Boa parte de um vasto material recolhido em muitos anos de pesquisas está disponível nesta página para todos os que se interessam em conhecer o futebol e outros esportes a fundo.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Tragédia no mar

Ari Ercílio Barbosa, ou simplesmente Ari Ercílio como era conhecido, nasceu em Porto Alegre no dia 18 de agosto de 1941 e faleceu de maneira trágica em 18 de novembro de 1972, no Rio de Janeiro. Era zagueiro e dos bons, tendo jogado no Internacional, Corinthians Paulista, Grêmio, Fluminense, do Rio de Janeiro e Seleção Brasileira.

Começou a carreira de futebolista no Internacional, assinando seu primeiro contrato como profissional quando tinha 19 anos de idade. Era lateral direito de origem, mas também jogou como zagueiro.

Ganhou o seu primeiro título estadual em 1961, pelo Internacional, quando o clube colorado conseguiu impedir o Grêmio de ser hexa-campeão estadual. O time campeão formava com Silveira – Zangão - Ari (que ainda não usava o Ercílio) - Kim e Ezequiel - Sérgio Lopes (Claúdio) e Osvaldinho – Sapiranga – Alfeu - Flávio Minuano (Larry ou Paulo Vecchio) e Gilberto Andrade.

Depois de conquistar esse campeonato o Internacional conheceu um jejum de títulos que só acabou em 1969, quando conseguiu ser campeão de novo.

Seu primeiro jogo no time principal colorado foi contra o Juventude, no Estádio Alfredo Jaconi, em Caxias do Sul. Recém havia saído das categorias de base, acompanhado do centromédio e também quarto-zagueiro, Cláudio Dani, que mais tarde foi com ele para o Corinthians Paulista.

O time Juvenil do Internacional era muito forte. Os dois pontas de lança eram, Alcindo Martha de Freitas, o "Bugre", que depois se consagrou no Grêmio e jogou ainda no Santos e na Seleção Brasileira e Flávio “Bicudo”, que ainda vestiu as camisas de Corinthians, Fluminense, Porto, de Portugal e Pelotas. Eram dois notáveis artilheiros.

No início de carreira Ari Ercílio era tão somente um zagueiro esforçado, com pouca técnica e muito espírito de luta. Ele foi lançado nesse amistoso na Serra Gaúcha, junto do promissor Sergio Poletto, também vindo da Base, que depois se tornou um técnico renomado e vencedor, principalmenrte trabalhando em times interioranos. Poletto faleceu em 11 de abril do ano pssado, vitimado pelo câncer, aos 72 anos de idade.

A presença dos dois no time de cima foi ocasionada pelo fraco desempenho que os titulares Osmar e Barradas vinham apresentando. O Internacional acabara de ser goleado pelo Grêmio, por 5 X 1, em pleno "Eucaliptos", na época o estádio colorado, na Rua Silvério.

Como o tempo é o melhor remédio para tudo, o até então tosco Ari Ercílio, que costumva jogar de peito aberto, alto e para frente, foi aperfeiçoando o seu futebol até tornar-se um zagueiro seguro, que dificilmente falhava, qualidades que o levaram a barrar o lendário Airton Ferreira da Silva, o "Pavilhão", até então tido e havido como o melhor zagueiro central gaúcho de em todos os tempos.

Tudo acontecei em 1967, ano em que a entao Confederação Brasileira de Desportos (CBD) resolveu colocar no "Robertão", o Campeonato Brasileiro da época, times gaúchos, paranaenses, mineiros e pernambucanos.

Airton já estava em fim de carreira, jogando mais no nome do que outra coisa. Mesmo assim ele não gostou da nova formação tática do seu treinador, o discutido, polêmico e eficiente capitão Carlos Froner, que montou uma defesa com um zagueiro central e outro de espera, que foi Ari.

O clássico Airton mostrou-se injustiçado e melindrado, dizendo que para um zagueiro da qualidade dele, seria uma afronta jogar atrás, achando que o esquema fosse uma maneira de cobrir seus furos. Froner, que não tolerava insubordinação, achou melhor utilizar três zagueiroe e optou por Ari Ercílio, Paulo Souza e Áureo.

Em 1963 Ari Ercílio foi contratado pelo Corinthians. Foi no clube paulista que ele recebeu a complementação de Ercílio no nome, pois o time já contava com Ari Clemente. Pelo “mosqueteiro” jogou 27 partidas, com 15 vitórias, quatro empates, oito derrotas e nenhum gol marcado.

Como sua passagem pelo Corinthians não foi das mais brilhantes, Ari Ercílio voltou para o Rio Grande do Sul em 1965, dessa feita para uma curta passagem pelo Novo Hamburgo. Depois foi defender o Grêmio no ano seguinte, onde foi bicampeão gaúcho em 1967-1968.

Lateral direito de origem, atuou também como zagueiro durante sua carreira. Parrudo, alegre e com uma condição atlética de dar inveja, Ari Ercílio só fez amigos. Era um cara bom caráter. Em abril de 1972, quando já estava com 31 anos, foi contratado pelo Fluminense, do Rio de Janeiro.

Sua apresentação no ”Tricolor das Laranjeiras” foi cercada de muita expectativa pela grande promoção de marketing criada pelos cartolas cariocas, que tinham no time estrelas do porte de Gerson, o “Canhotinha de Ouro” e o artilheiro Artime, todos apresentados no mesmo dia na sede das “Laranjeiras”.

Ari Ercílio pouco jogou com a camisa tricolor. Gerson, realizava o sonho de atuar no seu time de coração, sendo campeão carioca de 1973. E Artime fracassou em sua passagem pelo tricolor.

Na segunda feira, 20 de novembro de 1972, os jogadores do Fluminense estavam de folga, depois de perderem para o Botafogo por 2 X 1, em jogo do Campeonato Carioca. Por isso Ari convidou a esposa Helena e foram pescar no lugar conhecido como “Chapéu do Pescador”, no “Costão do Vidigal“, onde se encontravam alguns amigos seus.

Ao fim da tarde, quando já se preparavam para ir embora, a tragédia aconteceu. Ari foi atingido por uma onda, escorregou nos rochedos e caiu no mar. Ele lutou desesperadamente para subir de novo nas pedras, mas acabou perdendo as forças e desapareceu nas fortes correntes daquele lugar. O corpo só foi encontrado cinco dias depois na “Praia do Pepino”.

Segundo o jornalista carioca Addison Coutinho, Ari Ercílio teria cometido um erro que lhe custou a vida, ao tentar voltar para as pedras em vez de nadar para o mar e permanecer boiando à espera do resgate.

O Fluminense prestou toda assistência aos familiares e pagou integralmente os salários do jogador, que eram de 160 mil cruzeiros mensais, até o final do contrato, em maio de 1974.

Ari Ercílio também vestiu a camisa da Seleção Brasileira. Foram apenas dois jogos, ambos contra o Chile, válidos pela “Taça Bernardo O’Higgins”, realizados em abril de 1966. Dia 17, vitória por 1 X 0, no Estádio Nacional, em Santiago. E dia 20, derrota por 2 X 1 no Estádio Sausalito, em Viña del Mar. (Pesquisa: Nilo Dias)
  
Ari Ercílio nos tempos de Fluminense. ( Foto: Tardes de Pacaembu)

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Por pouco Pelé não parou no Brasil de Pelotas

Uma das mais famosas historias do futebol brasileiro é aquela da proposta de troca de “Pelé”, por “Joaquinzinho”, ídolo do Brasil, de Pelotas, quando da excursão do clube paulista por gramados do Rio Grande do Sul ao final dos anos 50. “Pelé” tinha 16 anos, e recém começava a ganhar oportunidades no time titular. Seu apelido na época era “Gasolina” e não “Pelé”.

