro, estão Alinne Moraes, no papel de Ilma, Angie Cepeda, que vive Diamantina, uma vedete amante do jogador no auge da carreira, e Othon Bastos, interpretando Carlito Rocha, o mítico e supersticioso dirigente alvinegro.

A vida do ex-jogador também é contada no livro “Nunca houve um homem como Heleno” , Editora Jorge Zahar, R$ 44,00, lançado em 2006. Marcos Eduardo começou as pesquisas sobre Heleno em 2002, logo depois de lançar “Anjo ou Demônio”, biografia do polêmico “Renato Gaúcho”. (Pesquisa: Nilo Dias)

Heleno de Freitas morreu louco. (Foto: Acervo fotográfico do Botafogo F.R.)

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Recordações da infância

O futebol de botão foi uma das minhas diversões preferidas nos tempos de criança. Lembro que morávamos na cidade de Rosário do Sul – meu pai trabalhava na Companhia Swift - foi quando tive meu primeiro contato com esse brinquedo, que também pode ser chamado de esporte.

Recordo que a mesa da cozinha servia de campo, botões retirados das roupas da minha mãe e do meu pai tornavam-se “jogadores”. Os zagueiros eram sempre aqueles botões grandes de casacões. Os atacantes, botões menores saidos de casacos e blusas. A técnica para torná-los bons “jogadores”, era simples: bastava colocar cera e lixa-los em toda a volta o que fazia com que corressem no “campo de jogo” com mais facilidade.

O goleiro era uma caixa de fósforos com algo pesado dentro ou uma peça de madeira do mesmo tamanho, geralmente com o escudo do clube colado. A trave era sofisticada, tinha até rede, um pedaço velho de “mosqueteiro” (tecido usado para proteger dos mosquitos). Um grão de milho convertia-se em bola. Os “jogadores” eram movidos por uma pazinha de sorvete.

A mesa era toda marcada com giz: pequena área, grande área, divisão de meio-campo, laterais e linhas de fundo. Juíz não havia. Os jogadores é que diziam o que era certo e o que não era. E todos obedeciam. Nas decisões de “campeonatos”’, vez que outra alguém “narrava” o jogo em improvisados microfones de latas de salsicha.

Quando pequeno eu era torcedor do Flamengo do Rio, por isso meu time tinha esse nome.  Lembro até da escalação: Garcia – Marinho e Pavão – Servílio – Dequinha e Jordam – Joel – Rubens – Índio - Benitez e Esquerdinha.

Não havia tempo estipulado para os jogos. Geralmente se combinava que terminaria quando um dos times fizesse certo número de gols, 10, por exemplo. Quando o grão de milho, eventualmente ficasse em cima de um “jogador” era considerado toque de “mão”. Quando um botão batia no adversário antes da bola, era “falta”. Nessas ocasiões era permitido fazer barreira e colocar o goleiro em posição estratégica.

Tempos depois, quando já haviamos retornado para Dom Pedrito, a minha terra natal, surgiam os times, que não eram mais de “botões”, mas sim vendidos em lojas de brinquedos e em casas de revistas. Lembro que o primeiro time que comprei foi a Portuguesa de Desportos, pois na livraria “A Gaúcha”, do seu Nazeazeno Vargas as opções de escolha eram poucas. A única caixa com o Flamengo, alguém comprou antes de mim.

Os times vinham em caixas de papelão e eram feitos de plástico, trazendo colados sobre os “jogadores” adesivos com o escudo do clube. Acompanhava até a bola, um pequeno disco plástico, geralmente de cor preta e uma palheta para substituir a pazinha de sorvete.

Era a modernidade que chegava também ao futebol de mesa, acompanhando a evolução do esporte nos gramados. Confesso que não gostei muito, preferia os velhos botões de antigamente tirados de roupas, para desespero de meus pais. E vinha junto até um livrinho de regras, bem diferentes das que praticávamos anteriormente.

Foi um tempo que não volta mais, mas inspira agradáveis recordações. As brincadeiras de outrora eram muito diferentes das atuais. Minha infância foi povoada de diversões inocentes, como o jogo de “Cinco Marias”, em que se usava mãos, pedras e habilidade.

“Jogo de Bolitas” que outros chamavam de “Bola de Gude”, “Peteca”, que consistia em passar o objeto de um lado para outro e quem deixasse cair perdia. Foi daí que se originou o ditado “deixar a peteca cair”. E na zona rural, o brinquedo preferido era a “a tropa de osso”. Tinha também os vagões de trens imaginários feitos com latas de sardinha.

E havia às brincadeiras de “esconde-esconde”. Um menino ficava junto a uma parede,= de costas para os demais, contando até 20, 50 ou 100, enquanto os outros se escondiam. Quem ele achasse primeiro e o tocasse seria penalizado como o próximo a fazer a contagem. E assim por diante. Já às meninas brincavam de roda e de pular corda.

