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domingo, 16 de janeiro de 2011

A intolerância entra em campo (Final)

Nos últimos anos foram várias as manifestações racistas acontecidas no futebol, mundo afora. Como o que nos interessa mais é o Brasil, relembramos uma série de ocorrências registradas no cenário nacional.

Em abril de 2005, o zagueiro argentino Leandro Desábato, do Quilmes, da Argentina chamou o atacante Grafite, do São Paulo, de “negrito de mierda”. Os times jogavam uma partida pela Taça Libertadores da América. A televisão registrou o momento e, pouco depois do término do jogo, o agressor foi preso por crime de racismo. Ele pagou uma fiança de 10 mil reais e acabou extraditado do Brasil.

Poucos dias depois, em um jogo do mesmo Quilmes contra o River Plate, pelo Campeonato Argentino, torcedores racistas ergueram faixas reinterando as ofensas a Grafite. Uma o chamava de “Macaco” e outra de “Branca de Neve”.

Em maio de 2005, o atacante Marco Antônio, do Campinense (PB), acusou o árbitro Genival Batista Júnior de tê-lo chamado de "negro safado" e "macaco", durante um jogo valendo pelo campeonato Paraibano. Genival se justificou dizendo ter levado uma cabeçada do jogador, mas os responsáveis pelo caso não viram nada no vídeo da partida.

Em 12 de setembro de 2005, o goleiro Felipe entrou com uma queixa por racismo contra o então presidente do Vitória, Paulo Carneiro, porque ele havia lhe chamado de “negro safado”, “preto vagabundo” e “vendido”. O bate-boca ocorreu após o empate contra a Portuguesa, em um jogo do Campeonato Brasileiro. O resultado levou ao rebaixamento do clube para a segunda divisão. Por causa do incidente, Carneiro foi afastado da diretoria.

Um dos casos mais famosos aconteceu em 2006. Na época zagueiro do Juventude, Antônio Carlos Zago foi acusado pelo gremista Jeovânio de racismo em uma partida entre as duas equipes pelo Gauchão. Antônio Carlos foi expulso por acertar uma cotovelada no volante e deixou o gramado do Alfredo Jaconi fazendo gestos de passagem dos dedos nos dois antebraços, dando a entender que se referia à cor de pele de Jeovânio.
Após a partida, Jeovânio e o então presidente do Grêmio, Paulo Odone Ribeiro, foram até o Ministério Público do Rio Grande do Sul para relatar o fato, mas o caso acabou sendo arquivado.

A casa do Juventude ainda foi palco de outra manifestação preconceituosa. O volante Tinga, do Internacional, a cada vez que pegava na bola em um jogo pelo Brasileirão, ouvia grande parte da torcida alviverde imitar um macaco. O árbitro Alicio Pena Júnior chegou a interromper o jogo e solicitar que a diretoria do clube da Serra Gaúcha tomasse providências. O Juventude acabou sofrendo uma multa de R$ 200 mil e perdeu o mando de campo em dois jogos.

Na pré-temporada do Flamengo em Teresópolis, em 2008, durante um jogo-treino contra o Huracán Buceo, do Uruguai, os jogadores rubro-negros acusaram o zagueiro Fernando Caballero de ofensas raciais. No primeiro tempo, o uruguaio se desentendeu com Toró e houve bate-boca. Ibson, defendendo o companheiro, gritou: “Não vem de racismo aqui!” Toró confirmou a ofensa ao final da partida. A palavra usada pelo uruguaio teria sido "macaco".

Um caso de homofobia envolvendo o ex-jogador do São Paulo Futebol Clube, Richarlyson, que é negro, virou manchete dos principais veículos de comunicação do país. O juiz da 9ª Vara Criminal de São Paulo, Manoel Maximiano Junqueira Filho, mandou arquivar o processo movido pelo jogador contra um dirigente do Palmeiras que, em um programa de televisão, insinuou que o atleta era homossexual. Em seu despacho, entre inúmeras declarações preconceituosas, o juiz afirmou que “não poderia jamais sonhar em vivenciar um homossexual jogando futebol”.

Em 2009, pela Copa Libertadores da América o duelo brasileiro entre Grêmio e Cruzeiro foi marcado por mais uma acusação de racismo. Elicarlos, volante do time mineiro, disse que o atacante Máxi Lopez, dos gaúchos, o chamou de "macaco".
Em consequência da acusação, policiais cercaram o ônibus do Grêmio no final do jogo com o objetivo de tomar o depoimento do atacante argentino. Isso foi feito ainda no Mineirão, palco da partida, e o jogador deixou a delegacia de madrugada, sem dar declarações.

No jogo da volta, realizado em Porto Alegre, quando Elicarlos se preparou para entrar no decorrer do segundo tempo, a torcida gremista que lotou o estádio Olímpico começou a imitar sons de macaco. A manifestação perdurou até o fim do jogo sempre que o jogador recebia uma bola.

Em abril do ano passado, em jogo pela Copa do Brasil entre Palmeiras e Atlético-PR, o zagueiro Manoel, do time paranaense, acusou o também zagueiro Danilo, do clube paulista, de chamá-lo de "macaco" em partida disputada no Palestra Itália.

“Danilo cuspiu em mim e me chamou de macaco. Ser chamado de macaco é a pior coisa que tem", disse o jogador do Atlético, que pisou no rival durante o segundo tempo da partida como forma de revidar. Manoel foi a uma delegacia de Polícia da capital paulista, prestar queixa. (Pesquisa: Nilo Dias)

Grafite, quando jogava no São paulo foi vítima de preconceito racial.