Dirigentes do clube pelotense ficaram impressionados com o talento mostrado pelo garoto de canelas finas e corpo franzino, destaque no empate de 1X 1 no jogo amistoso disputado em 22 de março de 1957, no Estádio Bento Freitas. Um encontro entre dirigentes dos dois clubes aconteceu no saguão do Grande Hotel, de Pelotas, ocasião em que o presidente “xavante”, Carlos Russomano, ouviu do técnico Lula o pedido de liberação do atacante “Joaquinzinho”, o grande destaque daquele time.

O presidente Russomano disse que só liberaria o jogador por CR$ 400 mil e i Santos cedesse também "aquele negrinho rápido" que entrara no jogo no segundo tempo. O treinador santista disse que então não haveria acerto, pois o menino era um talento a ser lapidado, e que o clube não gostaria de se desfazer dele. E aí acabou a especulação. Esse acontecimento é confirmado por Pelé, como autêntico.

Tem também outra história que é considerada lenda. A proposta do Santos seria de levar o jogador pelotense em definitivo e, como compensação ao negócio, deixaria três juvenis emprestados por um período, entre eles o Pelé. E o Brasil teria recusado. Esta história, dizem, é confirmada pelos envolvidos, principalmente por Joaquinzinho e Pelé.

O jornalista Luiz Lanzetta, que foi meu colega de redação no jornal “Diário Popular”, de Pelotas, jura que essa versão é a verdadeira. Em 1976, ele fez uma entrevista com “Joaquinzinho”. Nesse papo, ocorrido no bairro do Areal, em Pelotas, ele teria falado ao jornalista sobre a famosa troca que acabou não ocorrendo entre Brasil e Santos.

A matéria saiu na época num jornal chamado “Xavante”, que era editado por Lanzeta e um pequeno grupo de jornalistas. Lanzetta mora em Brasília há muitos anos e por coincidência, na mesma cidade satélite que eu, Sobradinho.

Joaquim Gilberto da Silva, o “Joaquinzinho” nasceu em Pelotas no dia 31 de dezembro de 1934. Começou a carreira de futebolista em 1950, quando tinha apenas 16 anos, nas categorias de base do próprio Brasil, de Pelotas. Quatro anos depois, em 1954 já era titular absoluto no time treinado por Paulo de Souza Lobo, o “Galego”, o mais importante treinador da história do clube,

Seu esplendoroso futebol chamou a atenção de dirigentes do S.C. Internacional, de Porto Alegre. Em 1957 foi para o “Colorado” da Capital, que enfrentava grave crise, vendo o rival Grêmio acumular títulos. Os jogadores que haviam participado da jornada vitoriosa do Pan-Americano de 1956 ou haviam sido negociados ou decaiam de produção pela implacável chegada dos anos.

Não demorou para que no segundo semestre de 1959 “Joaquinzinho” fosse negociado com o Corinthians Paulista, clube que enfrentava uma crise técnica maior que a do Internacional, sem ganhar títulos há muitos anos. Prova disso é que em apenas dois anos passaram oito técnicos e inúmeros jogadores.

Seu jogo de estreia no Corinthians aconteceu em 19 de setembro de 1959, num amistoso contra a Portuguesa de Desportos, em que marcou dois gols, na vitória de goleada por 4 X 1.

Por lá o craque pelotense também não teve sorte e ficou negativamente lembrado por ter sido integrante do time do "Faz-me rir", apelido dado pelos torcedores rivais, em erazão do fracasso de 1961. No Corinthians fez 108 jogos e marcou 48 gols.

No tricolor carioca o seu futebol renasceu. Em 1963, com o paraguaio Fleitas Solich como treinador, conquistou o título de campeão do Torneio Rio-São Paulo. E em 1964 o de campeão carioca. Nas duas conquistas foi titular absoluto.

Depois voltou para o futebol paulista, defendendo a Ponte Preta, de Campinas e na sequência o XV de Novembro, de Piracicaba. Em 1969 retornou a sua cidade natal, Pelotas, onde vestiu a camisa do grande rival “xavante”, o Esporte Clube Pelotas, onde encerrou a carreira. O áureo-cerúleo tinha na época este time: Piva – Hermínio – Osmar - Walmir e Severo. Serafim ou Luizito e Jara ou Joaquinzinho - Sidnei Buttini – Leal - Walter e Paraguaio.

Para “Joaquinzinho”, os melhores técnicos que conheceu foram Tim, Sílvio Pirillo, Martim Francisco e Fleitas Solich. Foi um jogador polivalente, atuando nas cinco posições mais ofensivas, mas tendo preferência pela meia-esquerda. Tinha um chute forte e certeiro, tendo marcado inúmeros gols nas equipes onde atuou. “Joaquinzinho” faleceu em 20 de julho de 2007, em Pelotas, após sofrer uma isquemia.

Seu corpo foi velado no salão nobre do estádio Bento Freitas e enterrado no Cemitério São Francisco de Paula. Ele era supervisor técnico das categorias de base do Grêmio Esportivo Brasil. (Pesquisa: Nilo Dias)


quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

O mestre dos comentaristas esportivos

No dia 6 de abril de 2001 morreu em São Paulo o jornalista Ary Silva, aos 84 anos, proprietário e diretor do jornal semanário “A Gazeta da Zona Norte”, fundado por ele. Também foi um dos fundadores da Associação dos Jornais de Bairro de São Paulo (AJORB). 

Era filho do motorista de praça Antônio Justino da Silva, e de Maria Benedicta de Moraes, que morreu meses depois de dá-lo a luz. Foi criado por sua avó materna, Maria Emília de Souza, que era cozinheira do Palácio Campos Elíseos. Filho de negros, Ary nasceu no bairro do Canindé, capital paulista, a 21 de junho de 1917.

Começou a trabalhar cedo. Primeiro foi vendedor de rádio, mas não conseguiu vender nenhum. Então passou a ser redator e revisor de jornal. O pai de Ary tinha um amigo que era motorista do famoso jornalista e empresário Assis Chateaubriand, o que facilitou a conquista do novo emprego.

Ary na época já estudava Direito. No jornal foi trabalhar na Editoria de Esportes. Ao receber o seu primeiro salário comprou uma caneta “Parker”, e um terno. Estudou com livros dados, e se formou advogado, pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco.

Mas não abandonou o jornalismo esportivo. Mudou de emprego, indo trabalhar na Rádio Bandeirantes onde foi escalado para cobrir a Copa do Mundo de 1938, trabalho que outros colegas desprezaram.

Foi em Caxambu, Minas Gerais que Ary Silva tornou-se o primeiro comentarista esportivo do rádio brasileiro. Da Bandeirantes passou para as Emissoras Associadas de São Paulo. Sempre no rádio. Em 1966 transferiu-se para a rádio Excelsior, que dois anos antes havia sido adquirida pelas Organizações Globo. Ficou por lá até 1970.