Hoje, o computador, o tablet e tantos outros aparelhos tecnológicos deixaram para trás aquelas brincadeiras saudáveis. A infância de agora talvez nunca tenha ouvido falar nos hábitos de antigamente, que também eram praticados nas escolas, além das calçadas na frente de nossas casas. É uma pena.

Quem nunca jogou uma partida de futebol de botão certamente não tem a minima idéia do que perdeu. Mas ainda está em tempo. Se isso acontecer será bom para todos. A idéia está lançada por um pai as antigas. A decisão é dos pais modernos. (Pesquisa: Nilo Dias)


sexta-feira, 22 de novembro de 2013

O centenário do "Nho Quim" (Final)

Na época, o XV era presidido pelo lendário Romeu Italo Ripoli, que graças as suas polêmicas com a Federação Paulista de Futebol, manteve o time sempre em destaque na imprensa, até o seu falecimento em 1983.

Perfórmances tão dignificantes, não poderiam mesmo durar muito tempo, ainda mais para um clube interiorano, onde as dificuldades de se manter são sempre maiores. O XV ainda conseguiu permanecer por mais três anos na “Divisão Principal” do futebol paulista, mas não conseguiu evitar um novo rebaixamento.

Em 1983 o retorno ao grupo dos grandes, após levantar o título máximo da “Segundona”. Depois de se manter na elite por vários anos, o XV conseguiu em 1990 classificar-se para a Copa do Brasil do ano seguinte, quando foi eliminado pela S.E.R. Caxias, de Caxias do Sul (RS), ainda na fase inicial da competição Mas cinco anos depois, o clube conheceu a maior conquista da sua história centenária, sagrando-se “Campeão Brasileiro da Série C”.

O XV de Novembro ainda permaneceu na “Divisão Principal Paulista” até o final dos anos 90, passando pelas várias reformulações nas denominações das competições, até cair novamente para a Série A2 e em seguida para a Série A3.

Nas décadas de 90 e de 2000, o time piracicabano viveu uma crise que parecia interminável, fruto de parcerias desastrosas e de erros de administração de seus dirigentes, que levou o time a série A3 e durante um bom tempo fez do XV um sinônimo de derrotas e fracassos, sendo citado de maneira desrespeitosa pelos cronistas da época.

Em 2007 quase voltou a Série A2, depois de chegar a segunda fase do certame. Em 2008, não passou da primeira fase. Porém, o ano não foi de todo ruim para o time piracicabano, pois, no segundo semestre chegou à final da “Copa Paulista”, perdendo tão somente para o Atlético de Sorocaba, em pleno Estádio Barão de Serra Negra, em Piracicaba, por 3 X 2.

Em 2009, esteve outra vez na fase semifinal, mas não conseguiu o acesso. Mesmo estando nas divisões inferiores do futebol paulista, a média de públicos nos jogos em Piracicaba era grande. Havia jogos em que o público era de 10 mil espectadores, como no jogo entre XV e Olímpia pela terceira fase da A3 de 2007.

Depois de muita insistência, conseguiu o acesso a Série A2 em 2010. Em 2011, depois de excelente campanha, finalmente o clube conseguiu, 16 anos depois, retornar à “Primeira Divisão”.

Em 2012, o XV quase acabou voltando a Série A2 do “Paulistão”. Permaneceu mais da metade do campeonato na zona de rebaixamento, só conseguindo se manter na “Primeira Divisão” na última rodada, depois de em sofrido empate de 2 X 2 com o Mogi Mirim, no campo adversário. Em 2012 ainda disputou a “Copa Paulista de Futebol”, sendo eliminado nas quartas de final.

Em 2013 se manteve na “elite” e prepara uma equipe forte para 2014. O clube negocia com Marcelinho Paraíba e pretende trazer de volta o seu ex-jogador, Danilo Sacramento, entre outras possíveis ontratações.

Títulos. Nacionais: Campeonato Brasileiro - Série C (1995); Estaduais: Campeonato Paulista do Interior (1931, 1932, 1947 e 1948); Campeonato Paulista - Série A2 (1947, 1948, 1967, 1983 e 2011); Torneio Início (1949). Outras conquistas: Copa Piracicaba (2010); Taça dos Invictos (1967). Basquete: Campeonato Paulista (1957 e 1960); Campeonato Paulista Feminino (1962, 1964 e 1966); Campeonato Paulista do Interior (1955, 1957, 1958, 1959, 1960 e 1974); Torneio Novo Milênio de Basquete (2011).

Jogadores cedidos para a Seleção Brasileira: Doriva, em três oportunidades, nos jogos Brasil 4 X 2 Valencia (Espanha), jogo amistoso, disputado em  27 de abril de 1995; Brasil 2 X 1 Israel, jogo amistoso, realizado em 17 de maio de 1995 e Brasil 3 x 0 Japão, pela “Copa Umbro”, disputado em 6 de junho de 1995.

Nardela foi convocado para a Seleção Brasileira de base no “Torneio de Cannes”, na França, no ano de 1976, e para o “Mundial Sub-20”, realizado na Tunísia no ano de 1977.