Como comentarista esportivo, durante longos anos, destacou-se no rádio e na televisão. Ainda marcou presença como líder comunitário estando sempre à frente das principais reivindicações que beneficiaram o bairro de Santana e a Zona Norte paulista. Por várias legislaturas ocupou uma cadeira na Câmara Municipal  de São Paulo.

Com a frase “Torcida amiga, bom dia”, Ary Silva começava a coluna de esportes que diariamente escrevia no Diário de São Paulo. Naquele tempo as pessoas almoçavam em casa, ao contrário de hoje, e traziam embaixo do braço o jornal para que os outros familiares também o lessem.

A expectativa era sempre muito grande para se saber o que Ary Silva havia escrito a respeito do fascinante mundo do futebol. Também tinham grandes audiências a sua opinião abalizada nas transmissões esportivas da TV Tupi, onde atuava junto de cobras do jornalismo da época, como Geraldo Bretas, Maurício Loureiro Gama, Carlos Spera e o inconfundível repórter “Tico-Tico”.

Os argumentos irrefutáveis de Ary Silva levaram o doutor Paulo Machado de Carvalho, a convidá-lo a participar da “Comissão de Especialistas” que traçou o planejamento da Seleção Brasileira que participou e venceu o Mundial de 1958 , na Suécia. 

Quando de sua atuação frente o jornal a “Gazeta do Ipiranga”, Ary Silva mostrou-se um líder comunitário atuante, depois de ter sido vereador por São Paulo. Ele costumava chamar o periódico de “Menina”, e que lutava pelos interesses do bairro de Santana, onde sempre morou e região.

Ary foi um dos fundadores e primeiro presidente da Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo. Também criou a Associação dos Jornais de Bairro (AJORB) ao lado de outros pioneiros como Durval Quintiliano, à época a frente da “Gazeta de Pinheiros”, Armando da Silva Prado , da “Gazeta de Santo Amaro” e Araci Bueno, da “Gazeta do Ipiranga”.

Em 1950, quando chegou a televisão, quase todos os elementos que comentavam esportes, quer no rádio, como na televisão, eram formados em Direito. E nisso se incluía Ary. A profissão exigia muito improviso, o que facilitou a ida de muitos deles para a política. E Ary não foi exceção.

Ele era muito conhecido, até por seus trabalhos na Federação Paulista de Futebol, onde foi Diretor do Departamento de Árbitros. Isso o ajudou a se eleger vereador pelo Partido Republicano. Depois foi eleito por duas vezes, para a Assembléia Estadual de São Paulo.

Ao tentar pela terceira vez uma cadeira na Assembléia, acabou não conseguindo. E deixou a política. Pediu demissão da Globo e fundou o seu próprio jornal, “A Gazeta da Zona Norte”, em 1963.  

A luta com seu jornal de bairro foi intensa. E assim foi ele que, praticamente, levou a modernidade para a zona norte da capital paulistana. Lutou pela construção da Ponte Cruzeiro do Sul, que hoje leva o seu nome e fez o projeto da Avenida Brás Leme, da Água Fria, da Avenida Santos Dumont, enormes vias de acesso àquela região. Foi também dele a criação das Delegacias das Mulheres.

O seu jornal ganhou penetração, até porque não era vendido, dependia de anunciantes para sobreviver. Mas Ary conseguiu manter o jornal que circula até hoje. Lutou por Santana e sua população. Casado com Maria Santos Silva, com quem comemorou “Bodas de Ouro”, teve filhos e netos. (Pesquisa: Nilo Dias)


quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Mestre Acir, o descobridor de Alex

Acir Côrtes, mais conhecido por “Sisico” trabalhou 34 anos como técnico nas categorias de base do Coritiba, um verdadeiro recorde, tratando-se de Brasil, onde os treinadores não conseguem criar “limo”, como diz o ditado. Ultimamente integrava a comissão técnica permanente do time sub-20.

Com mais tempo de casa no clube, ficou somente atrás de Dirceu Krüger que tem nada mais, nada menos, que 49 anos de Coritiba. Kruger. Iniciou sua carreira profissional em 1963, aos 17 anos, no extinto Britânia Sport Club, no qual atuou até 1966, quando foi comprado pelo Coritiba.

Foram 10 anos de clube entre 1966 e 1976.  Foi campeão paranaense nos anos de 1968, 1969, 1971, 1972, 1973, 1974, 1975 e 1976. Depois de se aposentar como jogador, o ídolo trabalhou como técnico, auxiliar e coordenador das categorias de base do “Coxa”. Kruger, nos tempos de atleta, era conhecido pelo apelido de "Flecha Loira".

Certa ocasião chegou a ficar entre a vida e a morte em razão de um choque em um jogo entre Coritiba e Água Verde, em 1970, pelo Campeonato Paranaense. Ele bateu com a barriga no joelho do goleiro adversário, foi mal para o hospital, mas conseguiu se recuperar. Chegou a receber a extrema-unção.

Foi técnico da equipe principal em 185 ocasiões, sendo a primeira vez, em 1979. Como técnico, está entre os profissionais que mais comandaram o clube em toda a sua história. E como homenagem por tantos anos de serviços prestados, a equipe do Alto da Glória batizou o alojamento das categorias de base com seu nome.

Já “Sisico” não foi cria do Coritiba. Chegou ao clube em 1 de março de 1981 por indicação de Dirceu Kruger. Esteve sempre envolvido no futebol, onde foi torcedor, jogador de várzea e atleta profissional. Aos 23 anos, aposentou-se da meia-direita, onde se destacava como um dos melhores batedores de pênalti da época, e assumiu o comando da categoria de base do Britânia Sport Clube.

Mas veio a se destacar mesmo foi como treinador, no próprio Britânia. Depois que chegou ao “Coxa” mostrou dedicação total ao clube. O Estádio Couto Pereira virou praticamente a sua casa.

Chegava pela manhã e só saia de lá à noite. Isso não impediu que também fosse extremamente carinhoso com a família. Casou-se com Ana Lucia na década de 1960 e da união teve dois filhos, Marcos e Carlos Alberto, este falecido em 2014. O “Mestre” também viu a chegada de cinco netos: Carlos Eduardo, Giuliane, Alisson, Alan e Matheus.

Embora sua ligação com o futebol, não fez esforço algum para que os filhos seguissem a mesma carreira. Incentivou-os aos estudos, fazendo questão de vê-los formados. Ainda assim os dois jogaram nas categorias de base do Coritiba. Mauro foi treinado por “Sisico”, mas não teve chances no time do pai.

Por ser um homem muito correto, não queria ver seu trabalho questionado, por isso não escalava o filho, evitando com isso que alguém dissesse que ele o estava favorecendo. Por isso Mauro saiu do Coritiba e foi jogar no Ferroviário, onde foi tricampeão jogando as finais justamente contra o Coritiba, treinado por seu pai.

Diferente da carreira como jogador profissional, seu trabalho como técnico foi longo. Somou 57 anos como comandante de equipes.

Era um treinador muito exigente. Os jogadores tinham que repetir as jogadas até que ele estivesse satisfeito. Seu método de trabalho certamente rendeu bons frutos. Foram revelados por ele nomes importantes como o de Alex, Pachequinho, Rafinha, Adriano, Miranda, Henrique, Luccas Claro, William Farias, o meia Dudu e os atacantes Pachequinho e Keirrison.

E os jogadores não esqueciam dele. Prova disso que foi convidado de honra no jogo mil de Alex e na partida da aposentadoria do meia.

Sobre Alex, “Sisico” lembra que o “castigava” muito. Depois dos treinos fazia com que ele ficasse mais uns 15 minutos chutando de direito e esquerdo, acertando as camisas que eram penduradas nas traves.

Os treinos eram realizados em um campo no “Mossunguê”, que tinha uma árvore enorme ao lado. “Sisico” mandava que Alex acertasse a bola na árvore. E Alex sempre reconheceu que o primeiro treinador de verdade que ele teve foi “Sisico".

Alex sempre elogiou a visão do ex-treinador, que já o ensinava técnicas do presente no passado. Considerava o ex-treinador um “monstro”, salientando que tudo o que ouviu de Felipão, Zico, Luxemburgo e Aragonês, sobre conceito de bola, de jogar na posição, de como se portar perante qualquer situação, já ouvira do “Sisico”, quando tinha apenas 15 anos de idade.

Além do futebol tinha verdadeira paixão pelo jogo de Sinuca, onde era um habilidoso jogador. Apesar do gosto pelo jogo, odiava as mesas de bar. Jogava apenas nos clubes de Curitiba. A Sociedade Morgenau, por exemplo, sempre foi o reduto dos campeonatos de sinuca entre ele e os amigos.

Além de “Mestre Sisico”, Acir também ficou conhecido como “Cabra”. Por onde andava o chamavam pelo apelido que surgiu por não conseguir decorar nomes. “Ele chamava todo mundo da mesma forma: “cabra”, não importava quem fosse”.

“Sisico“ não era muito chegado a frequentar restaurantes. Gostava muito de doces, que sua esposa sabia fazer muito bem. Em pratos salgados não dispensava uma boa lasanha.

“Sisico” tinha problemas nos rins e acabou sendo vitimado por isso. Morreu em Curitiba, dia 28 de agosto deste ano, aos 80 anos de idade. Ele esteve internado durante todo o mês de agosto em um dos hospitais de Curitiba. O velório aconteceu no “Espaço Belfort Duarte”, no Estádio Couto Pereira e o sepultamento no Cemitério de Água Verde.

Ainda em 2014, o Coritiba criou o "Troféu Acir Cortes", entre equipes Sub-20, homenageando o segundo funcionário mais antigo da história do clube. Na final da competição, disputada dia 26 de novembro de 2014, no CT do Atuba, o “Coxa” derrotou o Atlético Paranaense por 4 X 0 , gols de Anderson,  Juninho,  Guilherme Paraguaio e Fábio, e sagrou-se campeão. (Pesquisa: Nilo Dias)

Alex, no seu jogo mil, homenageou "Sisico", seu primeiro treinador. (Foto: Albari Rosa)

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Uma vida dedicada ao Santos F.C.

O Santos Futebol Clube completou 100 anos em 2012. E na metade de todo esse tempo, 50 anos, apenas uma pessoa esteve presente nos momentos de ouro do clube, na era Pelé e mais recentemente nos novos tempos vitoriosos de Neymar e companhia. Trata-se de José Joaquim Neto, o “Zuca”, roupeiro do clube que recém agora, aos 76 anos de idade se aposentou.

Paraibano de Taperoá, onde nasceu no dia 3 de abril de 1939, é filho do casal de agricultores José Joaquim Donato e Judite Maria da Conceição. Tem cinco irmãos ainda vivos, quatro homens e uma mulher. É casado desde 11 de junho de 1964 com Dilza Apolônia Joaquim, paulista de Rancharia (SP), com quem tem seis filhos: Jussara, Jurema, José Marcelo, Alexandre, Alessandra e o caçula Anderson.

Estudou pouco, pois na época em que era criança tudo era difícil, teve de trabalhar na roça com a família desde os 10 anos. Plantavam feijão, milho, mandioca e algodão. É aquela vida. Diversão era só os “bailinhos” de forró e as novenas de santos na Igreja, quando se ia com as namoradas. Nunca jogou futebol, foi conhecer o esporte no Sul. A vida não era fácil para quem trabalha na roça, disse.

Em 1958, com 19 anos de idade foi embora para o Rio de Janeiro. Três de seus irmãos também saíram de lá. No Nordeste é assim, os filhos vão embora e ficam apenas os casais de velhos, porque não tem mesmo para onde ir. Às vezes entregam suas terras, porque não tem com quem trabalhar, a mão de obra é difícil. Então os filhos mandam as coisas para eles, até dinheiro.

O primeiro a sair foi seu irmão mais velho, que faleceu em 1983, vítima de um acidente de carro. Ele morava no Morumbi, em São Paulo. A rua tinha uma subida grande, e ele morava lá em cima, quase em frente o Shopping Morumbi.

Zuca lembra que nessa época saía gente para São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília. O pessoal da agência de ônibus ficava oferecendo passagens. A gente fazia os cálculos, onde seria o melhor, ficava uma semana decidindo. Não tinha ônibus todo dia, aquilo ali era uma vez por mês.

Ele chegou ao Rio de Janeiro com a cara e coragem e só com uma malinha. Levou o endereço de uns parentes, de uns amigos que foram criados com eles lá na Paraíba, e ficou hospedado por lá.

Quem chegava a cidade grande sempre levava cartas de pais para filhos. E se escolhia um dia para fazer as entregas. E as pessoas convidavam para morar com eles. Existia muito apoio quando chegava um nordestino no sul. Eles procuravam e todo mundo vinha ajudar. Havia muita solidariedade das pessoas.

Já no Rio de Janeiro, Zuca tentou voltar aos estudos, mas ingressou no mundo do futebol e teve que parar. Os treinos começavam depois das seis, e ele tinha que estar às sete horas no colégio. Teve que fazer a escolha e preferiu ficar com o futebol.

No Rio de Janeiro trabalhou de vendedor ambulante por uns tempos. Vendia relógio, carnê de sorteios e o que tivesse pela frente. Ganhava apenas comissão, o que era muito pouco. Aí não deu certo e em 1959 ele foi para Santos.

Certo dia, ao ler um jornal, se deparou com o anúncio de um estaleiro do Guarujá, que precisava de funcionários para serviços gerais de concertos em barcos de pesca, lanchas e rebocadores. Foi e ganhou uma das vagas.

Trabalhou como ajudante de carpinteiro. A firma era a Construnave, que construía e concertava barcos. Zuca fez amizade com o gerente, administrador geral, o que facilitou sua vida. Eles alugaram um navio para pegar sal e argila no Nordeste. A embarcação estava por chegar, ia descarregar em Santos e depois iria para o Rio de Janeiro fazer uns reparos.

O gerente seu amigo o colocou na lista de funcionários que fariam parte da companhia de navegação, que pertencia a Construnave, que alugava navios da Naveíco. Zuca foi como ajudante de soldador. Ficaram seis meses no Rio de Janeiro. Mas deu azar, com a demora no concerto do navio a firma entrou em concordata.