O estádio em que o XV manda seus jogos é o “Barão de Serra Negra”, em Piracicaba. Fica na Rua Silva Jardim, próximo à Rua XV de Novembro. O estádio tem capacidade para 26.500 pessoas, mas por questões de segurança, a CBF só libera 19 mil lugares. O jogo de inauguração do “Barão”, como é popularmente conhecido, foi contra o Palmeiras e terminou empatado em 0 X 0.

No dia 16 de agosto deste ano, esteve em visita ao “Estádio Barão de Serra Negra”, o ex-jogador Antônio dos Santos, o “Cardeal”, que foi convidado pela “Comissão de Arquivo e Memória “, do XV de Piracicaba para dar o pontapé inicial da partida entre XV de Piracicaba X  Comercial, de Ribeirão Preto. “Cardeal” foi ponta direita do XV de Piracicaba nas décadas de 30 e 40, sendo um dos grandes destaques das conquistas de 1947 e 1948.

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) participou da comemoração do centenário do clube, realizada dia 25 de outubro. Na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, em sessão que homenageou o clube piracicabano, ele vestiu a camisa alvinegra personalizada com o seu nome, entregue pelo deputado estadual Roberto Morais (PPS), membro do comitê especial da presidência.

O XV de Novembro ganhou um presente especial na data de seu aniversário. Foi lançado na ocasião, “O livro oficial do Centenário”, em solenidade realizada no “Centro Cultural Martha Watts, em Piracicaba. O livro é resultado de uma parceria entre o clube, a empresa “B2 Comunicação” e a “Universidade Metodista de Piracicaba” (Unimep). O livro custa R$ 150,00 para não sócios e R$ 100,00 para associados”.

No dia 24 de agosto o jornalista Edson Rontani Júnior lançou o livro “Nhô Quim — A História que Eu Conheço”, que relata as aventuras vividas pela mascote do XV de Piracicaba, em mais de quatro décadas. A obra reúne parte do acervo pessoal de seu pai, Edson Rontani, criador do símbolo que conquistou a torcida alvinegra.

Publicado pela “Editora Riopedrense”, o livro conta desde a criação do caipira magro, em 1948, quando o clube disputava a primeira “Lei do Acesso” que lhe deu a chance de subir para a “Divisão Principal” do futebol paulista, até as confusões históricas referentes a outros personagens que seguiam as mesmas características do “Nhô Quim”.

Em formato gibi, a publicação dá ênfase à criação do pai do autor, Edson Rontani,que aos 15 anos passou a expor desenhos de um caipira representando o XV nas vitrines do “Chalet Paulista”, da família Raya, além de loja de materiais esportivos e loterias, localizadas na rua São José, ao lado da praça José Bonifácio. Ao longo de 48 anos, Rontani desenhou o mascote nas principais mídias, incluindo o “Jornal de Piracicaba”.

Em “Nhô Quim — A História que Eu Conheço”, o jornalista comenta também sobre a polêmica do personagem “Nhô Quim”, já que na época existiu outro com o mesmo nome e características. Diz na obra que em 27 anos de convivência com o pai, sempre soube que a ideia foi dele.

De acordo com Rontani Júnior, o outro personagem ganhou notoriedade por conta de uma publicação da “Gazeta Esportiva”, em 1949, feita pelo cartunista Nino Borges. E garante que seu pai nunca se preocupou com isso.

O livro cita, inclusive, Cícero Correa dos Santos, fotógrafo da mídia local, que se vestia de “Nhô Quim” em 1967, além de uma galeria com charges do caipira magro enfrentando times consagrados representados por mascotes como o “Peixe”, do Santos; o “Mosqueteiro”, do Corinthians e o “Papagaio”, do Palmeiras.

Mesmo após a morte de Edson Rontani, em 1997, e a lacuna nas charges esportivas durante este tempo, o “Nhô Quim” ainda hoje é reverenciado pelos torcedores piracicabanos. Este ano, o personagem também foi escolhido para compor o símbolo do “Carnaval de Piracicaba”, além de estampar a divulgação da “Banda da Sapucaia”.

O livro “Nhô Quim — A História que Eu Conheço”, foi  distribuído gratuitamente nas exposições paralelas do “40ºSalão Internacional de Humor de Piracicaba”, realizado em agosto deste ano.

No dia 8 de novembro, às 19h30min, também no “Centro Cultural Martha Watts”, foi lançado o livro biográfico do primeiro presidente do clube, capitão Carlos Wingeter. Foram editados apenas 100 exemplares, que foram todos vendidos ao preço de R$ 10,00. Representantes da família Wingeter estiveram presentes ao evento.


Edson Rontani Júnior, filho do criador do "Nho Quim", conta em livro a história da mascote do XV..