O dono, que era o presidente do Santos F.C., na época, Modesto Roma, chamou os funcionários e disse que quem quisesse entrar em acordo, poderia conversar com ele. Quem não quisesse que ingressasse na Justiça.

Zuca foi então convidado por Modesto Roma para trabalhar no Santos F.C. Aceitou e começou no Departamento Amador de Futebol, como roupeiro, em 25 de março de 1963.

Ele disse que em 1962 estava escutando pelo rádio os jogos da Copa do Mundo no Chile. Aí falavam que tinha Pelé, Zito, jogadores do Santos e foi começando a se entrosar com o futebol e aprendendo a amar o Santos.

Nesse tempo os amadores trabalhavam somente duas vezes por semana, terças e quintas-feiras. Para preencher o tempo trabalhava na segunda-feira, ajudando o roupeiro dos profissionais, que era o Ranolfo, um senhor de idade. Ele limpava chuteiras, colocava material no lugar, enchia bola, aquele negócio todo.

Quando das viagens o Ranolfo lhe deixava encarregado de atender o pessoal que ficava. As vezes viajavam uns 18 jogadores e ficavam uns 12 treinando.

Em 1969 o seu Ranolfo se aposentou e Zuca tomou o seu lugar. Ele assumiu com a força dos jogadores, até do Pelé. Lembra da primeira viagem que fez com o Santos para fora do país, com a presença do “Rei”.

Hoje Zuca mora na Praia Grande, onde comprou um apartamento. Aproveita a nova vida de aposentado frequentando com a família a Colônia de Férias do Santos F.C. No fins de semana gosta de sair de carro com os familiares, passear em algum lugar.

Recentemente ele foi ao Paraná, onde sua esposa se criou, embora seja de Rancharia (SP). Este ano, mesmo, sua esposa foi com o filho caçula e uma filha, passar o Carnaval no Paraná.

Zuca lembra de algumas passagens vivenciadas no Santos. Era viagem em cima de viagem. Certa vez o clube foi jogar na Argentina. O jogo estava marcado para Buenos Aires, mas na última hora mudaram para Mar Del Prata. De lá viajaram para Montevidéu, para enfrentar o Peñarol.

Depois de novo na Argentina para jogar com o Racing. Era jogo lá e jogo aqui. Muitas vezes se chegava de viagem pela manhã em Santos e à tarde tinha que viajar novamente, fazer o Campeonato Brasileiro no Nordeste, em Recife, Salvador, qualquer lugar.

O ex-roupeiro gosta de falar do milésimo gol de Pelé. Garante que foi um negócio impressionante. Lembra que o Santos foi fazer um jogo no Recife, pelo Campeonato Brasileiro. Depois desse compromisso ficou faltando um gol para o Pelé fazer o milésimo.

O presidente do clube nessa época era o Athiê Jorge Curi. Depois do jogo em Recife estava marcado um amistoso com o Botafogo, da Paraíba, em João Pessoa, na segunda à noite. Aí, o que fizeram? Contrataram um ônibus de luxo para a viagem de Recife a João Pessoa. Era jogar e voltar, porque no meio de semana já tinha um jogo no Rio.

O vice-presidente do Santos era o coronel do exército Osmar de Moura. E foi ele que arrumou esse jogo. Se o Pelé jogasse poderia fazer o milésimo gol, o que originaria um problema. A imprensa local só falava isso “Pelé vai fazer aqui o milésimo gol”.

O “Rei” recebeu até homenagens na Câmara de Vereadores de João Pessoa. Depois a ida até o estádio que ficava longe do centro da cidade. Casa cheia, gente na rua tentando entrar no estádio e não conseguindo. Superlotação.

Todo mundo querendo ver o milésimo gol em João Pessoa. Mas o Santos queria que o gol fosse marcado no Campeonato Brasileiro, não em um amistoso.

Aí o que fizeram? Engessaram o braço de um goleiro e a perna do outro. E, com a desculpa de que não tinha ninguém para jogar no gol, Pelé foi escalado. E se saiu muito bem. O Santos ganhou por 5 X 2.

A imprensa perguntou como o Santos ia fazer para jogar na quarta-feira com o Vasco, com os goleiros todos machucados. Disseram que no outro dia seriam avaliados pela comissão médica e um dos dois teria condições de jogar.

Veio o jogo no Maracanã e o milésimo gol de Pelé.  E o estádio foi invadido, era repórter de tudo o que era lado querendo entrevistar o “Rei”. Depois que ele conseguiu chegar no vestiário, o pessoal ficou filmando de fora e o time todo teve que amanhecer no Maracanã.

A relação de Zuca com os jogadores foi a melhor possível. Eles sempre o trataram bem. E garante que não é só com o roupeiro esse tratamento de respeito, é com todos os funcionários, o médico, o massagista e o preparador físico.

Ele guarda uma única mágoa do tempo em que trabalhou no clube. Ter sido afastado da função quando da chegada do treinador Wanderlei Luxemburgo, que trouxe um roupeiro de sua confiança.

Na época, Zuca pediu para ir embora. Propôs que o Santos lhe pagasse uma parte de seus direitos, que desse para ele comprar um apartamento. Mas os dirigentes não aceitaram.

O ex-roupeiro conta que é comum os jogadores ganharem chuteiras de presentes dadas por torcedores. Por isso alguns chegam a ter até três pares. É preciso sempre perguntar ao atleta qual a chuteira que ele quer para tal jogo.

O vestiário do Santos leva o nome de Edson Arantes Nascimento. Embora há muito tempo tenha deixado de jogar, ainda tem lá o seu armário. Não está completamente vazio tem dentro a santinha dele, Nossa Senhora dos Montes e umas fitas cassete.

No dia em que comemorou os 50 anos de Clube, o roupeiro foi homenageado com um vídeo produzido pela Santos TV, com mensagens de parabéns dos jogadores e membros da comissão técnica do Peixe. Zuca ainda recebeu uma carta enviada pelo presidente da época, Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro e um relógio do Centenário do Santos FC. (Pesquisa: Nilo Dias)

Pelé e Zuca. (Foto: Divulgção)

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

De Humberto I a Vila Mariana

Em 1 de setembro de 1914 foi fundado em São Paulo, capital, por membros da colônia italiana o Esporte Clube Humberto Primo, cujo nome homenageava a um rei daquele país. O clube tinha sua sede na rua Domingos de Moraes, 1768. Em 30 de outubro de 1942 mudou a denominação para Esporte Clube Vila Mariana.

Trata-se de um clube centenário que tem uma bonita e rica história. Nos seus 100 anos de atividades viu passarem por suas hostes nomes de expressão do esporte brasileiro e da música brasileira, como o lutador campeão mundial de boxe, Éder Jofre, os cantores Adoniran Barbosa e Cauby Peixoto, o goleiro bicampeão mundial Gilmar dos Santos Neves e o lendário presidente corinthiano Vicente Matheus, além de uma infinidade de políticos, empresários e artistas.

Nos seus áureos tempos o Esporte Clube Vila Mariana foi o grande destaque da vida cultural, esportiva e social do bairro. A história do clube remonta ao começo do século passado e aos tempos de ouro do futebol varzeano paulistano.