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

O centenário do "Nho Quim" (I)

O Esporte Clube XV de Novembro, da cidade de Piracicaba (SP) foi fundado no dia 15 de novembro de 1913. A ideia de criar um clube de futebol na cidade nasceu bem antes. Em 1910 Piracicaba, com pouco mais de 40 mil habitantes, era conhecida como a “Pérola Paulista”, em razão do alto nível intelectual da sua população. A cidade também era importante produtora de café, cana de açúcar e aguardente.

Nessa época o futebol amador da cidade era comandado por duas das mais tradicionais famílias piracicabanas, “Pousa” e “Guerrini”. Os “Pousa” cuidavam da melhor maneira possível do Esporte Clube Vergueirense, enquanto o rival 12 de Outubro era a “menina dos olhos” dos “Guerrini”.

Mas a rivalidade existente não foi obstáculo para que as duas famílias se entendessem no sentido de formarem um único clube bem mais forte e estruturado na cidade. Aconteceu, então, uma reunião preliminar no dia 25 de outubro de 1913, quando foi convidado o cirurgião dentista e capitão da Guarda Nacional, Carlos Wingeter, para ser o primeiro presidente do clube.

Para aceitar o convite, Wingeter fez uma única exigência: que o nome da agremiação fosse XV de Novembro, para homenagear a data da “Proclamação da República”, o que não foi visto como qualquer empecilho. E em uma segunda reunião ocorrida dia 15 de novembro, finalmente foi fundado o Esporte Clube XV de Novembro.

Seguiram-se decisões de praxe, como a escolha dos demais dirigentes, cores do fardamento, exigências para angariar sócios, escolha de local para treinos e jogos e coisas do gênero. O clube continuou amador em seus primeiros anos de vida.

No ano de 1914, exatamente no dia 12 de outubro, o XV conquistou o título de campeão da cidade ao derrotar a Associação Esportiva Piracicaba, por 3 X 2. Cada vez ganhando maior prestigio, em 1918 filiou-se a Associação paulista de Esportes Atléticos,passando a disputar os campeonatos do Interior, obtendo os títulos de campeão regional e vice-campeão estadual em 1920.

No ano de 1932, jogando em São Paulo, no campo da extinta A.A. São Bento, na antiga “Floresta”, venceu o Cravinhos F.C. por 2 X 1 e conquistou o título de “Campeão do Interior” de 1931. O time formou com: Alcides Ferreira – Mônaco e Petrônio – Venerando – Moacir e Roque – Alcides Camargo – Nenzo Áureo –Godoizinho e Leme.

Anos depois, em 1948, já como clube profissional, o XV conquistou seu primeiro título na categoria, campeão da “Segunda Divisão do Campeonato Paulista”, que corresponde à atual Série A2. Com isso ganhou o direito de enfrentar no ano seguinte, às equipes da elite do futebol paulista.

No dia 12 de setembro de 1948 o XV de Novembro foi até a cidade de Campinas, como convidado para o jogo de inauguração do “Estádio Moisés Lucarelli”, da A.A. Ponte Preta, o seu mais tradicional rival. Mesmo com a expectativa criada pela torcida campineira de uma provável vitória da “Macaca”, quem fez a festa foi o XV, ganhando o jogo por 3 X 0.

Mas foi a Ponte Preta que quase abriu o marcador. Aos 7 minutos do primeiro tempo, Gaspar bateu um pênalti e colocou a bola para longe do gol. Como quem não faz, leva, o jogador Sato, do XV, teve a honra de marcar o primeiro gol no novo estádio, aos 17 minutos iniciais. “Gatão”, de pênalti fez 2 X 0 e Henrique fechou o marcador. A Ponte ainda teve novo pênalti a seu favor, novamente desperdiçado, dessa vez por “Gaiola”, que jogou a bola para fora.

A Ponte Preta mandou a campo: Serafim - Sapatão e Alcides – Nego - Gaspar e Rodrigues – Damião – Gaiola – Vicente - Armandinho e Oliveira. O XV goleou com: Ari – Elias e Idiarte – Cardoso - Strauss e Adolfinho - De Maria – Sato – Picolino - Gatão e Henrique.

Os torcedores mais antigos do XV de Novembro falam de um “gol impossível, que virou lenda” e que nem Pelé ou Maradona teriam feito. Aconteceu no dia 28 de agosto de 1949, no empate de 2 X 2 com o Santos, no “Estádio Roberto Gomes Pedrosa”, em Piracicaba.

Faltavam três minutos para o fim do jogo e o XV perdia por 2 X 1. Houve um escanteio e o ex-atacante José Maria Cervi, o “Russo”, hoje advogado e com 86 anos, bateu na bola e foi correndo para a área pegar o rebote. Mas estava ventando um pouco. Quando viu, antes de a bola bater em alguém, cabeceou e caiu com ela dentro do gol.

O único gol desse tipo registrado em vídeo só mesmo na ficção. “Didi Mocó”, personagem de Renato Aragão, bateu o escanteio e cabeceou em "Os Trapalhões e o Rei do Futebol (1986)", que teve a participação de Pelé.

“Russo”, diz que não está esclerosado e que o lance realmente aconteceu. Sobre a notícia de um gol semelhante marcado em 1954 pelo “Nueva Chicago”, de Buenos Aires, ele afirma que é “invenção de argentinos invejosos".

O que não falta são testemunhas para dizer que a história é verdadeira. “Cada um conta uma história, mas muita gente na cidade viu. O campo era pequeno, a bola, de capotão, mais influenciável pela ação do vento", diz o historiador do XV de Piracicaba, Rui Kleiner.

O presidente atual, Celso Christofoletti garante que houvia essa história desde os 10 anos de idade, quando começou a ir aos jogos do XV. O pai dele contava sempre que estava no estádio e que era verdade.

O jornalista da TV Globo Léo Batista, hoje com 81 anos, era narrador de uma rádio de Piracicaba, e diz ser testemunha da história. Confirmou o fato e afirma que os jogadores do Santos queriam matar o árbitro inglês, Mr. Snape, que deveria ter anulado o gol, pois o jogador do XV deu dois toques seguidos na bola, o que a regra do futebol não permite.

Já o relato da partida no jornal "Folha da Manhã", criado em 1925, desmente o feito. Segundo a reportagem, “Russo” realmente fez o gol de empate, mas quem cobrou o escanteio foi o jogador “Gatão”.

Para o professor Francisco Eduardo Guimarães, do "Instituto de Física da USP", não dá para falar que é mentira, mas precisa de uma mágica muito grande. “Se aconteceu foi graças ao vento e ao efeito da bola”.

Os anos de 1952 e 1958 foram os melhores do time na Divisão Principal, atual Série A1, quando alcançou até um quinto lugar, atrás somente dos “grandes”: São Paulo, Palmeiras, Corinthians e Santos.

Nos anos 60 as boas campanhas não se repetiram e o XV acabou sendo rebaixado em 1965. Mas ficou somente um ano na Segundona, já que foi vice-campeão da competição e retornou ao grupo principal.

Fortalecido, o clube tornou a fazer boas campanhas no “Paulistão”, culminando em 1976 com o vice-campeonato estadual, perdendo na final para o Palmeiras. Tendo em vista o excelente desempenho do time no “Campeonato Estadual”, o presidente da Confederação Brasileira de Desportos (CBD), atual CBF, almirante Heleno Nunes, convidou o XV a participar do “Campeonato Brasileiro” de 1977.

Nesse certame o maior feito do XV foi uma vitória de 1 X 0 sobre o Flamengo, do Rio de Janeiro, em jogo realizado no dia 7 de dezembro de 1977. Fazia 30 anos que o clube carioca não jogava em Piracicaba. A última visita do rubro-negro na cidade havia ocorrido em 10 de abril de 1947, quando enfrentou o XV no amistoso de inauguração dos refletores do estádio alvinegro. Na oportunidade, o Flamengo venceu por 4  X 2.

O jogo de 1977 foi disputado debaixo de muita chuva e o Flamengo não conseguiu furar a defesa do XV, liderada pelo goleiro Getúlio.  No rubro-negro da “Gávea” despontavam grandes valores como Osni, Claudio Adão, Luiz Paulo, Paulo César Carpegianni e Adílio.

O gol do XV poderia ter ocorrido logo aos 21 minutos, quando Brito aproveitou rebote do goleiro Cantarelli e mandou a bola para o gol. No entanto, após grande confusão na área, o árbitro Rubens Maranhão mandou a jogada seguir, deixando de assinalar o primeiro gol do alvinegro.

Apesar do erro de arbitragem, a justiça foi feita aos 45 minutos do segundo tempo, quando Nardela marcou para o XV. Em mais um erro da arbitragem, na súmula constou equivocadamente o nome de Roberto como autor do gol.

A vitória do alvinegro foi fundamental para a classificação do time piracicabano para a terceira fase do campeonato, ficando na frente da forte equipe do Cruzeiro (MG), que somou o mesmo número de pontos, mas perdeu nos critérios.

O jogo teve a segunda melhor renda em jogos no “Barão de Serra Negra” naquele ano. O público total foi de 17.800 expectadores, com renda de Cr$  580.350. A partida poderia ter recebido público ainda maior, mas as fortes chuvas que atingiram a cidade naquele dia afastaram muitos torcedores.

XV de Piracicaba: Getúlio – Volmir – Elói - Ivã e Almeida – Vadinho - Nardela e Perrela – Brito - Alcides e João Paulo (Roberto Cruz). Técnico: Dema. Flamengo: Cantarelli – Toninho – Rondinelli - Nélson e Júnior – Merica - Paulo César Carpegianni e Adílio - Osni (Ramires) - Cláudio Adão e Luiz Paulo. Técnico: Jaime Valente.

O XV de Piracicaba terminou a competição na 22ª colocação, após chegar até a terceira fase do Campeonato, que terminou com título do São Paulo Futebol Clube.