Fundado como Esporte Clube Humberto I, em razão da rua onde teve sua primeira sede, a agremiação viveu tempos de gala no futebol amador, chegando até a participar de algumas competições promovidas pela antiga Associação Paulista de Esportes Atléticos (APEA), que durante quase 20 anos mandou e desmandou no futebol em todo o Estado de São Paulo. 

Longe ainda do profissionalismo, a Associação Paulista de Esportes Profissionais (APEP), entidade que comandava o futebol naquela época, organizava campeonatos como a Divisão Municipal, que era dividida nas Séries A e B. O Humberto Primo participou em 1922, pela primeira vez, da Série B, competição que reuniu, além dele, os seguintes clubes:

Aliança do Norte Futebol Clube, Associação Atlética ABC, Associação Atlética Concórdia, Associação Atlética Guanabara, Associação Atlética Liberdade, Associação Atlética Maranhão, Associação Atlética Ordem e Progresso, Associação Atlética Paulista, Associação Atlética Paulistana, Associação Atlética São Geraldo, Associação Atlética Sul América, Brasil Esporte Clube, Busiris Futebol Clube, Castellões Futebol Clube, Comercial Futebol Clube, Éden Liberdade Futebol Clube, Esporte Clube Aliança Militar, Estrela da Saúde Futebol Clube, Flor do Belém Futebol Clube, Oriente Futebol Clube, Osasco Futebol Clube, Paulista Futebol Clube, Rio Branco Futebol Clube, Spartanos Futebol Clube, Touring Futebol Clube, Tremembé Futebol Clube e Voluntários Futebol Clube.

Em 1935 foi convidado a disputar a Primeira Divisão Paulista, mas com o fim da Liga, a equipe acabou se afastando do profissionalismo.

Ainda com a denominação de Humberto I, em 1936 o clube foi campeão do Torneio Início do Paulista da APEA, ganhando no jogo final da Portuguesa de Desportos, que naquele ano foi campeã estadual. 

Depois de alguns anos, o clube transferiu sua sede para a Rua França Pinto, no prédio onde hoje se encontra a loja de instrumentos musicais Vitale. Em 1942, com o advento da Segunda Guerra Mundial, o Humberto I foi obrigado a mudar o nome para Esporte Clube Vila Mariana, em razão de um decreto governamental que proibia clubes com denominações estrangeiras.

O Brasil declarara guerra aos países do Eixo, e começou uma perseguição às colônias desses países no Brasil. Do mesmo modo, o Palestra Itália, temendo ser fechado e perder seu patrimônio, mudou de nome, passando a se chamar Palmeiras. Palmeiras e Humberto I tiveram ligações históricas, já que os dois foram fundados por famílias italianas.

Na década de 40, já com o novo nome, começou a ser erguida a sede atual, na rua Domingos de Morais, 1768, próximo a Estação do Metrô Vila Mariana, que foi inaugurada na década de 1950 com uma grande festa. Ali, durante muitos anos foram realizados campeonatos, concursos, shows, bailes e espetáculos. 

O clube ganhou destaque ao promover essas festas em seu salão social, que costumavam contar com a presença de artistas famosos  da época, como Vicente Leporace, Francisco Petrônio, Adoniran Barbosa, Ângela Maria e muitos outros.

No seu apogeu, que durou até o final dos anos 80, o clube chegou a ter dois mil associados. A decadência aconteceu por uma série de fatores, que fizeram com que os clubes começassem a experimentar um declínio.

Como se não bastasse tudo isso, nos anos 90 foi construída no bairro uma unidade do SESC, que trouxe mais prejuízos ao Vila Mariana, que não tinha como competir em termos estruturais com a nova concorrente. E aos poucos o clube também foi perdendo terreno para os condomínios e suas entidades privativas.

Atualmente o Vila Mariana restringe-se à prática de atividades esportivas em sua quadra, como vôlei e futebol de salão, além de ginástica, aulas de dança e à piscina.

O salão social ainda é alugado para eventos como festas e casamentos. Ainda assim o clube possui uma diversificada estrutura capaz de proporcionar lazer a todas as idades.

O clube se mantém através dos pagamentos das mensalidades dos sócios e das escolinhas de vôlei e futsal e nunca teve dívidas, e nem qualquer ajuda financeira do governo na formação de atletas no clube ou do clube.

O centro esportivo conta com uma área construída de 2.149 m² e apenas a academia, escolinha de futsal e vôlei são próprias, o restante das modalidades esportivas que tem no local (Badminton, Capoeira e Dança do Ventre) são de terceiros.

O espaço é alugado para professores de outros esportes ensinarem os seus alunos. É importante ressaltar que os pisos das quadras de Futsal, Vôlei e Badminton, foram feitos com uma tecnologia chinesa de última geração que amortece melhor as quedas.

Quem está acostumado com quadra de cimento ou madeira consegue sentir a diferença. A quadra está disponível para locação assim como o salão para festas e eventos que é bastante requisitado para confraternizações.

O Esporte Clube Vila Mariana disponibiliza a primeira aula grátis para qualquer aluno que queira conhecer. Para quem tiver interesse, é só ir até a sede levando duas fotos 3X4 e se matricular.

As escolinhas de futsal e vôlei possuem mensalidade de 50 reais e nas demais modalidades o valor é tratado direto com o professor. O clube está aberto de terça a domingo das 8 às 22 horas. (Pesquisa: Nilo Dias)

Hoje o clube se dedica a atividades sociais. (Foto: Divulgação)

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Estado de coma que já dura 32 anos

Quem acompanha o caso do piloto alemão Michael Schumacher, que se encontra em estado de coma desde 28 de dezembro de 2013, quando se acidentou em uma estação de esqui, em Méribel, na França, talvez desconheça o drama vivido pelo ex-jogador de futebol Jean-Pierre Adams, que defendeu a Seleção da França. Ele se encontra há 32 anos em estado de coma, causado pela anestesia tomada para uma operação no joelho. .

São casos sérios e muito tristes. Em São Gabriel (RS), conheci uma jovem que também foi vítima de anestesia mal feita, quando de uma cesariana para ganhar seu primeiro filho. Isso faz muitos anos, não sei se a moça ainda está viva. 

O ex-jogador nasceu em Dakar, no Senegal em 10 de março de 1948. Com apenas 8 anos de idade, por insistência da sua avó, que queria lhe dar uma educação católica, mudou-se para a França, onde ficou aos cuidados da família Jourdain, em Loiret, um departamento um pouco ao sul de Paris, tendo estudado no afamado Colégio Saint-Louis, onde era conhecido pelo apelido de “White Wolf".

Um tio dele, Alexandre Diadhiou recomendou aos pais adotivos que só o deixassem jogar futebol, se tivesse notas boas na escola. Como isso aconteceu, ele pode jogar nos times do US Cepoy, CD Bellegarde e USM Montargis.

Depois é que foi defender o RC Fontainebleau. Nessa época, com apenas 19 anos de idade,  envolveu-se em um grave acidente de carro, quando sofreu pequenos ferimentos, mas seu amigo Guy Beaudot perdeu a vida.


Casou-se em abril de 1969, com a jovem Bernadette, com quem já vivia há algum tempo.O primeiro filho do casal, Laurent, nascido em dezembro de 1969, é atualmente o treinador do Sub-18 de Futebol Club-Aregno Calvi, Corsica. Ele se converteu depois de passar um ano na Divisão de Honra da Calvi como jogador. O casal teve um segundo filho, Frederick. 