No “Brasileiro” de 1979 o time classificou para a segunda fase e ficou na “Chave H”, considerada muito forte, com Grêmio (RS), Flamengo (RJ), Londrina (PR), Bahia, Náutico (PE), Santa Cruz (PE) e Gama (DF). O XV se classificou ao lado do Flamengo, para a fase seguinte da competição.

Os dois ficaram empatados com o mesmo número de pontos, mas o clube carioca foi primeiro pelo saldo de gols, 12 contra 10. O destaque da campanha foi a goleada de 3 X 0 sobre o Grêmio, dia 11 de novembro de 1979. O XV foi 13º colocado na competição. (Pesquisa: Nilo Dias)

José Maria Cervi, o "Russo", hoje com 86 anos, garante que o lance do "gol impossível", realmente aconteceu. (Foto: Jornal "Folha de São paulo)

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Os 100 anos do “Cantusca”

O Canto do Rio Foot-Ball Club, de Niterói (RJ) foi fundado no dia 14 de novembro de 1913, por quatro garotos entre 10 e 11 anos de idade. O desejo inicial deles era que o clube se dedicasse ao futebol infantil. Seu primeiro presidente foi Hugo Mariz de Figueiredo. O nome correto do clube, de acordo com seus estatutos, é "Canto do Rio Foot-Ball Club", com hífen e não "Football Club" ou "Futebol Clube", como erroneamente citado em algumas fontes.

As cores oficiais do clube, definidas no Estatuto, são o azul e o branco. O uniforme original do Canto do Rio tinha camisas azuis com golas brancas e calções brancos. Porém, tradicionalmente utiliza camisas listradas em um tom de azul mais claro e branco, mantendo os calções e o escudo no tom azul original.

Isso tem explicação histórica: quando o clube passou a participar do ”Campeonato Carioca”, em 1941, adotou camisas alvicelestes idênticas às da seleção da “Liga de Niterói”, com o intuíto único de representar a cidade.

Nas competições locais manteve o uniforme original alvianil. Mas devido à maior visibilidade do “Campeonato Carioca”, o uniforme alviceleste se consagrou e é utilizado preferencialmente até hoje.

A idéia do Canto do Rio ser um time infantil não prosperou. A nova agremiação esportiva não demorou a conquistar um grande número de torcedores e o foco passou a ser outro.

Chamado pelos torcedores de "Cantusca", o Canto do Rio se habilitou a disputar o “Campeonato Municipal”, e se tornou o time mais popular da cidade. Seu grande adversário da época era o Fluminense A.C., com quem rivalizava no chamado “Clássico da Zona Sul” e na preferência do público.

O tempo áureo do futebol niteroiense foi dos anos de 1920 até 1950, quando o campeonato local contava com o "Grupo dos Seis", formado por Canto do Rio e os extintos Fluminense, Ypiranga F.C., Niteroiense F.C., Byron F.C. e Barreto F.C., estes últimos protagonistas do “Clássico da Zona Norte”.

O Canto do Rio foi um dos cinco clubes que fundaram a “Associação Fluminense de Esportes Atléticos” (AFEA), que tempos mais tarde mudou a denominação para “Federação Fluminense de Desportos” (FFD), responsável pela organizaçao do futebol no antigo Estado do Rio de Janeiro.

Em 1933, o “Cantusca” conquistou o título de campeão da cidade, tendo recebido por isso o título simbólico de "Representante Oficial do
Estado do Rio de Janeiro-AFEA”.

Em razão de seu crescimento o Canto do Rio se tornou clube de futebol profissional, em 1941, tendo sido o primeiro do antigo Estado do Rio de Janeiro a atingir tal condição. Por essa razão, o clube teve que abdicar das disputas estaduais “fluminenses”, pois estas tinham o caráter amadorista.

Isso ocorreu depois da inauguração do Estádio Caio Martins. O governador de então, Amaral Peixoto, teve a idéia de incluir um clube niteroiense no “Campeonato Carioca”, imitando a experiência do Santos no “Campeonato Paulista”. O escolhido foi o Canto do Rio, então o mais elitizado e bem-estruturado clube da cidade.

Ao contrário do que alguns podem pensar o Canto do Rio não era o time mais forte da cidade. Ypiranga e Fluminense, e mais tarde o Fonseca, dominavam o campeonato de Niterói. Até então o clube só possuia dois campeonatos locais. As razões para a escolha teriam sido a estrutura e aparentemente os laços afetivos do governador com o Canto do Rio.

Com uma licença especial da AFEA, o Canto do Rio passou a disputar o “Campeonato Carioca”, no então vizinho Distrito Federal. Isso deu ao clube a condição de único de outro Estado até hoje, a disputar o certame carioca. Os chamados clubes “pequenos” cariocas, não gostaram da idéia, principalmente o São Cristóvão. Por várias vezes eles tentaram tirar o time niteroiense da disputa.

Naquela época o “Campeonato Carioca“ era disputado por 12 times: Vasco da Gama, Flamengo, Fluminense, Botafogo, Bangu, America, Bonsucesso, Olaria, Madureira, São Cristovão, Portuguesa e Canto do Rio. Mais tarde foi admitido o Campo Grande.

Os jogos iniciavam às 15 horas, com sol escaldante. E não eram permitidas substituições, sendo que bem mais tarde foi admitida a do goleiro. Com isso os reservas, principalmente dos grandes clubes, que tinham elencos fortes, para não ficarem inativos e também para que houvesse um atrativo para o público que chegava mais cedo aos estádios, disputavam uma competição paralela, que era chamada de “Campeonato de Aspirantes”.

Pela manhã, às 10 horas, eram disputadas as partidas envolvendo as equipes de juvenis. Os três torneios, profissionais, aspirantes e juvenis eram disputados pelos mesmos clubes. Assim, quando um time ganhava do adversário nas três categorias, dizia-se que fez “barba, cabelo e bigode”, numa alusão comparativa ao que é feito numa barbearia.

A classificação na tabela era feita por pontos perdidos. O perdedor perdia 2 pontos; nos empates, os dois clubes perdiam um ponto cada; o vencedor ganhava 2 pontos. Ao final da competção, o clube que acumulasse menos pontos perdidos era o campeão.

No final de 1942, início de 1943, o Canto do Rio realizou uma de suas raras excursões para fora do Estado. Foi até Santa Catarina, onde realizou alguns jogos, ganhando todos e de goleada.

Na estréia, 6 X 1 sobre o Avaí (27-12-1942); 7 X 2 na Seleção de Blumenau (02-01-1943); 6 X 2 no América, de Joinville. Mas existem controvérsias sobre esse jogo, alguns dizem que o placar foi 9 X 0 (05-01-1943); 5 X 1 sobre o  Paysandú, de Brusque (8/1/1943) e 6 X 2 frente o Combinado do Vale do Itajaí (11-01-1943).

Na condição de time mais popular de Niterói e apelidado de "O Mais Querido da Cidade Sorriso", o clube foi fundamental na década de 1940, para que os torcedores locais passasem a se interessar mais pelo “Campeonato Carioca”, do que mesmo para o certame da cidade.

Mas o Canto do Rio não abandonou de todo a sua cidade. Formou times amadores que participavam dos certames municipal e estadual do antigo Estado do Rio de Janeiro. Em 1945 chegou a ser terceiro colocado no “Campeonato da Cidade”.

Nesse período nasceu a rivalidade com o Fonseca Atlético Clube nos campeonatos municipais. O Fonseca era forte no campeonato fluminense e defendia a valorização dos campeonatos do antigo Estado do Rio de Janeiro. Por essa razão gritava aos quatro ventos que o Canto do Rio era um "traidor" de sua terra.

O “Cantusca” se defendia, dizendo que o “Campeonato Fluminense” era bastante deficitário, tendo pouca visibilidade na cidade, aliado ao fato de que os torcedores locais já acompanhavam em grande número o “Campeonato Carioca”.

O profissionalismo demorou, mas em 1952 chegou ao antigo Estado “Fluminense”. Isso ensejou um movimento para expulsar o Canto do Rio do “Campeonato Carioca”, pois a licença especial que obteve, previa acabar em caso que seu Estado de origem aderisse ao profissionalismo.

Mas não foi fácil tirar o clube do certame guanabarino, ainda mais depois que venceu o “Torneio Início” de 1953, derrotando o Vasco da Gama no jogo final por 3 X 0, em pleno “Estádio Jornalista Mário Filho”, o glorioso “Maracanã”.

O Canto do Rio continou disputando o “Carioca” até 1964, pois era mais rentável e tinha grande cobertura da imprensa. Uma confusão ocorrida em um jogo contra o Fluminense, graças a atuação desastrosa do árbitro, com briga generalizada entre os jogadores e invasão de campo no “Estádio Caio Martins”, em Niterói, teve como resultado a exclusão definitiva do clube alviceleste do futebol carioca.

A participação do Canto do Rio no “Campeonato Carioca” foi sempre fraca, geralmente ocupando a última posição. Sua melhor campanha na competição foi 6º lugar, em 1944.
Contam, não sei se é verdade, que certa ocasião o time vinha de um jejum de vitórias que já durava alguns anos, quando derrotou o Bonsucesso por 2 X 1 no Caio Martins. Terminada a partida os jogadores do Canto do Rio teriam dado a volta olímpica no gramado, para delírio da sua torcida.

O Canto do Rio deixou o futebol profissional por algum tempo, voltando ao profissionalismo em 1975, quando aconteceu a fusão entre os Estados do Rio de Janeiro e da Guanabara. Desde então o clube alterna participações em divisões inferiores do futebol com pedidos de licenciamento.

Em 2001, o empresário espanhol Santiago Gerardo e sua empresa “Holding Sports” passaram a administrar o futebol profissional do Canto do Rio. Os jogos do clube se realizavam no estádio do CFZ, em São Gonçalo, e não no Caio Martins, em Niterói.