Em 1970 Jean-Pierre foi jogar no Nîmes Olympique. Em 1973, com 22 anos transferiu-se para o Nice, um time grande, quando deixou de atuar cioo atacante e passando a ser zagueiro. Em 1977 jogou no Paris Saint Germain. 

Em 1979-1980 defendeu o FC Mulhouse. E finalmente em 1980, 1981 e 1982 atuou pelo FC Chalon, todos clubes franceses.

Foi em 17 de março de 1982, quando defendia o FC Chalon, que Adams teve uma ruptura ligamentar no joelho. Foi hospitalizado em Lyon e teve um broncoespasmo após tomar a anestesia, e isso gerou problemas de oxigenação no cérebro dele, entrando em estado de coma.

Depois de ficar um certo tempo no hospital e sem qualquer possibilidade de recuperação, foi levado para casa, que teve de passar por uma série de modificações, por conta da esposa Bernardete. Segundo o jornal inglês "The Guardian", isso colocou a família de Adams em sérias dificuldades financeiras.

Várias entidades fizeram doações, entre elas a Federação Francesa de Futebol (FFF), que em dezembro de 1982 doou 25 mil francos e depois 6 mil francos semanais, e os clubes Nimes e PSG, em que ele jogou, que doaram cada um, 15 mil fracos. 

A Variétés Club de France, entidade que existe até hoje e é apoiada por ex-jogadores como Zinedine Zidane, Michel Platini e Jean-Pierre Papin, também fez uma partida a fim de angariar fundos para a causa.

Embora em coma, Jean-Pierre sente, cheira, ouve e se assusta quando um cachorro late. Ele só não consegue ver e falar, disse Bernardette em uma entrevista concedida em 2007. Em 2012, a mulher de Adams falou ao "Midi Libre" sobre o caso: "Tive a sensação de que o tempo parou em 1982". Ela segue ao lado do marido até hoje.

No ano passado, testes realizados por um neurologista especializado em lesões cerebrais comprovaram que Adams teve sério comprometimento. No entanto, Bernardette rechaçou a ideia da eutanásia. "Isso é impensável", avaliou. (Pesquisa: Nilo Dias)

Jean-Pierre, no seu tempo de atleta. (Foto: Divulgação)

terça-feira, 24 de novembro de 2015

O "Canhão" de Cotinguiba

Antônio Nascimento Rodrigues, o “Charuto”, foi um dos jogadores que atuaram no futebol sergipano, que mais se destacou em toda a história. Não era nenhum craque, estava muito longe disso, mas era dono de um chute fortíssimo, um verdadeiro “canhão” como diziam à época, só comparado a “Hércules”, jogador do Fluminense, nas décadas de 1940 e 1950.

Ele vestiu a camisa do Cotinguiba, nos tempos românticos do futebol, quando os jogadores tinham amor aos clubes que defendiam. “Charuto” foi um desses abnegados que quase nada recebeu em troca do muito que deu ao clube, pelo qual foi campeão nas temporadas de 1952 e 1957.

"Charuto" chegou ao Cotinguiba em 13 de agosto de 1945 e ficou por lá até o início da década de 1960, passando quase toda a sua carreira no clube onde foi por várias vezes artilheiro.

A fama de ter um canhão nos pés era fator de terror às defesas adversárias, que tinham um medo horrível, verdadeiro pavor de fazer barreira quando ele ia bater alguma falta. E quando “carimbava” um jogador, este tinha que sair de campo para ser atendido tanto pelo massagista quanto pelo médico. Quando pegava bem na bola, quase sempre era gol. Chute forte e certeiro.

Contam que várias redes foram furadas por chutes de “Charuto”. Não é lenda, é a mais pura das verdades, dizem velhos torcedores do Cotinguiba. Em um determinado jogo na vizinha Alagoas, “Charuto” marcou três gols, mas o juiz só validou um, porque não sabia se a bola que havia furado a rede tinha entrado por dentro ou por fora, tal era a força do seu chute.Ao invés de balançar as redes, “Charuto” as furava.

O professor Alencar Filho, ex-Reitor da Universidade Federal de Sergipe, escreveu o livro intitulado “Caleidoscópio”, onde relata alguns momentos importantes da vida do jogador, que no seu entender foi, e continuará sendo ídolo e ícone de várias gerações.

A dedicação do jogador ao clube e sua magnifica performance nos anos em que vestiu a camisa do Cotinguiba, lhe valeram uma homenagem única. Ele tem uma estátua em frente a piscina, na sede da agremiação, que dá às boas-vindas aos visitantes e revela que o ambiente é carregado de história. (Pesquisa: Nilo Dias)

A estátua de "Charuto" foi erguida na sede do clube, próximo ao parque de piscinas. (Foto: Arquivo do clube)

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Hector Silva, o "Montonero"

O uruguaio Carlos Héctor Silva, também conhecido por “Lito” foi um meio campista habilidoso, que atuava pelos dois lados do campo com facilidade. Era um especialista em encontrar espaços e lançar os ponteiros em profundidade. Mas também sabia fazer gols. Foi fruto da ótima safra de jogadores uruguaios que surgiram nos anos 60.

Ele nasceu na cidade de Montevidéu, no dia 1 de fevereiro de 1940.  Começou a carreira em 1954 no Canillitas, de Payssandu, quando jogava como atacante. Dali se transferiu para o Danúbio em 1956, quando tinha apenas 16 anos, tendo disputado o Campeonato Uruguaio da Primeira Divisão, naquele ano.

Em 1963 o Penãrol o contratou, tendo sido campeão nacional em 1964, 1965 e 1967, além de ter vencido a Libertadores e o Mundial de Clubes de 1966. Marcou época no clube amarelo e preto.

Em 1970, devido sua experiência em disputas internacionais, o meio campista foi contratado pelo Palmeiras, com intermediação do famoso empresário Juan Figger. O “verdão” buscava formar um elenco forte, pois objetivava fazer uma boa campanha na Taça de Prata daquele ano.

No alviverde ele foi peça importante de uma linha ofensiva que tinha Edu Bala, Cesar Maluco, Ademir da Guia e o ponteiro esquerdo Pio. O clube foi vice-campeão e garantiu o direito de participar da Taça Libertadora da América de 1971, quando foi eliminado pelo Nacional, de Montevidéu.

Depois o Palmeiras contratou o novato e talentoso jogador Leivinha, vindo da Portuguesa de Desportos. Com isso Héctor Silva perdeu espaço e foi negociado com a equipe “lusa”. Leivinha se tornou ídolo dos palmeirenses.

Os números de Hector Silva pelo Palmeiras entre os anos de 1970 e 1971 mostram que ele jogou 80 partidas, com 47 vitórias, 23 empates e 10 derrotas, tendo marcado 16 gols. Os registros foram publicados no Almanaque do Palmeiras, dos autores Celso Dario Unzelte e Mário Sérgio Venditti.

Do Palmeiras foi para a Portuguesa de Desportos, onde a má sorte o perseguiu. Em um de seus primeiros coletivos no time “luso” sofreu uma contusão no tendão de Aquiles em um choque involuntário com o companheiro Dárcio.