Desiludido com a fraca campanha no Estadual e com a bagunça que imperava nos campeonatos da Federação Carioca, o Canto do Rio resolveu não disputar os torneios profissionais de 2002. Em 2007, o clube voltou a disputar a 3ª Divisão Estadual, repetindo o feito em 2008.

Em, 2009, por exemplo, o clube perdeu por WO um jogo contra o “La Coruña”, pelo “Campeonato Carioca da Terceira Divisão”, devido a problemas na documentação de um dos enfermeiros da partida. O Canto do Rio protestou, mas o “Tribunal de Justiça Desportiva” manteve o resultado do jogo, multou o clube em 20 mil reais e ainda o afastou da competição.O "Cantusca" jogou a Série C pela última vez em 2010.

A mascote do Canto do Rio era um “bebê”, criado pelo chargista Mollas, que, na década de 1940, criou mascotes para os times participantes do “Campeonato Carioca de Futebol”. O “bebê” representava um clube que engatinhava junto aos grandes e tinha muito a crescer. Era apresentado segurando uma tesoura, pois o clube seguidamente aprontava surpresas aos favoritos, ou "cortava o barato", como costumavam dizer na época.

Depois que deixou de participar do “Campeonato Carioca”, o “bebê” saiu de moda e o clube criou uma nova mascote, a “Arara Henriqueta”, que já está com mais de 40 anos de tradição.

Na sede do Canto do Rio pode-se observar a existência de um apreciável número de troféus, mas como não estão devidamente catalogados, fica dificil saber como e em que esportes foram conquistados. Sabe-se que depois da profissionalização em 1941, o clube deixou equipes secundárias-amadoras nas disputas da “Federação Fluminense de Desportos”, onde é possível que tenha levantado títulos.

Ainda assim, sabe-se de algumas conquistas do clube. Estaduais: Torneio Início do “Campeonato Carioca” (1953); Torneio Início do “Campeonato Fluminense” (1918 e 1926); “Campeonato Niteroiense de Futebol” (1933, 1934, 1945, 1948, 1954 e 1968); Vice-campeão do Torneio Início do “Campeonato Carioca” (1962); “Representante Oficial do Estado do Rio/AFEA” (1933 e 1934 e “Campeonato Fluminense de Futebol” de segundos quadros (1922, 1925 e 1926). Outros Esportes. “Campeonato Estadual de Basquetebol Feminino” (1979, 1982 e 1983).

A maior goleada sofrida pelo Canto do Rio em seus 100 anos de existência foi 14 X 1, para o Vasco da Gama, em 6 de setembro de 1947, no “Estádio de  São Januário”. O clube cruzmaltina era
chamado na época de “Expresso da Vitória”.

O Vasco mandou a campo: Barbosa - Augusto e Rafanelli – Eli - Danilo e Jorge – Nestor – Maneca – Dimas - Ismael e Chico. O técnico era Flávio Costa. O Canto do Rio jogou com: Odair (Raimundo) - Borracha e Lamparina – Carango - Bonifácio e Canelinha – Heitor – Waldemar – Raimundo - Didi e Noronha.

Os gols foram de Maneca (5), Ismael (4), Dimas (3), Nestor e, Chico para o Vasco, e Waldemar descontando. O juíz foi Alberto da Gama Malcher.

Muitas fontes citam Gérson, craque da “Seleção Brasileira”, como um dos grandes nomes do clube. No entanto, o "Canhotinha de Ouro" jogou apenas nas categorias de base, logo se mudando para as categorias juvenis do Flamengo, onde se profissionalizou. Gérson nunca vestiu a camisa do Canto do Rio em competições profissionais.

Naquela década, jogadores de qualidade passaram pelo clube e começaram trajetórias de sucesso no futebol carioca e brasileiro. O volante Danilo Alvim, o “Príncipe Danilo”, defendeu o clube entre 1940 e 1943, de onde saiu para jogar também na Colina, onde chegou à Seleção Brasileira. 

Ely do Amparo foi outro meio-campista surgido no "Cantusca" e que em 1943 se transferiu para São Januário.Outro craque criado no Canto do Rio, mas que também jogou apenas na base foi Ipojucam, que, com 11 anos de idade foi para o Vasco da Gama.  

O goleiro Veludo foi um dos maiores que já passou pelo clube, em 1957, após alguns períodos de reserva no Fluminense, onde era ofuscado por Castilho. O arqueiro passou apenas um ano em Niterói, mas foi o suficiente para entrar de vez na história do Canto do Rio.

O hino do clube foi composto por Lamartine Babo. Alguns historiadores afirmam que o hino é também uma homenagem a um amor da época, a tal morena niteroiense que dizem, torcia para o Canto do Rio. (Pesquisa: Nilo Dias)

Payssandu e Canto do Rio em frente a antiga sede do time brusquense, em 5 de janeiro de 1943. (Foto: "Na Boca do Gol", o "Blog do Appel")