Avaliado de maneira preliminar pelo Departamento Médico, foi submetido a uma série de infiltrações que acabaram por agravar o seu estado atlético. Para piorar, foi acusado de simular uma contusão inexistente durante seis meses.

Sua passagem pela Portuguesa terminou em setembro de 1972, depois de um jogo em que seu time perdeu por 1 X 0 para o Santa Cruz, de Recife, no estádio do Parque Antártica.

Logo após o jogo, o presidente do clube, Oswaldo Teixeira Duarte, resolveu afastar seis jogadores do time, Piau, Lorico, Marinho, Samarone e Ratinho, além do próprio Héctor Silva, naquilo que ficou conhecido como a “Noite do Galo Bravo”. O jogador foi vitima de um rompimento contratual puramente emocional e absurdo.

Humilhado e dispensado, Héctor viajou por sua conta até Buenos Aires para fazer uma consulta com o renomado ortopedista argentino, doutor Balbier, um dos mais famosos daquela época.

O médico diagnosticou que ele tinha uma distensão no tendão. Foi operado e retornou para São Paulo em abril de 1973, quando fez questão de mostrar suas cicatrizes aos dirigentes da Portuguesa, que por questões morais alegaram que não poderiam voltar atrás.

A situação de Hector Silva ficou bastante complicada. Desempregado, teve de deixar os gramados para trabalhar no Departamento Comercial de uma importadora de equipamentos para aquecimento de gás, na Rua Aurora, em São Paulo.

Em 1974 voltou para o Uruguai e ao Danúbio, clube onde começou sua trajetória profissional e encerrou a carreira. Pela seleção uruguaia, Héctor Silva disputou a Copa do Mundo no Chile, em 1962, e na Inglaterra, em 1966. Jogou ao lado de um ídolo, Pedro Rocha. Além disso, ganhou o Sul-Americano Juvenil em 1958, vestindo a camisa celeste. 

Quando de sua passagem pelo Brasil, o uruguaio ganhou o apelido de “Montonero”, uma alusão aos terroristas argentinos que praticavam atentados a bomba na América do Sul. Mas Hector não gostou nem um pouco da brincadeira.

Pela seleção uruguaia, Héctor Silva disputou às Copas do Mundo do Chile, em 1962, e da Inglaterra, em 1966.

Hector Silva faleceu no dia 30 de agosto de 2015, um domingo, aos 75 anos, vítima de um infarto fulminante. Ele morava em Montevidéu com a esposa. (Pesquisa: Nilo Dias)

 Hector Silva, quando jogava no Peñarol. (Foto: Divulgação)

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

O rubro negro de Mariana (MG)

O Marianense Futebol Clube, da cidade mineira de Mariana, completou 100 anos de existência no dia 16 de junho de 2012. A data foi comemorada em grande estilo, com um baile animado pela famosa banda “Casino de Sevilla”, criada em 1810 na Espanha.

Sua sede fica bem próxima da praça Minas Gerais, onde encontram-se duas das igrejas mais visitadas da cidade.

Desde o último dia 5, a cidade vive momentos de angustia e apreensão, devido ao rompimento de duas barragens distrito de Bento Rodrigues. Foram confirmadas nove mortes, muitos desaparecidos e centenas de pessoas ficaram desabrigadas.

Com o desastre, os rejeitos da barragem foram até o Rio Doce, o que resultou no corte no abastecimento de água em diversas cidades. A mineradora Samarco é a responsável pela tragédia.

A Liga Esportiva de Mariana foi fundada em 26 de dezembro de 1966. A partir daí se conhece os campeões da cidade. O Marianense Futebol Clube foi campeão da Primeira Divisão da cidade, nos seguintes anos (1991, 1992, 1995 e 1997); Segunda Divisão: (2006, e 2010); Juvenil (2011); Infantil (2011) e Copa Interestadual sub-17(2012). 

Sua maior conquista, porém, foi o titulo da "Copa Itatia 1983 - Troféu Januário Carneiro", quando ganhou na final do Guarani, de Ouro Preto, no campo da Barra, do adversário. Os atletas campeões foram: 

Bejamim, Juvenil, Adão Braminha, Pedro Salame, Bizute, Eli, Luiz Lana, Elias, Caetano, Geraldo Rezende, Pavão Pem, Gelson Antônio Pilé, Dão Barreto, Jair, Geraldo Mozart, Américo e Cacálo.

O atleta Bizute, do Marianense, foi eescolhido o "Craque revelação" da competição, recebedo o troféu das mãos de de Tancredo de Almeida Neves, que depois foi eleito Presidente da República.

Apresentada pelo vereador Edson Agostinho, o Leitão, a Menção Honrosa ao Marianense Futebol Clube, em comemoração ao seu centenário, foi aprovada na Reunião Ordinária da segunda-feira, 12 de junho, por unanimidade.

Fundado em 17 de junho de 1912, o Marianense Futebol Clube faz parte da história da cidade, auxiliando a preservação do patrimônio histórico e imaterial do município. A sede do clube está situada em uma edificação do século XVIII, que mantém as características da época, com elementos de pedra lavrada, construído pelo mestre pedreiro José Pereira Arouca, em 1752.

Além deste prédio, o Marianense ainda possui um campo de futebol, conhecido como “Estádio Augusto”, palco de grandes partidas que homenageia, com seu nome, o filho do ex-presidente do Clube, Gomes Freire de Andrade.

A Menção tem como objetivo reconhecer os importantes serviços prestados à sociedade e ao esporte de Mariana durante um século pelo Marianense. Desta forma, a Câmara de Mariana pretende preservar e apoiar não só a história, mas todo o patrimônio construído ao longo de um século pelo clube.

O jornalista marianense Filipe Barboza, está escrevendo o livro “Marianense x Guarany: Histórias de rivalidade além das quatro linhas”, que deverá ser lançado nos próximos meses.

Trata-se de um trabalho inédito sobre o tema. O livro-reportagem traz narrativas voltadas à memória do Marianense Futebol Clube e do Guarany Futebol Clube, os dois clubes de maior rivalidade de Mariana. Através de pesquisa documentadas, como por exemplo, jornais antigos, além de entrevista com 17 moradores do município, o trabalho revela as histórias de antagonismo entre as duas instituições que se chocam em disputas no futebol, na vida social e na política local.

Em outras palavras, o livro tem como objetivo construir e revelar a memória das disputas entre os clubes Marianense e Guarany mostrando, consequentemente, a relação histórica e social dessas duas agremiações de futebol com a cidade de Mariana e os seus moradores. O estudo tenta revelar então, a capilaridade do futebol e o que norteia a “vida” dos clubes na história e na contemporaneidade da sociedade marianense.

O livro faz parte do trabalho de conclusão de curso (TCC), para a graduação de Jornalismo na UFOP e foi produzido ano de 2014. Desde sua finalização, Filipe está a procura de apoio financeiro para poder publicá-lo. A ideia do autor é difundir parte da história de Mariana através de uma ferramenta atrativa, que no caso é o futebol.

Filipe diz ser um sonho que esse livro, que é um recorte da história de Mariana, seja acessível para todos os interessados, principalmente para os jovens das escolas públicas daqui. (Pesquisa: Nilo Dias)


Marianense, campeão da "Copa Januário Carneiro", de 1983. (Foto: Agência Bizute Turismo)